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História Seven's Casinos - One Pair


Escrita por: chiibis

Capítulo 3 - One Pair


Fanfic / Fanfiction Seven's Casinos - One Pair


Se te darem o que você quer de primeira instância, a tendência é que logo você esqueça que realmente queria aquilo. Se fizerem você lutar por algo que você realmente queira, a experiência da luta fica marcada na sua mente e não te permite esquecer. Era isso que Mark pensava e era assim que ele planejava lidar com Park Jinyoung, o dono misterioso do Seven’s Casinos.

Se o tal rapaz tivera pensado que fazendo Mark perder naquela noite ele iria parar de frequentar o cassino, então ele definitivamente pensou errado.

O plano de Mark basicamente era constituído de fazer o rapaz se questionar se seu plano havia dado certo, e ele acreditou que sim, quando na próxima semana Mark decidiu não aparecer no cassino. A segunda parte do plano era deixar Jinyoung confiante de que havia realmente ganhado e então aparecer novamente.

“Vejo que você voltou.” O garçom comentou, colocando um copo na frente de Mark e lhe mostrando o conhaque que ele havia tomado em todas as suas outras visitas no cassino. Mark acenou com a cabeça concordando e observou sua volta, tentando não parecer óbvio o bastante quando sua visão chegou até o segundo andar, onde o dono do cassino passava o tempo.

“As pessoas tem comentado sobre você.” O rapaz comentou, não focando sua atenção em Mark e sim em limpar a taça de vinho que estava na sua mão.

Garçons sempre são o centro de informações de qualquer estabelecimento. Eles ouvem tudo, aconselham, guardam rostos, segredos contados quando a razão é silenciada pelo álcool e estão sempre dispostos a flertar com qualquer que seja o cliente, embora dificilmente seja possível levá-los para cama, pois informação tem um preço alto e garçons tendem a ser um corpo de segredos, não basta só dinheiro para saciar suas ganâncias e luxúrias, o valor dos seus serviços são pagos com outras informações.

“É?” Mark sorriu acompanhado de um olhar de flerte.

“O que eles têm comentado? Espero que seja sobre minha beleza memorável.”

O garçom guardou a taça polida, alcançando outra e começando o mesmo processo de limpeza que havia feito na outra.

“Que você fez o boss sair da jaula.”

Mark sorriu e esperou que o rapaz terminasse, pois aquela era uma das características dos garçons, quando eles querem te dar uma informação, você só precisa esperar até que eles  te digam tudo que você deseja saber, cabe ao ouvinte decidir se acredita ou não.

“Eu trabalho aqui a dois anos e aquela noite foi a primeira vez que eu o vi descer para o Pit e jogar contra outra pessoa. Os empregados mais velhos disseram que isso só tinha acontecido duas outras vezes e os jogadores que ele venceu, desapareceram e até hoje ninguém teve notícias do que houve com eles.”

Aquela era uma informação nova, pois não tinha nada dizendo que o dono do cassino não costuma jogar ou quem foram seus outros únicos dois oponentes.

“Por isso fiquei surpreso quando te vi aqui.” O rapaz finalmente repousou a taça limpa na bancada e voltou sua atenção para Mark.

“Talvez você tenha algo que ele queira, por isso ainda está aqui.” O rapaz olhou nos fundos dos olhos de Mark, o fazendo sentir um arrepio na espinha de repente.

“Dificilmente. Afinal ele tirou tudo que eu havia conseguido nas últimas semanas.” Mark era um mentiroso nato, daqueles que te fazem acreditar que preto é branco e que a lua ilumina o sol, e não o contrário.

Mark não era só bom em criar boas mentiras, como também era bom em torná-las verdades se necessário. Mas sua maior habilidade no jogo da mentira, era conseguir mentir suas próprias emoções para enganar quem quer que fosse.

Um bom mentiroso cria mentiras, um mentiroso excelente vive na própria mentira.’

“Ele não parece tão perigoso. Diria que ele é apenas um rosto bonito, com muito dinheiro.” Mark comentou sorrindo, tentando soar convincente.

Beleza pode ser perigosa, mas cuidado, pois inteligência pode ser letal.” O garçom sorriu e então se afastou de Mark, não esperando por uma resposta e seguindo em direção a outro cliente do outro lado do bar.


