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História Seu coração me enxerga? - A superficialidade de seus olhos X A profundidade de seus olhos


Escrita por: ohmystress

Notas do Autor


Escrevi tudo isso hoje de um plot que surgiu sinistramente enquanto eu lia um mangá que nem lembro o nome.

Obrigada Duda, o vídeo do Jonghyun cantando This Woman's Work me ajudou à desenvolver o plot. Então não era Gondry que eu ouvi o tempo mas sim This Woman's Work, cessei sua dúvida usgdjshrje

Inclusive deixarei o link da música nas notas finais.

Esse começo está terrível mas não desistam, por favor.

Boa leitura. ♡

Capítulo 1 - A superficialidade de seus olhos X A profundidade de seus olhos


"Eu deveria estar chorando

Mas não posso demonstrar isso. 

Eu deveria ter esperança

Mas não posso deixar de pensar."

 

 

Eu era o vazio, vendo escapar entre os meus dedos aquele amor duvidoso e torto, bebendo dele com uma sede desesperadora e obrigando a mim mesma à me satisfazer com aquilo como se fosse suficiente, como se o pouco que recebia não fosse migalhoso e triste.

As palavras vazias, o olhar distante, os abraços gélidos. Eu não o culpo e nem nunca o culparei. Eu o recebi em meu peito porque quis, eu o guardei ali porque me convenci de que era o certo mesmo sabendo que nós dois éramos um erro, eu escondi os nossos dois anos juntos de todos porque era o que ele queria e eu faria tudo por ele, eu seria tudo por ele, permaneci porque ele era o lar que escolhi e eu só queria amá-lo e eu só queria ser amada.

O conheci na livraria que trabalhava por meio período, ele tinha um sorriso felino e adorável e seus modos eram muito polidos, sempre comprava ótimos livros e contava-me histórias tão divertidas no balcão enquanto pagava suas compras. Três sorrisos e eu já estava apaixonada, lamentável.

Depois de três ou quatro encontros meio segredados ele passou a me levar para seu apartamento depois das aulas na faculdade, escondido dos nossos amigos e esses foram nossos dois anos agridoces. Não muito depois desse início cheio de conformações e aceitações difíceis de digerir passei a chorar durante ou depois do sexo enquanto segurava seu rosto entre minhas mãos e torcia para que ele me enxergasse, me abraçasse e se preocupasse. 

 A partir de quando passei a perceber que seu coração não era meu?

Desde quando seus olhos enxergavam-me com tanto vazio?

Só pude notar que tudo estava desmoronando quando flagrei-me chorando escondida em seu banheiro, abafando os soluços com as mãos e uma toalha enquanto no quarto ele dormia.

Mendigando um amor tão descabido. Afinal, aquilo era amor? 

 

//

 

"Você está distante hoje." Disse-me Yixing, com a cabeça pendendo para o lado, fitando-me como se soubesse o porquê, como se minhas emoções expressas em minhas feições fossem conhecidas por seus olhos assim como eram por seus dedos, como se pudesse ver meu tormento.

Talvez ele soubesse, não sobre minhas expressões mas sim sobre minha áurea realmente triste e deplorável naquele momento, talvez eu fosse péssima em esconder segredos. 

"Claro que não." Sorri balançando as mãos em frente ao rosto, sentindo meu rosto ferver. 

"Aquele cara? De novo?"

"Sim. Quer dizer, não. Sou eu."

"Vai ficar tudo bem."

"Você sempre diz isso..."

"Eu digo porque é verdade. Sempre fica, Minseok."

Sempre odiei frases prontas, elas sempre me incomodaram e trouxeram desconforto, mas quando elas saíam dos lábios de Yixing o efeito era reverso. Quando ele deitava a cabeça sobre a mesa de madeira da universidade ou brincava com as pétalas de alguma flor enquanto me dava um discurso entediado e sincero sobre como eu me preocupava com pouco e sobre como tudo ficaria bem, quando ele olhava para o horizonte - sem que de fato pudesse ver as cores que coloriam o céu e as nuvens que viajavam sob ele, os prédios de paredes encardidas e de cores tristes ou os carros em movimento - e segurava os meus dedos entre as mãos quentes e ásperas dizendo-me que todas as feridas cicatrizariam e que eu deveria pensar mais em mim, era apenas nesses momentos que eu me permitia sorrir com sinceridade.

