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História Seu braço direito - Demônios


Escrita por: ShihioSatsuki

Notas do Autor


Boa noite, primeiramente agradecendo os comentários e os favoritos.
Trazendo capítulo apenas com Sasuke, mostrando um pouco sobre o passado.
Espero que gostem, boa leitura.

Capítulo 10 - Demônios


Fanfic / Fanfiction Seu braço direito - Demônios

Havia luzes piscando, um zumbindo alto no seu ouvido não o deixava ouvir nada, estava com os fechados, sentia um liquido quente em seu rosto. Não saberia se era sonho ou realidade. Os rostos que via, equipe médica, família, apagões, nenhuma voz, nenhuma luz e luz muito forte, não havia dor, não conseguia se lembrar de nada recente. O que havia acontecido? Concluiu que havia morrido. Como? Não sabia.

Sasuke não entendia, parecia que sua alma estava presa em um corpo morto, não conseguia entender o porquê de escovarem os dentes de um morto, viu uma enfermeira tentar tirar sangue de si, mas não viu sangue algum subindo, alguns rostos conhecidos. Quando será que haveria o enterro? Será que toda pessoa que morria conseguia observar tudo o que acontecia consigo em primeira pessoa? Isso já estava ficando triste, queria que passasse logo para qualquer que fosse o outro plano de vida/morte, mas pelo sentimento que tinha dentro de si sobre como viveu, apesar de não se lembrar de nada, o inferno era o que lhe aguardava.

O sentimento que tudo que ele estava passando era causado pela má pessoa que devia ter sido quando esteve vivo. Aquilo era punição. Começou a imagina o que aconteceria quando fosse enterrado, será que se sentiria sufocar pelo caixão fechado, o peso da terra que cairia sobre ele retirando todo o ar que devia estar lá? Mas como sentiria o ar quando estava morto?

Os pensamentos de alguém que morreu e ainda não havia ido para o além eram bem confusos. Que merda de vida havia vivido? Havia uma tristeza nova dentro de Sasuke, não havia como lidar com tanto sentimento ruim, deixaria as pessoas que eram importantes para ele, não se lembrava de quem eram, mas sentia saudades, abandonaria todos sem ao menos sem saber quem eram. Porra, apenas percebera agora, ia ser enterrado sem um dos braços, mas que diferença fazia ao final? Era menos um braço para os vermes comerem. Que estranho, toda vida achou que quando chegasse a sua hora seria cremado, mas agora que estava a beira disso apenas conseguia se imaginar numa porra de um caixão.

Foi dai que ouviu vozes novamente pela primeira vez, viu um homem que imediatamente reconheceu como seu irmão, não era bonito como ele, mas ainda assim muito charmoso, seu nome era Itachi, cabelos pretos, longos e lisos, um pouco abaixo do ombro, olhos pretos como o de Sasuke, mas parecia cansado, preocupado, as olheiras estavam destacadas na pele branca.

- Não vejo a hora de te levar pra casa, Ototo...

“Coitado, como se eu fosse sair daqui” pensou Sasuke, novamente as lagrimas caiam dos olhos, mas como uma casca morta podia chorar? Seus olhos se moviam apressados, explorando cada canto daquele quarto de hospital.

- Ele está respondendo, o efeito da anestesia finalmente está passando – falou uma garota de cabelos castanhos.

Oh! Então era isso, não estava morto. Seus olhos continuaram a explorar todo aquele quarto, parou no seu ombro direito, realmente havia perdido o braço direito, que porra! Ao menos dos males o menor, teria dado de ombros se conseguisse de mover, na verdade no momento as únicas coisas que era capaz de fazer: respirar e mover os olhos, reconheceu as pessoas que vieram lhe visitar naquele dia, eram do trabalho, outros conhecia a mais tempo, mas estava sentindo falta de alguém, quem que não havia aparecido ali ainda?

Karin, ruiva, bonita, sexy, desbocada, bagunceira, gostosa pra caralho e noiva. Puta que pariu. O mundo desabou por cima da cabeça de Sasuke, a ultima coisa que lembrava que a havia acontecido foi de uma ligação que recebera avisando que a noiva havia sido levada ao hospital, não sabia o que tinha acontecido com ela, como saberia se ninguém ali abria a boca para falar dela? Como perguntaria se não conseguia falar?

