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História Seus lábios que me guiam - O aprendizado necessário.


Escrita por: Miyakawa

Notas do Autor


Desculpem-me pela demora T-T Mas estiva em épocas de prova e trabalhos da faculdade, não estava fácil. Mas finalmente consegui terminar esse capítulo!
Espero que gostem e me perdoem qualquer erro!

Capítulo 2 - O aprendizado necessário.


Minha respiração pára junto com todos os meus movimentos. Sinto meus olhos arregalarem a cada segundo a mais que encarava a tela do celular, repetindo em minha mente aquelas duas palavras. Como isso era possível? Ela é surda? Isso deve ser alguma brincadeira.

– V-você está falando sério? - minha voz sai trêmula.

O sorriso de seu rosto some no mesmo instante, seu olhar que antes encarava minha boca agora estava fixamente em meus olhos e ficaram lá por longos segundos. Ela respira fundo e sorri. Eu estava confusa e não sabia o que fazer. Ficamos apenas naquela mesma cena, minha provável expressão de confusa enquanto seu olhar trocava turno entre meus olhos e minha boca. Uma de suas mãos faz o mesmo sinal de antes, colocando o dedo em seu ouvido e em seguida em sua boca, apontando após isso para as palavras do celular.

– Eu não te entendo… - resmungo.

Era como se, de certa forma, ela entendesse o que eu falava. Escrevendo de novo em celular, observo suas expressões enquanto digitava. Percebo sua dificuldade em escrever, sempre parava pra pensar antes de digitar alguma nova palavra. No final de tudo, acabou apagando tudo e escrevendo novamente. Ao terminar, mostra a tela do seu celular, logo abaixo das palavras anteriores havia uma pequena frase.

Bloco de Notas

 

“Esse é o sinal, estou te dizendo que sou surda”

Um pequeno desespero toma conta de mim. Eu não sabia libras e estava ficando estressada por não ter como me comunicar com ela. Como ela pode ser surda? Ela me respondeu quando perguntei sobre o ônibus no meu primeiro dia e ela sempre está escutando música. Será uma tecnologia que eu não conheço?

Ao olhar para o lado, vejo que estava lendo seu livro e com os fones novamente, ficando um clima estranho. Deve ter desistido de falar algo comigo. Decepcionada, me arrumo de forma confortável no banco e abro minha mochila, tirando uma pequena bolinha de metal. Comecei a “brincar” com ela, passando de um dedo a outro. Era como um passatempo, fazia isso quando estava impaciente ou entediada, que no momento era os dois. E fico naquela ação por longos minutos, enquanto olhava as casas que passava pela janela do ônibus. Distraída e olhando para o atraente teto do ônibus, que parecia muito mais interessante que qualquer outra coisa, sinto uma mão sobre as minhas, que ainda brincavam com a bolinha. Sua pele fria em contato com a minha me fez ter um leve arrepio. Olho para a mulher, que encarava sua mão sobre as minhas com um pequeno sorriso.

Seu olhar se volta para o meu, dando uma olhada rápida para os meus lábios. Num gesto lento, fecha as duas mãos, levando para frente de si. Posiciona a mão esquerda de lado, a direita sobre ela, verticalmente. Com as suas mãos grudadas, faz um movimento pequeno e rápido para a frente. Era óbvio que eu não conseguia entendê-la, mas ela insistia em fazer os sinais. Ria cada vez mais da minha expressão confusa, parecia algo divertido para ela. Apontou com seu indicador pra mim, passando o polegar em seu antebraço em seguida.

– Isso está me deixando mais confusa… - resmungo baixinho. Seus olhares se voltaram para meus lábios quando os viu mexendo. - Você faz leitura labial? - pergunto, na esperança que ela me entendesse.

