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História Seven: Os Sete Pecados Capitais - O Pedido


Escrita por: ValentinaEli

Notas do Autor


"Não sei o que me levou a fazer aquilo, eu não estava no comando do meu corpo e algo em minha mente dizia que ele precisava de mim. Por que eu sinto que foi diferente? Ele era outro homem, e estranhamente, percebi uma atmosfera ímpar pairando sobre nós. Eu realmente estou com medo da mulher que vejo no espelho, meu reflexo me condena e minha alma não tem mais salvação." - Helena Bertrand

Capítulo 9 - O Pedido


Fanfic / Fanfiction Seven: Os Sete Pecados Capitais - O Pedido

Narrado por Henrique Martinez

Estranhamente, ainda sinto o gosto do beijo de helena em minha boca. Meu corpo se prendeu a algo que existe nela e não sei o que é. Ela já está aqui há três dias, nenhuma mulher da Casa Vermelha passou mais de duas noites aqui, a não ser Constance, porém, ela é assunto que não gostaria de ter em minha mente agora. Depois de tomar minha ducha pela manhã, me vesti com um traje esporte fino de tom mais escuro e desci para tomar café. Sentei-me á mesa e os empregados começaram a servir-me, por uns instantes, me perdi no tempo. Vislumbrei o vazio e fechei os olhos, posso sentir o cheiro de erva doce e chá verde, os risos na mesa e a alegria que existia nesta casa. Tudo o que me foi arrancado tão cedo. Abri os olhos, mergulho no silêncio mortal deste recinto, silêncio este que é muito cobrado por mim, mas às vezes as pessoas morrem com seu próprio veneno.

Observo Joseph sair da cozinha empurrando um carrinho com a bandeja do café da manhã de Helena. 

- Joseph! - me arrependi da ideia que tive, mas já é tarde. 

- Senhor, precisa de alguma coisa? - o homem educado perguntou. - Não leve o café para Helena - ordenei sério. 

- Senhor Martinez, é hora da refeição, o que devo levar, então? - fez nova pergunta. 

- Vá buscá-la! - pedi e ele me olhou estupefato. - Faça o que​ estou lhe mandando - insisti. - Diga a ela que hoje tomará café dá manhã comigo – o mordomo simplesmente assentiu e retornou com o carrinho para a cozinha. Segundos depois, seguiu para o suíte da meretriz. Há um leve tremor subindo pelo meu corpo, como aquele que sentimos nos dias frios, mas esse é inexplicável. Não toquei em uma gota sequer do café, fixei meus olhos no corredor e notei a bela mulher caminhando em minha direção. 

– Achei que não quisesse minha companhia para as refeições! – falou com medo, apoiando as mãos na cadeira. De todas as roupas que escolhi para ela, a mulher optou por uma calça social justa na cor creme, uma blusa preta por baixo, sem detalhes, porém valorizando o busto com um decote em “v” e um terninho na cor da calça. Seu salto alto vermelho destaca o figurino. Hoje, parece uma mulher de negócios. 

– Sente-se – apontei o assento, que por sinal é ao meu lado. Instantaneamente uma das empregadas veio servi-la. Percebo sua gentileza ao agradecer cada gesto daqueles que são pagos para fazer o serviço. Helena está sem jeito com a situação, tem vergonha de tocar os objetos da mesa. Nunca pensei em dizer isto, mas estou literalmente em transe com seu porte delicado, suas mãos finas, os olhos verdes cintilantes de um brilho sem igual. Eu miro a imagem de Helena e viajo para dentro de mim mesmo. 

– Pare de me olhar assim – falou baixinho me olhando de lado, totalmente envergonhada. – O que disse? – voltou a olhar para o prato. Há duas empregadas e o mordomo em pé no canto da parede, eles a constrangem de alguma forma. Os serviçais esperam atentos por qualquer ordem minha. – Saiam! – gesticulei com o dedo e todos, obedientes, se retiraram. 

– Sua xícara está vazia. Não vai tomar nada? – questionei calmamente. 

– Vou, é que... - ela fica ruborizada tímida. – Gosta de café com leite? – perguntei. – Hurum – seu tom de fragilidade nas palavras é perturbador. 

– Se preferir tome um suco de laranja ou chá. O que você desejar eu mando fazer – apontei para as jarras. 

– Só o café está bom, obrigada – peguei a garrafa e a servi. 

