História Servant - Uzumaki Naruto

  Acordei no meio da noite sentindo algo molhado em minha cabeça. Coloquei a mão na testa e percebi que era uma toalha úmida e fria. Sentei na cama, me sentindo um pouco desorientado, e vi Kakashi sentado em uma cadeira, cochilando.

- Por que estou... - Por um momento não consegui me lembrar o motivo de estar naquele quarto, mas logo as lembranças do dia anterior me acertaram como um soco no estômago, e me senti extremamente derrotado e cansado.

Meus lábios estavam secos, e meus olhos, úmidos e provavelmente vermelhos e inchados. Ali, acordado, depois de tudo que havia acontecido na tarde anterior, eu quis chorar. Quis muito chorar, quis gritar de agonia, espernear, me jogar no chão, clamar por atenção.  A atenção de Sasuke...

Não tinha forças para lutar contra aquela situação, e não consegui chorar. Estava em pedaços, destruído e perdido, sem rumo, mas nenhuma lágrima sequer saia de meus olhos. Talvez não houvesse mais o que chorar. Eu não tinha nada.

Só meu orgulho me restava.

Sentindo meus lábios secarem ainda mais, e minha garganta pedindo água, levantei da cama e sai do quarto, tentando não acordar Kakashi. Segui até a cozinha. Os corredores escuros e desertos aumentavam meu sentimento de vazio e solidão, e meus pensamentos passeavam pelos cantos mais escuros de minha mente, planejando uma saída para aquela situação. Uma saída que não machucasse a única coisa que levava no peito, um coração quebrado e judiado, mas ainda orgulhoso. 

Já tinha alcançado a cozinha quando senti alguém agarrando meu braço, me puxando e me prensando contra a parede. Levantei meu rosto para olhar nos olhos da pessoa, e vi dois grandes olhos cor de jade à me encarar. 

O que ela está fazendo aqui?

- Naruto, ah, Naruto.... - ela sussurrou, me olhando com desprezo. - Não sabe como esperei por esse momento, não faz idéia.

- Me larga, Sakura. - Tentei me soltar de suas mãos, mas ela era muito forte e me apertou mais ainda.

- Não, querido. Pelo menos não antes de eu te dizer o que quero.

Eu achava não havia pensado que a rosada seria assim. ela parecia gentil e carinhosa, mesmo que eu não gostasse dela pelas circunstâncias. Mas, agora que ela me olhava com intensidade e ódio, me ameaçando, eu finalmente percebi o quão louca aquela mulher podia ser. Infelizmente, eu era a única testemunha.

- Eu quero você longe de Sasuke, seu prostitutozinho imundo. Você não serve para ele. Você não serve para ninguém.

- Me solta, por favor...

- Me ouça, vadia! - Ela me soltou e deu um tapa em minha cara, tão forte que eu cheguei a cair no chão. - Você não tem direito a nada aqui, sua puta. Você não é nada além de um brinquedo velho para o príncipe. Ele se cansou de você, agora quer um novo, que no caso sou eu.

- Sakura, eu...

- Sua irmã fez bem em tentar se livrar de um lixo como você, e acho que vou seguir o exemplo dela. - A rosada agora me prensava apenas com uma de suas mãos, enquanto sua mão livre se dirigia para suas costas.

Quando sua mão se tornou novamente visível para meus olhos, minha visão se focou em uma coisa específica: a faca de desossar, afiadíssima, que segurava de uma maneira um tanto despreocupada. - Eu estava escondendo isso, sabe... - o olhar que dirigia a mim era perturbador, e a má iluminação do ambiente só contribuía para que sua aparência fosse a de uma completa psicopata - mas acho que não terei oportunidade melhor do que essa. 

O silêncio foi a parte mais assustadora. Eu não tinha medo da morte, mas estar ali, impotente, sabendo que se está prestes a morrer e que não pode fazer nada, quebrou essa barreira. Eu sempre havia sonhado com uma morte tranquila, uma morte natural, provavelmente por velhice. Mas, nessa hora, percebi que não seria assim. Meus últimos instantes seriam marcados por uma imagem: olhos de um jade congelante, a sede de sangue evidente em seu olhar, um sorriso debochado em sua boca.

 Essa seria minha última visão. A visão de minha morte.

 Só espero que ele descubra a verdade sobre minha morte, não quero que seja enganado por ela. Queria poder estar ao seu lado, meu príncipe, mas ainda assim espero que seja feliz. Esse é meu último desejo.