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História Seven love letters - Duas tortas americanas no Dame Tartine


Escrita por: myavengedromanc

Notas do Autor


Lembrando que esse capitulo é um flashback
E me perdoem pela demora <3

Capítulo 10 - Duas tortas americanas no Dame Tartine



 

A segunda noite das minhas duas semanas de aventura europeia lá em 1989 teve todos os ingredientes para um romance clichê. Um café lotado? Em Paris? Um francês bonito? Sim, sim e, considerando que não havia um, mas dois franceses, duplo sim.

Bert tinha uma visão muito melhor da mesa deles. Eu tinha de virar muito o pescoço para conseguir espiar por cima do ombro direito, fazendo um esforço para não ser descarado demais. Mas eu estava sendo. Meus olhos travaram com os de um homem sexy do outro lado do restaurante lotado. Foi amor à primeira vista — ou como dizem os franceses, un coup de foudre — um relâmpago, um choque no meu sistema. Antes que eu caísse da minha cadeira, fingi procurar alguma coisa nos meus bolsos, um rubor manchando minhas bochechas.

— Então, qual deles você quer? — perguntou Bert, como se pudéssemos encomendar os dois franceses do cardápio.

— Isso depende. Devo perguntar ao garçom se o cara de camisa verde acompanha fritas?

— Ah, graças a Deus! Eu estava prestes a decretar posse do de cabelo claro. Camisa branca. — Bert lambeu os lábios — Este poderia ser o melhor restaurante em toda Paris.

Podia não ser um restaurante três estrelas da Michelin, mas o Dame Tartine estava se tornando uma opção muito saborosa. Tínhamos descoberto o café da moda em frente a uma fonte louca — La Fontaine Stravinsky, perto do Centro Georges Pompidou, em Beaubourg. O café, em nossos olhos americanos, era muito francês, desde o toldo vermelho com letras douradas, até as cadeiras de madeira vermelha muito envernizadas e a placa escrita à mão com os pratos do dia. Até mesmo os garçons vestiam os pré-requisitos: a camisa branca, a gravata preta, o avental longo preto e a atitude parisiense esnobe. Como o preço era ideal para o nosso orçamento limitado, nós achamos que não havia melhor maneira de tomar parte da sociedade dos cafés parisienses do que nos sentarmos do lado de fora e ficar vendo as pessoas, cercadas por espirais de fumaça de cigarro, uma fonte extravagante de esculturas que se mexiam borbulhando no plano de fundo.

O que nos demos conta foi que todo mundo havia tido a mesma ideia, naquela noite de verão ameno, pois o terraço estava lotado. Famintos demais para procurar outro lugar, concordamos quando o anfitrião sugeriu que sentássemos do lado de dentro. Mal sabíamos que a vista a partir da nossa mesa seria muito mais… cativante.

— Bert, pare de olhar. — eu disse com os dentes cerrados, tentando impedir que meus lábios se mexessem. Como se, mesmo que eu estivesse de costas, o cara de camisa verde pudesse saber que eu estava falando dele. Endireitei as costas no assento, com a certeza de que até mesmo a minha postura fosse me entregar.

Bert nem sequer tentou esconder seu olhar de cobiça. Seus olhos azuis brilhavam com algo que só posso descrever como luxúria enlouquecida. Mudei meu corpo de lugar para bloquear sua visão.

— Estou falando sério. Para de fazer isso. Eles vão pensar que você tem algum problema.

— Não consigo evitar, Frankie. É como se eu estivesse hipnotizado. O de cabelo claro é tão lindo. 

Embora eu me sentisse tentado a me virar e confirmar a beleza, ainda estava me recuperando do choque no meu coração. Em vez disso, eu me inclinei para a frente, coloquei os cotovelos sobre a mesa coberta com um papel branco. Migalhas de pão crocante e granuloso pinicaram minha pele.

— O que eles estão fazendo agora?

Bert franziu as sobrancelhas.

— Acho que eles estão indo embora.

Não, não, não! O romance que eu tinha criado na minha cabeça não poderia terminar antes mesmo de começar. O francês de camisa verde, aquele com o nariz fino altivo e olhar penetrante, ele e eu tínhamos de nos apaixonar perdidamente. Teríamos um caso selvagem, juraríamos nosso amor eterno, e depois, quando eu me formasse na faculdade, eu me mudaria para lá: Paris.

Não era o sonho de todo jovem americano?

