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História Seven's Casinos - Four of a kind


Escrita por: chiibis

Notas do Autor


leiam as notas finais por favor

Capítulo 10 - Four of a kind


[D-DAY // Dia da Invasão do Cassino// Presente]

Em todos os anos de sua carreira ou em todas as vezes que Mark lidou com uma arma apontada para sua cabeça, nunca ele havia sentido tantos conflitos mentais e emocionais de uma única vez.

O olhar que Jinyoung lhe dava machucava mais do que qualquer outro machucado ou tiro que ele já havia tomado. Mesmo durante as piores guerras ou seus momentos de maior tortura, ele se sentiu tão inferior e fraco como naquele.

O cano da arma que Jinyoung segurava não tocava sua pele, mas Mark podia jurar que sentia o ferro gelado o tocando. Ou talvez fosse o olhar frio que Jinyoung lhe dava, enquanto apontava a arma para a sua testa.

“Você achou que eu não estava te esperando? Que eu não planejei tudo pra quando você finalmente fizesse sua jogada?” Jinyoung perguntou com um sorriso sarcástico nos lábios e um olhar doentio.

Quando Jinyoung avisou Mark que ele não conhecia todos seus lados, o rapaz pensou que era impossível Jinyoung se tornar um monstro, mas ali estava ele, completamente irreconhecível, agindo como um sociopata que obteve sucesso em fazer seu alvo cair na própria armadilha.

“Você achou mesmo que me enganaria Mark Tuan?” Mark sentia que as palavras haviam se dissolvido e ele não sabia como construí-las novamente. Sua garganta estava seca e a adrenalina o impedia de fazer seu corpo reagir de alguma forma.

Jinyoung não se importava com o fato de que havia outra arma apontada para sua cabeça. Enquanto ele segurava o braço firme na direção de Mark, Wonho tinha uma arma apontada da mesma forma para sua cabeça, e que por sua vez tinha uma apontada para si na mesma altura que ele apontava outra para o pai de Jinyoung.

Os quatro de entreolhavam dentro do cômodo pequeno, Mark era o único desarmado, uma de suas mãos levantadas para o alto, enquanto a outra segurava um pequeno notebook.

“Jinyoung, não é --” Antes que Mark pudesse terminar, foi interrompido por Jinyoung e seu sorriso assustador.

“Não é o que eu penso? O que eu penso Mark? Me conte, acho que deve ser uma história fantástica.” Jinyoung sentou no sofá encostado na parede, não se importando com a arma de Wonho ainda apontada para ele.

“Eu, o que nós, argh” Aquela não era uma boa hora para Mark esquecer as palavras.

“Nós?” Jinyoung riu, a arma na sua mão ainda apontada para Mark balançando conforme ele ria.

“Você ainda tem coragem de falar 'nós’?”

“Jinyoung, você conhece esse rapaz?” O homem perguntou, ignorando a arma de Wonho apontada para sua cabeça.

“O assunto aqui é entre eu e ele, você não devia nem estar aqui.” Jinyoung respondeu para o homem, embora seus olhos ainda estivessem sobre Mark, mas o sorriso havia se ido.

“Se ele é o que eu penso que ele é, então eu tenho certeza que eu devia estar aqui e o assunto definitivamente me interessa Park Jinyoung.” O homem deu um passo, mas Wonho apontou a arma com mais confiança.

“Mais um passo é sua cabeça explode.” Wonho usou sua voz mais autoritária que encontrou, já que a maioria das pessoas não o levava a sério por ter um comportamento delicado.

Uma luz vermelha apontou no centro da cabeça do homem ao lado de Wonho, e agora ele estava na mira de um rifle e uma arma, não havia muito pra onde ir.

“Eu tenho toda a noite pra ficar aqui e esperar por uma explicação Mark. Uma boa explicação.” Jinyoung cruzou as pernas, abaixando sua arma e apoiando ela no seu colo, o gatilho ainda envolta dos seu dedo pronto para ser disparado a qualquer instante.

“Seu c-cassino,” Mark limpou a garganta, e começou novamente, “Seu cassino está sendo usado como fachada para lavagem de dinheiro público. Você era o principal suspeito.”

Jinyoung olhava no fundo dos olhos de Mark, que por sua vez, tentava focar nos detalhes do rosto do rapaz, menos nos seus olhos, com medo de que ele se deixasse levar pelo seus sentimentos.

Mark não viu o pai de Jinyoung enrijecer o corpo, mas Wonho conseguiu assistir a sua reação quando Mark mencionou a lavagem de dinheiro.

“Era?”

“Nós descobrimos que seu pai usava os cassinos para fazer a lavagem de dinheiro para um grupo de pessoas, mas sem provas ou a lista de nomes, nós não podíamos provar nada. Agora seu nome está limpo e você já não é mais o principal suspeito.” Mark explicou, já que não havia mais razão para esconder aquelas informações, afinal a tela do computador na sua mão indicava que Youngjae já tinha o bastante para mandar o grupo de agentes fora do cassino entrar e prender o homem.

Quando o homem ouviu aquelas informações, ele tentou fugir pela porta, mas Wonho atirou primeiro, atingindo o seu ombro, porém três tiros foram dados, e Shownu mirou no outro ombro assim que viu pelo binóculo do rifle que ele estava prestes a fugir, atirando de forma limpa e certeira.

Quando Shownu checou seu esposo, Wonho estava no chão, suas mãos de um lado da cabeça, e sua expressão era de tremenda dor.

Jinyoung olhava o corpo do seu pai no chão em choque, o homem ainda respirava, porém o choque o mantinha desacordado. Wonho havia lhe atirado em um dos ombros e Shownu no outro.

Mark tentou se mover para tirar Wonho dali, mas Jinyoung se levantou rápido, apontando a arma diretamente na sua testa.

O olhar que os dois compartilhavam era pesado e intenso, talvez até mesmo doloroso. Os dois se olhavam com tantos sentimentos envolvidos e com tanta intensidade, que não viram quando a tropa entrou no pequeno cômodo e começou a recolher Wonho ferido e o senhor Park do chão, os colocando cada um em uma maca e imediatamente sendo levados para fora.

“Bom trabalho Tuan.” Jowon havia entrado no cômodo, dando ordens para que o resto dos agentes começassem a retirar qualquer objeto que poderia servir de prova, inclusive o computador que Mark havia tirado as informações da lista.

Ao ouvir o elogio, Mark se sentiu envergonhado e foi obrigado a quebrar o contato visual com Jinyoung, que por sua vez estava sendo algemado, jamais deixando de encarar Mark, o culpando mentalmente por tê-lo enganado por todo aquele tempo.

 

//

 

[Duas semanas antes]

 

Mark olhava para o rapaz parado do outro lado da porta como se fosse um fantasma ou algo pior.

