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História Seven love letters - Saudações da estrada!


Escrita por: myavengedromanc

Capítulo 6 - Saudações da estrada!





 Olhei para a garrafa de vodca no balcão da cozinha, depois para o relógio, e então para a garrafa. Que tal um martíni, Frank? São cinco da tarde em algum lugar, certo? E então me senti como uma aberração. Meu Deus, não eram nem dez da manhã. Em vez de me dobrar à tentação de afogar minhas emoções, fui para o banheiro principal. Eu não precisava de um psicólogo para me dizer que o álcool encobria a realidade por um momento, muitas vezes tornando-a pior. E eu certamente não precisava que me dissessem como eu estava com uma cara péssima.

Tudo o que eu precisava fazer era encarar o espelho. Quem era aquela pessoa? Ela realmente tinha se entregado.

Eu estava coberto de pelo preto de cachorro e estava usando o mesmo moletom fazia três dias. Meu cabelo estava oleoso, minha barba gigante, minha barriga estava inchada, e meus olhos estavam vermelhos. Não só isso, tinha uma espinha do tamanho do planeta na minha bochecha. Manter uma boa aparência costumava ser uma fonte de orgulho para mim. Fazendo uma careta, saquei uma pinça e espremi, certo de que o velho Frank estava escondido em algum lugar.

Quinze minutos mais tarde, entrei no chuveiro… Depois do banho me plantei em frente ao espelho e tirei os pelos faciais o mais cuidadosamente possível, cuidando da pele como não fazia faz um bom tempo. Era a hora deste homem recuperar um pouco de seu orgulho. Uma hora e quinze minutos depois, era hora de ir buscar minha mãe no aeroporto. Eu não sabia se estava pronto para ela. 
 

Cheguei ao aeroporto em cima da hora, e fui para a esteira de bagagens como o planejado.

Olhei para minha mãe por um instante ou dois. Como de costume, minha mãe parecia fantástica, toda bronzeada, cabelo recém retocado com loiro, animada e alegre, com um largo sorriso super branco cobrindo seu rosto. Ela entrou no carro.

— O que é isso na sua bochecha?

— É uma espinha de estresse. — baixei a voz — Por favor, não fale sobre isso. Ela vai te ouvir e vai fazer aparecer outra.

— Pasta de dente vai resolver. Ou óleo de árvore-de-chá. Você tem óleo de árvore-de-chá?

— Eca. Podemos, por favor, não falar sobre isso?

— Querido, não seja mal-educado. Só estou tentando ajudar.

— Eu sei, mãe, obrigado. Por tudo. — mordi meu lábio inferior — Podemos mudar de assunto?

— Claro. Sobre o que você quer falar?

Qualquer coisa, menos sobre minha espinha de estresse.

— Conte aquela história de novo.

— Qual?

— Aquela de quando você me pegou depois de não me ver há um tempo, quando eu morava com a vovó e o vovô.

— Ah, aqueles três meses sem você foram os piores da minha vida. — disse ela — Você era o meu menino, meu anjo. Eu não conseguia aguentar mais nem um segundo sem você. Quando eu me estabeleci em Chicago, a vovó e eu decidimos nos encontrar no meio do caminho, num Holiday Inn, em Kentucky. Vocês se atrasaram. Eu estava andando de um lado para o outro no saguão do hotel, esperando. Finalmente, vi o Dodge Duster vermelho da vovó entrando no estacionamento, vi sua cabecinha no banco de trás. Gritei:
“Meu filho, meu filho!” As pessoas devem ter pensado que eu era louca.

— E depois…

— Corri para o estacionamento, abri a porta, te puxei da sua cadeirinha, e te girei no colo sem parar. Eu chorando como uma boba, e você dando risinhos. Quando as pessoas do saguão descobriram o que estava acontecendo, todas aplaudiram. Estavam coladas na janela do hotel, eu juro.

Lancei um olhar de soslaio para minha mãe. Seus olhos estavam marejando. Os meus também.

— Algum dia você já se arrependeu?

— Do quê?

— De ter que colocar os seus sonhos de lado. — minhas palavras saíram abafadas — Por mim.