//


Mark sabia que estava sendo observado e ele não gostava daquela sensação, ele preferia ser sempre o observador.

O jogo estava entediante e parecia que todos seus conjuntos de cartas o fazia ganhar sem nem precisar de esforço.

A adrenalina que antes ele sentia ao sentar na mesa do cassino e fazer altas apostas havia desaparecido na noite em que ele perdeu dinheiro para o misterioso dono do estabelecimento. As informações que ele tinha no seu arquivo eram báscicas e isso fazia do dono do cassino, um homem cheio de mistérios ainda não descobertos.

Mark decidiu que por aquela noite bastava, a ansiedade que percorria seu corpo era mais intensa do que ele queria assumir e aquilo o frustrava.

O cassino estava na sua hora de maior movimento e Mark decidiu voltar para o bar e observar as pessoas indo e voltando entre as mesas. O frio na sua espinha por ser observado o fez olhar para o segundo andar, esperando encontrar dois olhos escuros o encarando a distância. E ali estavam eles, os dois olhos cheios de mistérios encarando os seus profundamente.

Mark deu um gole no seu conhaque, seus olhos não deixando o encontro com os do rapaz no segundo andar. O banco onde Mark estava sentado ficava exatamente de frente de onde o dono do cassino estava, lhe dando perfeita certeza de que não havia ninguém que o rapaz pudesse olhar se não para ele.

O olhar entre os dois ficava cada segundo mais intenso, à medida que Mark sentiu seu terno de cor sangue, esquentar e seu pescoço escorrer uma gota de suor.

A única coisa que quebrava o contato visual entre os dois rapazes, eram quando suas pálpebras se fechavam em piscadas longas.

Mark perdeu a noção de quantos minutos os dois se olharam intensamente, se mágica existisse, ele teria certeza de que o dono do cassino havia passado todo aquele tempo o colocando em algum tipo de feitiço, pois tudo que Mark conseguia enxergar e sentir, eram seus olhos caindo sobre os rubis escuros do outro. A decoração vermelha fazia com que os olhos do rapaz no andar de cima cintilarem preto e vermelho sangue assim como o terno de Mark.

“Você vai querer outro?” O garçom perguntou atrás das costas de Mark, se referindo ao copo vazio que o rapaz não havia se dado conta até o outro mencionar que sua bebida havia acabado.

“Não. Por hoje é só, acho que bebi demais.” Mark culpou o álcool pelos estranhos sentimentos que ele havia sentido minutos antes.

O garçom sorriu gentilmente e se dirigiu aos outros clientes, deixando Mark sozinho novamente.

Quando ele se virou em busca dos olhos do dono do cassino no segundo andar, o lugar que antes tinha o corpo da pessoa com os olhos mais bonitos e misteriosos que Mark havia visto, tinha se ido. Antes que ele se desse conta, seus olhos percorreram em volta do cassino, procurando algum vestígio de onde o dono do cassino poderia ter ido, mas não encontrou sinal da presença do outro.

“Procurando por mim?” Uma voz desconhecida perguntou atrás das costas de Mark o fazendo assumir que era o garçom novamente, porém para sua surpresa, quando ele virou o banco e ficou de frente para o balcão, voltando sua atenção para o dono da voz, os olhos que antes refletiam o rubi da decoração, agora estavam próximos o suficiente para Mark vê-los negros e ainda mais misteriosos.

“Te faria melhor se eu dissesse que sim?”

“Depende do motivo pelo qual você estava me procurando.” A voz do rapaz era cheia de flerte e segundas intenções, Mark sentiu sua espinha congelando todo seu corpo, seus poros agitando por dentro do terno.

O rapaz começou a preparar uma nova bebida, e Mark observava cada um dos seus movimentos, tentando guardá-los e estudá-los para conhecer melhor sobre os mistérios do outro, embora fosse difícil conseguir tirar alguma informação de uma simples preparação de bebida.

“Talvez eu tenha ficado curioso sobre quem me venceu algumas semanas atrás.”

Antes de começar a agitar o frasco de alumínio com a mistura da bebida, o rapaz ficou de costas para Mark, terminando o preparo em uma pequena pia que ficava na parede das prateleiras de bebida, impedindo que o outro continuasse lhe assistindo e soubesse qual foi o toque final da mistura que ele estava próximo de terminar o preparo.

