História Servant - Uzumaki Naruto

   Eu também não consegui acreditar totalmente em suas palavras. Podia estar até sendo idiota, mas me sentia enganado, como se tudo que saísse da boca dele fosse apenas mais uma mentira que ele estava me contando.

   Depois que Sasuke me deixou no quarto eu desabei na cama e fique ali, deitado; não tinha forças para chorar. Na verdade, talvez eu não tivesse mais lágrimas para expulsar.

   " Gaki, eu não entendo mais isso. Por quanto tempo acha que aguenta isso?"

   "Não sei dizer, Kurama. Não sei se devo me conformar ou me rebelar, se devo ficar magoado ou me acostumar, não sei o que fazer."

   " Então vai continuar assim até que ele te magoe mais? Você está sendo idiota, Naruto."

   " Pode até ser, mas é a única solução que vejo. Ainda não estou certo sobre meu julgamento desta situação."

   " Boa sorte então. Mas não venha se arrepender depois."

   " Espero que isso não vá acontecer. Ele me prometeu, e quero confiar nele."

   " Não acho que deveria... Mas não cabe a mim decidir."

   Parando de ouvir a voz da raposa, Naruto se virou na cama, encarando o teto branco do quarto em que dormia. Ali, deitado, não sentia como se seu mundo estivesse acabado, sentia somente paz. Apenas ele e Kurama, sozinhos e, ao mesmo tempo, juntos.

   Talvez estivesse sendo idiota, talvez um pouco paranóico demais, mas não acreditava no que havia dito para Kurama. Não acreditava que Sasuke jamais o trairia ou o deixaria para trás. Queria acreditar nas próprias palavras, mas, por mais que tentasse, não conseguia deixar de lado a desconfiança.

   Afinal, sem desconfiança ninguém sobreviveria. Não se pode confiar em todo mundo. Mas o problema dele não era esse. Seu problema tinha um nome:

   Haruno Sakura.

   Não a conhecia. Não sabia de nada sobre ela, e só podia entender o que escutava de outras pessoas: que ela era uma ótima esposa, sabia como agradar o marido, que daria uma boa mãe, etc. Mas não conseguia saber se tudo aquilo era apenas uma máscara ou se ela era realmente tudo isso.

   Também não podia falar a ninguém de sua desconfiança, já que era suspeito para falar de qualquer coisa que fizesse juz a Sasuke. Quando estava relacionado a seu moreno, não tinha racionalidade que se firmasse em sua cabeça.

   Mas também não se preocupava só com isso. Queria odiá-la, mas não sabia se seria capaz. E se ela tivesse magoada também? Com certeza não gostaria de estar no lugar da rosada. O noivado poderia estar acabando com ela, assim como estava destruindo a si.

   Em que momento da minha vida tudo começou a dar errado? pensou, mas logo descartou a pergunta, pois sempre soube a resposta.

   Desde que nasceu. Era isso. Tudo havia começado a dar errado no maldito momento em que seus pais resolveram ter outra criança. Depois de seu nascimento aconteceram tragédias após tragédias, problemas após problemas. Nunca havia conhecido alguém que tivesse causado tanto problema como ele próprio pelo fato de simplesmente nascer. Talvez realmente fosse amaldiçoado.

   Era melhor isso do que pensar que os deuses não o achassem digno de atenção.

   Eram nesses momentos de paz que vinham seus pensamentos mais angustiantes, pesarosos e sombrios. Recordava-se de suas lembranças mais conflitantes e também dos momentos que lhe eram tão verdadeiros, mas que pareciam mentira se comparados a sua atual situação. Eram naquelas horas que realizava quão insignificantes eram as certezas perante a força do destino.

   Havia tido certeza de que seria feliz com Sasuke, de que quando saísse das ruas nunca mais sofreria tanto, certeza de que não seria mais aquele garotinho que se lamentava por sua vida tão insignificante. Mas ali estava ele, se lamentando, sofrendo e sendo infeliz. Ah, como adoraria mandar uma carta ao destino pedindo que parasse de brincar com seus sentimentos!

   Estava com raiva, angustiado, triste, apavorado, ansioso, enojado... Uma mistura de sentimentos que não conseguia distinguir. Mas, acima de tudo, estava cansado. Cansado de tudo, mas principalmente de se lamentar.

   Uma última chance, é tudo que darei a ele. Então irei embora, mas voltarei, e farei com que se apaixone por mim mais uma vez. Farei com que me deseje tanto quanto o desejei, que implore por minha atenção.

   Assim como imploro pela dele.