– Assim está bom? – ela olhou a quantidade. – Está sim! – sorriu desanimada, minha garganta arranhou para uma nova indagação, mas me contive. 

– Não pode tomar só café – adverti. Ela me olhou com uma expressão vazia. 

– Estou sem fome, desculpe – neguei com a cabeça. – Coma frutas pelo menos – tomei um prato nas mãos e coloquei banana, maça, mamão e kiwi, todas devidamente cortadas. Lancei uns fios de mel por cima e entreguei a ela. 

– Obrigada pela atenção – me intriguei e acabei notando que na verdade nem eu havia tocado em nada, meu café havia esfriado. Peguei outra xícara e me servi. 

– Por que está trêmula Helena? – por mais que eu tente, os questionamentos saem de minha boca. – Não estou não, é impressão sua – disfarçou. – Henrique – chamou-me receosa. – Sim! – prestei atenção. 

– Eu quero lhe pedir um favor – mordeu o lábio inferior ao dizer. – Um favor a mim? – inclinei o corpo para me aproximar e ela recuou pelo nervosismo. 

 – Muita coragem sua me pedir. – gesticulei e acariciei a barba. – Estou esperando você dizer. Anda! – é notável que minha presença a deixa encabulada. 

– Preciso visitar uma parenta que está enferma – a olhei curioso. – Pelo que sei você é de São Paulo, quem da sua família mora aqui? – tive que perguntar. 

– Uma tia que eu não vejo há bastante tempo, é uma visita rápida – a encarei profundamente analisando seu desejo. 

– Se estivesse na Casa Vermelha, se reportaria à Constance, mas como está na minha casa são as minhas ordens que deve obedecer – observo o rosto desenhado dela. – Por quanto tempo vou ficar aqui? – sorri de canto de boca malicioso e sem mostrar os dentes. 

– Até quando eu decidir que seus serviços não são mais úteis – Helena abaixou a cabeça e tomei mais um gole de meu café amargo. – Tem a minha permissão para visitar sua tia, mas com uma condição – sequei os cantos da boca com o guardanapo e o depositei no colo novamente. 

– Que condição? – respirei fundo. 

– Você não vai sozinha, Joseph vai acompanhá-la – fui categórico. 

– Não, não há necessidade – protestou. – A minha palavra é uma só, Helena. Você não sai desta casa desacompanhada! – falei sério e senti que ela se assustou com meu tom de voz. 

– Ele tem o trabalho dele aqui, não precisa se incomodar, Henrique – ela tenta me fazer mudar de ideia com sua voz doce e meiga. – Eu tomo um taxi – sinto certo desespero para querer ir sozinha. Ela esconde alguma coisa. – Joseph estará avisado e meu motorista também – levantei da mesa tendo tomado apenas um café preto. 

– Se dê por satisfeita e não ouse me incomodar novamente. Não teste a minha paciência! – a deixei na mesa do café e fui em direção ao escritório. No caminho senti uma coisa estranha por ter falado com ela desta forma, mas desviei meus pensamentos quando vi Emily entrando em minha sala. 

– Onde estão aqueles documentos que eu lhe pedi? – sentei em minha poltrona, tomei uma caneta na mão e bati com o objeto na mesa várias vezes como sinal de quem espera impacientemente por algo. 

– Tempo é dinheiro, senhorita Brown e eu lhe pago muito bem para ser mais ágil - ela tirou os documentos da pasta e me entregou. – Estão todos aqui – analisei os papéis. 

– Qual a resposta do senhor Moraitis? – a olhei e mordi a ponta da caneta. 

– Ele ainda não deu a resposta, senhor – cocei a cabeça. – Onde está a Berta com a coleção, ela sabe que a coisa que mais odeio na vida é atraso – ela mexeu no celular e olhou para mim. 

– Acabei de receber um email, a coleção está pronta e esta tarde mesmo será entregue – explicou. – Ótimo! – falei aliviado. – Você ficará responsável por mostrar todas as peças para Helena e auxiliá-la no que for preciso – ela assentiu. 

– Certamente! Será um grande prazer – disse sorrindo. – Vou sair para resolver umas coisas – peguei meu celular e levantei. 

– Quando eu chegar espero encontrá-la com as todas as pendências acertadas – fui em direção à porta sem olhar para trás. 