“Talvez a curiosidade matou o gato.” O dono do cassino sorriu maliciosamente, voltando seu corpo de frente para Mark e iniciando um intenso contato visual, seu braço agitando a bebida ao lado da sua cabeça, seus lábios sendo hidratados com o passar da sua língua e seus olhos penetrando a alma de Mark novamente.

Qualquer que fosse o feitiço que o rapaz dos olhos misteriosos colocava em Mark ao encarar seus olhos, o outro não podia quebrá-lo. Olhar nos olhos do dono do cassino trazia a adrenalina das apostas de volta no corpo de Mark, e aquilo o excitava mais do que ele gostaria.

O contato visual entre os dois foi quebrado, quando o dono do cassino colocou uma taça com a bebida que ele havia acabado de preparar na frente de Mark, indicando que o rapaz devia fazer as honras e tomar qualquer que fosse a mistura que ele havia preparado.

“Talvez você devesse me dizer seu nome, assim eu poderia ao menos saber o nome do meu assassino antes de morrer. Não seria poético? A última coisa que meus lábios irão dizer é o nome daquele que me matou?” Mark contou como uma piada, mas o dono do cassino não riu.

“Essa bebida chama Belladonna. Beba e eu te conto meu nome.” Mark sabia o nome do dono do cassino, ele leu a respeito do rapaz no arquivo que havia recebido a alguns meses atrás.

“Belladonna é considerado um veneno. Minhas últimas palavras será o nome do veneno que me matou e não do assassino que me deu?” Mark não desistiu da sua piada e o dono do cassino continuou sério, encarando os olhos de Mark e tentando encontrar a graça que ele havia encontrado naquela piadas ruim.

“Você não sorri muito, não é?”

“Belladonna não é considerado somente um veneno. Você devia ter feito sua pesquisa melhor, nem tudo que parece é.” O duplo sentido era evidente na frase do rapaz, e Mark decidiu que a única forma de vencer aquele jogo de sedução, era ceder ao pedido do outro e beber qualquer que fosse a mistura que ele havia preparado.

Mark deu uma breve cheirada na bebida, em busca de traços de veneno, porém ele sabia melhor que ninguém que os venenos mais letais não possuem cheiro ou cor, seu treinamento havia lhe ensinado a respeito de formas de matar e morrer.

A primeira golada foi para experimentar o sabor, e após sentir o gosto amargo porém misterioso na bebida, Mark focou sua atenção em ler os olhos do rapaz na sua frente, que o observava atentamente enquanto ele provava da mistura venenosa.

Mark sentia o gosto de algo diferente da mistura, mas não sabia exatamente nomear o que era, e suas expressões contava que seu cérebro estava trabalhando em descobrir qual ingrediente o outro rapaz havia utilizado e que fazia aquela bebida ter um sabor tão característico.

O dono do cassino sorriu quando Mark afastou a taça dos seus lábios, deixando metade do líquido ainda sem beber. O gosto do ingrediente misterioso ainda estava na superfície da língua de Mark, seu cérebro trabalhando em descobrir o que poderia ser.

“Jinyoung, Park Jinyoung.” O dono do cassino se apresentou, ignorando a luta mental que Mark estava batalhando para encontrar qual era o ingrediente misterioso da bebida que ele havia preparado.

“Mark.”

Jinyoung o encarou e Mark sorriu, lembrando que um dos seus maiores charmes era seu sorriso.

“Quer dizer que ele sabe como sorrir?” Mark perguntou rotóricamente e Jinyoung deixou o sorriso se desfazer para a frustração de Mark.

“Você vai me assistir intrigado a noite toda ou vai me contar o que tinha aqui?” Mark apontou para a taça de bebida.

“A curiosidade matou o gato, já te disse.” Jinyoung sorriu, ignorando os olhares de Mark e preparando um copo de uísque para si mesmo.

“Eu acabei de beber uma taça…” Mark se corrigiu, “Bem, meia taça de uma bebida que tem o mesmo nome de um dos venenos mais antigos da Terra, acho que tenho direito de saber quais são os ingredientes.”

Jinyoung engoliu uma grande quantidade de uísque, mas não o suficiente para finalizar a quantidade do líquido no copo.

Quando o copo estava afastado da boca do outro, Mark ainda podia ver vestígios da bebida refletindo nos seus lábios e tudo que ele conseguia pensar era em como ele gostaria de lamber aquele líquido e provar dos lábios de Jinyoung.

