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História Seven love letters - Que comece a aventura amorosa


Escrita por: myavengedromanc

Notas do Autor


Dessa vez não demorei <33

Capítulo 9 - Que comece a aventura amorosa



 

Talvez fosse porque estamos inundados por garotos sexys com músculos definidos em poses sensuais — anúncios para aulas de MMA e catálogo da Calvin Klein, para não mencionar todos os perfis atrevidos no Facebook. Talvez tenha sido porque eu queria aumentar o calor no meu relacionamento já fervente com Gerard. Talvez tivesse sido porque eu também queria me sentir sexy. Talvez fosse porque, pouco a pouco, o medo estivesse deixando o meu corpo. De qualquer forma, não importava o que havia me inspirado, eu decidi enviar algumas fotos provocantes minhas a Gerard, algo que eu nunca tinha tido a coragem de fazer antes.

Meu MacBook tinha uma câmera embutida. Então, sentei na minha cama em diferentes poses e em estados variados de não muita nudez — minha blusa pendurada no meu ombro, parte do meu peitoral tatuado aparecendo — tirando foto depois de foto. Quando terminei, de umas cem fotos, eu apaguei todas, exceto três. E não havia a menor possibilidade na face da Terra de que eu as enviaria a Gerard. Pelo menos não do jeito que estavam. Abri o Photoshop e reduzi cada foto ao tamanho da unha do meu dedo indicador e as coloquei num arquivo, meio que um tríptico. Feliz com o meu esforço criativo, anexei a imagem e enviei. O telefone tocou alguns minutos mais tarde.

— Frank, a foto que você mandou era muito pequena, mas a tela do meu computador é como uma lente de contato. Alguém do meu trabalho entrou…

— Meu Deus. Eles viram alguma coisa? — minha voz tremeu de pânico. Eu finalmente tinha ganhado coragem para fazer uma coisa dessas, e agora provavelmente o mundo inteiro, ou pelo menos o escritório de Gerard, estava rindo de mim, o garoto americano que não conseguia sequer enviar uma foto provocante do jeito certo.

— Como alguém conseguiria ver alguma coisa? Quanto mais eu a ampliava, pior ficava a qualidade, tudo quadriculado.

— Esse negócio de sedução é algo novo para mim.

— Você só pode imaginar o quanto eu quero te ver. Você é lindo, Frank.

Comandados por sua voz confiante, meus nervos se acalmaram no mesmo instante. Talvez fosse o sotaque francês? Talvez fossem as inflexões sensuais e macias em seu tom de voz?

Fosse o que fosse sobre ele, funcionava, e ele sempre sabia as coisas certas para dizer.

— Tenho más notícias.

Meu coração disparou. Ele estava me agradando antes de soltar a bomba.

— O que foi? 

— Meu carro explodiu.

O quê? Explodiu? Talvez a futura ex estivesse por trás daquilo? Será que ela estava atrás dele? Pelo que ele me disse, ela era meio fora de prumo.

— Alguém bombardeou o seu carro? A Natasha?

— Não seja ridículo. Era um carro velho, uma BM DoubleV. Ele simplesmente morreu.

Não tinha nada que pudesse ser feito. — esperei que ele gritasse, reclamasse. Mas ele não fez nada, apenas suspirou — Não se preocupe. Isso não vai estragar a nossa viagem. Eu já dei uma olhada em aluguel de carro.

— Ah.

Sendo pragmático, ou talvez paranoico, eu não estava prestes a voar mais de oito mil quilômetros sem algum tipo de plano de reserva para casos de emergência. Então, muitas coisas poderiam acontecer. Primeiro de tudo, Gerard iria dirigir mais de sete horas de Toulouse para me buscar no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. O carro dele podia “explodir”. De novo. Além disso, minhas preocupações não paravam com problemas mecânicos ou acidentes fatais. E se a gente não se reconhecesse? Ou, como a vingança perfeita para meus vinte anos de silêncio, ele poderia mudar de ideia no último minuto, sem nem se incomodar em me buscar, me deixando em Paris sozinho.

E se as fotos que tinha me enviado não fossem mesmo dele? E se não correspondessem ao verdadeiro Gerard? Eu já tinha visto o filme de Liam Neeson, Busca implacável, em que a máfia albanesa sequestra e droga mulheres para vender como escravas sexuais, não duvido que façam com homens também. Os traficantes escolhiam as presas em Paris, no Charles de Gaulle, o aeroporto para o qual eu estava indo.