Minha mãe tivera grandes aspirações quando era mais jovem. Ela seria uma bailarina famosa, dançando no Lago dos Cisnes, tremulando por aí de tutus e sapatilhas de cetim rosa, com o New York City Ballet. Com 18 anos, ela se mudou para Manhattan para ir atrás daquela sublime ambição. Mudou-se para uma dessas repúblicas para moças, vivendo com atrizes esperançosas, modelos e dançarinas. Enquanto esperava que sua carreira de dança decolasse, trabalhou como garçonete numa das casas noturnas mais ilustres de Nova York, Salvation, na West 4th com a 7th. Astros do rock frequentavam o lugar, lendas como os Beatles e os Rolling Stones, junto de aspirantes como o Anthony, guitarrista cuja reivindicação à fama foi tocar com Jimi Hendrix.

Uma garota sulina de cidade pequena, que se mudara de base militar em base militar durante a juventude, minha mãe nunca tinha visto um cara como Anthony antes: ele era um bad boy, sombrio e perigoso. Ele a deixou andando nas nuvens, e eles se casaram e depois se mudaram para a Califórnia, onde ele foi em busca dos sonhos de se tornar músico, enquanto ela suspendia os próprios sonhos, trabalhando como balconista em uma loja de roupas.

Quando ficou grávida de mim, pendurou as sapatilhas de ponta no gancho dos sonhos não realizados.

— Frankie, os sonhos mudam. — minha mãe apertou minha mão — E tenho vivido de forma indireta por meio de você. Tentei te dar todas as oportunidades que não tive. Como escola de artes cênicas. Faculdade.

Engoli em seco.

— Bem, pelo menos você foi top model em Chicago.

— Uma top model júnior. — corrigiu ela — Foi assim que eu sustentei a gente. Éramos só você e eu…

— Até que apareceu o meu pai.

Antes que ela conhecesse Ernest, morávamos num apartamento de porão, e às vezes ela trabalhava em dois empregos para pagar as contas quando as reservas estavam baixas. Ela garantiu que eu tivesse tudo o que precisava, comida na mesa, roupas no corpo, ou um novo carrinho hot-wheels. De forma engraçada, nunca percebi como a gente era pobre. Ela sempre me deu o que eu precisava, me encheu com amor.

Minha mãe pode não ter alcançado seu sonho de se tornar uma bailarina, mas seu amor pela dança se transformou em uma carreira na indústria de fitness. Agora, ela era uma voluntária, ensinando ioga no Centro de Veteranos da Grande Los Angeles, ajudando veteranos a superar o transtorno de estresse pós-traumático, lesões cerebrais, e vício em drogas e álcool, um programa no qual ela havia sido uma peça-chave na criação e que agora alcançava todo o país. Eu tinha muito orgulho dela.

Eu estava prestes a me encontrar na mesma situação em que ela se encontrara muito tempo atrás: sem um tostão, com o coração partido por uma separação, e prestes a voltar para a casa dos pais.

A única diferença era que eu não tinha 21 anos e um bebê novinho. Eu tinha quase 40, sem filhos. Ocorreu-me que nossas vidas poderiam ter tomado caminhos diferentes, mas minha mãe era exatamente como eu. Eu podia conversar com ela — conversar de verdade — e não apenas sobre os tratamentos de beleza mais recentes. Com uma viagem de carro de trinta e cinco horas pela frente, tínhamos tempo de sobra.

— Sei que conversamos sobre sair no domingo, mas podemos sair amanhã? — perguntei.

— Acho que é uma excelente ideia.

 

 

**

 

 

De manhã, nós carregamos a minivan alugada. Logo, o horizonte de Chicago desapareceu do espelho retrovisor. O medo me fez tremer nos meus tênis. Cerrei os dentes. Minha mãe estava sentada no banco do passageiro, tão animada que ela estava praticamente pulando para cima e para baixo, com um largo sorriso estampado no rosto. Com vinte quilômetros de viagem, ela deixou escapar:

— Falei com o rapaz que passeia com os nossos cachorros, e ele está precisando de ajuda. Sugeri você.

— Por quê? Ele precisa que eu crie um site para ele?

— Não, na verdade, ele precisa de mais gente para passear com os cachorros.

— Espere. O quê?

— Vai ser bom para você até você se acertar.
— Ótimo. Apenas ótimo. — respondi. 