“O segredo está no suco de limão. Mas shiu, “ Jinyoung colocou os dedos nos lábios, pedindo segredo e Mark se viu desejando não só lamber seus lábios, como também sugar os  seus dedos, “Não conta pra ninguém, ok?”

Mark sorriu, terminando de beber o resto do líquido na taça.

“Geralmente vocês não voltam.” Jinyoung comentou, apoiando o corpo na pia atrás do balcão e cruzando os braços, iniciando contato visual com o rapaz na sua frente.

“Vocês?” Mark usou sua voz de flerte, sabendo exatamente o que Jinyoung estava falando, mas querendo que o rapaz falasse com as próprias palavras.

“Aqueles que perdem pra mim.” Embora a frase fosse prepotente, Jinyoung não soava arrogante, como se apenas estivesse atestando um fato.

“Parece que eu faço parte de um grande clube então.” Mark decidiu arriscar e confirmar o comentário que o garçom havia feito minutos atrás.

“É um círculo pequeno. Não acho que você vai conseguir fazer muitas amizades.” Agora Jinyoung quem usava o tom de flerte, embora nenhum sorriso tivesse aparecido dos seus lábios, Mark o achava cada segundo mais atraente.

“Talvez eu tenha conseguido um lugar VIP no clube, por isso voltei.”

“E quais os benefícios de ser um VIP?” Jinyoung flertou.

“Sua atenção.”

Os olhos que antes compartilhavam um contato visual, agora se devoravam em meio ao ar. O feitiço que Jinyoung lançava todas as vezes que seus olhos se encontravam, causava mais efeito sobre Mark e o calor do seu corpo irradiava na parte inferior do seu corpo. Jinyoung o excitava sem nem se esforçar.

Foco Mark, ele é só parte da missão. Não, ele É a missão!’ Mark se corrigiu, quebrando o contato visual e deixando Jinyoung deduzir qualquer que fosse a razão pelo qual seu feitiço não estava funcionando.

“Quem disse que você tem minha atenção? Talvez eu tenha vindo aqui só para tomar uma bebida.” Jinyoung defendeu-se, tentando parecer não interessado.

“Nunca saberemos.” Mark levantou uma das sobrancelhas, sorrindo com os lábios fechados.

“Talvez.” Jinyoung respondeu.

“Talvez.”


//


“Você está parecendo um cachorro de rua hoje.” O garoto entregou a garrafa com detox para Mark e sentou em um dos degraus da pequena arquibancada.

“Obrigado por atestar o óbvio.” Mark respondeu sério, embora Youngjae soubesse que o tom irritadiço da sua voz não indicava que ele se sentia daquela forma.

“Eu me sinto como um cachorro de rua.” Mark finalizou, sentando ao lado de Youngjae e apoiando sua cabeça no degrau acima do que eles estavam sentado.

“Noite difícil? Pensei que você estava trabalhando na missão.” O garoto comentou como se o termo ‘missão’ fosse completamente normal e pudesse ser mencionado em qualquer lugar.

“Eu estava. Por isso pareço como um cachorro.” Mark olhou em volta, checando se ninguém estava ouvindo a conversa dos dois e logo sua mente reproduziu as imagens da noite anterior.

Youngjae não era do tipo perceptivo, suas ações eram na maior parte das vezes impulsivas. Mark o invejava de certa forma, pois ele sempre dizia e fazia o que o momento o levava a fazer, não se importando com as consequências, afinal qualquer que fosse o resultado das suas ações, ele era indiferente o suficiente para se importar com elas.

Quando Mark o conheceu, Youngjae estava na frente do prédio onde ficava a base secreta, dando alimento para um cachorro de rua, como se o animal fosse seu de estimação. A atitude do garoto fez Mark ficar encantado a primeira vista, porém ele só soube quem Youngjae era, quando seu chefe o apresentou como novo técnico de sistema e que ele iria trabalhar na sua equipe.

Em seguida Mark descobriu que o garoto tinha um passado e um ciclo familiar complicado, não que ele mesmo tenha lhe contato, Mark só descobriu um pouco sobre o garoto após seu chefe contar algumas informações sobre ele. Mark pensou que talvez o garoto fosse do tipo nerd, quieto, timido, introvertido e estranho, porém essas ideias se desfizeram no primeiro dia.