Yixing nunca mentia. 

Me amava. E nunca escondeu. 

Na noite de meu aniversário de quinze anos, quando Jongdae não existia e tudo era tão mais tranquilo e leve, atrás de minha casa Yixing com lábios trêmulos e os olhos brilhando em meio ao bréu contou-me sobre seu amor e sobre como não esperava reciprocidade, sobre como amava as pontas de meus dedos porque eram frias e gordinhas, sobre como seria meu fiel companheiro, para sempre e sempre e sempre. Eu chorei pedindo desculpas, eu não me sentia da mesma forma, e ele riu do meu choreiro dizendo que estava tudo bem, ele estava bem. Ficamos até às seis da manhã de mãos dadas, sentados sobre a grama do jardim de casa, ele dormindo e eu olhando para algum ponto inútil e idiota do muro de tijolos. E nossa rotina continuou a mesma e nossa amizade de muitos e muitos anos permaneceu inabalável, mesmo depois da chegada de Jongdae, mesmo depois dele apagar todos os vestígios de alegria que existiam mim. E quando Yixing notou minha degradação, quando notou que eu estava mais apaixonada do que deveria por alguém que não deveria ele permaneceu ali, usando suas frases prontas e sinceras, tomando-me as pontas dos dedos enquanto mudava de assunto para que tudo ficasse menos desconfortável.

Eu nunca lhe disse explicitamente sobre minha situação com Jongdae, ele nunca pediu para que eu abandonasse aquele que atormentava meu sono, nunca me disse que eu era estúpida por me agarrar à esperança de um amor unilateral e cansativo, nunca ofendeu Jongdae e nunca se importou em me deixar chorar em seu ombro.

Ele era precioso.

Mas eu sabia que não era quem eu amava. 

 

//

 

"Você me ama?" Perguntei pela terceira vez naquela semana, enquanto calçava minhas meias e encarava o chão de cerâmica do apartamento pequeno e frio daquele à quem eu dedicava meu amor.

Ele lia algum livro estúpido da faculdade, bebendo café enquanto fingia não estar entediado com a minha presença. 

"Sim, claro."

Mentira. 

"Sabe? Você sempre me responde com 'sims' e 'claros' mas nunca me disse com todas as letras. Você nunca me disse um 'eu te amo'."

Disse encarando, então, a parede logo atrás de seu corpo, encolhendo-me dentro de mim mesma.

O gosto amargo da dor que se apoderava de minha alma logo tomou meu paladar, forçando-me a segurar uma por uma das lágrimas que ameaçavam se desprender de meus olhos. Era uma cena patética. 

"Se está falando todas essas coisas só porque eu te disse a poucos dias atrás que não vou te namorar não precisa chatear-se. Eu te amo, mas não quero um relacionamento sério com você ou qualquer outra garota. Tenho meus motivos."

Ele respondeu folheando uma das páginas, pressuponho, pois a partir da primeira palavra meu rosto já estava refugiado nos meus joelhos.

"Está chorando. Está chorando, Minseok."

Ouvi a capa dura do livro bater delicadamente sobre o colchão de sua cama e sua respiração ficando cada vez mais audível. 

Seis passos.

Seis passos separavam seu corpo do meu e quando um soluço escapou sem que eu pudesse conter de minha garganta seus braços logo circundaram meu corpo, sua mão direta alcançou a lateral do meu rosto obrigando-me a encará-lo. Os olhos afiados e entediados olhando-me com certa preocupação que tinha lá no fundo uma ponta de sinceridade, eu quis me agarrar a eles mas era quase como um suicídio.

Assim como os passos, foram necessários apenas seis beijos - cinco por todo o rosto e um nos lábios - para que eu estivesse estirada em sua cama como um de seus lençóis, para que eu fosse sua de novo. 

Enquanto sua cabeça descansava entre meus seios e seu corpo ainda estava em movimento dentro do meu eu chorei silenciosamente.

No que ele pensava?

Será que estava feliz por eu estar ali?

Será que seu coração estava tão acelerado quanto o meu?

Sua cabeça se levantou aos poucos, no escuro do quarto procurei seus olhos e os encontrei olhando-me, superficialmente olhando-me.