Eu não tinha nada além de uma montanha de dívidas. Eu estava prestes a completar 40 anos e estava voltando para a casa dos meus pais. Tinha acabado de deixar o homem com quem eu tinha passado os últimos doze anos. Tinha sabotado meu caso amoroso de cartas com Gerard. E minha mãe tinha acabado de me perguntar se eu queria me tornar passeador de cães.

Não era assim que eu tinha planejado minha vida.

Os nós dos meus dedos ficaram brancos, agarrados ao volante.

— Eles têm pontes em Los Angeles, não têm?

— Sim. Por quê?

— Então eu posso me jogar de uma quando a gente chegar.

— Frank, isso não é engraçado. — ela bufou — Então, quando chegarmos em casa, vamos ter trabalho a fazer. Obviamente, você precisa cortar o cabelo. E olhe só essas unhas. Estão horríveis…

— É, tenho certeza de que os cachorros vão me julgar. Afinal, eles são de Malibu.

Minha mãe me lançou seu olhar patenteado, um sorriso de escárnio meio revoltado, meio fazendo beicinho. O tipo de olhar que fazia eu me sentir mal numa fração de segundo.

— Não seja tão malcriado. Você não precisa passear com os cachorros se não quiser. Só estou tentando ajudar.

— Desculpe, mãe. Estou lidando com muita coisa nesse momento. Estou me sentindo sobrecarregado. — eu me sentia péssimo por ter perdido a paciência com ela, mas eu não estava com vontade de planejar nada. Já não aguentava mais falar — Tenho uma ideia. Por que a gente não ouve um daqueles livros em fita que você trouxe?

— Eu sei exatamente qual. — disse minha mãe.

Ela veio preparada.

Enquanto Elizabeth Gilbert, uma mulher que também tinha saído de um casamento de muitos anos, narrava seu livro Comer, Rezar, Amar ao longo da rota nada pitoresca de Omaha, Nebraska, passamos por campos de milho e vacas borrados, lojas de queijo e clubes de strip.

Passávamos por uma cidadezinha chamada Marseilles, bem quando Liz disse: “Eu queria sair de um casamento no qual eu não queria estar”. Apesar de ter sido em Illinois, eu não conseguia parar de pensar na França e num certo alguém que vivia lá.

Minha mãe estava ao volante quando meu celular tocou. Era uma mensagem de texto do Chris, chamando-me de aberração, junto de algumas outras palavras bem escolhidas, por eu ter levado os saleiros e pimenteiros. Eu estava prestes a ligar para a Jessica que, sem que eu soubesse, tinha claramente decidido que precisava apimentar minha vida, quando uma outra mensagem chegou. Ao que tudo indicava, Chris estava em processo de contratação de um advogado de divórcio que iria trabalhar tanto por mim, como por ele, e já que nosso casamento, em essência, havia acabado há mais de seis anos, seria rápido.

Atordoado, li as mensagens em voz alta. Percebi que Chris estava tentando me atingir, mas se existia um prego final no caixão do nosso casamento, aquelas duas mensagens martelaram minha decisão. Apaguei as mensagens e não respondi. Esqueça a separação de corpos. Eu sabia que nunca iria voltar.

— Você precisa contratar seu próprio advogado. — disse minha mãe — Você tem que proteger seus interesses.

— E eu vou. Eu o deixei.

— E o dinheiro? — perguntou ela.

— Mãe. — eu disse — Acabou tudo. Não tenho de onde tirar.

— Estou surpresa por você não o ter abandonado anos atrás. — ela observou.

Eu sabia o que ela pensava do meu marido. Eu tinha ficado no meio deles, defendendo um, contra o outro, o que foi cansativo, para dizer o mínimo. Na mente de Chris, eu era casado com ele e, portanto, ele era a única pessoa importante na minha vida. Eu era o esposo. Ponto.

As brigas sobre a minha mãe começaram dois anos depois do nosso casamento, criando mais do que uma rachadura — tinham nos afastado. Assim como minha mãe tivesse me protegido ao longo dos anos, eu também a protegi. Para mim, não era nada demais que ela interrompesse nossas refeições de vez em quando para falar ao telefone. Ela não tinha desistido de um monte de coisa por mim? Mas Chris não enxergava dessa forma.

— Eu queria.

Minha mãe apertou os lábios, e seus olhos se estreitaram num olhar fulminante. Pela forma como ela estava respirando, eu sabia que ela queria dizer algo mais sobre o assunto. Pela primeira vez, ela se conteve.