A primeira impressão de Mark sobre Youngjae desapareceu quando os dois passaram o primeiro dia juntos e ele percebeu características peculiares sobre o garoto.

Youngjae tinha um vício em M&M’s, ele falava exatamente tudo que estava pensando, mesmo que fosse algo irrelevante ou que as pessoas esperassem que outras não fizessem comentários.

Uma semana trabalhando com Youngjae e Mark desfez totalmente a primeira impressão do garoto e agora ele o definia como singular, afinal ele jamais conheceu alguém com as suas características impulsivas ou suas manias estranhas.

“Você acha que vai conseguir fazer ele confiar em você?”

“Eu fiz você confiar em mim, não fiz?” Mark sorriu para Youngjae, sabendo que aquele era o tipo de sorriso que ele mais odiava, pois era do tipo que dizia 'Eu consigo qualquer coisa.’.

“Só depois de eu investigar tudo na sua vida e descobrir que a única coisa absurda que você faz é ver porno BDSM” Youngjae respondeu, como se aquela informação fosse simples e comum.

“Você precisa aprender a controlar essa sua boca Jae.”

Mark se levantou, carregando sua toalha e o vidro de detox e Youngjae o acompanhou, sabendo pra onde ele pretendia ir.

“Minha boca é controladissima, o que não é controlado é a quantidade de pornô que você assiste.”

“Você ainda checa o que eu faço na internet? Já falei pra parar com isso milhões de vezes.”

“Eu fico entediado muito fácil, você sabe.”

Os dois haviam chegado até a frente do corredor que levava até o  vestiário masculino.

“Eu vou buscar minhas coisas e te encontro na recepção.” Mark avisou, virando o corredor e indo em direção ao banheiro masculino, enquanto Youngjae se dirigia a recepção, onde ele iria passar o resto da tarde jogando LOL, considerando que aquele era um dos dias que a academia tinha pouco movimento.

Youngjae começou a trabalhar na acadêmia para manter a 'fachada' de trabalhador comum, assim como Mark fazia.
Youngjae limpou a garganta, tentando fazer o máximo de barulho que conseguisse para chamar atenção do casal encostado na porta do balcão e o impedindo de passar para o outro lado.


    “urgrum” Youngjae tentou chamar a atenção do casal novamente.


        A cada frase que o rapaz falava para a moça, ela ria como se aquela fosse a piada mais engraçada do mundo e Youngjae se perguntou por um segundo se o cara era algum tipo de comediante.


     “Essa cor fica linda em você.” O rapaz alisou com os dedos uma mecha do cabelo da moça e quando ela riu, Youngjae percebeu que não havia piadas envolvida, somente um idiota flertando com uma garota inocente o bastante para não perceber que ele usava aquela linha com todas as outras garotas.

“Licença.” Youngjae pediu, mas o casal ainda o ignorava, como se ele não estivesse ali no meio do corredor.

“Seu sorriso é um dos mais bonitos que eu já vi. Você devia sorrir sempre.” O rapaz falou e aquilo bastou para Youngjae, pois era claro que a moça deveria sempre sorrir, todos deviam sempre sorrir, afinal todos merecem ser felizes.

“Desculpa, mas ele está apenas dizendo o que você quer ouvir.” Youngjae disse em direção a moça e então finalmente os dois obstáculos do caminho, se afastaram do balcão, dando lugar para Youngjae passar.

“Oi? Você está falando comigo?” A moça perguntou confusa e Youngjae ignorou a pergunta, colocando seu notebook em cima da mesa e abrindo para carregar o jogo.

“Ele provavelmente usou esses flertes com todas as garotas que ele achou bonita hoje. E todo mundo merece sorrir e ser feliz. Não deixe ele te iludir, você merece mais.” Youngjae colocou os fones de ouvido, e ignorou totalmente a existência das duas pessoas na sua frente e focou no jogo que estava terminando de carregar na tela do notebook.

Após alguns segundos, uma mão passou na frente da tela do computador, chamando atenção de Youngjae e pela expressão do dono da mão, ele havia chamado o garoto mais de uma vez.

“No que eu posso lhe ajudar?” Youngjae perguntou, como se nunca tivesse visto o rapaz antes, ou minutos atrás.