“Se você não me chamar pra entrar, vou fazer as honras e entrar sem ser convidado.” Jackson avisou.

“O que você está fazendo aqui?” Mark o observava confuso.

“Tão educado quanto Jinyoung, que belo par.” Jackson comentou ironicamente, fazendo o caminho para dentro do apartamento sem ser convidado.

Sem outra opção, Mark fechou a porta e andou até o sofá onde Jackson havia sentado.

“Senta, fica à vontade.” Jackson pediu, como se ele fosse o dono da casa.

“O que você quer?” Mark repetiu.

“Tratar de negócios.” Jackson contou, cruzando as pernas e apoiando as mãos em cima do seu joelho.

“Eu não lembro de ter feito nenhum negócio com você.” Mark cedeu e sentou no sofá oposto ao de Jackson.

“Exatamente, por isso eu estou aqui, assim nós podemos fazer um.” Jackson sorriu, e Mark quis arrancar seus dentes perfeitos fora.

“Vamos direto ao ponto, eu tenho uma informação valiosa para você, mas eu não faço negócios de graça, então você terá que fazer algo por mim.”

“Eu não faço negócios com bandidos” Mark jogou o corpo para trás, apoiando suas costas no sofá e colocando seus pés em cima da mesa de centro.

“Ainda bem que eu não sou bandido então.” Jackson respondeu sorrindo, sabendo que Mark provavelmente ficaria ainda mais furioso.

“Assim como você não é um agente secreto.” Jackson finalizou, e então Mark entendeu do que aquilo se tratava.

“Eu não faço idéia do que você está falando.” Mark respondeu encarando os olhos de Jackson.

“Nós dois sabemos qual é a verdade, e se você está com medo de que eu possa contar pro Jinyoung, então não se preocupe, ele jamais vai saber se depender de mim.” Jackson avisou, “Embora eu preciso te avisar que quando ele descobrir, vai ser game over pra você meu querido. Jinyoung não dá segundas chances.

Mark sentiu seu coração acelerar de repente. Ele sabia que no momento em que Jinyoung descobrisse sobre a missão, eles dois jamais ficariam juntos novamente.

“Mas voltando ao assunto que me trouxe aqui. Eu tenho informações que podem te ajudar a descobrir a senha para ter acesso a lista dos responsáveis pela lavagem de dinheiro.” O corpo de Mark ficou mais rígido e a experiência de Jackson pegou a mudança na linguagem corporal do outro em instantes.

“Eu vejo que tinha razão, e tenho exatamente o que você está atrás.” O sorriso constante de Jackson enjoava Mark.

“O que você quer em troca?” Mark sabia que precisaria jogar pelas cartas do outro, afinal a senha para abrir a lista podia estar em qualquer lugar, e ele já estava ficando sem tempo, afinal a qualquer momento Jinyoung poderia descobrir sua verdadeira identidade e eventualmente descobrir que ele estava apenas sendo usado.

“Vejo que agora estamos falando a mesma língua.”

Mark apenas ignorou o comentário desnecessário.

“Eu sei onde a senha pra abrir a lista está guardada, e em troca dessa informação, eu quero que você tire meu nome dela.” Jackson explicou com calma e Mark sabia que estava brincando com o demônio.

“Você deve saber que eu não posso! Existem agentes acima de mim, eu não posso simplesmente apagar um nome.” Mark explicou o óbvio.

“Veja Mark,” Jackson trocou o lado onde suas pernas estava cruzada, e voltou suas mãos em cima delas.

“Eu tenho duas informações que te interessa e envolvem você. Eu sei sobre sua verdadeira identidade e sobre onde você pode encontrar a senha. Eu tenho o poder de fazer sua vida mais fácil ou transformá-la em um inferno. A escolha é sua.”

 

//

 

“Você deu o seu número pra ele?”

Youngjae balançou a cabeça negando e Yugyeom deixou um ar de frustração sair.

“E como você espera que ele te ligue?” Yugyeom estava sentado no chão da sala de Youngjae jogando video game, enquanto o amigo olhava fixamente para o celular.

“Ele pode perguntar pro Mark.” Youngjae deixou o nome de Mark sair entre ofensas mentais.

“E vocês dois também não estão se falando?” Yugyeom falou sem pensar e sentiu o olhar irritado sobre o lado do seu pescoço.

“Ele quem tem que vir me pedir desculpas. Algo que nós dois sabemos que ele é muito orgulhoso pra fazer.” Youngjae confessou.

Yugyeom pausou o jogo, encostou as costas no sofá de frente para Youngjae, abraçou seus joelhos e observou o amigo encarar o celular frustrado.

“E você é tão orgulhoso quanto ele.”

Youngjae exasperou ainda mais frustrado, pois sabia que Yugyeom tinha razão.

“Você gosta do outro cara lá? O que mora junto com o Mark?”

Youngjae permaneceu em silêncio.

“Você gosta dele Jae” Yugyeom confirmou para o amigo.

“Suas palavras não minhas.” Youngjae disse sorrindo e Yugyeom retornou o sorriso, embora sua expressão ainda estivesse séria.

“Do que você tem tanto medo?”

Youngjae permaneceu em silêncio e Yugyeom sabia o que aquilo significava embora o garoto não tivesse respondido. Yugyeom era um dos poucos que sabiam sobre o seu passado e sobre as coisas que ele carregava consigo.

“Acho que você tem que falar com ele Jae. Falar de verdade, entende?” Yugyeom deixou entre as entrelinhas o que ele realmente queria dizer, mas Youngjae conseguiu as ler e saber sobre o que o amigo estava falando, sobre qual 'verdade' ele se referia.

Youngjae esperou alguns segundos e então balançou a cabeça concordando.

 

//

 

O ar parecia ter ficado mais quente, embora Yugyeom tivesse escolhido o lado de fora da loja de conveniências. Ele observava os dois rapazes, enquanto sugava o líquido da sua bebida pelo canudo, esperando que algum dos dois desse o primeiro passo e iniciasse a conversa que ambos deviam ter tido dias antes.

“Ok, chega! Esse silêncio está me matando e impedindo que o ar fique normal.”

Os dois rapazes olharam na direção de Yugyeom, não fazendo a menor ideia do que o garoto queria dizer com que o ar ficasse normal.

“Mark, você é o mais velho, comece você, peça desculpas.” Mark encarou Yugyeom, não gostando da atitude autoritária do mais novo e permaneceu quieto.

“YAH!!! VOCÊS DOIS!!” Yugyeom gritou, assustando Youngjae na outra cadeira, algo que não era tão difícil, considerando que qualquer coisa o assustava.

“KIM YUGYEOM!!” Mark gritou de volta, chamando atenção dos poucos pedestres que passavam na calçada no momento.