Seus lábios formam um “o”, concordando após perceber que eu não iria falar mais nada. De repente, seu rosto vira para o lado ao contrário, olhando a janela. Rapidamente, se levanta e aperta o botão que aciona a parada do ônibus. Coloca a mochila num dos ombros e aperta contra si o livro que lia, se desloca do banco até a porta e assim fica parada, olhando para a placa que sinalizava quando alguém aperta o botão. Eu apenas observei cada ação sua, em como ela tinha total atenção em seus próprios movimentos e tudo em sua volta, mesmo não parecendo. O ônibus pára e abre a porta para os passageiros descerem, e antes que ela saísse, olha para mim e acena, mexendo a boca formando um “tchau”. O máximo que consegui foi levantar a mão, mexendo lentamente. A observei saindo do ônibus e se afastando dele. Saindo do transe quando o ônibus voltou a andar, perdendo-a de visão.

Respiro fundo, passando minhas mãos em meu rosto. Foi quando eu pego meu celular para olhar a hora e percebo a burrice que tinha feito. Rapidamente me levanto e aperto o botão, fazendo que o ônibus parasse repentinamente. Desço do ônibus e me xingo mentalmente a cada segundo.

Por ter ficado hipnotizada por ela, nem notei que era para ter descido no mesmo ponto que ela, para ir a faculdade. Sem falar do pior, eu poderia ter conversado com ela pelo meu celular.

ᵒᴥᵒ

– Libras? Eu sei alguma coisa, mas não sou experiente… - Wheein me encara, com uma expressão curiosa. - Porque?

– Só uma pequena curiosidade que surgiu de repente. - tomo um gole do café que tinha preparado. - O que você sabe? - seu olhar foca em mim, com um sorriso malicioso. - O que foi?

– Pequena curiosidade… Sei. - se ajeita em sua cadeira e olha para o teto. - Deixa eu me lembrar… - suas unhas batiam em sincronia na mesa. - Eu sei o alfabeto e algumas palavras básicas…

– Já é o suficiente - a interrompo antes que falasse mais alguma coisa. - Você se importaria em me ensinar?! - levanto-me e vou até ao seu encontro, segurando sua mão e apertando-a. - Por favor… - sorrio.

– Irei te ensinar se você me contar a verdade por trás dessa “curiosidade”. - faz o sinal de entre aspas com os dedos.

– Antes de tudo, eu preciso ter algo pra te contar, ainda não tem nada de importante que você precise saber… - me afasto, voltando para o meu lugar. - Então… Quando começamos?

– Amanhã é sábado, terá o dia inteiro para treinar seus dedos… - solta uma pequena risada.

ᵒᴥᵒ

Wheein passou o sábado inteiro me ensinando o alfabeto, tive grandes dificuldades já que era o meu primeiro contato com libras. Ela me disse que eu me saí bem e que era questão de treino até eu conseguir fazer as letras com facilidade. Também aprendi algumas coisas básicas, como “oi”,”gostar”, “boa noite” “bom dia” e “boa tarde”. Eu estava ansiosa para poder conversar com a mulher, tive dificuldades em me focar no meu trabalho na segunda. O dia parecia estar durando anos, eu contava cada segundo o que tornava o dia mais lento possível. Quando finalmente deu o horário, corri para os fundos do café para trocar de roupa e pegar a minha mochila. Ao chegar, sento-me no banco do ponto esperando o ônibus chegar.

– Ugh, esse ônibus está atrasado? -  resmungo.

E com sua grande velocidade, vejo-o se aproximando. Me levanto e faço sinal para o mesmo parar. Após isso, adentro e circulo meus olhares pelo ônibus a procura da mulher de cabelos cinzas. E lá estava ela, olhava atentamente para a janela com seus fones. Ela estava em pé, com algumas pessoas em sua volta, o que me preocupou de não ter espaço para poder ficar ao seu lado. Caminho lentamente e segurando nos ferros do ônibus com o cuidado para não acabar caindo pela grande velocidade do veículo. Quando começo a me aproximar, vejo que a mesma vira seu rosto para o lado, especificamente, em minha direção. Meu coração pára por alguns segundos ao pensar que ela notou a minha presença, mas foi apenas algo da minha cabeça. Ela olha para uma mulher morena de cabelos e curtos e enrolados que estava em seu lado. A morena fazia alguns gestos rápidos com a mão enquanto recebia o olhar atento da outra. Será que são amigas? Ela é surda também? Começo a pensar enquanto observava as duas. Sinto uma mão em meu ombro e uma voz feminina pedir licença, Olho para a dona da voz, era uma idosa de cabelos grisalhos que sorria enquanto olhava para mim. Dou alguns passos a frente, dando passagem para a senhora.

