História Seven Days in Hawaii - Prólogo - Chegando ao Havaí.

Taehyung mal via a hora de descer daquele avião. Por Deuses, quinze horas dentro de um era o cúmulo do cúmulo e o loiro estava mais do que irritado. Já havia assistido tantos filmes e episódios de suas séries favoritas que até tinha perdido a conta, e, agora, mal sabia o que se passava na pequena tevê à frente. Queria apenas sentir a brisa em seus cabelos, esticar as pernas, tomar um banho de sol, andar normalmente sem sentir-se enjoado, tirar um cochilo confortável em uma cama bem grande e beber algum drink tropical de frutas.

Jungkook dormia ao seu lado como um bebê recém-nascido, e o máximo que havia conseguido fora um cochilo que durou menos de meia hora, logo que haviam saído de Paris. Depois, só alguns piscares de olhos, pois acordava com qualquer barulho das aeromoças ou dos outros passageiros — e aquilo era uma indireta bem direta para a senhora atrás de si que viajava com o filho que, provavelmente, tinha entre seus seis ou sete anos e chutava a sua cadeira e a de Jungkook por pura teimosia e falta do que fazer.

O moreno havia ficado deveras bravo e acabou por dar um sermão no garoto e em sua mãe, dizendo à mulher que cuidasse melhor do filho e o ensinasse boas maneiras ao invés de deixá-lo chutar a poltrona dos outros.

Jungkook conseguia ser grosso quando a paciência lhe faltava, mas de qualquer modo, ele estava certo.

Decidiram alugar um pequeno apartamento para viverem juntos na cidade luz após o casamento e, agora, Taehyung cuidava da revista em sua filial, ainda sendo responsável pelos desfiles no mundo todo. O desfile da coleção de verão e primavera havia acabado de terminar e o loiro encontrava-se, definitiva e finalmente, de férias. E o mesmo acontecia com o moreno, pois a terceira exposição das obras de Jérthe havia sido um sucesso na Alemanha e muitos de seus quadros foram vendidos — já que, hoje em dia, Jérthe também era conhecido como “o mestiço Jeon-Kim Jungkook”.

Olhou de relance o esposo ao lado, rindo ao constatar que este só faltava babar em cima de seu pequeno travesseiro de pescoço, ao qual Taehyung havia comprado de presente para ele no aeroporto Charles de Gaulle, ainda na capital francesa.

Esposo... Gostava de como esta palavra soava. Agora, mais do que nunca, eles eram um só — principalmente porque carregava em seu nome o sobrenome do amado junto da aliança dourada em seu anelar esquerdo.

Seus dedos estavam entrelaçados aos de Jungkook e Taehyung gostava em demasia de como o encaixe ali era perfeito.

Como um quebra-cabeça, ele e Jungkook se encaixavam perfeitamente.

“Senhores passageiros, dentro de instantes estaremos pousando no Aeroporto Internacional de Honolulu, no Havaí. Mantenham os encostos da poltrona na vertical e suas mesas fechadas e travadas. Por medidas de segurança, queiram permanecer sentados com cintos afivelados até que os sinais luminosos tenham sido apagados.”

O loiro pode escutar os avisos vindos do comissário de bordo e voltou a poltrona para a sua posição original. As luzes do avião foram acesas, mesmo que o entardecer iluminasse algumas janelas abertas.

— Amor? — Tocou o ombro do moreno, chacoalhando-o de leve. — Amor, nós vamos pousar.

Jungkook acordou um pouco assustado, tentando se lembrar de onde estava, mas logo tirando o tapa olhos e espreguiçando-se. O menor riu com a cena, achando-o extremamente fofo com as bochechas levemente coradas pelo frio dentro do avião e os fios negros bagunçados. Fez um leve carinho no rosto macio e sonolento do marido e logo voltou a sua posição original, encostando-se à poltrona, perdendo-se nos orbes negros e brilhosos que pareciam o despir de tão intensos.

— Você conseguiu dormir? — fora a primeira coisa que o pintor perguntou depois de alguns segundos em silêncio. — Parece cansado, meu amor.

— Ah, eu não dormi nada — reclamou, passando os dedos pelos olhos cansados. — Tirei alguns cochilos, mas só. Estou a ponto de cair em um sono profundo a qualquer momento. — Riu.

Jungkook apertou os cintos quando a aeromoça chegou interrompendo-os e lembrando-os que logo iriam pousar, voltando sua atenção para o amado logo em seguida, quando a mulher já estava longe.

— Você disse que o remédio para enjoo dava sono.

— Sim, mas varia de pessoa em pessoa. — Acomodou-se nos braços quentinhos do moreno. — Você desmaiou aí, só faltou babar. Já eu, apenas não tive enjoos. — O outro riu.

— Você tem razão, eu estava até sonhando aqui.

— Ah, é? E sonhava com o que? — Mirou-o.

