História Seventeen in Tokyo - Prólogo

“Eu estou em uma sala escura, amarrado a uma cadeira por correntes e cordas. A sala é extremamente grande e que provavelmente não tem fim. Um holofote invisível faz com que somente eu seja iluminado. Percebo que meus pés estão gastos e cheios de machucados e minhas roupas sujas e rasgadas. Eu realmente não sei o que está acontecendo. Aperto meus olhos na tentativa falha de ver o que está se aproximando. É um... Espelho?

O espelho para em frente a mim e lá posso ver como estou muito diferente. Meus cabelos estão loiros, quase brancos, meus olhos de cores diferentes, um azul e um roxo, e uma fumaça colorida saindo de minhas costas. Arregalo os olhos. Como eu consegui ficar assim? Eu nunca pintei o cabelo na minha vida e nunca usaria lentes, além de ter agonia, não tenho problemas para enxergar. O medo me consumia, a adrenalina passava pelo o meu corpo. Eu sentia vontade de chorar, estava muito assustado.

– Dezessete, meu querido! – Ouvi uma voz masculina falando atrás de mim e virei de supetão, me surpreendendo quando não havia ninguém ali – Não me procure, idiota! Nunca irá me achar. Mas logo nos encontraremos na vida real. Seus dezessete anos te aguardam, Laito! Ou melhor, Taehyung!”

Acordo com um barulho ensurdecedor do meu despertador. Me ergo de imediato pelo susto, causando uma forte tontura e dor de cabeça e me amaldiçoou mentalmente. Olho pela janela e vejo as folhas de uma árvore caindo; já é outono, minha estação favorita de todas, e logo após dela a minha favorita é o inverno. De uma forma ou de outra, gosto do frio. Me motiva mais a fazer as coisas.

Mesmo com preguiça e sem vontade nenhuma de ir para a escola coloco meus pés para fora da cama e levanto devagar, sustentando meu peso em meus braços apoiados na cama. Calço minhas pantufas de cor azul em um tom pastel e vou em direção ao banheiro, tomar um banho quente e demorado. Dispo-me e ligo o chuveiro, entro debaixo d’água e lavo meus cabelos com um shampoo de pêssego, passo meu sabonete e enxáguo tudo. Desligo a torneira e me enrolo com a toalha na altura da cintura e com uma toalha menor seco meus cabelos castanhos.

Saio do banheiro e sinto um leve arrepio ao entrar em contato com o ar gelado. Como sou burro! Havia deixado a janela aberta e a brisa gelada tomava o meu quarto, me obrigando a fechá-la. Me visto com o uniforme, pego minha mochila, uma maçã para comer no caminho e parto para a escola.

< Seventeen in Tokyo >

– Oi, Taehyung kun! – Encontro o meu melhor amigo pelo caminho da escola, Ogawa Hayato. Trajava o uniforme obrigatório de nossa escola e deixava seus cabelos recém tingidos de laranja bagunçados, com um sorriso do tamanho do mundo. Me sinto extremamente feliz, já que só tenho ele de amigo, digo em quem eu possa confiar. Hayato sempre me ajudou com problemas desde a infância, na qual partilhamos juntos.

– Olá, Hayato kun. Como foram as férias na Coréia? – Perguntei animado. Eu nasci na Coréia, mas, com 5 anos, meus pais me mandaram para o Japão para morar com a minha tia Sooyoung, também coreana, para estudos e para que eu conhecesse outras culturas, sem tirar o fato de eles estarem em crise financeira deplorável.

– Muito legais!  Tae, você nunca havia me contado que a Coréia era tão legal assim... – Continuava falando exageradamente e com muito entusiasmo enquanto caminhávamos. Estava acompanhando tudo, até que vejo dois rapazes estranhos saindo de um carro no portão da escola.

– Hay kun! – Parei e o chamei instantaneamente. Ele virou em minha direção, parou também  e assentiu com a cabeça, num sinal para eu prosseguir – Quem são eles? – Disse, apontando discretamente para os dois garotos. Um tinha os cabelos roxos e outro cabelos negros, ambos da mesma estatura e com uniformes da escola.

– Ah, Tae, você não ficou sabendo? – Neguei com a cabeça. Quase nunca ficava sabendo das coisas que aconteciam e era sempre Hayato que me contava – Eles são os novos transferidos, o cabeça de uva é o Miura Hideyo e o de cabelo preto é o Jeon Jungkook, ele também veio da Coréia do Sul – A curiosidade me invadiu por segundos, logo indo embora e me trazendo de volta a realidade. Apenas assenti e começamos a andar para dentro da escola.

Conversando com Hayato nos corredores da escola, indo para a aula de matemática, não percebo e acabo esbarrando em alguém, que logo volto para pedir desculpa, mas, sem motivo, travo na frente da pessoa era o cabeça de uva, ou melhor, Miura Hideyo.

– Olhe por onde anda, baixinho! – Disse bravo, partindo para cima de mim. A cada passo que ele dava pra cima de mim eu dava dois para trás, até minhas costas se colidirem com o material gelado da parede. Estava prestes a me bater, sendo impedido pelo novato de cabelos negros, Jeon Jungkook.

– Chega, Hide kun. Vamos! –Disse arrastando o seu amigo embora pelos corredores, que ainda me encarava furiosamente, e logo suas silhuetas desaparecem na multidão de alunos. O olhar de Hideyo me havia me arrepiado completamente, me dando uma sensação ruim e um mau pressentimento sobre esses dois.