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História Serendipity - Ao familiar de qualquer artista


Escrita por: wonuenthusiast

Notas do Autor


AIMEUPÉDELARANJALIMA ♥
Queria muito agradecer a todos os favoritos e pelos comentários do capítulo anterior. Sério, não sei como agradecer o tanto de carinho que eu e a fic estamos recebendo. Cara, vocês são foda. Um obrigado do fundo do meu coração <3
Aqui vai mais um capítulos, chuchus. Esse é mais longo e muitíssimo detalhista, cheio de coisinhas e mais coisinhas. Embora eu não esteja levando muita fé no formato dele eu acho que é um dos mais importantes e vocês vão ver o porquê.

Outra coisa: eu sei que a demora entre um capítulo e outro é enorme e eu juro que vou tentar resolver isso. O próximo vai ser mais rápido, de qualquer forma, porque eu estou sentindo que alguma coisa está incompleta, então já já eu tô aqui de novo.
Boa leitura!

Capítulo 3 - Ao familiar de qualquer artista


"Um sinal que eu não pude ler
Ou a luz que eu não pude ver"

_

O dia amanheceu maravilhoso, assim como Jeon Wonwoo esperava para suas terças-feiras. Quem via o garoto andando por ai com aqueles moletons folgados achava que ele era um típico fã de clima frio. Na verdade, não podiam estar mais certos. O clima frio era o melhor para se aconchegar confortavelmente e tomar chá recém preparado. Mas ele não desgostava dos dias de sol, quando se podia ir á sorveteria, visitar uma feira literária ao ar livre e até mesmo tomar chá, porque chá gelado era tão maravilhoso quanto o quentinho.

O motivo pelo qual gostava de terças ensolaradas era por causa de seu trabalho. Mas não o de escritor. O outro. Nesses dias, Wonwoo acordava exatamente às oito para abrir a floricultura às dez.

As flores sempre foram importantes para ele. Eram sua segunda paixão, depois dos livros. O faziam lembrar do seu avô, há muito tempo falecido, e das tardes que passavam juntos cuidando do jardim da velha casa da família. O senhor havia ensinado tudo que sabia para o neto e era por isso que Wonwoo era perito no assunto. O moreno sentia muita falta do avô, então não pensou duas vezes em escolher a floricultura como segundo trabalho.

Seus horários eram sempre pontuais, para que não deixasse de comparecer ao trabalho por causa da função de escritor e vice-versa. Jeon Wonwoo nunca faltava e o mesmo não se deixava abater nem por um resfriado sequer. Era por isso que, mesmo com aquela canseira básica e a dor de cabeça que quase o fizeram permanecer na cama, o moreno estava ali naquele ônibus para o centro da cidade, com seus fones de ouvido tocando a música mais animadora que havia em sua playlist.

O lugar se encontrava no centro da cidade e era dirigido por uma senhora tão sorridente quanto o neto. Lee Seokmin e sua avó só abriam das terças até os sábados. O estabelecimento era arejado e o aroma das flores formava um cheiro incrível que era elogiado por todos que ali frequentavam. Wonwoo achava o lugar inspirador e Jun costumava dizer que era uma das suas muitas casas na cidade - lugares nos quais o moreno parecia se encaixar perfeitamente, como a biblioteca, a sorveteria, o parque e o cinema. Fato que era confirmado sorridentemente pela senhora Lee, que tratava o moreno como se fosse seu neto e insistia para que o mesmo a chamasse de "vó".

A pequena senhora não estava trabalhando hoje, por conta de consultas médicas; mas o neto se encontrava ali, ajudando Wonwoo a arrumar as mudas que haviam acabado de chegar de um fornecedor.

- E então? - disse o menino-sorriso enquanto levantava um das caixas e se encaminhava para a estante - Como anda o seu livro?

- Nada mau, na verdade. - Wonwoo deu de ombros, enquanto pegava com cuidado as pequenas plantas da caixa  - Acho que a história fica cada vez mais interessante, de modo que não paro de escrevê-lo.

- Espero que Jun não o faça trabalhar demais. Você precisa descansar também, hyung.

- Acho que sou eu quem está fazendo ele trabalhar demais. - o moreno riu - Só ontem já enviei uns três capítulos para ele revisar.

- Eu sempre tento entender vocês artistas e não consigo. - Seokmin riu, logo notando depois a cara confusa de Wonwoo - Artistas, pois sim! Vocês que criam artes maravilhosas com qualquer tipo de coisa. - explicou - Se matam por paixão, é isso. E são capazes de fazer grandes coisas em nome delas. Três capítulos em um dia, veja só! - completou, sorrindo.

- Não é nada tão demais assim... - respondeu o moreno, envergonhado pelo discurso de Seokmin, porém com um sorriso no rosto. Wonwoo apreciava demais essa característica no mais novo, essa de falar coisas bonitas aleatoriamente, do nada, sem motivo nenhum.

- Para os olhos de um floricultor, é sim. - assentiu Seokmin, enquanto se levantava e batia as mãos no avental - Bem, parte do trabalho aqui tá terminado. Só falta etiquetar e pôr aqueles vasinhos que estão no balcão aqui nessa prateleira de cima.