Sim, eu sabia que minha imaginação estava a todo vapor, correndo pela via rápida da paranoia a mil quilômetros por hora. Eu sabia o que Gerard diria: não fique nervoso. Porém, dizer e fazer são duas coisas diferentes. Eu tinha pensado em todas as situações, não importava o quanto fossem insanas. Já que meu cavaleiro de armadura brilhante não iria aparecer a cavalo na esteira de bagagens, eu precisava ser cauteloso. Talvez um pouco mais do que o habitual.

— Gerard, eu tenho um pequeno favor a pedir.

— Qualquer coisa, príncipe.

— Vocês têm aqueles celulares baratos pré-pagos aí na França?

— Sim, minha filha tem um para emergências.

— Você poderia comprar um para mim e me enviar com crédito? — fiquei me perguntando se era um pedido mal-educado — Claro, eu te pago depois. Eu só gostaria de um meio de entrar em contato com você. Sabe, em caso de acontecer alguma coisa.

— O que poderia acontecer?

Com muita paciência, ele me ouviu explicar todas as razões pelas quais eu sentia a necessidade do telefone. À medida que as palavras saíam da minha boca, eu percebia o quanto eu era ridículo. Para encobrir minhas pegadas, contei a ele como a minha irmã tinha me provocado sobre ele poder ser um traficante de pessoas para a máfia albanesa. Quanto mais eu tagarelava, mais fundo ficava o buraco que eu estava cavando.

— Querido, querido, querido, eu acho que é uma ideia excelente. — agora eu estava convencida de que Gerard conhecia a regra de ouro: um homem sempre concorda com seu/sua pretendente, especialmente quando ele quer parar uma lenga-lenga ridículo — Vou te enviar nosso telefone extra amanhã. — Suspirei de alívio. — Querido, antes que eu te deixe, preciso do seu conselho sobre um assunto. Me diga a sua preferência. Onde você quer passar a última noite? Em Versailles ou em Paris?

Já que eu nunca tinha visitado Versailles, o subúrbio abastado de Paris, famoso pelo seu castelo suntuoso, a ideia era tentadora. No entanto, pensei que seria absolutamente romântico se Gerard e eu ficássemos em Paris, o lugar em que nos conhecemos. Juntos, poderíamos refazer nossos passos: comer no Dame Tartine, tomar uma taça de vinho do Porto num café ao ar livre na Champs-Élysées e caminhar até seu antigo apartamento. Ou então a gente poderia criar uma nova memória, uma ainda melhor.

— Me surpreenda. — eu disse por fim — Fica inteiramente a seu critério. Estou nas suas mãos.

— Mal posso esperar — disse ele.

Nem eu.

 

**

 

As duas semanas seguintes foram um borrão de caudas de cachorro e uma confusão de dias quentes de verão em Malibu. Dois dias antes de eu partir para Paris, convidei Ray para dar um mergulho na piscina dos meus pais — um bônus extra de morar em casa, um alívio bem-vindo para o verão de mais de 30 graus e o Sol implacável. Assim, meu novo amigo (e chefe) estava comigo, quando o pacote de Gerard chegou. Além de um telefone celular verde, flores de lavanda e rosas secas caíram da caixa, provavelmente do jardim dele.

Ray ficou de queixo caído.

— Quem faz isso? Nossa, é muito romântico. Vou me lembrar disso e usar com as mulheres.

Devia ser o toque francês.

— É romântico, mas isso aqui não é. — entreguei um segundo envelope à Ray.

— Isso é o que eu acho que é?

— É.

Ele apertou meu ombro amigavelmente.

— Parabéns! Você é um homem livre!

Engoli em seco. Livre ou não, ver minha declaração de divórcio em toda sua conclusividade foi um pouco desconcertante. Não era apenas algum tipo de fantasia estranha; era real. Eu estava animado pelo futuro, mas também estava petrificado. Eu ainda era passeador de cachorro, Gerard e eu ainda não tínhamos sequer nos visto pessoalmente, e eu ainda estava vivendo na casa dos meus pais. O suor de levar cães para passear não era nada comparado ao suor do medo pelo desconhecido. Era hora de pular na piscina e tentar acalmar meus nervos.

Depois de um mergulho rápido, Ray foi embora e entrei de novo em casa, me perguntando se eu tinha noção de que diabos eu estava fazendo. Como se para me responder, outro pacote embrulhado em papel estava na varanda da frente. Também era endereçado a mim, do Bert.

