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História Shades of Cool - Lucky Ones


Escrita por: inspiredotto

Notas do Autor


Olá, patinhos coroados!
Tentei não demorar tanto e não pretendo tardar com o próximo.
Uma leitora pediu para que eu colocasse a tradução das letras das músicas e nossa, me perdoem, nunca me atentei a esse detalhe. Depois colocarei nos capítulos anteriores também, me perdoem por isso.
Música do capítulo: Lucky Ones - Lana Del Gay, por favor, viagem comigo nessa canção.
Me encontrem no twitter: kntswan
Obrigada por todo o retorno que estão me dando, tem sido maravilhoso.
Leiam as notas finais.
Boa leitura!

Capítulo 13 - Lucky Ones


Regina Mills.

Nada poderia aplacar a felicidade que eu sentia naquele momento, minha alma estava leve e meu corpo flutuante. Era demasiadamente prazerosa a sensação das mãos de Emma acariciando meus cabelos enquanto repousada em seu peito, ouvia seu coração bater num ritmo calmo, saltando algumas batidas vez ou outra. Eu gostaria de morar naqueles braços, viver aquele cheiro bom de sua pele todos os dias. Desejava viver Emma Swan.

No outro sofá, George ainda ressonava, tranquilo, atrelado ao seu novo brinquedo. Sorri ao lembrar do gesto da loira ao presenteá-lo, não imaginava que o faria. A verdade era que eu estava surpresa; com a vida, com os últimos acontecimentos, com meus sentimentos e principalmente com Carmen. Olhar para ela era como vislumbrar algo tão pertencente a mim, que mera ilusão, mas naquele instante, eu me sentia livre para fantasiar.

– Está tão distante… – Ouvi sua voz calma sussurrar e apertei meu braço ao redor de sua cintura, levantando a face para olhá-la.

– Algumas coisas merecem ser sentidas no silência, Emma. – Respondi com sinceridade e ela abriu um sorriso que poderia me destruir. Meu coração se contraiu, fazendo-me segurar a emoção presa em meus olhos.

– Você é tão encantadora, Regina. – Ela tocou meu rosto e acariciou minha bochecha com o polegar. – Não esperava que fosse. – Riu baixinho e eu franzi o cenho em provocação.

– Não abuse, Swan. Posso ser cruel. – Meu sorriso fora lascivo, a vi engolir seco e mordi o canto do meu lábio, perdendo-me no mar esverdeado de suas orbes.

– Tenho certeza que sim, mas no momento, eu não quero… Apenas permita-me ficar atrelada a essa parte sua que é nova para mim. Não que as outras sejam tão conhecidas, mas quero ver mais disso. – Eu entendia o que ela estava pedindo e desejava o mesmo. – Apenas deixemos tudo de lado, hoje somos Emma e Regina e não há nada lá fora além de nós.

Nada consegui dizer, apenas assenti e mergulhei em seu abraço, repousei a face na curva de seu pescoço e inalei seu perfume, sentindo ele me entorpecer completamente. Relaxei em seus braços e afundei a mão em seus cabelos macios, os afagava enquanto sentia meu corpo ser embalado no sono que eu não imaginava sentir.

Despertei sentindo uma sensação de relaxamento tão gostoso, não lembrava-me de estar tão cansada, provavelmente havia acumulado cansaço em meu corpo, mas me sentia tão bem naquele instante. Sorri ao ver George sentado no tapete com as mãozinhas apoiadas no rosto, observando-me. Ele arregalou os olhos ao me ver acordar e levantou rapidamente.

– Ela acordou! – Gritou me fazendo resmungar com o som agudo que me invadira, mas ri da situação. Ele correu até a cozinha e eu me sentei para acompanhá-lo com o olhar.

Emma estava focada na bancada, preparando taças de sorvete com calda de chocolate e morangos. George pulava ao seu lado, segurando no tecido de seu vestido.

– Emy, Emy, Emy! – Ele gritava, ansioso pela sobremesa.

– Calma garotão, você vai me derrubar assim. – Ela riu, olhando-me brevemente e eu sorri. Acariciei meus cabelos e caminhei até eles, notando que já era noite.

– Não acredito que me deixou dormir e perder a tarde. – Reclamei, sentando num dos bancos.

– Você parecia exausta, precisava descansar, Regi. – Ela se inclinou e tomou meus lábios num selinho. Fitei George, mas ele estava totalmente alheio, lambendo os lábios, encarando as taças, tentando alcançar com uma de suas mãozinhas.