“Você acabou de fazer eu perder aquela garota.” O rapaz parecia irritado, mas não bravo.

“Você supera.” Youngjae respondeu, o ignorando novamente e colocando os fones de volta.

Antes que Youngjae pudesse voltar a jogar, a mão novamente passou na frente do computador, chamando sua atenção.

“Você fez de propósito, né? Você gosta dela?” O rapaz assumiu que Youngjae gostava da moça de minutos atrás, por isso ele falou que ela merecia algo melhor.

“Quem?” Youngjae respondeu, não se dando conta de quem o rapaz estava falando, como se toda aquela conversa e situação jamais tivesse acontecido e ele não soubesse quem era ‘ele’ ou ‘ela’ da história.

“A moça que estava aqui. A loira que você fez me dispensar.” O rapaz apontou para seu lado, onde a moça havia estado minutos atrás.

“Ah. Não sei quem ela é.”

O garoto respondia às questões, como se sua memória tivesse sido perdida a cada segundo e Jaebum não podia deixar de se sentir frustrado.

“Jaebum?” Uma voz chamou nas suas costas, antes que ele pudesse continuar a conversa frustrante que estava tendo com o recepcionista.

“Mark.”

“Você podia ter pegado um taxi, você sabe né? Não precisava ter feito eu vir te buscar.” Jaebum reclamou.

“Você ama expor seu carro pela cidade, não aja como se vir me buscar fosse algo ruim.” Mark apoiou o corpo no balcão para checar o que Youngjae estava jogando e totalmente ignorando Jaebum.

“Eu não sei como você consegue. Eu tinha metade dos seus XPs quando eu estava nesse nível.” Mark comentou.

Jaebum observou os dois rapazes e percebeu que o garoto jogando finalmente tirou sua atenção da tela do computador e ergueu a cabeça para falar com Mark.

“Eu tenho meus métodos.” O sorriso que o garoto deu fez com que Jaebum sentisse um desconforto estranho no estômago.

“Assume que você tem comprado XP.” Mark brincou.

“Eu poderia te processar por fazer tal acusação.”

“E você sabe que jamais faria isso por que não acredita no sistema judiciário.”

“Bom argumento.” Os dois riram da piada interna e Jaebum sentiu uma pontada de ciúmes por ter sido deixado de lado. Ele só não tinha certeza se era ciúmes de Mark ou do garoto estranho.

“Mark” Jaebum o chamou novamente, dessa vez mostrando a irritação aparecer na sua voz e expressão.

“Jaebum, esse é o Youngjae. Youngjae, esse é o Jaebum.”

Depois de anos morando com Jaebum, Mark descobriu que a melhor forma de lidar com a irritação do rapaz, é ignorando e começando um novo assunto.

“Hey.” Youngjae o cumprimentou sorrindo, como se ele só tivesse finalmente o visto naquela hora.

“Finalmente.” Mark e Youngjae o olhou confuso.

“Ele passou o tempo todo agindo como se eu não fosse ninguém. Como se eu nem estivesse aqui.”

“Jaebum, para com o drama, vem.” Mark começou a arrastar o amigo para a porta, mas não antes de gritar para Youngjae, “Pare de me stalkiar!” fazendo o garoto sorrir.


//


“Ansiosa?” Jinyoung perguntou olhando para a irmã no banco do passageiro.

Aquele era o primeiro dia de Nari na aula de artes marciais, e Jinyoung achou necessário acompanhá-la, fazendo o trabalho que geralmente os pais faziam.

Nari tinha mania de contorcer os dedos quando nervosa ou ansiosa, e naquele momento, Jinyoung já havia perdido a conta de quantas vezes ouviu os estalos dos dedos da garota.

“Você chegou a ver quem seria meu instrutor? Se tinha muitos alunos? Tinha alguma menina? Eu não quero ser a única menina na turma.”

Jinyoung tinha terminado de estacionar o carro quando a garota terminou de falar.

O rapaz se virou para a menina, segurou uma das suas mãos nervosas e disse:

“Eu não sei nada. O interessante é a surpresa, não?” Ele sorriu e Nari se sentiu ainda mais ansiosa, pois enquanto Jinyoung adorava surpresas, ela detestava.

“Vem, vamos.”


//


Talvez fosse coincidência, destino ou uma conspiração, mas de todas as pessoas que Jinyoung esperava encontrar na academia onde Nari iria treinar, o tal Mark do Cassino era a última.