Meu coração bateu dolorosamente contra a caixa torácica e me senti suja, mesmo no escuro tudo parecia tão claro. Tudo dentro de mim fazia-se claro. 

Abriguei seu rosto bonito e masculino entre minhas mãos enquanto ele ofegava, chamei seu nome uma, duas, três vezes, perguntei se ele me enxergava e não consegui conter as lágrimas.

Ele não me via.

Ele não me ouvia.

Ele não estava ali. 
 

//

 

"... canela ou chocolate?"

"Oi?" Disse dispersando-me da distração em que me encontrava, fitando com uma estúpida fixação o açucareiro do Café onde eu e Yixing estávamos.

Levantei os olhos e encontrei seu corpo de pé próximo ao meu, uma de suas mãos alcançou uma das minhas enquanto a outra segurava a bengala de metal. Ele sorriu com os olhos e uma pequena estrela de felicidade nasceu e brilhou dentro de mim. 

"Bolinho de canela ou chocolate?"

"Ah... Canela." Ri sem graça.

"Vou fazer o pedido, já volto."

E entre o intervalo dos sorrisos trocados e dos leves passos dados por Yixing até o balcão senti meu celular vibrar entre meus dedos.

O par de palavras que fez meu coração quase saltar pela boca.

Kim Jongdae

Pensei em ignorar já que fazia mais de três semanas que ele não me procurava, pensei em atender e pedir perdão por tê-lo chateado, pensei em colocá-lo entre a parede e pedir para que me deixasse claro suas intenções e sentimentos, o tipo de pergunta que me sufocava havia mais de dois anos. Mas tudo que fui capaz de fazer foi atender o telefone e esperá-lo falar enquanto segurava dolorosamente com os dedos a carne de um dos meus braços em apreensão. 

"Eu vi, Minseok..." Ele disse com a voz embargada e confusa. Não precisava de muito para saber que ele havia bebido.

"Jongdae? Está bêbado? Francamente, são cinco da tarde... Co-"

"Eu vi, Minseok. Bêbado ou não eu só quero deixar claro que vi. Isso sempre acontece?" Ele me interrompeu.

Franzi a testa tentando entender suas palavras que soavam-me desconexas, assistindo Yixing ser cantado pela balconista enquanto sorria divertido. 

"Você sempre chora enquanto transamos? Você... Você... Você não se cansa?"

Um bolo frio prendeu-se na minha garganta enquanto eu digeria suas palavras, de repente tudo ficou embaçado e meus olhos não conseguiam fitar um só lugar.

Bêbados e suas verdades. 

"Te machucaram?" Eu disse sem pensar muito, eu só queria saber. "Sabe... no seu passado... feriram seu coração, Jongdae?"

"Sim."

Foram exatos dois minutos de um silêncio cortante depois desse sim. Eu tentando absorver o que acontecia, tentando me acalmar e aceitar a certeza que invadia-me o peito de que aquela seria a última vez que nos falariamos. De que deveria ser a última vez. Ele deixando a respiração se chocar contra o microfone do celular, até ela soava-me como mágoa e dor.

Ele expirou alto e audível e então me magoou. 

"Perdoe-me, Minseok. Eu não posso dá-la o que quer. Eu fui abandonado há quatro anos pela garota que amava, logo após perder meus pais em um acidente. Eu sou um fracasso. É uma história complexa e, sinceramente, não acho que você mereça conhecer esses detalhes tão nojentos e sórdidos da minha vida passada. Perdoe-me por mágoa-la, mas mesmo que as feridas cicatrizem eu não serei capaz de amá-la. Está tudo acabado, essa bagunça entre nós."

Sem que minha resposta fosse-lhe oferecida - e eu nem tinha certeza se lhe responderia - ele desligou, desligou enquanto esfaqueava meus sentimentos e abandonava-me com as incertezas de uma cura. 

 

"Bolinho de canela."

Yixing abandonou o pacote cinzento e feio de papel em cima da mesa calmamente, alcançando com as mãos meu rosto inexpressivo levantando-o até que meus olhos estivessem com os seus. Sorriu-me doce e deu-me um tapinha fraco na testa antes de sentar em minha frente.

"Você já comeu os daqui, Min? Ouvi dizer que são os melhores."