— Frankie, eu já disse isso a você mais de uma vez. O mais importante para mim é te ver feliz. Você tem se punido por tempo demais e não faz o tipo mártir. Agora que você está largando dele, estou percebendo mudanças positivas.

— Como quais?

— Por exemplo, você está conversando comigo de verdade outra vez, não me afastando. — ela apertou minha mão com força — É bom ter o velho Frank de volta. Senti sua falta.

Jessica tinha dito exatamente a mesma coisa. Eu me perguntava o quanto o casamento tinha me transformado.

 

Chegamos ao nosso hotel um pouco depois das oito da noite e pedimos serviço de quarto.

Minha mãe e eu ficamos confortáveis na cama, nós vestimos calças de moletom e camisetas.

Peguei meu computador e entreguei a ela as cartas de Gerard de 1989, enquanto eu verificava meu e-mail. Atônito, fiquei olhando para a mensagem mais recente, que descrevia a visão científica que ele tinha da fé, como a natureza odiava espaços vazios e sistemas desequilibrados, e como o mundo precisava ser preenchido com coisas maravilhosas. Como ele estava numa viagem de negócios na Alemanha, eu tinha certeza de que ele não tinha lido minha última mensagem. Quanto mais eu pensava sobre o que eu tinha escrito, mais idiota eu me sentia.

— Gostaria de não ter arruinado as coisas com Gerard com o último e-mail que enviei. — murmurei — Ele vai me odiar.

Minha mãe olhou por cima dos óculos de leitura.

— Bem, o que você escreveu não pode ter sido tão ruim assim.

— Não, foi muito ruim. — abri o e-mail, limpei minha garganta, e li — “No início de um relacionamento tudo é apaixonado. Mas como uma estrela, o tipo de intensidade desaparece com o tempo. Depois as coisas ficam confortáveis, como um velho par de meias, furos inclusos. Ainda vou deixar o Chris, mas preciso de algum tempo para descobrir o que exatamente estou procurando. Você é um homem verdadeiramente incrível, um presente. Nosso turbilhão de cartas me pegou desprevenido, e eu não as trocaria por nada no mundo. Você pode contar comigo, mas agora, esse caso amoroso de cartas tem de parar, e eu só posso ser seu amigo.”

De seu lugar na cama, eu jurava que até meu cachorro tinha gemido.

— Você escreveu uma “carta Querido John?” a Gerard? Por que diabos você faria uma coisa dessas? — perguntou minha mãe.

— Eu estava confuso.

— E agora?

— Não estou. — sacudi a cabeça cheio de culpa — Discuti um monte de sentimentos reprimidos com ele. Fico ansioso esperando os e-mails dele. Fico ansioso para responder. Ele sabe tudo sobre mim.

— Tudo o quê?

A tecnologia tinha conectado Gerard e eu de uma forma que nunca pensei possível. Abri minha alma àquele cara.

— Tudo.

— Parece que Gerard te dá muito apoio. Também não é como se você fosse se casar com ele e se mudar para a França…

Ergui as sobrancelhas.

— Ah, vamos lá, Frank. Eu sei que você é um sonhador, mas seja realista. Você nem sequer o viu em vinte anos…

Peguei a foto que ele finalmente me enviou.

— Na primeira foto que Gerard me mandou, ele tinha cortado a cabeça da imagem. Mandei um e-mail de volta, implorando por uma foto com cabeça. Então ele me enviou uma de quando tinha vinte e poucos anos, fantasiado de drag queen numa festa. Ele só me mandou esta foto na semana passada, explicando que não é mais o rapaz bonito que conheci um dia. — virei a tela na direção da minha mãe. Naquela foto, Gerard usava um terno preto: um paletó de forro azul petróleo e uma camisa muito branca. Embora ele tivesse cortado um pouco da parte de baixo da imagem, provavelmente escondendo que estava, de fato, um pouco mais gordinho, não importava. Ele estava muito sexy com os cabelos longos emoldurando o rosto arredondado, as mãos no bolso, chamando a atenção para os ombros largos. — É engraçado, a imagem que tenho dele quando jovem está desbotada, mas este homem ficou melhor com a idade.

Minha mãe arregalou os olhos.