“Desculpa, mas vocês estão me deixando irritado” Yugyeom deu uma breve pausa, “E ansioso. Por favor, conversem.” Ele terminou fazendo uma expressão de piedade, sabendo que ao usar aquele método, ambos os rapazes atenderia seu pedido.

Yugyeom levantou da mesa, dando a desculpa de que iria pedir algo pra eles comerem, já que ele havia sido o único a realizar algum pedido desde que eles haviam chegado na conveniência.

 

//

 

Já havia se passado 10 minutos desde que Yugyeom tinha entrado dentro da loja e observava os dois amigos pela janela, porém nenhum dos dois tinham tomado alguma atitude em começar o assunto.

Youngjae fez menção em levantar e deixar a mesa, até que Mark o chamou de volta, impedindo que ele deixasse aquela conversa para depois.

“Desculpa.” Mark pediu em voz baixa.

“Não te ouvi.” Youngjae respondeu com sarcasmo, esperando que Mark repetisse o pedido.

“Desculpa.” Mark repetiu em voz alta, olhando nos olhos de Youngjae e por mais que ele quisesse bancar o difícil e fazer o amigo se humilhar mais, a expressão de piedade no rosto de Mark o impediu.

“Eu vou assumir que você sabe sobre o que está desculpando.” Youngjae respondeu sorrindo e Mark soube que a raiva que o garoto sentia havia desaparecido.

“Eu sou um babaca e a pressão desse caso me transformou em um babaca ainda maior.” Mark assumiu com a cabeça baixa e alisando o padrão que a mesa formava.

“Talvez eu tenha me exaltado também.”

Ao ouvir Youngjae assumir que também estava errado, Mark levantou os olhos para encontrar os do garoto.

“Então isso quer dizer que estamos bem agora?” Mark perguntou ansioso e Youngjae sorriu acenando com a cabeça, indicando que estava tudo bem.

 

//

 

[Dentro da conveniência]

 

“Qual a cor da porra dos seus olhos?”

O atendente perguntou e Yugyeom o olhou surpreso, assustado com a pergunta estranha e rude do outro.

Yugyeom pensou em iniciar uma discussão, porém ele não sabia exatamente sobre o que iria cobrar explicação, já que o rapaz havia feito apenas uma pergunta estranha, porém o outro sorriu e Yugyeom teve visão dos seus dentes claros e suas presas afiadas.

“A camiseta.” O rapaz do outro lado do balcão comentou explicando e Yugyeom olhou para a camisa que ele usava por dentro do moletom aberto.

“Dance Gavin Dance?” Yugyeom perguntou esperando pela afirmação do outro.

O atendente sorriu novamente e concordou com  a cabeça, seus olhos encontraram os de Yugyeom e ele conhecia aquele olhar, ele já havia o utilizado inúmeras vezes. O rapaz o olhou com interesse e pela primeira vez na vida, Yugyeom se viu aceitando o flerte de alguém do mesmo sexo.

 

//

 

“Ele praticamente te deu um ultimato.” Youngjae afirmou após Mark ter contado sobre a conversa que ele e Jackson tiveram.

“Na verdade ele me deu uma solução, porém não muito honesta.”

Mark tinha a cabeça apoiada no colo de Youngjae, enquanto Yugyeom digitava algo no celular no outro sofá. Os três haviam voltado para o apartamento de Mark assim que ele e Youngjae fizeram as pazes, e o mais novo dos três não havia deixado o celular desde então.

“E o que você pretende fazer?” Youngjae perguntou, colocando um bocado de batata frita na boca, deixando duas caírem no rosto de Mark.

“Des-c-u-lpa” Youngjae pediu e Mark apanhou as batatas que caíram no seu rosto e as comeu.

“Não sei ainda, eu teria que falar com o Jowon primeiro.” Mark respondeu a pergunta e em seguida o barulho da porta abrindo chamou atenção dos dois rapazes no sofá, já que Yugyeom parecia mais entretido com o que estava fazendo no celular do que no que estava acontecendo a sua volta.

Sem olhar para trás do sofá, tanto Youngjae como Mark sabiam quem tinham entrado no apartamento, Youngjae reconheceu o cheiro de Jaebum e Mark vivia com ele a tempo suficiente para saber quando era ele  quem chegava em casa.

Jaebum entrou com uma expressão séria, foi até a área da cozinha e Youngjae o seguiu com com os olhos, quando os dois encontraram o olhar, ele esperava um sorriso amigável do outro, mas a expressão de Jaebum era fria e a inabilidade de Youngjae de ler as pessoas o impediu de saber qual o motivo dela.

“Confortável Mark?” Jaebum perguntou e o tom de sarcasmo borbulhava entre as palavras.

Mark olhou para Jaebum atrás do sofá onde Yugyeom estava sentado, sua cabeça ainda apoiada no colo de Youngjae.

“Bastante. Esse sofá novo que você comprou é muito mais confortável que o outro.” Mark respondeu a pergunta, não se dando conta de que o motivo da pergunta e da expressão que Jaebum ainda fazia, era por ciúmes de Youngjae.

“Fico feliz que você esteja confortável.” Jaebum definitivamente não estava feliz e foi só então que Mark levantou do colo do garoto, encarando o amigo e tentando lhe oferecer o seu melhor sorriso, embora aquilo fosse inútil e Jaebum estivesse mais do que furioso.

“Eu vou fazer minhas malas.” Jaebum avisou sem contexto, e ao ouvir aquilo, Youngjae sentiu seu coração disparar.

Antes que alguém pudesse fazer qualquer pergunta, Jaebum se retirou da sala, indo em direção ao seu quarto e tentando ao máximo ignorar a cena que havia acabado de ver, e o quão machucado seu coração estava.

“Vai lá, fala com ele.” Mark cochichou para Youngjae, olhando o amigo subir as escadas como se estivesse amassando bexigas com os pés.

“Falar o que? Eu não tenho nada pra falar.” Youngjae respondeu, sendo pego desprevenido, pois ele não pretendia ter qualquer tipo de conversa com Jaebum tão cedo.

“Ele está com ciúmes, porque eu estava deitado no seu colo.” Mark explicou e foi só ai que Youngjae entendeu, sua barriga liberando borboletas por todo seu corpo ao pensar que Jaebum gostava dele o suficiente para sentir ciúmes.

 

//

 

“Vai pra onde?” Youngjae perguntou ao entrar no quarto e encontrar Jaebum jogando roupas aleatórias e agressivamente dentro da mala.

Jaebum olhou o rapaz se aproximando, mas não deixou seus olhos encontrarem os dele, voltando logo sua atenção para o punhado de roupa.

“Madri” Jaebum respondeu inexpressivo.

