História Sete anos - Capítulo Único - Tadaima!

O homem de vestes negras anda de modo apressado pelas ruas. Suas mãos, agora calejadas, seguram fortemente a bagagem para que a mesma não caia enquanto faz o trajeto para a casa. Casa. Depois de longos sete anos longe do vilarejo por causa do trabalho, finalmente, ele retornava para sua morada, seu lar. 

Ele não se importava com o cansaço que consumia seu corpo, tampouco se desculpava quando esbarrava com algumas pessoas pelo caminho; seu único objetivo era revê-la. 

Com a mesma pressa e euforia, Sasuke acelerou os passos, virando a curva para chegar ao seu local desejado. Suas mãos tremiam, o estômago reclamava, as pernas estavam bambas e ele parecia que estava para cair a qualquer momento, mas não desistiu ou ousou parar no meio do caminho. Ignorou os diversos sentimentos que tomavam pose do pobre corpo exausto e, em segundos, correu para a moradia. 

O pequeno jardim de Camélias Vermelhas ainda estavam ali, a cerca amarela, os arbustos, algumas flores desconhecidas e uma nova plantação... Ah, como a Sakura gostava de jardinagem. 

Sorrindo, continuou mais a frente. Empurrou a cerca de madeira e entrou no terreno, seguindo pelo caminho de pedras, até chegar a varanda - local onde resolveu deixar a bagagem. 

O que fazer? O que falar? Chamar pela esposa ou fazer uma surpresa? Entrar pela porta da cozinha ou colocar os dois pés na sala e sorrir? Não sabia. Ele não sabia como reagir diante de tantos anos fora.

Os barulhos vindo da parte de trás da casa indicava que havia mais de uma pessoa ali, pois eram ruídos altos. Sasuke resolveu abandonar as incertezas e inverteu o trajeto, andando até o quarto de bagunças. Cabelos curtos, roupas escuras, voz mansa e uma risada contagiante... Sakura estava mais bonita do que se lembrava. Ele sorria e, Deuses, como era possível um ser humano sentir tantas sensações e julgar estar andando pelas nuvens todas as vezes em que via uma pessoa específica? 

— Essas caixas precisam ir para o lixo - a mulher resmungava. — Nunca mais guardarei esses almanaques velhos do Naruto, isso ocupa muito espaço aqui dentro. 

Sasuke riu ao encarar a cena. Definitivamente, Sakura não perdera a mania de conversar sozinha.

— Preciso limpar aqui dentro mais vezes. 

O coração estava acelerado. Era a hora, era a hora. 

— Precisa de ajuda? - Sasuke perguntou, aproximando-se e segurando a caixa grande.

Susto, olhos arregalados, lábios trêmulos, abraços apertados, gritos histéricos e muitas lágrimas. Não havia surpresa mais inesperada do que aquela, de fato, o retorno do homem iria mudar muitas coisas. 

— Por que não ligou avisando que chegaria hoje? - Sakura perguntou, fungando. 

— Quis fazer uma surpresa. 

— Nunca mais faça isso comigo. Nunca mais vá para muito longe e me deixe preocupada, está bem? Eu senti muito a sua falta, Sasuke, você não faz ideia. 

— Prometo não sair mais do seu lado, Sakura.

— Que faça jus a sua palavra, Uchiha. 

Ele acenou, concordando.

— Aliás... Hm, Sasuke? 

— Sim? 

— Bem vindo de volta, querido.

Um pequeno sorriso no canto dos lábios se formou no rosto do homem. Ele não era excelente ao se expressar com palavras, entretanto o que sentia dentro do peito era o sentimento mais puro que existia. Agora, sorrindo, posicionou as mãos ao rosto da esposa e juntou os lábios na testa da mesma; era um beijo de agradecimento, de respeito e afeto. 

— Estou em casa, Sakura - concluiu.