Rimos e Emma indicou-me uma taça e pegou as outras duas, saiu da cozinha, sendo seguida por uma criança que parecia faminta, roubando-me mais risos. Fui caminhando até eles e subimos até o segundo andar. Entramos na sala de música e fomos para a varanda que havia na mesma. George jogou seu pequeno corpinho sobre o puff e nós nos sentamos no divã. A loira entregou-lhe o sorvete, o encaixando entre suas perninhas, ele atacou prontamente, sujando o rosto e a ponta do nariz.

– Temos aqui um porquinho. – Impliquei-o e ele me mostrou a pontinha da língua. Meu coração já amava profundamente aquela criança.

Senti a palma de Emma sobre a minha e nossos dedos se entrelaçaram num encaixe perfeito. Eu nunca gostara de ficar de mãos dadas, mas aquele fora um gesto tão natural, gostoso e certo. O afago de sua pele macia era abrasador, mesmo naquele mínimo contato. Entre risos e sorrisos tomamos o sorvete, falamos sobre coisas aleatórias, George nos contou sobre seus desenhos preferidos e manteve nossa atenção para ele, que havia tomado o sorvete com o corpo todo.

– Precisamos limpar essa criança. – Emma disse rindo.

– Vou levá-lo ao banheiro. – Fiz menção de levantar, mas ela me conteve.

– Não, pode deixar, eu levo. – Sorriu e o pegou pela mão, caminhando com ele para fora do cômodo.

Tal ato me surpreendeu, mas me deixou demasiadamente feliz. Juntei as taças e as coloquei sobre uma mesinha que havia encostada numa das paredes. A noite estava linda. A pouca iluminação ao redor permitia que as estrelas se apresentassem majestosas, cintilantes. A vastidão do mar se mesclava ao breu do céu, apenas os pontinhos reluzentes se destacavam e uma lua banhada numa luz forte que iluminava a sacada. Ouvi passos se aproximando novamente e fitei a porta, eles voltavam, mas George estava cabisbaixo, os olhinhos voltados para baixo e Emma tinha uma expressão de pavor.

– Está tudo bem? – Perguntei ao ver a criança esconder-se numa das pernas da loira, os olhos inchados e levemente avermelhados.

– Regina… – Sua voz saiu embargada. Ela apoiou uma das mãos no balaústre e encostou-se no mesmo, levando uma das mãos até os cabelos do pequeno, os alisando com carinho.

– Emma? – Eu já estava ficando preocupada.

– Ele… Bem, ele está pedindo por David. – Ela sussurrou e meu coração se apertou numa dor profunda.

– George… – O chamei e ele não respondeu, apertando as mãos ao redor da coxa de Emma.

Eu não sabia o que dizer, George sabia apenas que os pais estavam sendo cuidados e que logo ficariam bem, mas já fazia dias e para ele, devia parecer toda uma eternidade. Estava longe de casa, de suas coisas, seus brinquedos e de sua família. Não tinha ideia de por quanto tempo sustentaria aquela mentira, me corroía ter de mentir, mas me apavorava a ideia de dizer a uma criança daquela idade que seus pais não voltariam.

Não notei que chorava, apenas quando Emma estendeu a mão e acariciou meu rosto, enxugando minhas lágrimas. Deitei a face em sua palma e fitei seus olhos, estavam marejados e ela parecia totalmente perdida naquela situação.

– Ei, – Ela sussurrou se inclinando para George – vem cá. – O pegou em seu colo e o colocou sentado no balaústre, de costas para ela, o abraçando pela cintura. – Você sabe que seus pais se machucaram muito, não é? – Ele fez um aceno positivo. – Eles estavam com os homens de branco, tendo seus ferimentos cuidados para que ficassem bem e pudessem retornar para ficar com você. – Meu coração disparou, eu não compreendia onde Emma chegaria com aquilo e meus olhos não seguravam as lágrimas silenciosas. – Mas as vezes não é possível obter melhora e para não sofrerem, os entregaram aos anjos. – George suspirou surpreso e ela sorriu.

– Anjos? Como no céu? – Perguntou virando o rostinho para olhá-la.

– Sim, como no céu. Seus pais estão sob os cuidados dos anjos agora. Era a melhor chance deles, ou ficariam aqui conosco, sofrendo… Porém, lá eles estão felizes! Há festas todos os dias e eles dançam, celebram a nova vida, o novo mundo, se juntam às estrelas para contar histórias e olhar por nós. – George sorria e eu também.