Ele sabia, de alguma forma. 

E com os sentimentos formigantes e o peito dolorido eu levantei da mesa jogando-me contra seu corpo em um abraço, derrubando o açucareiro que antes me distraía, chamando a atenção de todos que ali estavam por estar praticamente deitada sobre a mesa.

Apoiei-me em seus ombros sentindo na curvatura de seu pescoço seu cheiro doce e suave. 

"Obrigada, obrigada, obrigada, obrigada..."

Murmurei sem pensar muito, apertando seu corpo contra o meu, enquanto como uma idiota chorava. Sentindo não a dor de uma despedida mas a gratidão de uma permanência. 

E quando eu senti o corpo largo e masculino tremer entre meus braços percebi que aquela era a primeira vez que Yixing também chorava, enquanto me apertava em um abraço.

 

//

 

Ontem de manhã encontrei Jongdae. Fora cômico e meio surreal.

Eu havia passado no mercado para comprar as carnes que Yixing pediu com uma insistência irritante pelo telefone antes que eu saísse do trabalho e enquanto carregava as sacolas pesadas com dificuldade esperei o semáforo fechar para que eu pudesse atravessar a rua.

Sem com que eu precisasse me virar para confirmar ou algo semelhante logo tive a certeza, Jongdae estava do meu lado.

O vento de outono batia com força contra nossos rostos e um sentimento nostálgico tomou forma em mim. 

"Quanto tempo. Oito meses ou...?" Disse-me tranquilamente com os olhos fixos no semáforo. 

"Onze. Onze meses." Respondi também sem olhá-lo. "Não que eu tenha contado." Ri baixo. 

"Como está?"

"Bem. E você?"

"Bem."

"Isso é bom!"

"Sim, é."

"Bem, adeus então." Respondi ao notar o semáforo fechado. 

"Adeus."

Ele sorriu quando decidimos nos olhar e eu sorri de volta, estúpida e grata. 

E por incrível que pareça Jongdae não atravessou a rua, mas continuou seu caminho pela direção contrária, sumindo entre as centenas de pessoas naquela avenida, levando consigo e para longe de mim, tranquilamente e com consentimento, aquela que eu não mais era. 

 

//

 

"Não consegue dormir?"

Senti meu rosto ser apertado delicadamente entre as mãos ásperas de meu amigo de infância.

Ser flagrada encarando alguém dormindo não é algo exatamente agradável.  

"Você é tão bonito, dormindo então, parece o anjo que não é. Dá vontade de morder de tão lindo. Não dá coragem de dormir, não quero dormir." Disse deitando sobre seu peito assim que suas mãos soltaram meu rosto e foram em direção ao próprio, escondendo entre as palmas das mãos as bochechas coradas, rindo sem graça. 

"Você é tão mentirosa, Kim Minseok! São quase três horas da manhã... Não sei como reagir à elogios às três da manhã. E eu sou um anjo sempre, olha só, tenho até auréola." Respondeu sonolento, apertando-me contra o próprio corpo quase me convencendo a dormir. 

Ri zombando de sua fala recebendo um tapa fraco da testa como resposta. E enquanto riamos meio sonolentos e como estúpidos ele me beijou, afastando-se lentamente, abrindo os olhos bonitos de um jeito adorável e apaixonado, como se me enxergasse.

E talvez ele enxergasse.

Talvez enxergasse mais do que o óbvio, mais do que o palpável.

Sim, ele me enxergava. 

"Obrigada."

"Não comece com as sessões de agradecimento, Minseok, ou eu vou acabar me achando demais."

Ele riu rouco e sonolento acariciando-me o rosto. 

"Yixing?" Quebrei o pequeno silêncio que nos circundou, ainda admirando sua expressão bonita e sonolenta. 

"Oi."

"Eu realmente amo você."

"Eu sei. Eu sei."

Respondeu batendo-me na testa mais uma vez. Essa foi a deixa para que eu me aconchegasse sobre seu peito e dormisse. 

"Minseok?"

"Sim."

"Eu realmente amo você."
 


Notas Finais


Bleh! Que meloso!

Desculpem-me Xiuchen shippers, Laymin é vidão.

This Woman's Work:

https://youtu.be/gkeCNeHcmXY

Beijos ♡


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