Mas, certamente, aqueles dois caras tinham coisas melhores para fazer do que pegar turistas americanos de 19 anos e realizar suas fantasias irrealistas. Era provável que tivessem namoradas francesas sexys o tipo de mulher que Bert e eu tínhamos visto durante todo o dia — as voluptuosas, de cabelos brilhantes longos e lábios carnudos perfeitos, aquelas cujo estilo só poderia ser chamado de parisiense, quer elas estivessem usando vestidos de verão ou os mais chiques da Chanel. Sim, aquelas mulheres eram do tipo que poderiam baixar a autoestima de qualquer pessoa com um olhar fixo calculado, a partir de seus ardentes e delineados olhos amendoados. Mulheres! Não garotos quase adultos.

Bert e eu tínhamos tentado o nosso melhor para nos misturar, numa débil tentativa de parecermos sofisticados e sexys mas Paris não era para o nosso bico. Nossas camisetas enormes engoliam nossas silhuetas pequenas. Somando-se a isso, nossos cintos pretos gigantes, com enormes fivelas prateadas, bermudas sociais pretas, sapatos pretos de couro envernizado, você tinha dois desastres da moda no fim dos anos 1980.

Esse pequeno revés não causava a mínima intimidação em meu amigo. Ele afastou o cabelo longo dos ombros, e um largo sorriso irrompeu.

— Por que você está sorrindo assim? — fiz uma careta — Na verdade, por que você está sorrindo para tudo? Eles. Estão. Indo. Embora.

Além de levantar as sobrancelhas, Bert não precisou dizer outra palavra. Fiz outra tentativa infeliz de lançar um olhar furtivo por cima do meu ombro para encontrar nossos dois franceses se aproximando da nossa mesa, num passo confiante.

O ar estava elétrico.

Antes que eu percebesse, um deles estava bem atrás de mim.

— Americanos? — perguntou uma voz profunda, com sotaque.

Perdão?

Sério, o que tinha dado neles? Podíamos não estar arrumados como os francesas que assombravam nossa visão a cada esquina, mas com o cabelo tingido de escuro de Bert, os olhos azuis, e as feições angulosas, ele poderia facilmente ter passado por alemão, italiano, grego, talvez até mesmo francês. 

Bert conseguiu suspirar.

— Somos, como você sabe?

Tirou as palavras da minha boca escancarada.

Os rapazes se posicionaram em frente à nossa mesa. O loiro francês de Bert apontou para a nossa garrafa de vinho, e os dois riram.

— Nenhum homem francês que se preze pediria uma garrafa de vinho sans un bouchon.

Independente do sotaque sexy, minha fantasia teve uma queda livre. Eles tinham vindo à nossa mesa para nos insultar? O que diabos era um bouchon? Só havia uma maneira de descobrir.

— Bouchon? — perguntei, encontrando olhares divertidos, e rapidamente eu desviei os olhos.

— Sem uma, hummm, uma rolha de cortiça.

— Ah, e, então… — eu disse, com um tom mais defensivo do que eu queria que fosse — o que a gente deveria ter pedido?

— Um jarro teria sido, humm, mais ac-cep-ta-ble.

Éramos jovens garotos americanos, sem a menor ideia de como pedir vinho, e quem melhor para apontar nosso erro crasso do que dois rapazes franceses? E eles estavam rindo. Rindo de nós. Por causa da tampa de rosca. Bert e eu quebramos paradigmas ou o quê?

Aprendam: Na França, ainda não é "ac-cep-ta-ble" pedir vinho com tampa de rosquear.

Com olhos baixos, murmurei:

— Era o mais barato.

O loiro francês cutucou o amigo de lado e disse algo rápido, rápido demais para que eu entendesse uma única palavra.

— Gostaríamos de propor a vocês uma boa garrafa de vinho — disse o objeto do meu afeto. Seu inglês era divertidamente formal, mas perfeito. — Porém com uma condição. Se nos permitirem a honra, gostaríamos de nos juntar a vocês em sua mesa.

Bert sorriu tão grande, que fiquei surpreso por seu rosto não rachar no meio. Foi todo o incentivo de que eles precisaram. A fantasia estava de volta.

— Permitam-me me apresentar. Sou Gerard — disse meu francês, puxando uma cadeira e sentando-se ao lado do… Bert?

O loiro francês se sentou ao meu lado.

— Mon nome é Quinn.

— Sou Robert. — ele apontou para mim, adagas de confusão disparando de seus olhos — E esse é o Frank.

— Frank. — repetiu Gerard — É um nome muito bonito. — ele se virou para Bert, sem falar comigo — De onde você é?

Espere um segundo aqui.

O que estava acontecendo?

Era evidente que, a coisa toda com o vinho tinha sido uma estratégia bem encenada, e Gerard e Quinn eram os mestres do “criticar para conquistar”, muito antes de programas, como The Pickup Artist ir ao ar, ou livros, como O código Bro serem publicados, mas eu pensei que tinha pintado um clima entre Gerard e eu.

Eu podia ter sorrido por fora, mas por dentro eu estava gritando.


Notas Finais


O flashback continua no próximo...


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