– Eu posso ver eles?

– Não, mas eles podem te ver! Estão longe demais para que nossos olhos alcancem, porém, eles têm a visão melhor do que a nossa e nos observam. Eles também ganharam asas, como os anjos. – Outro suspiro de meu sobrinho.

– Mas eu queria ver… – Seus olhos transbordavam. – Dói aqui. – Colocou a mão sobre o peito. Emma acariciou a região e deu um beijo em seguida.

– Dói, dói muito, mas eles não desejam que doa, porque eles estão tão felizes. Os meus pais estão lá também e agora são amigos. Um dia todos nós iremos nos juntar.

– Mesmo?

– Mas é claro! Por isso você não deve ficar triste. Agora eles são estrelas que olham por ti, te zelam de longe e desejam vê-lo sorrindo. – Um sorriso casto se formou no rosto de George.

– Quem vai cuidar de mim? – Perguntou e a loira me olhou, me dirigindo um sorriso cúmplice.

– Seus avós e a tia Regina, eles farão tudo por você. – Sorri e me aproximei, envolvendo o braço ao redor dos dois, ele deitou a cabeça em meu peito.

– E você? – Olhou para Emma com uma ansiedade estampada em seus olhinhos.

– Eu? – Ela pareceu surpresa, eu também. – Vou estar aqui, vamos cuidar de você. – Sua resposta me arrebatou e eu fechei os olhos, não contendo meu choro baixinho.

– Não, Zina! – George notou, virando-se para mim. – Olha – Apontou para o céu, mostrando-me duas estrelas lado a lado. – Eles estão lá, você não pode ficar triste. – Soltou um riso baixo.

Emma havia conduzido a situação de maneira surpreendente, George estava sorrindo, feliz pelos pais e não havia mais dor em seu olhar, parecia novamente uma criança sonhadora.

– Você está certo, não vamos chorar. – Beijei sua bochecha e Emma espelhou o gesto, beijando meus cabelos.

A noite transcorreu demasiadamente gostosa, ficamos conversando até tarde na varanda enquanto George brincava com os instrumentos de Emma, ele apaixonou-se pelo piano e fora difícil tirá-lo de lá. Infelizmente precisávamos ir para casa, desejava tanto ficar, porém, tinha que entregar o garoto para minha mãe e não queria que ela se alongasse em suas perguntas.

O relógio marcava nove da noite quando chegamos, George dormia um sono profundo, nós o olhamos e depois nos dirigimos alguns sorrisos. Eu estava tão grata.

– Obrigada por hoje, foi incrível.

– Não me agradeça, meu bem. Foi maravilhoso para mim. – Ela soltou seu cinto e fez o mesmo com o meu, aproximando-se o suficiente para tocar meus lábios num selar demorado.

– Ainda não acredito que você resolveu a situação com meu sobrinho, aquilo foi fora do comum, Emma. Eu não esperava. – Disse sincera e ela abriu mais seu sorriso, acariciando meus cabelos.

– Confesso que também não, mas algumas coisas simplesmente fluem. Aprendi isso com vocês. – Outro selar. Não resisti e passei a ponta da língua entre seus lábios, os lambendo com calma, pedindo passagem para prová-la. Ela cedeu e nossas línguas se encontraram, não havia agressividade, soava mais como um carinho lento e sutil, prazeroso e verdadeiro. Interrompi o beijo com uma mordida em seu lábio inferior, o puxei com calma e soltei, suspirando ao final.

– Preciso ir…

– Tudo bem, vamos lá. Eu te ajudo.

Descemos e eu peguei a bolsa, ela tomou George nos braços e me entregou sua pelúcia. Caminhamos até a porta e Granny veio ao nosso encontro, ajudando-nos com o garoto.

– Posso levá-lo para o quarto. – Sorriu para a senhora que concordou e a conduziu. Antes que eu pudesse segui-los, ouvi a campainha tocar, estranhei tal fato e voltei para abrir a porta, encontrando Cora.

– Mãe? – Perguntei surpresa e olhei a hora em meu celular. – Não combinamos às dez?

– Também estou feliz em te ver, Regina. – Riu e se aproximou para beijar meu rosto. – Eu estava numa colega, então decidi vir direto para cá.