Wonwoo se levantou também e se encaminhou para a frente da loja, a fim de buscar os vasos que enfeitariam a estante. Parou abruptamente, ao notar os pequenos pontos azuis que piscavam em sua vista.

- Hyung? Está tudo bem? - perguntou o mais novo calmamente, porém com um tom preocupado.

Com a visão melhorada, Wonwoo balançou a cabeça positivamente, coçando os olhos.

- Só.. Só fiquei um pouco tonto. Acho que levantei rápido demais.

Havia conseguido chegar até o balcão e levantar as caixas de mudas. Mas não foi muito longe antes de escutar a voz de Seokmin chamando seu nome quando perdeu os sentidos.

***

Wonwoo odiava tomar soro. Se sentia um inútil lá, sentado naquela cama de hospital, parado e sem fazer nada. Tal coisa não acontecia desde quando era uma criança com estômago fraco. Odiava todo o ambiente em que se encontrava. A cor branca do quarto. O cheiro de doença misturado com o odor de produtos químicos de limpeza. Podia até escutar o barulho do soro pingando na entrada do tubinho, o que achava  irritante. Tudo ali o deixava entediado. O mais remotamente interessante no local era um quadro pregado na parede.

Era um quadro não muito grande e com uma moldura simples, branca e fina. Se tratava de uma paisagem pintada com cores radiantes. Tinha um céu azul-claro e um menino empinando uma pipa laranja em uma colina verde. O quadro era a única coisa colorida do quarto e Wonwoo pensou no quanto isso era engraçado. Como se tivessem o posto ali, numa tentativa falha de alegrar o local.

Interrompendo seus pensamentos, a porta branca abriu e uma mulher entrou. Estava irritado e ia fingir que estava dormindo, mas achou que a moça não tinha culpa. Pelos uniformes com padrões hospitalares e o jaleco, Wonwoo concluiu que era a médica. A mesma não tinha notado que o moreno estava acordado, se estremecendo com um pequeno susto silencioso logo que virou para o mesmo.

- Ah, o senhor está acordado! - disse, dando um sorriso nervoso ao se dirigir á janela e abrir a mesma, deixando o ar fresco entrar junto com a claridade - Precisa de alguma coisa?

- Um braço novo, talvez. - seu pulso estava dolorido por conta do tempo em que ficara tomando soro. Além disso podia sentir pequenas pontadas estranhas em seu ombro sempre que se mexia.

- Seu senso de humor estranho é adorável. - disse uma voz masculina.

Wonwoo não tinha visto o homem entrar no quarto, mas logo que se virou para a direção de onde vinha a voz, levou um susto.

Veja bem, o cara não tinha nada de anormal suficiente para assustar alguém, a não ser, talvez, sua beleza digna de um deus romano. Não era incomum ele ser alto - até mais que Wonwoo, aparentemente - nem o fato dele ser um médico jovem. Era apenas, para a maioria das pessoas, um doutor atraente normal, igual a esses charmosos médicos de dorama, galãs de tv.

Porém, Wonwoo era o tipo de pessoa perceptiva e logo notou o que havia chamado sua atenção. Algo tão recentemente familiar e tão estranho, tão bonito e tão interessante. Toda essa excitação repentina aconteceu porque, por trás das lentes de um óculos redondo, o moreno se surpreendeu ao encontrar um par de olhos castanhos brilhantes que o olhavam fixamente.

É possível que a maioria dos artistas - mesma palavra colocada por Seokmin, na qual, em minha opinião de narrador desta história, foi muito bem encaixada, na verdade - já tenha se impressionado ao encontrar algo de sua criação em outro alguém ou em algo. Uma característica, um modo de ser, existir, uma mania, um ponto de vista, qualquer coisa. Nós não esperamos encontrar nosso vilão atrás do balcão da padaria. Não esperamos ver a nossa música levando o cachorro para passear. Nossa poesia no ponto de ônibus, nossa pintura andando de bicicleta, nossa escultura vendendo balões. Essas coincidências acontecem geralmente porque nós, mesmo que involuntariamente, nos inspiramos no nosso mundo do cotidiano na hora de produzir arte. Nossos desejos e pensamentos, nossos modos de viver e de ser, todos canalizados para a nossa criação. E quando acontece de vermos algo familiar, nós sentimos que é como se ela tivesse virado realidade, um organismo vivo e consciente, bem ali, na frente do seu nariz. Pode não ser uma das sensações mais fodas de nossa vida, mas é, ainda assim, uma das mais notáveis.

Não é necessário descrever como Jeon Wonwoo estava ao ver ali os mesmos olhos inteligentes - e também, como iria descobrir um pouco depois, o mesmo sorriso charmoso e sedutor - de seu personagem milagre. O detetive que até agora não tinha nome, muito menos um rosto idealizado, apenas suas características mais marcantes. Causava um misto de emoções no escritor, que estava tão quieto que o doutor teve que chamar sua atenção novamente.