— Escreva para ele imediatamente. Peça desculpas.

Assim, com minha mãe soprando as palavras sobre meu ombro, tagarelando sobre como Gerard estava bonito, como seu terno era elegante, como o pequeno cavanhaque era sexy, como ele era um escritor maravilhoso, como era doce comigo, respondi, o tempo todo esperando que não fosse tarde demais. Não que eu sonhasse em mudar para a França ou qualquer coisa do tipo.

Não, não eu; isso nunca passou pela minha cabeça.

 


De: Frank
Para: Gerard
Assunto: Saudações da estrada!
Caro Gerard (ainda o meu príncipe encantado, espero),
Por favor, perdoe a minha indecisão.
Agora tenho clareza. Por favor, ignore o último e-mail que enviei.
Não posso deixar que a “culpa” conduza meu coração, mas preciso, de verdade, de um tempo para mim mesmo. Minha viagem de volta à Califórnia e o tempo que vou passar lá com a minha família vão me permitir fazer exatamente isso.

Eu costumava manter meus sentimentos todos enjaulados aqui dentro, internalizando tudo. Com você é muito diferente. Sinto que posso falar com você ou escrever sobre qualquer coisa. Por isso, obrigado. Precisa me prometer que você não vai permitir que eu evite assuntos que me deixam pouco à vontade. A comunicação é a espinha dorsal de tudo. Nesse caso, falo por experiência própria. É verdade, você sabe mais sobre mim do que qualquer pessoa. Para você, eu quero ser um livro aberto. Podemos, por favor, por favor, virar a página?
 

Frank
 

 

 

— Pronto. — falei. Mais uma vez, apertei o botão de enviar, segurando a respiração — Está feito.

— Você acha que ele vai responder? — perguntou minha mãe.

— Não sei, mas não vou culpá-lo se ele não responder. — dei de ombros e depois disse sem meias palavras — Mãe, eu realmente preciso falar sobre Anthony.

O rosto dela empalideceu.

— O que tem ele?

— Ele meio que me deixou complexado, aparecendo na minha vida quando apareceu e depois sumindo. — fechei os olhos — É difícil, porque eu sei que nunca vou saber o motivo.

— Motivo do quê?

— Por que, se sou filho dele, ele não tentou me conhecer melhor?

— Tenho certeza de que ele te amava. Do jeito dele.

— Não, não, ele não amava. Como poderia amar? Ele nem me conhece. Nunca conheceu. Eu me encontrei com ele uma vez. Sei disso agora, mas é impossível amar alguém com quem a gente não se comunica. Foi isso que matou meu casamento.

Comecei a explicar como, durante as vezes em que me correspondi com o Anthony, senti que o meu pai adotivo, embora sempre tivesse me tratado como filho de sangue, amava mais a minha irmã por ela ser filha dele legítima. Expliquei como Anthony era um fantasma nocivo na minha vida, um poltergeist do mal pairando sobre todos os meus relacionamentos, um de quem eu precisava me livrar de uma vez por todas. Eu disse a ela como o abandono dele, o abandono de nós dois, havia afetado a forma como eu conduzia meus relacionamentos com os homens.

Os olhos de minha mãe se encheram de lágrimas, ameaçando explodir.

— Eu o odeio. Odeio o que ele fez com a gente.

— Mamãe, mamãe, me desculpe, não quero que você chore. — implorei. Eu não queria que ela chorasse, porque se ela começasse, eu também começaria.

— Ai, meu amor. — disse ela com uma fungada — Espero que você saiba que só estávamos tentando te proteger. Acho que deveríamos ter conversado mais sobre isso, sobre ele.

— Bem, nós temos muito tempo. — eu disse — Quem sabe quanto tempo eu vou passar com vocês…

— Eu sei. — ela assentiu com entusiasmo — Estou tão animada.

— Eu também, mamãe. Eu também. Vou começar uma vida nova.

O pensamento me emocionava e ao mesmo tempo me deixava assustadíssimo.
 


Notas Finais


Pra quem lê Soulmate quero deixar avisado que vou demorar mias um pouco para atualizar, preciso terminar de escrever o último capitulo e minha vida está bem corrida e ando bem cansada por conta do trabalho, toda vez que vou escrever acabo dormindo hahuashasu Mas vou passar o Natal escrevendo <3


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