– Oh sim, tudo bem. – Eu estava desconcertada, ela não tinha conhecimento sobre Emma, mas ainda assim, não sabia como reagir àquela situação.

– Onde está meu neto? – Perguntou enquanto colocava a bolsa sobre o sofá.

– Ele já está dormindo, provavelmente o levará assim. – Nós sorrimos, George tinha um sono pesado.

– Regi! Me ajuda aqui. – Emma gargalhava e corria, virou-se antes de descer a escada para tomar George nos braços. Ele a agarrou apertado, ambos riam.

– Peguei, peguei, peguei, peguei! – Ele vibrava em seu colo.

– Garoto? Você já estava dormindo! – Finalmente nos notou enquanto descia acompanhada por Granny que vinha logo atrás.

Olhei para minha mãe e ela fitava Emma com curiosidade, a loira pareceu confusa e George não tirava os olhos dela, cutucando-a e mexendo em seus cabelos, babando em sua bochecha.

– Então essa é sua amiga? – Perguntou minha mãe sorridente.

– Sim. Emma Swan. – Sorri tentando lhe passar alguma confiança e ela espelhou o gesto. Colocou George no chão e ele correu para Cora, abraçando suas pernas, ela acariciou seus cabelos e voltou a fitar Emma que se aproximava. A loira beijou-lhe o rosto e se apresentou.

– É um prazer, Emma. Regina raramente me apresenta alguma amiga. – Olhou-me e eu rolei os olhos. – Você é muito bonita.

– Obrigada, Cora. Você também, agora compreendo os traços bem feitos de Regina. – Foi inevitável não sorrir ao ouvi-la. Minha mãe parecia analisá-la demais, o que estava me intrigando.

– Vovó! – George chamou-a.

– Oi, amor. – Inclinou-se na direção do garoto.

– Sabia que agora o papa é uma estrela? Um anjo! Mama também. – Cora me olhou como se tentasse compreender e voltou a fitar a criança.

– É mesmo? E o que você acha disso?

– Dói aqui. – Apontou para o coração. – Mas eu posso ver eles no céu e eles podem me ver melhor ainda! – Soou animado. Olhei para Emma e pisquei um dos olhos, ela alargou seu sorriso. – Um dia vamos encontrar eles e vai ter uma festa, por enquanto vocês vão cuidar de mim. Vovó, vovô, Zina e Emy! Não é? – Olhou para Emma esperando que ela confirmasse.

– Mas é claro que sim, garotão. Vamos cuidar de ti até que todos possamos ser estrelas. – Ela abaixou-se para beijar-lhe a testa e ele pulou em seus braços, apertando-a. Eu sentia como se fosse derreter-me a qualquer momento.

– Vai dormir aqui? – Perguntou e ela balançou a cabeça negativamente.

– Não, criança. E nem você, tem que voltar com sua avó, mas marcamos outro dia para nos divertirmos, está bem? – Ele apenas concordou e beijou-lhe a bochecha.

– Isso foi incrível, Regina… A forma com que George aceitou a morte dos pais. – Os olhos de Cora estavam marejados, eu sorri triste e ela passou um dos braços ao redor de minha cintura e eu a apertei contra mim.

Granny se aproximou, levando George para trocar de roupa e pegar sua pequena mala e seu novo amigo, Tant.

Emma nos olhou e sorriu sem jeito, parecia estar envergonhada.

– Eu sinto muito, não queria me meter na forma com que iam conversar com ele, mas – Antes que ela pudesse terminar, Cora surpreendeu-me e a envolveu num abraço casto, mas era muito para alguém como mamaẽ. Emma correspondeu e lhe afagou as costas carinhosamente.

– Obrigada, Emma. Você nos tirou um peso e ele parece tão feliz. – Sorriu sinceramente e eu me aproximei, tocando seu ombro.

– E-eu – Gaguejou e antes de formular uma frase, a porta se abriu, chamando nossa atenção.

Meu estômago se contraiu em desespero ao deparar-me com Robin e suas malas, ainda não era dia dele voltar, muito menos para nossa casa. Fitei Cora, ela sorria para seu genro, alheia aos últimos acontecimentos, já Emma me olhava com preocupação e a minha vontade era de deitar e dormir naquele momento. Ele levantou os olhos das malas e nos encontrou, seu espanto fora evidente.

– O que está acontecendo aqui? – Sua voz saiu exaltada.

– O que está fazendo aqui? – Perguntei tomando a frente.

