História Sexta-Feira - Capítulo Único

Era sexta-feira, último tempo do dia e tudo o que eu queria era ir para casa. Sexta-feira era o pior dia na escola, juntaram as disciplinas que eu mais odiava em um dia só, e além disso, era o dia em que todas as salas de dança da escola estavam ocupadas com aulas de balé para crianças, o que significava que eu não podia ensaiar lá e era obrigado a voltar para casa e ficar no tédio. Seria um completo dia de desgraças, se não fosse por um acontecimento isolado que só ocorre nas sextas: era o dia em que eu voltava para casa com o meu melhor amigo barra vizinho.

E falando no diabo, ele, que estava sentado na carteira a frente da minha, como sempre, virou-se com aquele sorriso que faz com que seus olhos virem uma meia-lua, e já me cutucando para me chamar a atenção.

— Soonyoung-hyung, me dá a senha da Netflix, por favor? — Perguntou fazendo beicinho.

— Não, Seokmin-ah! Eu nunca mais vou te emprestar minha conta da Netflix, já  falei! Na última vez você desmarcou tudo o que eu estava assistindo e eu fiquei perdido nas minha séries, isso não se faz!

— Por favor, Hyung! Eu faço o que você quiser!

— Não, Seokmin! Eu já falei que...

— O papo está ótimo aí atrás, né! Espero que seja sobre a matéria! — Interrompeu Sr. Kim, o professor de física. Ótimo, conseguimos ser barulhentos o suficiente para chamar a atenção da turma inteira de novo.

— Desculpe-nos, Sr. Kim! Não vai mais acontecer! — Disse Seokmin, eu apenas assenti com a cabeça, afinal a culpa era toda de Seokmin mesmo.

— Viu o que você fez? — Sussurrei — Agora cala essa boca e vira pra frente!

E assim, meu amigo virou-se para frente com uma expressão magoada que eu sabia que era de mentira.

Eu e Seokmin éramos inseparáveis desde crianças, ele é um ano mais novo que eu, mas estudamos na mesma série porque os pais dele o colocaram na escola muito cedo. Ele tinha uma voz maravilhosa e fazia parte de uma banda com alguns amigos nossos, já eu fazia parte de um grupo de dança, usávamos as salas de dança da escola para ensaiar depois da aula, e por isso não voltava para casa com Seokmin nos outros dias.

Ultimamente estávamos mais ligados que nunca, desde que desabafei com ele sobre a minha orientação sexual. Sabia que meu amigo jamais me trataria diferente por eu ser gay, mas achei estranho o fato de ele ter se aproximado mais de mim e ter se mostrado curioso sobre esse lado colorido da vida. Ele geralmente faz umas perguntas que me deixam encabulado, mas eu sei que não é na maldade.

O sinal anunciando o fim da aula soou como música em nossos ouvidos. Ninguém entendia nada daquele negócio de cálculo de tração mesmo.

— Você demora demais para arrumar as suas coisas, anda com isso, eu quero ir embora. — Disse Seokmin.

— Eu não mandei você me esperar - e mostrei o dedo do meio pra ele.

— Até parece, se eu for embora sem te esperar você me esfola vivo.

— É verdade, nem se atreva.

Saímos quando todo mundo já havia saído da sala, eu sou muito lerdo nisso de guardar material mesmo, coitado do Seokmin que é obrigado a me esperar.

Fomos caminhando para casa, morávamos relativamente perto da escola, dois quarteirões de distância. No meio do caminho, meu amigo segurou em mim e bloqueou minha passagem.

— Me larga, abestado! Eu quero chegar em casa logo, ficou maluco?

— Hyung...

— Eu não vou te dar a senha da Netflix, mas que coisa chata!

— Por favor!! Eu preciso assistir a segunda temporada de Narcos, prometo que não vou mexer em mais nada! — Me olhou fazendo biquinho de novo. Que vontade de apertar.

— Narcos? Acho que já sei como resolver isso e você parar de me encher o saco. Eu também ainda não assisti essa temporada, por que você não vem pra minha casa e nós assistimos juntos? — Pronto, assim eu posso me assegurar de que ele não vai mexer em mais nada mesmo.

— Ótimo!

Chegando em casa, Seokmin tirou o uniforme e vestiu um pijama meu, que nem coube direito nele já que ele é mais alto.

— Seokmin-ah! Você vai estourar meu pijama! Olha o tamanho desse braço e dessa coxa!

— Você anda reparando em mim então? bom saber. Toma aqui o seu pijama. — E com isso ele tirou o meu pijama e ficou só de boxers. 

— Vai se foder! Eu vou tomar um banho, não começa a assistir essa porra sem mim! — Peguei a toalha e entrei no banheiro, deixando ele lá na minha cama assistindo alguma coisa na televisão.