- Essa dor no ombro foi resultado da pancada que você deu no balcão quando desmaiou.- falou, ainda olhando fixamente nos olhos do paciente - Não é nada grave, só vai ficar roxo. Para isso, nossa enfermeira Jyu pode providenciar uma pomada para você. - dito isso, a mulher que Wonwoo achava ser a médica saiu do quarto com passos apressados.

Wonwoo não disse nada; apenas abaixou o rosto para olhar o hematoma em seu braço. Deu um gemido baixo ao notar que a marca estava bem aparente e sensivelmente dolorida.

- Agora, o motivo por você ter desmaiado... Bem, ainda não é nada grande, mas é como uma bola de neve. - o doutor chegou mais perto para checar o soro - Você tem uma anemia leve. A falta de proteínas é notável e eu posso notar, pelas olheiras e pelo cansaço, que trabalha muito. Nada que uma alimentação reforçada e uma nova rotina de descanso não ajude.

O doutor desconectou o cateter do soro e se virou para tirar o mesmo do pulso de Wonwoo. O escritor se arrepiou com o toque do médico em sua pele e engoliu em seco. Foi depositado um esparadrapo de estampa de ovelhinhas sorridentes com um pedaço de algodão no lugar.

- Espero que goste de ovelhas, porque eu também gosto e não tenho mais nenhuma estampa para te dar. - o doutor se virou para Wonwoo com um sorriso amigável, mas logo voltando a falar sério novamente - Preciso que você entenda a gravidade da situação. Este é um problema que pode ficar muito grave se você se descuidar. Está me entendendo?

Wonwoo assentiu, passando a mão no pulso. Queria ir embora daquele lugar e voltar para casa, onde pudesse pensar no choque que tinha sido encontrar seu detetive ali e no que faria sobre isso. Além disso sentia que precisava comer alguma coisa, não só para repor as energias, mas sim para tirar o gosto de múmia da boca. Mas aquele médico de olhos bonitos e pele dourada estava ali e ele se encaixava tão bem no seu personagem que isso fazia Wonwoo ficar absorto em seu modo de falar e de se mexer.

- Recomendo que coma muitas frutas e beba bastante água. Com uma alimentação saudável você vai melhorar rapidinho. - ele deu uma piscadela sorridente e levantou a mão em um sinal positivo - Se puder dar uma chegada na sala aqui ao lado, Jyu pode encontrar uma pomada para seu hematoma. Bem, você está liberado. Nós vamos nos ver ainda semana que vem, porque eu preciso checar se você levou a sério o que eu disse. Ah, a propósito, meu nome é Kim Mingyu. - disse afinal, estendendo a mão.

Jesus Cristo, pensou Wonwoo, xingando baixinho logo em seguida. ​Por quê raios aquele nome tinha de soar tão bem? Desejava do fundo do coração que ele não tivesse dito nada. Era mais uma coisa a se pensar sobre o cara e Jeon Wonwoo queria poder fugir dali o mais rápido possível. Fora o fato de que teria que voltar daqui a uma semana para falar com o mesmo doutor. Mas que inferno.

Vendo que estava quase surtando, Jeon Wonwoo respirou fundo para acalmar os ânimos. Estava tudo bem. Era só um cara que parecia demais com um dos seus personagens. Não era nada demais, não é? Não é como se eles fossem ficar próximos só com mais uma consulta.

Deu um passo a frente e olhou bem nos olhos do doutor que mantinha o cumprimento pendente com uma expressão incerta. E então abriu a boca para falar, com uma voz rouca pelo sono, pela primeira vez desde que o médico lhe dirigiu a palavra.

- Agradeço pelos seus serviços. Meu nome é Jeon Wonwoo. Até semana que vem. - sorriu educadamente e se virou, se dirigindo até a porta.

***

O relógio mostrava três e meia quando chegou em casa. Encontrou Seokmin no corredor do hospital e o mesmo disse que havia tentado ligar para Jun, mas que não conseguiu nada além de caixa postal. Em dias normais, isso deixaria o escritor preocupado, afinal, o loiro nunca desligava seu celular. Mas a única coisa em que se preocupava agora era em ir para casa, finalmente.

Ao deixar o moreno em seu apartamento, o mais novo se ofereceu para entrar e preparar algo para seu hyung comer, mas o escritor o dispensou, alegando que precisava descansar. Não costumava dormir de tarde, mas abriu uma exceção graças à sua dor de cabeça que ameaçava voltar. Precisava pensar sobre o que tinha acontecido, mas faria isso mais tarde. Agora sua única necessidade era um bom banho, para depois deitar em uma cama macia e tentar não sonhar com olhos radiantes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


jbfjksbdf agora vocês já sabem quem o Wonwoo viu naquela feira.
Novamente, se tiver algum erro, pelo amor de jisoos, me avisem.
E se alguém não tiver entendido aquela sensação que eu descrevi sobre o artista que encontra um coincidente com a sua obra, eu terei o prazer de explicar, até porque eu adoro falar sobre esse tipo de coisa. Você pode me mandar uma mensagem ou me encontrar no twitter (@mintghao). Não precisa ser só para perguntar algo sobre a fic, podem vir pra conversar também :3 E, é claro, eu estou sempre aberto a sugestões e opiniões sobre a fic.


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