“Oh.” Youngjae concordou, olhando as peças de roupa que Jaebum havia jogado dentro da mala sem ao menos dobrar.

“Eu posso estar errado, mas nessa época do ano em Madri não existem muitas oportunidades para usar shorts de praia.” Youngjae pegou um dos shorts curto de Jaebum, mostrando sobre o que ele estava falando. O tom de ironia do outro fez com que Jaebum ficasse mais irritado.

Jaebum agarrou o short que ainda estava na mão de Youngjae e jogou para longe no chão, junto de outras roupas no canto do quarto.

“Eu devo sair?” Youngjae perguntou após um longo silêncio, sua voz e expressão agora eram sérias, tentando fazer com que Jaebum tivesse alguma reação.

“Qual o problema de vocês? Eu pensei que ele estava com o outro cara, o da piscina.” Youngjae não fazia idéia sobre quem era o cara da piscina, mas assumiu que fosse Jinyoung, já que Mark não tinha saído com mais ninguém além dele nos últimos tempos.

“Nosso problema?” Youngjae perguntou, tentando fazer com que Jaebum elaborasse.

Jaebum passou a mão nos cabelos irritado, colocou todas as peças não dobradas de dentro da mala em cima da cama e a jogou no chão, dando espaço para que ele pudesse sentar próximo de Youngjae.

“Você e Mark. Ele estava deitado no seu colo, como namoradinhos ou algo assim. Nem eu posso fazer isso em você.” Jaebum confessou sem ao menos pensar antes, e só após deixar as palavras saírem que se deu conta de ter liberado informações que Youngjae não devia saber, pois deixava sua insegurança aparecer e isso o envergonhava.

Youngjae sorriu e Jaebum assistiu o sorriso sendo formado nos lábios do garoto, e sua raíva pareceu ter sido dissolvido junto.

“Você quer deitar no meu colo igual o Mark?” Youngjae precisava ouvir a confirmação de Jaebum, as borboletas no seu estômago precisava ouvir aquilo vindo da voz do outro.

“Você entendeu o que eu quis dizer.” Jaebum parecia envergonhado e Youngjae achava toda aquela cena de ciúmes idiota, porém adorável.

“Não, eu não entendi. Eu estou te perguntando Jaebum, você quer deitar no meu colo igual o Mark estava deitado?” Youngjae perguntou novamente, arrumando seu corpo na cama, assim Jaebum teria visão sobre as coxas dele e onde ele queria apoiar a cabeça e provavelmente fazer outras coisas. Não necessariamente no mesmo momento.

A vergonha o impediu de falar, então Jaebum apenas concordou com a cabeça, encarando o chão ao invés do rosto do garoto.

Youngjae segurou o pescoço de Jaebum, apoiando a palma da sua mão ao lado da cabeça do rapaz e o trouxe para próximo do seu corpo, tão próximo que fez Jaebum cair no seu colo.

“Assim?” Youngjae perguntou ainda sorrindo.

Jaebum tinha total visão do rosto de Youngjae próximo do dele, sua cabeça apoiada confortavelmente nas suas coxas, e a mão dele ainda apoiada no lado, deixando que seu dedão traçasse círculos carinhosos na sua pele.

“Quando você vai para Madri? Se é que a viagem existe de verdade.” Youngjae perguntou, deixando que uma de suas mãos acariciasse as bochechas de Jaebum, enquanto a outra alisava seus cabelos.

“Final da semana, na sexta.” Youngjae refletiu, e ainda faltavam dois dias.

“Mas ainda faltam dois dias, porque você estava fazendo as malas agora?” O garoto olhou em direção das roupas ao lado da cama.

“Pra tentar distrair minha mente.” Jaebum confessou e Youngjae não pode deixar de sorrir.

“Acho que nós precisamos ter ‘aquela conversa’ então.”

Jaebum sabia o que aquilo significava, várias garotas já haviam tido ‘aquela conversa’ com ele, embora ele sempre tenha deixado claro que para ele era só sexo os seus relacionamentos, mas com Youngjae eles não tiveram nem aquilo ainda, e mesmo assim ele estava disposto a lutar para ficar com o garoto.

“Você gosta de mim?” Jaebum se lembra de ter feito essa pergunta uma única vez e foi rejeitado, e foi naquele momento de rejeição, que ele se prometeu jamais fazê-la novamente, mas Youngjae era um caso especial. Youngjae era alguém que Jaebum não queria perder ou não lutar para ter.

Após alguns segundos em silêncio, Jaebum pensou que aquela seria sua segunda rejeição, que Youngjae estava prestes a dizer que ‘não, você é só alguém que eu gosto de estar junto.’ mas então o garoto quebrou o silêncio com algo que Jaebum não estava preparado para ouvir.

“Eu tenho uma filha.” Youngjae contou e Jaebum sentiu seu coração acelerar. Se seu carro acelerasse naquela velocidade, ninguém o venceria nas corridas.

“Ela mora com a mãe em outro país. Foi algo de 2 ou 3 vezes, enquanto eu trabalhava em uma missão, ela não sabia que eu era um agente e era bem humilde. Quando eu estava pronto para vir embora, ela disse que estava grávida e perguntou se devia abortar, pois não tinha condições de criar a criança sozinha. Eu disse que ofereceria o melhor pra ela e pra criança, que a visitaria todas as vezes que pudesse, mas que nós não poderíamos ter nada, porque eu não a amava.” Youngjae contava enquanto alisava os cabelos de Jaebum, que por sua vez não esperava por aquela confissão ou o que fazer com ela.

“Eu vim de um lar problemático e eu pensei que não pudesse chegar a amar alguém. Quando você nunca foi amado, você começa a pensar que não sabe como é o amor e que nunca irá poder amar alguém, entende?” Jaebum sabia que aquela era uma pergunta retórica e não a respondeu.

“Mas então você apareceu, com cheiro de chocolate e canela, mexendo com a minha cabeça, me deixando confuso e preocupado. E foi então que eu pensei que talvez eu gostasse de você.” Ao ouvir Youngjae usar os termos no passado, a ansiedade de Jaebum cresceu dentro do seu peito, o fazendo ficar mais ansioso e surpreso do que quando o garoto contou sobre seu passado.

“Eu pensei que se eu ignorasse o sentimento estranho, ele iria embora e eu pensaria em você como alguém querido. Mas então, a idéia de dividir você com alguém me enfureceu, porque eu não quero que você trate alguém com o carinho que você me trata. Eu não quero que alguém faça você sentir desejos estranhos, do jeito que eu faço.” Youngjae sorriu e Jaebum sorriu confuso.

“Eu hackiei seu computador, eu sei, eu sei, é ilegal, mas eu precisava saber das coisas ok? Me odeie por isso, mas foi um mal necessário.” Youngjae assumiu envergonhado, tentando parecer que foi algo realmente necessário quando eles dois sabiam que não era.