– O que eu estaria fazendo na minha casa, Regina? – Afrontou-me com seu sorriso idiota.

– Nossa casa, porém, não era hora de voltar ainda, não? Ficou de me avisar para que eu fosse para um hotel ou o contrário. – Senti a mão de minha mãe em meu ombro.

– Regina? – Ela estava confusa, mas não seria possível explicar naquele momento.

Robin entrou a passos largos, caminhando furiosamente até Emma que não recuou e invadiu seu espaço pessoal, fitando seus olhos com um sorriso desafiador em seus lábios. Lá estava a loira que eu conhecera no início de toda aquela história.

– Vai latir? – Ele perguntou, me causando uma fúria absurda. Ela aproximou-se mais e tomou seu queixo com uma das mãos, aproximou os lábios de seu ouvido e sussurrou algo que eu não pude compreender, mas que o tirou do sério.

Ele avançou sobre ela e eu me coloquei entre os dois, Emma bufou como se fosse esganá-lo a qualquer momento, eu podia sentir sua respiração descompassada atrás de mim.

– Eu não tenho intenção alguma de iniciar uma briga, em respeito a sua casa e a sua família, Regina. Mas se ele aumentar o tom de voz outra vez contigo, eu vou arrebentar esse nariz! – Ela falava sério, sua voz estava rouca, enfurecida. Robin tentou avançar e eu apoiei apoiei a mão em seu peito, a essa altura eu não tinha visão de minha mãe, mas provavelmente ela estava extremamente confusa.

– Parem! – Ouvi a voz dela preencher a sala, roubando a atenção de todos. – Não sei o que está acontecendo aqui, mas não é a maneira certa de resolver. Parecem moleques inconsequentes! Emma você é uma dama, se contenha. – Não disse num tom ofensivo, mas com extremo cuidado.

Robin deu alguns passos para trás e alisou os cabelos como fazia quando estava nervoso. Emma também se afastou, mas não desviou os olhos dele. Continuei onde estava, apoiei uma das mãos na cintura e suspirei profundamente, sentindo de repente minha cabeça latejar.

– A quanto tempo? – Robin perguntou encarando-me, senti um nó se formar em minha garganta, não queria que aquela conversasse fluísse de tal forma.

– Desde o dia em que nos conhecemos. – Não titubiei. Realmente, o que eu tinha com Emma se estendia desde o momento em que nos cruzamos pela primeira vez, pude ver um sorriso querendo nascer em seu rosto, mas ela o conteve. Robin resmungou algo que não compreendi.

– Tem certeza que é isso que quer? – Apontou para Emma com desdém.

– Como nunca quis em minha vida, Robin. – Confessei. Havia dor em seus olhos, mas eu nada poderia fazer.

– Caralho, Regina! Eu te amo! – Ele se aproximou, segurando meus ombros. – Sou seu marido, nós temos uma vida.

– Não pensou nisso quando desejou uma amante!

– Então é por isso?! Mas que droga, foi um erro. Fui um completo idiota, mas eu te amo. – Seu tom não denotava mentira, mas eu não poderia mentir para ele, tampouco para mim e Emma.

– Mas eu não o amo. Nós não estamos mais juntos, não devo nada à você. Quero o divórcio, a separação permanente. Por favor, faça isso por mim. – Pedi com sinceridade e ele soltou-me. Olhou para Emma e negou num menear de cabeça, pegou suas malas e saiu batendo a porta.

Soltei a respiração que prendera, depois de um dia tão maravilhoso não desejava um embate como aquele. A loira se aproximou, envolvendo os braços ao redor de minha cintura e eu a abracei, escondendo a face na curva de seu pescoço como adorava fazer. Por alguns instantes esqueci-me da presença de Cora. – Eu acho que devo saber o que acabou de acontecer aqui. – Emma me soltou e eu pude ver Cora se sentando, indicando o sofá para nós. A loira fez menção de sentar, mas segurei uma de suas mãos, impedindo-a.

– Não, Swan. Converso com minha mãe, está tarde, é melhor você ir. – Não era um assunto do qual Emma precisava tratar, Cora era minha mãe e eu adulta o suficiente para resolver meus problemas sem deixá-la numa saia justa.

– Não há problema, também faço parte disso. – Insistiu.

– Sei que sim, mas não há necessidade. – Eu tinha consciência de que meu tom havia mudado, mas não conseguia evitar.

– Eu insisto, Regina.