Sua percepção lhe dizia que as pessoas não falavam sobre ela na frente dele, mas iam aos cantos do quarto, ou deixavam o quarto quando mencionavam “ela”. Não precisava ser o gênio que era pra saber que mais merda havia acontecido. Os seus olhos se fecharam de novo e acordou com um homem que parecia ser muito velho, parecia que tinha sido banhado em formol no seu rosto, ele estava sentado ao lado de Sasuke.

- Eu preciso que você comece a falar, já demorou de mais, tente.

As palavras dele não faziam o moreno responder, como se fosse fácil assim, por acaso era milagre?

- PORRA!!

Sasuke gritou no CTI quando o velho lhe deu um beliscão a altura do peito, foi um puta beliscão, daqueles que deixaria marca.

- Ótimo Sasuke, sabia que você conseguiria – falou o médico sorrindo para ele.

- Doe-u pra po-rra... o que a-con- conte-ceu?

- Você sofreu um acidente de moto, Sasuke, já faz mais de 24 horas, precisava fazer você falar.

- Me-eu bra-ço...

- Sim Sasuke, infelizmente não pudermos colocar seu braço de volta, você passou por uma cirurgia de amputação, também teve uma perfuração no pulmão e três paradas cardíacas, você precisa ficar ao menos duas semanas no hospital.

- I-Ita-chi?

- Ele está no corredor.

- E- eu Pre- precis-o fa-lar co-om el-e.

O médico assentiu – Quando precisar conversar sobre sua nova condição é só chamar... – se levantou e saiu da sala.

Itachi entrou na sala, tinha uma cara péssima, abatido e com olheiras profundas. Sasuke virou um pouco o rosto, era o que conseguia devido o efeito dos remédios contra dor, com os olhos acompanhou a vinda do irmão ao seu encontro.

- Finalmente Sasuke, como se sente?

- Mor-mor-to.

- Não diga isso, eu não saberia o que fazer se também tivesse perdido você, o que estava pensando ao passar por cruzamento com faróis vermelhos?

- Oh, en-en-tão fo-oi isso?

- Não lembra, Ototo?

Sasuke fechou os olhos, lembrou da ligação do hospital e as lagrimas fugiram de seus olhos – A Ka- arin... co-mo e-la es-tá?

Itachi franziu o cenho, fechou os olhos e abaixou a cabeça, não queria falar o que tinha que tinha acontecido para o irmão, não naquelas condições, seria ele capaz de suportar? Continuou calado e dessa vez foi ele quem chorou, temia que se o acidente não tivesse o matado, as noticias sobre a noiva o fizesse.

O silêncio parecia ensurdecedor, quanto mais tempo Itachi demorava pra falar alguma coisa mais Sasuke se preparava para o pior.

- E-eu pre-eciso as-ber, Ita-chi... o que a-conte-teceu?

- Ela morreu, Ototo... era tarde de mais não...

O zumbido voltou em volume ensurdecedor em seu ouvido, era a única coisa que ouvia. Sua pressão começou a cair, dor forte no peito, dificuldade de respirar, fortes palpitações, antes de fechar os olhos e apagar, viu o irmão sair correndo desesperado.

Foi ai que Sasuke teve sua quarta parada cardíaca. Quando voltou a si o assunto Karin era proibido, ninguém falaria sobre ela até que ele estivesse melhor. Ele perdeu o velório e o enterro, e todo o tempo que ficou internado não viu ninguém da família dela.

Depois de 16 dias saiu do hospital, finalmente soube o que havia se passado, entrou em depressão e se culpou pela morte dela, por três meses se recusou a fazer a fisioterapia para reabilitação, era levado toda semana para se encontrar com um psicólogo e um psiquiatra, mesmo contra sua vontade.

Mas o que salvou Sasuke daquela escuridão foram os esforços do melhor amigo, Naruto se fizera presente em cada etapa de todo aquele processo, até quando Sasuke era o ser mais desprezível da terra o loiro não o abandonava, conversou sobre Karin, lembrou a ele do por que do que aconteceu não havia sido culpa dele. Voltou a introduzir a arquitetura na vida de Sasuke, era o que ele mais amava na vida.