“Eu jamais poderia te odiar.” Jaebum respondeu. “Mas saber que minha privacidade foi quebrada, isso me deixa irritado.”

“Desculpa, foi só uma...talvez algumas vezes.”

“AAAAH! Foi assim que você descobriu onde eu estava tão rápido e não por causa do celular.” Jaebum não era tão estúpido quanto Youngjae julgava.

“Desculpa por ter invadido sua privacidade, mas eu salvei sua vida, ok?” Youngjae puxou o cabelo de Jaebum, o impedindo de deixar o seu colo e então tentou voltar ao contexto principal da conversa.

“Prosseguindo...Eu realmente pensei que fosse conseguir te ignorar, mas o que começou a crescer aqui dentro,” Youngjae apontou para o seu coração, ” Me consumiu. Então eu acho que eu gosto de você Jaebum.” Jaebum sorriu ao ouvir a confissão do garoto.

“Eu não acho que posso te amar ainda, mas eu definitivamente gosto de você. Mas eu tenho uma história, eu carrego meu passado em forma viva comigo. Existe um ser humano que depende de mim e se você não se importar com isso, então eu não vejo razão para a gente não tentar algo. Essa é minha parte da ‘conversa’, agora é sua vez.” Youngjae contou como se fosse algo simples e banal, mas Jaebum já estava se acostumando com as anormalidades do garoto.

Youngjae terminou sua explicação dando um beijo na testa de Jaebum, que fechou os olhos ao receber o carinho.

“Minha parte da história é simples, eu sempre fui um cara mimado, infantil, festeiro e que nunca repete a mesma mulher...Até conhecer você e não conseguir tirá-lo da minha mente, e ficar confuso, irritado, com ciúmes e com desejos estranhos. Eu realmente, realmente, realmente gosto de você Youngjae. Eu gosto de você de um nível que machuca aqui.” Jaebum trouxe a mão de Youngjae até o lugar onde fica seu coração.

“Eu aceito seu passado, presente e futuro. Eu espero que você não desista de mim, mesmo sabendo que eu posso agir como um adolescente mimado as vezes.” Jaebum confessou em tom de piedade e Youngjae beliscou seu mamilo em resposta, aproveitando o lugar onde sua mão estava.

“EEI”

Os dois sorriram, Jaebum levantando seu peso contra o corpo de Youngjae, o fazendo cair com as costas na cama e agora ficando com o corpo totalmente sobre o garoto.

“Isso significa que nós estamos oficialmente juntos?” Jaebum perguntou, seus olhos presos no olhar de Youngjae.

“Aham.” Youngjae concordou sorrindo, seu sorriso sendo interrompido por um beijo demorado e invasivo.

“Só uma coisa…” Jaebum interrompeu o beijo, apoiando seu peso em um dos seus braços ao lado da cabeça de Youngjae, que o ouvia atentamente.

“Sem gracinhas com o Mark, ok?” Youngjae sorriu ao ouvir o pedido do outro e balançou a cabeça concordando com o pedido ridículo de Jaebum.

“E você, sem traições ok? Só eu e eu, mais ninguém.” Youngjae pediu e Jaebum também concordou, despejando o beijo que eles haviam interrompido segundos antes.

 

//

 

[D-DAY // Dia da Invasão do Cassino // Presente]

 

Mark apontava para um enorme mapa da quadra onde ficava o Seven’s Casinos. Alguns lugares tinha marcas vermelhas, outros verde e algumas poucas azuis, cada uma representando os níveis de segurança e onde seu time iria agir. O rapaz explicava o plano, adicionando informações relevantes caso fosse preciso improvisar.

A adrenalina o impedia de sentir culpa ou de pensar em Jinyoung.

“Mark?” Jowon o chamou, mas Mark estava imerso na sua explicação em cima do mapa e não o ouviu.

“Mark?” Jowon chamou novamente e como Mark não lhe deu atenção, Yugyeom o cutucou no braço, apontando para o homem ao lado da mesa.

“Podemos conversar?” A pergunta soou como uma ordem, porém Mark não a ouviu daquela forma.

“Um minuto, já estou acab--”

“Mark Tuan! Podemos conversar?” Jowon soou de acordo com a sua posição hierárquica e só então Mark pareceu ouvi-lo de verdade.

Os dois se afastaram da mesa indo em direção a enorme janela de vidro do prédio antigo que havia sido reformado para servir de base secreta.

“Você está bem?” Foi a primeira coisa que Jowon perguntou assim que eles chegaram próximo da janela.

“Porque não estaria?” Mark odiava quando faziam aquilo com ele, responder uma pergunta com outra, mas ele sabia do que Jowon queria saber e não estava pronto para pensar sobre aquilo naquele momento.

“Não seja cínico comigo Tuan, nós traçamos um longo caminho juntos para que você me afaste da sua mente.” Mark sabia que o homem tinha razão, mas ele inconscientemente pensava que no momento em que sua mente encontrasse a imagem de Jinyoung, ele não seria capaz de continuar com o plano.

“É uma jogada única e sem vencedores.” Mark sorriu e Jowon viu a tristeza por trás dele.

“Não existe um caminho onde eu não machuque ele ou…” Mark queria assumir e dizer que iria se machucar, e não precisou, já que Jowon o conhecia bem o suficiente para entender o final da frase.

“Tuan, isso era pra ser só um trabalho, você soube do risco desde que começou.” Jowon tocou o ombro do rapaz, tentando lhe oferecer conforto de alguma forma.

“Eu vou esquecê-lo eventualmente, até porque ele merece alguém melhor.” Mark sorriu novamente, tentando esconder a tristeza e angústia que sentia ao confessar aquilo.

“Tuan?” Jowon chamou e Mark levantou os olhos para encontrar os do homem.

“Não existe ninguém melhor que você, lembre-se sempre disso, ok? Talvez tenha sido um momento errado para vocês terem se encontrado, e definitivamente, circunstâncias erradas, mas jamais pense que ele merece alguém melhor do que você.” Jowon continuava sério e Mark sabia que suas palavras eram verdadeiras, embora ele mais do que ninguém, soubesse que não adiantaria aconselhá-lo, pois ele e Jinyoung não teria volta.

“Talvez ele não esteja envolvido, nós só iremos saber quando o Youngjae checar os dados. Talvez depois de muita conversa, vocês se entendam.” Jowon tentou ser otimista, mas Mark sabia mais, ele sabia que com Jinyoung não existem segundas chances e que ele jamais perdoaria o que Mark fez.

 

//

 

“Você tem que voltar inteiro hã?” Mark ouviu Shownu falando para Wonho, enquanto o ajudava a colocar seu colete a prova de balas.