“Eu poderia dizer que você está me seguindo.” Mark comentou sorrindo, se aproximando dos irmãos que estavam tirando dúvidas na recepção.

O olhar de Jinyoung foi de absurdo terror, afinal ele planejava que ninguém soubesse sobre as atividades extracurriculares da irmã.

“E pela sua expressão de terror, minha piada foi péssima.”. Mark encostou o braço no balcão da recepção, esperando por outra reação de Jinyoung.

“O que você está fazendo aqui?” Jinyoung foi direto ao ponto, olhando em volta para garantir que não havia mais nenhum conhecido por perto.

“Também fico feliz em te ver novamente.” Mark comentou com sarcasmo e se ele pudesse apostar, Jinyoung estava pensando exatamente na mesma coisa que ele naquele momento, na sua última visita ao cassino.

“Mark, essa é a Nari, sua nova aluna.” Youngjae apontou para a garota, que sorriu timidamente para o rapaz.

Mark estendeu a mão para cumprimenta-la, mas um tapa repentino na mão da garota, o impediu.

“Nari, acho que nós devíamos procurar outro lugar.” Jinyoung sugeriu, olhando diretamente para a irmã e ignorando Mark.

“Mas você já fez minha matrícula. E qual o problema com ele?” A garota apontou para seu futuro professor.

“Ele é o problema.” Jinyoung respondeu impulsivamente.

“Eu deveria ficar ofendido, mas não vou. Seu irmão está exagerando.” Mark explicou para a garota.

“Eu nunca disse que ela era minha irmã.” Jinyoung comentou, começando a suspeitar das intenções do rapaz.

“Ela não parece ser seu tipo, se é que me entende? Então não vou assumir que ela seja sua namorada.” Mark se referia a sexualidade de Jinyoung, e o outro sabia disso.

“Ela poderia ser uma amiga.”

“Jinyoung…” Mark o olhou frustrado, não querendo discutir mais sobre algo que era óbvio.

“Nari, o Youngjae vai te acompanhar até o vestiário feminino, onde você pode se trocar e então em qual sala você deve ir pra encontrar os outros. Seu irmão e eu temos assuntos pendentes e ele volta pra te buscar as 6.” Mark avisou a garota, que sorriu em despedida ao irmão e começou acompanhar Youngjae pra longe, ignorando os protestos de Jinyoung.

“Eu não me lembro de ter nenhum assunto com você.” Jinyoung deu uma última olhada na direção que a irmã havia ido e então começou a se afastar de Mark, o ignorando completamente.

“Acho que você tem. Eu acordei de manhã e você tinha sumido.”

“Eu tinha um compromisso.”

“Pareceu que você estava fugindo.”

Os dois estavam na porta quando Jinyoung finalmente decidiu parar e olhar para Mark.

“Eu não tenho porque te dar satisfações. Aquela noite foi…”Jinyoung tentou buscar pelo termo certo, mas seu cérebro apenas repetia 'erro’, “Um relapso. Nunca mais vai acontecer de novo, então espero que você esqueça que aquilo aconteceu.”

Mark sorriu, para surpresa de Jinyoung.

“Qual é a do sorriso?”

Mark deu um passo em direção a Jinyoung, o fazendo encostar no batente da porta. O rosto de Mark estava próximo o suficiente, para que Jinyoung sentisse o ar quente da sua respiração bater na pele do seu pescoço.

“Não pareceu um relapso quando você pedia para eu meter mais rápido. Ou quando você pediu pra eu gozar na sua boca.”

Jinyoung sentiu seu corpo esfriar de repente, e considerando a temperatura quente do sol batendo no seu corpo, ele tinha certeza de que aquela sensação era devido ao efeito que Mark tinha sobre seu corpo.

“Não faça parecer que aquela foi a última vez também, por que nós dois sabemos o quanto você quer aquilo de novo.” Mark afirmou, assumindo que Jinyoung queria que qualquer que fosse 'aquilo' acontecesse de novo tanto quanto ele queria.

“Te vejo às 6, Jinyoungie.” Mark se afastou do corpo do rapaz, voltando em direção a sala onde ele provavelmente iria dar a próxima aula, deixando Jinyoung com o corpo gelado e o coração acelerado na porta da academia.



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