Para voltar a exercer a profissão Sasuke teria que se adequar a nova forma de viver, apesar de ser canhoto e ter perdido o braço direito, Sasuke deveria ter que se readaptar totalmente, até a falta do peso do braço direito fazia falta. Mas com a fisioterapia e sendo o prodígio que costumava ser Sasuke rapidamente começou a se recuperar.

Porém foi nessa época que as dores e os sonhos começaram, apenas 5% à 30% dos amputados sentem a dor do membro fantasma, demorou um tempo para atingir Sasuke, mas quando começou foi impiedosa, e Sasuke tinha certeza que ela veio como punição por continuar vivo, enquanto ela havia morrido, era para sempre lembra-lo de que Karin se fora e ele era a causa disso.

Um ano depois do acidente Sasuke voltou ao trabalho, infelizmente foi extremamente difícil conseguir projetos, mesmo que fosse um gênio da arquitetura ninguém mais confiava nele para pegar algum projeto. Afinal, um amputado poderia fazer o trabalho de um arquiteto?

Até mesmo Sasuke duvidava de si mesmo. Durante o primeiro ano de sua amputação percebeu de como a sociedade japonesa era omissa com os deficientes, o preconceito, a pena nos olhares, os comentários. Konoha não era o melhor lugar para um deficiente, logo ele se viu do lado que nunca estivera.

O filho da puta do Sasuke arrogante fora deixado de lado, começou a simpatizar mais com as pessoas simples e com os problemas delas, afinal passou a entender como era ser distratado, alvo de comentários preconceituosos, passou a ter que se provar a todo instante e seu rosto bonito de nada lhe adiantava mais, depois que alguém via seu braço nu, não havia rosto bonito que o salvasse.

Em um dos momentos em que uma garota levada pelo rosto bonito de Sasuke conseguiu ir pra cama com ele, assim que retirou a blusa e viu o corte feito pela amputação teve uma crise de vômito e o abandonou na cama do motel, ela se desculpou chorando porque não conseguiria fazer aquilo, era “nojento de mais” palavras dela.

Quando finalmente ganhou seu primeiro projeto como arquiteto deficiente entendeu como teria que se esforçar 10 vezes mais para manter o ritmo que desejariam que ele tivesse. Era um projeto simples de reforma de uma casa, duvidou diversas vezes que iria conseguir, madrugou vários dias. Percebeu que a dor do seu braço direito vinha também pelo estresse, a Karin me odeia por seguir em frente, pensava ele nesses momentos.

A dor tão intensa o levou ao hospital diversas vezes e essa foi a primeira vez que Naruto lhe ajudou a concluir um projeto, todos os dias que o moreno passou no hospital o amigo deu um jeito de entrar com o notebook escondido para que Sasuke pudesse continuar trabalhando, e quando a inflamação por esforço repetitivo deixou ele sem conseguir usar as mãos Naruto se sentava ao lado dele e servia como suas mãos.

Sasuke odiou precisar tanto assim da ajuda de alguém, prometeu a si mesmo que iria melhorar suas habilidades e que chegaria um dia que não dependeria de mais ninguém. Entregou o projeto nos últimos minutos que tinha para o prazo final, conseguiu ser aprovado pelos clientes e depois trabalhou com a execução do projeto.

Uchiha Sasuke passou de gênio da arquitetura, graduado com láureas acadêmicas e bonito como um demônio para o “aquele arquiteto deficiente”, seus “títulos” haviam sido perdidos. Ninguém se referia a ele como homem, mas sim como o deficiente, amputado, maneta e outros diversos nomes.

Sasuke entendeu que a vida que tinha agora era a vida que merecia por ter vivido do jeito que viveu, aprendeu com a perda do braço e a morte de Karin as lições que a vida uma vez o jogou na cara e ele nunca compreendeu. Ele não havia perdido apenas a noiva e o braço, perdeu toda uma vida fácil que era acostumada a ter.

Sasuke teve que aprender a viver com seus demônios e a constante acusação de Karin em sua mente, ele precisava se redimir a todos os seus pecados. 


Notas Finais


Espero que tenham gostado, se chegou até aqui deixa umas estrelinhas como nota do capítulo, comenta também dizendo o que achou.
Esqueci de dizer, para a história sobre o acordar de Sasuke me baseei na história de uma moça que realmente amputou o braço num acidente de carro, a história dela e a experiência dela está no Vlog da Mini.
Essas histórias de superação de vida são ótimas.
Enfim, era isso.


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