“E você, prometa manter a calma lá em cima,” Wonho apontou para o teto do prédio onde Shownu iria ficar, “caso algum imprevisto aconteça, hã?”

Mark sorria enquanto ouvia o casal cuidando um do outro, seu inconsciente o levando para aquele lugar na sua mente onde ele não podia estar naquele momento, já que aquele lugar o lembrava dos momentos onde Jinyoung havia sido adorável com ele sem nem perceber.

“Mark?” Yugyeom bateu palma na frente dos seus olhos, o trazendo de volta para dentro da van onde eles se arrumavam.

“Eu te chamei três vezes. Tem certeza que você está bem pra fazer isso?” Yugyeom perguntou preocupado, e sem querer, a pergunta chamou atenção dos outros na van, que encaravam Mark a espera da sua resposta.

“Claro que eu estou bem.” Mark sorriu, apertando o cinto do seu colete e tentando disfarçar o quão nervoso e ansioso ele estava.

“Jae? É só colocar o pendrive? E o resto é com você? Sem falhas?” Mark perguntava pausadamente, mas Wonho, Shownu, Youngjae e Yugyeom sabiam que ele estava fazendo aquelas perguntas pela n-ésima vez apenas para distrair sua mente do quão próximo ele estava de Jinyoung.

‘As equipes estão em posição Capitão.’ Os cinco ouviram no interfone nos seus ouvidos.

“Shownu, você vai primeiro.” Mark mandou, ignorando o fato de que Youngjae não havia respondido suas perguntas e seguindo o horário do plano.

“Eu vou com ele, o sinal vai pegar melhor lá.”

Os quatro rapazes olharam Youngjae e todos negaram com a cabeça.

“Jae, você não é agente de campo, é perigoso.” Shownu comentou, preocupado com que pudesse acontecer caso os dois fossem pegos.

“Eu sei me virar, e não tentem me impedir.” Youngjae retrucou, fechando seu super notebook e apanhando alguns outros itens do qual ele pudesse vir a precisar.

‘Capitão? Tuan?’ Duas vozes distintas perguntaram, já que Mark não respondeu da primeira vez.

‘Jowon, Shownu está subindo com o Youngjae, preciso de dois agentes na entrada do prédio, câmbio.’ Mark pediu e logo Shownu e Youngjae saíram da van, não antes de receber um beijo de despedida de Wonho e o garoto, cumprimentos dos companheiros.

“Yugyeom, você fica aqui e se algo der errado, cuide deles. Nós fazemos nossa parte sozinhos, entendido?” Mark perguntou para o rapaz e recebeu uma afirmação com a cabeça. Yugyeom já era conhecido dentro do cassino, por isso ele não participaria em campo naquela missão.

“Vamos” Mark chamou Wonho e ambos saíram da Van, indo em direção ao prédio ao lado do cassino, de onde eles iriam voar pelo telhado até o escritório de Jinyoung.


 

//

 

“Te encontro lá dentro.” Wonho apontou para o prédio, suas mãos presas com firmeza no gancho da tirolesa e antes que Mark o respondesse, ele se jogou do prédio, deixando o fio de aço fazer seu trabalho e o joga-lo na janela, onde ele iria estourar o vidro silenciosamente, dando passagem para ele e Mark.

Assim que Wonho deu sinal, foi a vez de Mark se jogar do prédio e deslizar pela tirolesa, caindo dentro do escritório.

Diferentemente do quarto de Jinyoung, aquele era um escritório claro, limpo, com enfeites vermelhos e dourado, e diversos quadros de pintores famosos. Provavelmente havia sido decorado ao gosto de seu pai e não de Jinyoung, Mark pensou.

“O tempo está correndo Mark.” Wonho o lembrou, se deslocando de um canto para o outro em busca do lugar onde eles construíram o cofre.

Após alguns minutos procurando, Mark finalmente encontrou, dando espaço para Wonho fazer sua mágica de arrombamento e abrindo o cofre automático.

“Essa deve ser a senha.” Wonho entregou uma pasta azul para Mark, que continha um dossiê dos integrantes da lista que eles estavam prestes a conseguir. Mark pediu para que Wonho checasse a porta e colocasse o pendrive que Youngjae os instruiu, enquanto ele checava os dados contidos na pasta.

Wonho obedeceu a ordem que lhe foi dada, é assim que virou as costas, Mark tirou o arquivo de Jackson do meio da pasta e escondeu dentro do seu colete.

“Mark, eu ouço passos, rápido.” Wonho avisou e em seguida Youngjae os informou no rádio de que havia movimentação no corredor onde eles estavam.

Mark guardou a pasta dentro da bolsa que eles haviam trazido com os instrumentos de arrombamento, e segurou o notebook com o pendrive conectado, checando quanto tempo ainda faltava.

Wonho ficou ao lado da porta, esperando para atacar qualquer que fosse a pessoa que entrasse por ela.

 

//

 

[Na semana seguinte]

 

“Você já falou com ele?” Youngjae perguntou após assistir Mark folhear pela vigésima vez a mesma página do relatório que ele precisava entregar...em duas semanas.

“Hã?” Mark perguntou, embora soubesse de quem Youngjae estava falando.

“Você me ouviu muito bem, não se faça de bobo. Você já falou com o Jinyoung?”

Youngjae estava sentado na cadeira que ficava se frente para a mesa do escritório de Mark na base secreta.

Mark permaneceu com a cabeça abaixada, tentando absorver alguma palavra que ele havia escrito e se fazia sentido, porém seus olhos não se conectavam com seu cérebro e nada se assimilava.

“Eu assisti a declaração pública que ele e os advogados fizeram na TV. Achei bem honesto da parte dele falar que não fazia ideia sobre os negócios ilegais sobre o pai e que o cassino só irá abrir após eles conseguirem limpar o nome que o pai dele sujou.” Youngjae contou, e Mark já sabia de tudo aquilo, pois quando Jinyoung apareceu na TV, um dos seus assistentes acompanhou um dos advogados até seu apartamento para poder conferir a versão de Mark na história.

 

[Flashback]

 

“Senhor Mark Tuan?” Um homem perguntou, checando um pedaço de papel e olhando no rosto de Mark para conferir se era ele mesmo.

“Sim. Pois não?” Mark respondeu confuso, encostando na porta e encarando os dois homens do lado de fora.

“Eu sou advogado do senhor Park Jinyoung, esse é um dos assistentes dele.” O homem apontou para o rapaz magro atrás dele.

“Bambam, prazer.” O rapaz esticou a mão para cumprimenta-lo mas Mark cruzou os braços, ignorando a mão estendida do rapaz.

“No que eu posso ajudar vocês?” Mark perguntou irritado.