Dentro dele estava o álbum de fotos da nossa aventura europeia. Além disso, Bert havia enviado junto seu diário de viagem preenchido com divagações de menino e u-la-lás, além das cartas e cartões-postais que Quinn tinha enviado a ele. Por hora, deixei aquilo de lado. Eu precisava ver as fotos, uma em particular. E lá estava ela: a foto de Gerard e eu, em pé nos degraus da Sacré-Coeur, eu com um sorriso largo e louco, vestindo uma camiseta vermelha e uma bermuda jeans; ele segurando meu braço, sempre lindo, com uma camisa social branca e calça preta. Seus lindos lábios finos estavam distendidos num meio sorriso. Uma nova onda de memórias atingiu meu cérebro ao ver as fotos, sentimentos há muito esquecidos, mas armazenados em algum lugar no meu interior.

Corri para dentro de casa com os pacotes em mãos. Em vez de contar à minha mãe sobre a declaração de divórcio ou sobre meu telefone de emergência enviado junto de flores secas de lavanda, eu gritei:

— O Bert finalmente enviou o álbum de fotos! Gerard é muito mais alto do que eu!

Não recebi resposta. Aparentemente, minha mãe estava fora, dando aula de ioga na associação. O que me deu bastante tempo para digitalizar todas as fotos no computador, enviar por e-mail a Gerard, ligar para Bert, terminar de fazer as malas. Que Deus não permitisse que eu esquecesse de nada. Eu devia estar fazendo e desfazendo as malas, verificando e verificando havia pelo menos três semanas. Na noite anterior à minha partida para o Charles de Gaulle, fiquei na sacada do meu quarto, procurando um último empurrão, um último sinal de que eu estava fazendo a coisa certa ao ir a Paris. Não encontrei nada inspirador, por isso enviei um e-mail a Gerard.


De: Frank
Para: Gerard
Assunto: Uma mensagem…

Estava fazendo uma noite linda, por isso decidi dirigir até a praia e dar um passeio. Tentei procurar a infame estação espacial, aquela com a mensagem escrita, mas não consegui encontrar de jeito nenhum. Graças ao acaso, eu tinha uma garrafa de vidro, um pedaço de papel e uma caneta na minha bolsa. Então, sozinho sob as estrelas, eu te escrevi uma mensagem. Só que você vai ter de esperar para ver o que é, porque, sim, coloquei minha carta na garrafa e joguei no Pacífico. Talvez na próxima vez em que você estiver na praia, você a encontre.
Frank

 


De: Gerard
Para: Frank 
Assunto: Re: Uma mensagem…

Querido, acho que a sua mensagem não vai chegar a mim. Eu poderia falar como um cientista e explicar sobre trajetórias e padrões e tudo mais, mas tenho certeza de que iria te deixar entediado. Sinto muito, mas a garrafa não vai chegar aqui. Ou será que é o meu menino engraçado tentando me levar de volta para a estação espacial?

Beijos grandes, mais hoje do que ontem, mas menos do que amanhã.

 


De: Frank
Para: Gerard
Assunto: Re: Uma mensagem…

Esqueci de dizer: é uma garrafa mágica. Para encontrá-la, tudo o que você tem a fazer é seguir o seu coração.
 

 

Gerard tinha entendido meu estilo ímpar de humor. Era o meu sinal!

Antes que eu percebesse, minha mãe estava me levando para o aeroporto.

— Está animado? — perguntou ela.

Eu olhava para a frente, as mãos cruzadas no meu colo.

— Pare de me perguntar isso. Você está me deixando nervoso.

— Me liga na hora em que você aterrissar. Quero ter certeza de que você chegou bem.

— Você só quer saber o que vai acontecer quando a gente se vir.

— Você pode me culpar?

— Não — respondi. Ela estava vivendo aquela aventura amorosa indiretamente por mim, desde o começo, alguns meses antes. Claro que ela queria saber o que ia acontecer.

— Então você está animado?

— Por favor, você realmente está me deixando nervoso.

Uma pausa.

— Você deve estar animado.

Duas horas mais tarde, eu estava espremido num assento de janela, logo acima da asa, com o coração disparado. O que ia acontecer quando o avião pousasse? Claro, Gerard e eu tínhamos nos conectado há vinte anos. E tínhamos nos conectado ao telefone e em centenas de e-mails. Mas e se o homem por trás da tela e do telefone não fosse o homem que eu pensava?

E se a atração física entre nós não fosse tão forte como o vínculo emocional que tínhamos criado?

Pelo alto-falante, vieram as instruções de segurança, primeiro em francês, depois em inglês.