– Tudo estará resolvido quando voltar. Vou até a agência para resolver as últimas pendências de sua próxima viagem. Quando retornar, eu já estarei aqui – veio correndo atrás de mim pelo corredor. 

– É só isso Emily, pode ir – fui curto e grosso. Ela saiu rapidamente da casa e fui ao encontro de Joseph para falar sobre Helena. – Joseph tem trabalho extra para você - o homem parou o que estava fazendo para me ouvir. 

– O que deseja que eu faça? – perguntou. – Helena vai sair das dependências desta casa para visitar uma tia enferma, quero que a acompanhe e me informe de tudo posteriormente – ele concordou sem pestanejar. 

– Sim, senhor! – falou firme e saí em seguida, estava perto da porta quando me lembrei de um documento que ficara sobre a mesa do escritório.

Narrado por Helena Bertrand

Não comi quase nada do que ele me serviu, uma enxaqueca me assola, lateja e me tira a paciência. Preciso pensar em um jeito de despistar Joseph. Só não sei como. Andei a passos largos em direção ao meu quarto, sentei na cama e comecei a matutar. As mentiras estão aumentando e é difícil descansar minha consciência à noite. Saí de meus pensamentos ao ouvir batidas em minha porta. 

– Entre! – dei permissão. 

– Senhorita Bertrand – Joseph parou na porta com seu porte elegante. 

– Estou às ordens, quando quiser visitar sua tia é só dizer. O motorista está à nossa espera – gelei de cima a baixo, não há escapatória. – Tudo bem, espere só um minuto e eu já desço – ele assentiu concordando. – Com licença – retirou-se. Peguei o dinheiro que ganhei pelas duas noites, ao todo vinte mil reais e coloquei dentro de uma bolsa. Ao abrir a segunda maleta analisei mais uma vez a bilhete com o nome “Lilith”. Quem será esta mulher? Por que ele me presenteia com peças de quebra-cabeça e principalmente com tanto dinheiro? Saí do quarto com mais dúvidas sobre ele e sobre mim mesma do que quando cheguei a esta casa. Parei em frente ao elevador, mas não desci por ele, decidi ir pelas escadas, prefiro não andar nisso sozinha. A escada leva ao segundo andar onde fica o quarto dele, sinto um frenesi só em lembrar o que fiz naquele ambiente. Dirigi-me até a porta de seus aposentos, mas me contive; olhei para o lado oposto e reparei outras duas portas, segurei a maçaneta, girei, porém nenhuma abriu. Desci o outro lance de escada até o primeiro andar, me assustei ao ouvir Henrique gritar por alguma coisa em sua sala de escritório, olhei para os lados, não vi ninguém por perto, então decidi me aproximar, a porta está entreaberta e visualizei o quanto ele está irado. 

– Aquela filha de uma puta, desgraçada – ele esbraveja como um louco. 

– Faça seu serviço e só me ligue quando tiver pronto – dezenas de loucuras passaram como um filme por minha cabeça agora. Ele desligou o telefone e arremessou o mesmo na parede, Henrique anda de um lado para o outro passando as mãos no cabelo, olha para cima em busca de ar para respirar. Vi quando ele pegou um copo com alguma bebida dentro e jogou com força no chão, o barulho dos estilhaços estrondou pela sala e ecoou estridente por meus ouvidos. Parece que de alguma forma eu posso sentir o drama dele, me angustia vê-lo desse jeito. Diante disso não consigo formular pergunta alguma ou nenhuma tese filosófica, muito menos espiritual. Ele está fora de si, derruba tudo o que vê pela frente. Entrei no recinto e fechei a porta, encostei na mesma com o coração bem apertado em ter que presenciar isso, ele mal percebe que estou aqui, não sei que o que dizer e o medo de sua reação é imenso. Comecei a pedir a Deus internamente para que ele se acalmasse, contudo minha oração foi interrompida quando ele percebeu minha presença ali. 

– Quem lhe deu essa ousadia? – falou furioso e eu travei. – Saia daqui agora! – apontou para a porta e fiquei calada. 

– Você perdeu a noção do perigo – exclamou com uma face bastante rubra. Sua voz rouca parece um trovão. – Ponha-se no seu lugar, Helena. Esta é a minha casa e eu lhe proibido de agir desta forma – algo dentro de mim controla meu corpo, pois começo a dar passos em direção a ele, tento evitar e não consigo. 