“Nós queremos checar algumas informações que nos foram passadas. O senhor Jinyoung quer limpar o seu nome na rua, porém isso só é possível se tivermos todos os fatos checados e as provas organizadas. O senhor Jinyoung pediu que lhe avisasse que não é sobre limpar o nome do pai dele e sim o nome da família Park. Pois seus irmãos dependem dele e do dinheiro que ele conseguiu.”

Ao ouvir aquilo, Mark seu espaço para os dois, permitindo que eles entrassem no apartamento e pudessem ter uma conversa séria.

 

[final flashback]

 

“Você não vai mesmo falar com ele ou sobre ele? Essa é a última vez que eu pergunto.” Youngjae avisou.

“Ele não quer me ver agora Jae. Não tem muito o que fazer agora.” Mark sorriu entristecido e Youngjae se pegou sem palavras, pois se fosse ele no lugar de Jinyoung, ele também não iria querer ver o homem que destruiu todo seu trabalho e família, embora aquilo fosse a maior ironia da sua vida, considerando que uma vez no passado, Youngjae esteve no papel de Mark e Jinyoung, ao mesmo tempo.

 

//

 

[Dois meses depois da Invasão]

 

“Hey? Mark?” Mark reconheceu a voz que o chamou, era impossível não reconhecer.

“Teacher Mark pra você.” Mark respondeu sorrindo, virando para a garota e fazendo uma piada sobre a amizade que eles haviam feito.

Quando Mark virou para encontrar a garota, seus olhos se fecharam devido a enorme dor que ele sentia entre as pernas. Ele, Mark Tuan, primeiro da sua turma de instrutor de artes marciais, primeiro da sua turma em desarmamento de bombas, primeiro em todos os cursos que um agente secreto deve participar...havia recebido um chute entre as pernas de uma garota de 17 anos.

Mark segurou o lugar onde a garota tinha chutado, não se importando com os olhares das pessoas que estavam passando pela rua.

“Belo chute.” Mark comentou entre gemidos de dor.

“Aprendi com o melhor.” Nari respondeu sarcástica, e Mark lembrou que a garota era tão sarcástica quanto o irmão.

Após alguns minutos tentando se recompor, Mark finalmente conseguiu ficar em pé novamente.

“Como estão as coisas?” Os dois haviam decidido sentar em um dos bancos de uma parada de ônibus.

“Você deve imaginar como estão as coisas. Nossos bens estão congelados, as contas congeladas, o humor da casa? super congelado. Parece que a Elsa passou pela nossas vidas e congelou tudo.” A garota contou sorrindo, mas Mark a leu por trás daquele sorriso.

“Desculpa.” Foi só o que Mark conseguiu dizer.

“Tecnicamente foi sua culpa, mas nós dois sabemos que não interamente, né? Meu pai teve a maior culpa dessa história. E você? Você só estava fazendo seu trabalho.” Nari não sabia exatamente o papel de Mark na história, apenas que ele era um detetive investigando a lavagem de dinheiro que seu pai fazia parte.

“Como seu irmão está levando tudo isso?” Mark perguntou por impulso, completamente louco para saber como Jinyoung estava.

“Ele está fingindo bem. Ele sempre foi um bom ator.” Nari sorriu, abaixando a cabeça para não encontrar os olhos brilhando de Mark ao saber de Jinyoung.

“Ele provavelmente me odeia muito agora.” Agora era vez de Mark sorrir entristecido.

“Acho que ele não sabe como se sente. Você destruiu as únicas coisas que ele tinha na vida. Meu pai destruiu o sonho dele de ser bailarino e tudo que lhe restou foi o cassino e a gente. Mas agora ele não tem o cassino, nossa relação com a minha mãe e os gêmeos está ruim, e ele passa o tempo todo trancado no quarto lendo os documentos que os advogados mandam para poder tentar salvar o que restou. Acho que no momento nem ele mesmo sabe o que está fazendo ou como se sente em relação a você e seu papel nessa história toda.” Nari explicou e Mark riu por estar recebendo conselhos de uma garota de 17 anos novamente.

“Aqui estamos novamente, eu recebendo conselhos de uma garota de 17 anos.” Mark bagunçou o cabelo de Nari, que agora estava curto, talvez até mais curto que o seu próprio.

“Jinyoung havia guardado dinheiro em uma conta pra mim. Eu estou pensando em pegar esse dinheiro e ir estudar em outro país. A situação em casa está tóxica ao ponto onde nem eu aguento mais. Minha mãe pode ficar com a família dela, que é rica, e nós nunca nos demos perfeitamente bem. O que ainda me impede de ir, é o Jinyoung. Ele não tem mais ninguém além de mim.”

A culpa que Mark sentia aumentou consideravelmente naquele momento, pois ele havia destruído a vida da pessoa que ele mais desejava poder fazer feliz.

“Eu não sei o que falar Nari. Eu queria poder aconselhar você a sair daqui, mas eu também não gosto da ideia do seu irmão sozinho.” Mark confessou.

“Você podia não deixar ele sozinho então. Tente reconquista-lo, sendo honesto dessa vez.” O conselho parecia simples, porém impossível de ser executado. Jinyoung era muito teimoso e orgulhoso para aceitar ao menos ver Mark.

“Meu ônibus é aquele.” Nari apontou para o ônibus que havia virado a esquina.

“Bye bye teacher Mark.” Nari se despediu em inglês, fazendo com que Mark sorrisse para ela.

Mark assistiu o ônibus se afastar, porém sua mente estava poluída de tanta informação e emoções.

Mark queria chorar e gritar, mas as lágrimas não apareciam e sua voz havia perdido o som.

 

//

 

“Hey, aquele não é o Mark?” Nari chamou Jinyoung apontando para um rapaz com os mesmos traços físicos do outro.

Jinyoung lia um livro enquanto esperava pela chamada do avião de Nari, ela havia decidido estudar fora com o dinheiro que o irmão havia guardado e a situação na mansão ficava cada vez pior, pois sua mãe culpava Jinyoung pela prisão do pai, e ela não aguentava mais ouvir os discursos e monólogos da mãe sobre toda aquela situação.

Jinyoung tirou os olhos do livro e olhou na direção onde Nari olhava, e assim que viu o rapaz que definitivamente se parecia com Mark, ele se reprovou e voltou a olhar para a página do livro.

“Vocês não se falaram desde a prisão do papai?”

“Nós não temos o que conversar.” Jinyoung respondeu frio.

“Me parece que vocês tem muito o que conversar.”

Jinyoung ficou em silêncio, não querendo lembrar da existência de Mark e o quanto ele ainda o afetava.

“Se você ainda sente algo por ele, você devia reconsiderar sabia?” Nari comentou, olhando pra frente onde o tal rapaz que parecia Mark havia sentado.