Eu odeio Lee Seokmin, e amo ao mesmo tempo. Ele não percebe o efeito que causa em mim, e nesse momento ele estava lá na minha cama só de cueca. Ele sempre foi meio lento em perceber as coisas, mas lento desse jeito é demais. Precisei de um banho gelado para me acalmar, afinal seriam mais de 10 horas assistindo a uma série ao lado do meu amigo seminu por qual eu nutro certos sentimentos nada normais.

Quando voltei ele ainda estava lá do mesmo jeito, deitado na minha cama. Fui em direção ao guarda-roupa pegar um pijama limpo.

— Não não não.. — Ele segurou minha mão e pegou as minhas roupas, deixando apenas uma cueca boxer na minha mão. — Você vai ficar só de cueca que nem eu, nada mais justo!

Era só o que me faltava.

— Mas vai ficar frio, e eu não mandei você tirar aquele pijama, só estava brincando!

— Agora já era! A gente se esquenta com o edredom, vem logo deitar aqui comigo que eu já quero assistir isso!

— Tá, já vou!

Vesti a cueca por debaixo da toalha, e fui estender a toalha no banheiro. Quando voltei encontrei meu amigo já com uma expressão muito impaciente.

— Vem logo!

Deitei ao seu lado, e percebi que ficar só de boxers ao lado dele tinha sido a pior decisão da minha vida, nossa pele se encostava desde os pés até os ombros. Seria difícil ignorar isso, e com certeza eu não conseguiria prestar atenção em nada que viesse a passar na televisão.

De repente, Seokmin se jogou em cima de mim começou a me fazer cócegas.

— Ei, para!! O que deu em você? — Eu não sabia se ria ou chorava, tenho cócegas em todo lugar.

— Eu estava te perguntando se eu já podia colocar a série mas você não respondia, parecia estar no mundo da lua, tive que tomar medidas drásticas.

— Já estou prestando atenção agora, pode parar as cócegas, eu vou morrer assim!

— Só mais um pouco, você fica muito engraçado se contorcendo. — Estava rindo o desgraçado.

Ele continuou em cima de mim fazendo cócegas até que eu senti algo estranho. Toda aquela movimentação me deixou excitado e eu estava duro, não sabia onde enfiava a minha cara depois de tanta vergonha. E pelo jeito, Seokmin percebeu e parou tudo o que estava fazendo. Me encolhi num cantinho da cama tentando esconder a minha ereção.

— Soonyoung-hyung...

— Me desculpe... — Comecei a soluçar, não consegui segurar o choro de vergonha.

— Não, hyung, não há nada para se desculpar, olhe... — Então ele pegou uma de minhas mãos e colocou sobre algo, finalmente levantei a cabeça e vi que ele havia colocado minha mão em cima de sua própria ereção.

— Seokmin-ah, você também...

— Hyung, eu estou tão feliz. — Aproximou-se de mim — Eu fiquei me perguntando desde que você se assumiu para mim, o que eu tinha de errado para que você não se sentisse nem um pouquinho atraído por mim, mas parece que eu me equivoquei. — E lá estava aquele sorriso meia-lua capaz de derreter geleiras.

— Eu pensei que você fosse hétero, então preferi guardar pra mim mesmo.

— Pensou errado. — Então ele acariciou o meu rosto com os dedos e aproximou-se mais. - Posso te beijar?

— Deve.

O beijo começou lento, mas tudo mudou quando Seokmin pediu passagem com a língua, que eu prontamente concedi. Logo tínhamos começado uma batalha de línguas, o clima esquentava cada vez mais, as mãos tocavam todos os lugares, arranhando aqui e ali. Paramos o beijo brevemente para respirar e ele sentou-se encostado na cabeceira da cama, sentei em seu colo com as pernas abertas, cada uma de um lado de seu quadril, nesse momento eu já não tinha pudor algum. Seokmin voltou a atacar meus lábios, em seguida descendo para o pescoço, deixando várias marcar que eu tinha certeza que ficariam roxas.

— Precisamos cuidar disso. — Sussurrou em meu ouvido enquanto acariciava ambas as nossas ereções sobre a cueca.

— Cuida pra mim — Sussurrei de volta. Esse cara estava me deixando louco.

Ele então tirou nossos membros de dentro das boxers e começou a masturbá-los juntos com apenas uma mão. O pré-gozo de ambos se misturavam. Voltamos a nos beijar, mas não tinha mais ritmo, era só uma confusão de línguas, o prazer lá embaixo não nos deixava pensar em mais nada. Gozei na mão de Seokmin, ele gozou logo em seguida gemendo meu nome. Ficamos algum tempo recuperando o fôlego sem dizer nada, até que ele me abraçou, fazendo círculos em minhas costas com os dedos.

— E agora, como vai ser daqui em diante? — Perguntei.

— Quero que seja assim. — E me beijou, dessa vez lentamente, cheio de sentimento. 

Assistimos a série abraçados embaixo do edredom felpudo, mas não garanto que prestamos atenção.