História Sete crianças Sakamakis - Capítulo 4

POV Ayato
Após o incidente no quartinho, Reiji passou a consultar as crianças para saber se elas tinham alguma condição de saúde "instável", e pelo que eu havia presenciado em seu gabinete junto de meus irmãos, estava claro que Tsuda se encontrava irritado conosco. Quando foi a vez de Sayaka, a conversa fora levemente interessante.
- Eu quero pedir á vocês que me deixem falar com minha mãe. - Pediu,trêmula.
- Sua mãe não tem nenhum poder sobre nós. - Respondeu Laito.
- Eu só quero vê-la porque sei que nossos encontros serão mais raros daqui pra frente. Então só peço que me permitam isso. - Implorou, estando a um fio de chorar.
- Porque você tentou se matar,Sayaka? - Perguntou Kanato. E então as lágrimas vieram e Sayaka ficou de cabeça baixa.
- Eu não quero ser uma vampira. Não quero ver meu irmão crescer e ter uma família sendo que eles nunca irão me conhecer assim como também não quero passar a eternidade sabendo que me alimentei de gente inocente. Não quero machucar ninguém,principalmente eles.
- Você se importa tanto assim? - Perguntou Kanato. Ela assentiu com a cabeça.
- Só não quero machucar ninguém.
- Você não terá que se preocupar com ser uma criança pela eternidade. - Disse Reiji.
- Porque não? - Perguntou engolindo o choro.
- Porque nós éramos vampiros desde o dia em que nascemos, então acho que você envelhecerá fisicamente até atingir os 16 ou 17 anos humanos. Á partir daí ficará do jeito que é.
- Se eu tiver que ficar com vocês, como viveríamos? Quer dizer, vocês são adolescentes e eu sou só uma criança.
- Mesmo sabendo que seguirá nossas regras ainda deseja ficar aqui? - Perguntou Shu.
- Sim, mas é por que eu não suportaria olhar para o Tsuda sabendo que não conseguiria chegar perto.
*** Flashback On ***
Meus irmãos e eu éramos apenas crianças quando conhecemos e nos tornamos amigos de quatro garotas da nossa idade que eram filhos do criado de tia Christa, mãe de Subaru. De todas, aquela de quem mais gostava fora Denise, uma das mais novas depois de Gabriela e Yukari. Ela era minha melhor amiga e me ajudava nos estudos.
- A, será que se eu criasse uns exercícios pra você, a sua mãe deixaria você vir brincar comigo? - Perguntou sorrindo de orelha a orelha.
- Pode ser que sim.- Lhe respondi sem esconder um sorriso. De repente senti minha garganta seca. - Aff, estou com fome.
- Não precisa ir! - Exclamou no momento em que me levantei da cadeira. Então Denise me estendeu o braço. - Pode morder Ayato.
- Mas vai doer! - Protestei não querendo me alimentar da minha melhor amiga.
- Se é pra te manter saudável eu não me importo. Além do mais,somos amigos e eu confio em você. - Hesitei por alguns segundos até que a mordi no pulso. O sangue de Denise era doce,me lembrava do mel fresco que chegava todo mês em casa.
- Pare, A. - Ela pediu,após alguns segundos. Quando olhei para sua expressão de assustada percebi que poderia ter ido meio longe demais.
- Você está bem? - Perguntei passando um lenço de papel sob a marca da mordida.
- Sim.
- Me desculpe se fiz doer, tentei ser o mais suave possível.
- Ayato, o que significa isso? - Perguntou uma voz masculina entrando na biblioteca. Quando olhei, era Karl Heinz.
- Senhor Karl. Me desculpe, vou me retirar. - Disse Denise visivelmente assustada.
- Não precisa disso minha filha, você não está encrencada. Só queria saber porque meu filho estaria mordendo a filha do empregado.
- Fui eu quem pedi para ele fazer isso. Perdão se fui incorreta senhor.
- E por que pediu que Ayato o fizesse? - Perguntou curioso.
- Eu o estava ajudando com os estudos, então pensei que se uma seca na garganta o fizesse sair daqui ele poderia acabar perdendo o foco dos exercícios.
- A senhorita é muito prestativa em relação ao meu filho. Mas por favor, não precisa mais pedir que ele faça algo do tipo. Além do mais, seria doloroso para mim ver Takahashi se queixando sobre isso. - Denise estremeceu ao ouvir o nome do pai.
- Sim senhor. - Ela respondeu e então ele se retirou da biblioteca.
*** Flashback Off ***
POV Subaru
Pelo que eu observara, era eu o único que tratava bem minha filha além de Shu em relação á Tadashi. Apesar de ser um vampiro sádico e cruel, havia a parte de mim que ainda amava Takako e por conta dela não conseguia me alimentar de Aya, que por sua vez ficava cada vez mais fraca conforme seu sangue era ingerido. Depois de alguns dias, a filha de Ayato,Hikari, foi mandada para o quartinho e, com isso minha filha foi solta, momento cujo qual após sair de lá veio em direção ao meu quarto.
- Papai? - Ela chamou ao bater na porta.
- Entre. - A porta se abriu e Aya entrou no quarto,indo na direção de minha cama e sentando-se ao meu lado.
- Pai. Eu só queria agradecer por tudo que você fez para me proteger. - Disse com um sorriso,pegando em minha mão.
- Não a protegi simplesmente por ser minha filha, só o fiz por causa de sua mãe.
- Você ainda a ama? - Perguntou curiosa.
- É impossível não gostar de Takako Dakiroshi.
- Espere, mudando de assunto, você por acaso se alimentou das outras crianças?
- Não. Eu não me alimentei.- Nesse momento notei o quanto minha garganta ficara seca.
- Quer beber meu sangue? Eu não me importo quando você faz isso. Pode beber. - Ela me deu sua mão e então finquei minhas presas em seu pulso.Seu sangue era tão doce,quente e gostoso que por um segundo cogitei não larga-la mais,mas quando olhei para aquele rostinho assustado misturado com a expressão de dor, a larguei após sentir o quanto ela estava sofrendo.
- Me desculpe Aya. - Disse, não era justo ela sofrer por algo que meus irmãos e eu precisávamos.
- Tudo bem papai, quando é o senhor que me morde eu não sinto medo porque sei que posso confiar que você não irá me machucar.
- Você confia em mim? - Perguntei surpreso.
- Sim. - Respondeu com um sorriso. - Confio em você porque você não me machucou quando eles me morderam,você é diferente e de todos eles é o mais gentil. Dá para entender porque mamãe gosta tanto de você.
- Obrigado Aya.