— Com você. — Taehyung sorriu envergonhado, talvez nunca fosse se acostumar com o lado galante do outro. Jungkook puxou seu queixo apenas para depositar um pequeno selo em seus lábios, antes que o marido escondesse o rosto na curvatura de seu pescoço. 

Taehyung acabava consigo apenas pelo fato de ser tão manhoso e ainda envergonhar-se com algumas de suas investidas. Queria poder lhe morder a bochecha fofinha a todo instante e fundir o corpo magro de ombros largos ao seu; ou até mesmo, guardá-lo em algum potinho apenas para protegê-lo do mundo.

O cheiro de maracujá dos fios — agora claros — já fazia parte de sua rotina, ele precisava ter Taehyung ali, ao seu lado, a cada momento e a cada instante; todos os segundos, minutos ou horas. Por Deus, Jeon-Kim Taehyung havia se tornado a sua mais pura droga: viciante e entorpecente; não conseguiria nunca ficar sem.

Com o amado em seus braços, aconchegado à curvatura de seu pescoço, esperaram abraçados até que, enfim, o avião pousou em solo havaiano.

Saíram lentamente pela porta da aeronave e andaram por entre corredores do aeroporto atrás das bagagens de Taehyung, que rezava para Wakea, Kanaloa e todas as outras e os outros Deuses havaianos que suas malas não tivessem sido extraviadas — já que elas não apareciam na esteira de forma alguma. Enquanto isso, o moreno ao lado atrapalhava-se em demasia na busca de sua mala vermelha que se perdia em meio às outras de mesma cor.

Havia comprado uma mala vermelha para momentos como aquele, assim não a confundiria, mas parecia que pessoas que viajavam para o Havaí gostavam até demais de vermelho.

Depois de o loiro acalmar-se por ver suas malas chegando e de Jungkook conseguir distinguir a sua das outras, chamaram um pequeno táxi que os levou até o hotel onde se hospedariam. A cidade era realmente bela e mesmo que já estivesse próximo do anoitecer, os grandes postes e tochas acesas iluminavam seu caminho.

O loiro agradeceu imensamente por não demorarem a chegar, admirando o lado de fora do hotel que se mostrava em demasia por ser um de cinco estrelas. O taxista fora muito gentil e ajudou-os a tirar as malas do carro, porém, pode observar a carranca do marido ao lado quando este ouviu o elogio que o taxista lhe dirigiu.

— O senhor é realmente muito bonito — o de pele morena e olhos claros disse em um inglês perfeito, inteiramente hipnotizado, logo após tirar as malas de dentro do carro.

— Bonito e casado. — Jungkook agarrou-lhe a cintura completamente possesso e o puxou para perto, com um olhar de poucos amigos.

O loiro segurou-se para não rir e acabou pedindo desculpas pelo marido. O moreno não gostou nada do ocorrido e por isso, mantinha um semblante irritado ao que entravam a passos rápidos no hotel.

— Amor, por que ficou tão bravo? — perguntou Taehyung manso, mirando a mandíbula marcada de Jungkook.

Ele ficava tão sexy daquele jeito.

— A gente mal chegou e já tem gente dando em cima de você? — Com o cenho franzido, mirou o loiro que sorriu pequeno pelos ciúmes bobo do marido.

— Ele só me elogiou, Jungkook. Pare com isso.

— Ele não só te elogiou como te secou muito bem. Eu vi! — Voltou a olhar para frente. — Mais um pouco e você desidratava.

— Que exagero, meu amor — riu.

Jungkook não compartilhava da mesma felicidade, pois se tinha uma coisa que odiava, era ter tantas pessoas em cima de seu marido. Fosse na rua, em viagens, nos desfiles, em entrevistas e até mesmo na empresa a qual o loiro era dono — quanta amargura guardava de alguns funcionários que só faltavam pular em cima dele.

Havia uma pequena fila para fazer o check in na entrada do hotel e os dois pararam ali. Taehyung olhava para o moreno ainda rindo interiormente das sobrancelhas franzidas e do leve bico formado nos lábios carnudos e rosados. Acabou aproximando-se da mandíbula marcada, dando vários selos que rapidamente subiram até a bochecha cheinha alheia.

O moreno riu soprado, completamente desarmado.

— Eu estou com ciúmes e bravo — alertou, fechando os olhos, aproveitando-se do carinho. — Você não pode me desarmar assim, era para eu ficar emburrado a noite toda!

— Nem pensar! Eu não vou deixar você ficar emburrado nessa viagem, senhor ciumento. — Riu, afastando-se logo após selar os lábios que tanto amava. — Você sabe que eu te amo mais do que tudo.

Jungkook sorriu. Era um bobo apaixonado ao lado de Taehyung. Por Deus.

— Senhores? — a recepcionista chamou sorrindo.

Após fazerem o check in e subirem até a cobertura do hotel, decidiram que para o final daquela noite, nada melhor do que um bom jantar a luz de velas, logo depois de tomarem banho juntos.

Seria o começo perfeito da viagem.