– Você ouviu o que eu disse? – gritou mais irado e saí do estado hipnótico, parei no meio do caminho. 

– Você está sendo insubordinada. Será que vou ter que refrescar sua memória – sua veia jugular vai explodir a qualquer momento. – Eu sou o seu patrão, você é somente uma meretriz, eu pago pelos seus serviços, e pago caro! – me aproximei perigosamente dele. 

– Está surda? – ele escorou-se na mesa do escritório, apoiando-se. Henrique respira pesadamente e vejo muita raiva em seus olhos. Tentei ser dona de minhas ações, mas involuntariamente toquei seu rosto, nos olhamos profundamente, engoli o medo e afaguei a maça de seu rosto. Sem pensar duas vezes, o abracei. 

– Não faça isso, nunca. Nunca mesmo – falou rude empurrando-me pelos ombros e me agarrei nele. Ele relutou por muito tempo, fez menção em levantar, mas apertei-me contra seu corpo grande e trêmulo encurralando-o. Suas palavras não são nada doces. 

– Quem você pensa que é? Eu mandei me largar – Os batimentos de seu coração estão desritimados e aguentei toda a fúria calada. Pelo seu porte ele conseguiria facilmente se desvencilhar de mim, mas nossos corpos em contato o deixam frágil. Posso estar errada sobre isso, entretanto sua força está se esvaindo para me repelir. Depois de um longo tempo lutando contra sua recusa, uma sensação diferente pairou sobre mim quando finalmente a calmaria chegou, senti seus braços envolvendo minha cintura. Ficamos parados sem nenhuma reação por uns instantes, um choque percorreu-me ao notar suas carícias em minhas costas e aos poucos sua respiração foi voltando ao normal. Ele deitou a cabeça em meu ombro e fiz carinho em seus cabelos. Deslizei minha mão esquerda por seu braço e seu rosto afundou-se em meu pescoço. Meu dono cheirou e pressionou os lábios contra minha pele. Sua boca subiu por minha bochecha e passeou sobre ela fazendo nossos olhares se encontrarem mais uma vez. 

– Por que está fazendo isso? – perguntou roucamente emaranhando seus dedos em meus cabelos soltos. 

– Só quero que fique calmo – passei meu polegar por seu queixo, sentindo sua barba macia. 

– Você não sabe nada sobre a minha vida – delineou meu lábio inferior com seu dedo indicador. – Nada – repetiu enfático. 

– Não preciso saber, só não quero te ver mais assim – meu coração palpita a cada segundo. 

– Não tente me ajudar, Helena, não vai conseguir – respirei rápido quando seus lábios tocaram os meus, ele esfregou sua boca na minha e estremeci. 

– Eu nunca desisto – sussurrei e ele tomou meus lábios de uma maneira diferente, sinto o calor do corpo dele e nos beijamos com intensidade, porém sem desespero ou alvoroço. Suas mãos trabalham em mim e sinto-me leve. Aconcheguei-me mais em seu corpo e ele sugou meu lábio, nossas línguas buscam uma a outra e ele me beija devagar, explorando cada centímetro. O sabor de sua boca está fazendo meu corpo amolecer aos poucos. Ele gemeu gostosamente arranhando minha nuca e os beijos desceram por minha pele, ele mordiscou meu queixo e chupou majestosamente meu pescoço. 

– Ah! – tentei prender o lamurio, mas não consegui. Sua língua subiu e passou por minha orelha. – Helena – chamou por mim e não conseguiu completar a frase. 

 – Hum? – balbucio aérea enquanto nossos rostos roçam um no outro. 

– Pare! – dei um sobressalto quando ele afastou-se bruscamente de mim. 

– Sai da minha sala imediatamente – virou de costas para mim e passou as mãos pelo rosto, recobrando a consciência. 

– Henrique – pronuncio seu nome, mas não sei o que dizer. 

– Não me faça repetir uma ordem, some daqui – falou rude e friamente. Volvi meu corpo e saí pela porta, fechando-a. Estou tão desorientada que mal consigo decifrar o que se passa comigo agora, toquei os lábios e fechei os olhos na tentativa de guardar o gosto que experimentei. Tomei coragem e fui à procura de Joseph, preciso ver minha mãe.


Notas Finais


Obrigada por ler até aqui 😍
Espero que tenha gostado 😘


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