As duas incompreensíveis: murmúrios abafados pulsando em meus ouvidos como um dos adultos num especial do Snoopy. Uma tontura começou. Uma gota de suor escorreu pelo meu pescoço, acumulando na parte inferior das minhas costas. A mulher sentada ao meu lado sussurrou algo para o marido, deslocando seu peso para longe de mim. Desviei o olhar e olhei para fora da janela, implorando por uma chuva torrencial, queda de raio, qualquer coisa. Mas foi apenas mais um belo dia no ensolarado sul da Califórnia, sem uma nuvem à vista. O avião deu uma guinada para trás. Sério, o que eu estava pensando? Deixando o país com o coração cheio de esperança e algumas migalhas de dólares?

Eu precisava descer daquele avião.

Mas como? Eu era inteligente o bastante para saber que se eu gritasse “Bomba!” a plenos pulmões, algum oficial da aeronáutica à paisana me arrastaria para a prisão, chutando e gritando, com uma arma de choque apontada para meu pescoço.

Talvez eu pudesse fingir um ataque cardíaco?

Uma aeromoça vestida num terninho azul ajustado chamou minha atenção, dedos graciosos apontando as saídas de emergência, os banheiros. Tinha um penteado perfeito e usava o tom de batom vermelho. Bonita. Pegando a rota confortável das calças folgadas rasgada nos joelhos e camiseta, eu não era exatamente um exemplo de estilo. E eu estava indo para a capital mundial da moda.

A mulher sentada ao meu lado me lançou um olhar preocupado.

— Com medo de voar, né?

Sua voz era macia, calma.

A minha, quando saiu num guinchado, não era.

— Não, eu ando de avião o tempo todo — imediatamente captei a confusão no rosto dela e decidi compartilhar o meu dilema — Sabe, estou prestes a me encontrar com um cara que eu não vejo há algum tempo, um longo, longo tempo. Ele é, hum, er, francês. Eu o conheci em Paris — ela torceu a boca, talvez com certo preconceito ou era apenas seu jeito de absorver o que contei. Achei que era a minha deixa para continuar — Eu o conheci há vinte anos. Agora nós dois estamos divorciados. Bem, não exatamente. O meu divórcio saiu há alguns dias. Ele ainda está cuidando do dele…

E por que eu estava dizendo tudo aquilo a ela? Eu precisava de remédio para diarreia. Verbal. Eu tinha certeza de que a tinha matado de susto, pois ela se inclinou para ficar o mais longe de mim possível. O foco precisava mudar de mim para ela imediatamente.

— Paris é uma cidade muito romântica, você não acha? Eu estive lá três vezes. E você?

— É claro que estivemos em Paris, mas estamos a caminho para visitar nossa família na Armênia. Só vamos fazer escala no Charles de Gaulle. — ela voltou a ler sua revista de fofocas — Boa sorte.

Em circunstâncias normais, eu consideraria seu comportamento homofóbico, mas não fiquei surpreso quando ela não me pressionou para mais informações. Se a nossa situação fosse inversa, iria querer todos os detalhes suculentos. Cresci assim: um homem americano que não consegue evitar uma espiada nas manchetes dos tabloides no supermercado ou por cima do ombro da pessoa sentada ao meu lado.

Meu estômago quase caiu nas minhas bolas quando o avião decolou. Eu me inclinei para a janela e apertei minha testa ao vidro, fazendo lentas respirações profundas, conscientes.

Abaixo, Los Angeles se tornava uma minúscula partícula, o cintilante Oceano Pacífico como um lindo vestido de veludo azul digno de tapete vermelho. Uma vez que estávamos no ar, uma onda enorme de liberdade passou por mim. Minhas mãos soltaram os apoios para braços, e meus lábios se curvaram em um sorriso. Se Gerard era tão incrível em pessoa como ele era em papel, e se criássemos um vínculo da forma como tínhamos criado da primeira vez, há vinte anos, então essa aventura amorosa valia o risco.

O longo voo me deu muito tempo para pensar sobre quando conheci Gerard, em 1989, sobre o homem cujas cartas tinham inspirado as sete postagens no blog e o pedido de desculpas com duas décadas de atraso, o homem que agora me inspirava. Logo, em vez de estarem sentados num avião, meus pensamentos gravitaram para Paris, para aquela noite quente de verão, em 1989, bem na primeira vez em que vi Gerard, e a memória passou em minha mente como um filme.
 


Notas Finais


Próximo capítulo é um flashback de 1989, do dia em que eles se conheceram e tudo mais, e tem bastante Bert sendo Bert, certeza que vcs vão amar <3


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