“E o que você sabe sobre a vida ou reconsideração?” Jinyoung não queria soar rude, mas foi exatamente como ele soou.

“Ele gosta de você Jinyoung, e você claramente gosta dele. Encontrar alguém que corresponde os sentimentos, é quase impossível. Ele estava fazendo o trabalho dele em prender o papai, não deve ter sido de propósito que vocês se conheceram antes.” Nari pensava que Mark havia aparecido em um dia qualquer no cassino e apreendido o pai, ela não fazia ideia de que Mark havia feito tudo propositalmente para prender os envolvidos.

“Nari, não vamos mais falar sobre isso OK? Vamos falar sobre algo mais interessante e alegre, afinal nossa próxima conversa cara a cara é só daqui um ano.” Jinyoung pediu sorrindo e Nari decidiu deixar o assunto 'Mark’ de lado, para não irritar o irmão, porém vez o outra ela o pegava olhando na direção onde o suposto Mark estava sentado.

//

Jinyoung havia decidido, ele e Mark jamais ficariam juntos, embora seu coração ardesse com a ideia de Mark o tocando novamente. 

Após a ida de Nari para a Espanha, Jinyoung usou todo seu tempo disponível para reconstruir sua vida e limpar o nome da sua familia. Ele havia decidido não visitar o pai e deixá-lo pagar pelos crimes que havia cometido, porém a sujeira que ele fez ao ser preso, não podia ser ignorada e Jinyoung sentia a responsabilidade de cuidar dos negócios e da familia que não o considerava mais familia.

Quando Nari deixou a mansão, sua mãe levou os gêmeos pra casa dos pais e avisou Jinyoung que após ele recuperar o dinheiro que o pai e marido havia perdido, ela iria entrar com um processo e brigaria pela parte dela e dos filhos. 

Jinyoung não sabia como era se sentir realmente sozinho, pois quando sua mãe faleceu ele era pequeno demais para entender o que 'ser sozinho' significava. Porém, agora que ele não tinha ninguém ao seu lado, ele entendia como era ter que lidar com os problemas sem apoio de pessoas que eram pra ser seu amparo e porto seguro.

Jinyoung só não se sentia mais sozinho, pois Jackson e Bambam estavam fazendo o possível para ajudá-lo. Ele havia descoberto que Bambam estava trabalhando para ele e para Jackson as escondidas, a fim de lhe manter informado sobre os passos que Jinyoung dava.

"Você precisa comer." Jackson pediu, colocando um pedaço de queijo que estava cortado no seu prato e colocando no de Jinyoung.

Jackson decidiu ficar na cidade após a invasão do cassino, tanto para garantir que Mark não iria entregá-lo, como para manter Jinyoung na linha e acompanhado. Jackson tinha medo de que a solidão enlouquecesse o amigo.

Agora que Nari havia ido embora, e Jinyoung estava prestes a vender a mansão, Jackson o havia chamado para morar temporariamente em um dos seus apartamentos.

"Acho que tem comida suficiente aqui." Jinyoung respondeu sorrindo, apontando para o prato cheio de frutas, queijos e dois croissant que Jackson havia colocado.

"Apenas garantindo que você está se alimentando bem." Jackson se defendeu. "Você precisa de energia e força para o dia de hoje, hã?" 

"Jacks, você parece mais ansioso do que eu." 

Jackson deu uma mordida na meia maçã que estava no seu prato e após engolir, se defendeu novamente.

"Quero garantir seu bem estar. E te preparar bem."

"É só meu primeiro dia como professor, não tem muito o que se preparar." Jinyoung havia se formado em duas profissões diferentes e agora que não havia mais a pressão do seu pai, ele havia decidido dar aulas de balé, enquanto nas horas livres utilizava suas habilidades de advogado para continuar o processo de descongelar os bens da família.

"Você deve ficar sexy naquelas leggings" Jackson comentou e por pura coincidência, Bambam havia entrado na sala e ouviu o que o rapaz havia dito.

"Acredito que o Bam não vai gostar de ouvir você dizer que outro homem fica sexy de leggings." Jinyoung comentou sorrindo, fazendo Jackson ser pego no flagra pelo atual namorado.

"Nosso Bam, sabe que eu só aprecio as pernas dele, não é mesmo?" Jackson tentou concertar a história, mas Bambam o olhava enciumado e Jinyoung aceitou a oportunidade, para deixar os dois discutindo e ir para o trabalho.

//

Já era noite quando Jinyoung deixou o estúdio de balé, as luzes da cidade estavam acesas e as televisões nas vitrines passavam informações diferentes, cada tela em um canal.

Jinyoung parou na frente de uma das lojas, o vídeo que passava em uma das telas o chamou atenção, e ele se pegou assistindo TV no meio da calçada.

O próximo vídeo eram de duas pessoas correndo dentro de um aeroporto, provavelmente indo um em direção ao outro, de repente a lembrança de Mark lhe surgiu na memória. Ele se lembrou de quando ele e a irmã viram Mark no aeroporto. Ele se perguntou o que será que o outro estaria fazendo naquele momento. O que teria acontecido se ele tivesse conversado com o rapaz, antes dele partir.

Jinyoung odiava a ideia de viver com 'E se...', pois toda vez que algo assim surgia, ele viveria com arrependimentos para o resto da vida, e naquele momento, ele se pegou pensando, 'E se eu e ele tivéssemos nos conhecido em um lugar diferente e em circunstâncias diferentes? E se eles tivessem tentado ficar junto mesmo após a traição de Mark? E se ele tivesse dado uma segunda chance? E se Mark não tivesse ido embora?'

 

 


Notas Finais


Final aberto? Na verdade não haha
Olá crianças, não vou me desculpar pela demora, porque eu tentei escrever esse capítulo aos poucos (super aos poucos) e eu imaginei que fosse demorar pra sair haha
Se você me seguia no twitter, eu desativei o twitter e não pretendo voltar, então só sobrou o social pra terem noticias minhas

Eu revisei que nem minha bunda esse capítulo, mas é que bleh, mta preguiça haha

Como eu havia mencionado no começo, seriam 9 capítulos, pois cada um é uma jogada famosa de poker
High card
One pair
Two pair
Three of a kind
Straight
Flush
Full house
Four of a kind
Straight flush

Então ainda falta o Straight Flush!

O pessoal que acompanha minhas fics a um tempo sabem que essa vai ser minha última fic, pois estou me aposentando, porém aconselho vocês a seguirem meu perfil (caso gostem das minhas fics), pois a qualquer momento eu posso decidir voltar a escrever e dai postar uma fic nova haha

Obrigado a todos, e se possível gostaria de pedir que deixassem comentários, EU REALMENTE GOSTO DE LER O QUE VCS PENSAM DA FIC.


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