Com esse movimento, consegui os olhares que tanto esperava. Um sorriso surgiu em seu rosto, fazendo seus olhos fecharem um pouco, levanta a mão e a balança, soltando um “oi” com a boca. Paraliso no mesmo segundo e tento buscar em minha mente os ensinamentos de Wheein, então, levanto minha mão e o mindinho, movimentando de forma circular. Sua expressão se tornou animada, talvez por ter usado algo em libras com ela. A mulher que estava em seu lado virasse e me olha, falando em libras com ela novamente. O único sinal que consegui pegar foi um onde ela bate com a lateral da mão em seu peito, a Wheein terá que me ajudar nessa. Ela responde com um sinal de “mais ou menos”, e novamente, o primeiro sinal que ela tinha feito pra mim havia sendo usado pela morena. Pelo o que eu me lembre, aquele é o sinal de pessoas surdas, então ela deve estar perguntando se eu era. Sua resposta foi negativa, mas com um gesto a mais. Ela colocou sua mão em frente ao seu rosto, fechando-a como se pegasse algo e a encaixasse em sua mão, o que arrancou algumas risadas da outra mulher.

– Pode chegar perto, eu não mordo. - a dona dos cabelos curtos fala, rindo em seguida. A obedeço e me aproximo, ficando ao lado dela. - Prazer, sou Hyejin, mas pode me chamar de Hwasa. - acena com a mão.

– Me chamo Yongsun… - sorrio timidamente.

– Vi que estava se comunicando com a minha amiga… Você sabe libras?

– Brevemente, aprendi o alfabeto e algumas palavras esse final de semana…

– Interessante… Então quer se comunicar com a Moonbyul?

– Moonbyul? - pergunto.

– Sim, é o nome dela. - e aponta para a mulher de cabelos cinzas.

Moonbyul. Esse era seu nome. Me causou certa felicidade por ter, finalmente, descoberto seu nome. Então, a encaro. Vi que ela olhava para os meus lábios no momento, provavelmente tentando descobrir o que falávamos, me deixando desconfortável por estar excluída.

– Eu não tive a chance de saber seu nome ainda… Não sabia nada de libras e ela continuava falando comigo, escreveu algumas coisas em seu celular para que eu pudesse entender o que estava acontecendo. - falo, relembrando da última vez que nos vimos.

– Típico dela, mas sei que ela ficará feliz em saber que aprendeu libras para poder conversar com ela. Sabe… As vezes ela se sente sozinha por não ter com quem conversar, é difícil encontrar alguém que saiba libras.

– Oh... - não consegui falar nada. Será esse o motivo dela ter ficado animada em interagir comigo? Seus olhares ainda continuavam em minha boca. Aquele olhar profundo que me deixava nervosa e sem ar. Respiro fundo tentando me recompor. - Ah… Hwasa? Posso te perguntar algo?

– Claro que sim, sinta-se a vontade.

– Como ela pode escutar músicas? Sabe… Ela é surda e acho impossível isso.

– Você tem a mesma dúvida que eu tive quando a conheci. - começa a rir como se lembrasse do momento. - Sim, ela é surda. Mas com o fone e o som alto, ela consegue ouvir pequenas batidas e vibrações sonoras. Barulhos muito algo ela também consegue ouvir. Sem falar na sua incrível capacidade de leitura labial.

– Eu que o diga…

Olho pela janela, pensando em tudo que aconteceu nesses dias que tive nesse ônibus. Chegava a ser algo difícil de acreditar que um dia aconteceria comigo. Mas eu estava feliz, sem saber o motivo.


Notas Finais


Agora vai começar o desenrolar da história e mais interações moonsun, fiquem a espera! haha
Até o próximo capítulo o/


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