– Vá embora, Emma! – Alterei-me e pude ver seus olhos se tornarem furiosos. Merda!

– Está bem. – Olhou para Cora e sorriu. – Foi um prazer, Senhora Mills e me perdoe pelo ocorrido.

– Não se preocupe, Emma. Espero vê-la novamente.

– Diga a George que deixei um beijo. – Mal me olhou e saiu, encostando a porta.

– Sério Regina? – Perguntou Cora.

– O quê?

– Não perdeu a mania de descontar suas frustrações nas pessoas?

Aquela perguntou me atingiu em cheio, eu estava furiosa com Robin e descontando no motivo de toda minha felicidade e melhora. Eu era uma completa idiota. Levei uma das mãos à testa e arfei, irritada comigo mesma.

Caminhei até a porta e saí pela mesma, torcendo para encontrar o carro de Emma ainda ali e por sorte, lá estava ela. Notei que falava ao celular, alheia a minha presença, encostada em sua porta. Me aproximei sem ter intenção de atrapalhá-la e foi inevitável não prestar atenção em sua conversa.

 

Emma Swan.

Saí às pressas da casa de Regina, a forma rude com a qual ela falara comigo me incomodou, não esperava tal atitude. Todos tínhamos culpa naquela situação, mas não havia motivo para isso. Talvez, tivesse apenas se perdido entre tantos sentimentos, toda combustão somada ao estresse, mas ainda assim, não era justificável. Depois de termos compartilhado tantos momentos, eu estava com raiva.

Cora se mostrara uma mulher simpática e também desconfiada, mas não a julgava por isso, se tratava de sua filha. O que mais me frustrava era não ter visto George para me despedir. Antes de entrar no carro ouvi meu celular tocar, encostei-me no mesmo e o atendi ao ver o nome de Ariel, uma cliente com a qual eu saía raramente, ela morava no Canadá, portanto nos encontrávamos em suas viagens para Nova York.

– Carmen. – Disse ao atender.

– Que saudade de sua voz, loira! Ariel. – Identificou-se, mas eu já possuía seu contato.

– Ei, Ariel! – Fingi empolgação. – Como vai minha sereia preferida, hm?

– Cheia de saudades. – Ela sussurrou e eu sorri, balançando a cabeça negativamente.

– Está por aqui?

– Ainda não, mas chegarei amanhã à noite. Quero você, Carmen. – Sua voz soara manhosa.

– Me terá por quanto tempo quiser, ruiva.

– Esteja preparada para mim. Mandarei o endereço do hotel. Leve a maleta prata, te quero de todas as formas. – Um frisson correu minha espinha, fazendo-me arrepiar-se brevemente. Eu costumava ter um tesão absurdo em Ariel, mas naquele momento sequer me sentia empolgada, porém, pensar na possibilidade de ter jogos me instigava.

– Convenhamos, a senhorita quem terá de se preparar. – Ri baixo e ouvi um pigarrear atrás de mim. Virei-me para encontrar os olhos raivosos de Regina. – Nos vemos amanhã, beijos. – Encerrei a ligação.

– Não queria atrapalhar. – Ela parecia incomodada.

– Não atrapalhou. – Dei de ombros e abri a porta do carro. – Bem, eu já vou indo.

– Qual o motivo de tanta pressa?

– Pensei que tivesse me mandado embora há alguns minutos atrás. – Ironizei.

– De fato. Parece que é boa em obedecer. – Provocou-me.

– Sou boa em mandar e creio que possa se lembrar disso. – Sorri torto ao vê-la ficar desconcertada.

– Que seja. Boa noite, Swan. – Saiu a passos apressados de volta para sua casa.

Por alguns instantes pensei que ela fosse me pedir desculpas, mas não ocorreu. Ela havia ficado enciumada, talvez tivesse ouvido parte de minha conversa com Ariel e isso me afetava, não desejava causar-lhe tal sentimento. Não desejava causar-lhe nada que não fosse bom, mas naquele momento eu estava chateada e não me importava com isso.

Entrei no carro e respirei profundamente, não aguentava mais tantas nuances, altos e baixos, aquilo me maltratava de uma forma inexplicável. Liguei o som na tentativa de ocupar minha mente e saí pisando fundo no acelerador.

 

Lucky Ones – Lana Del Rey

Let's get out of this town, baby we're on fire.

(Vamos sair desta cidade, baby, nós estamos pegando fogo)

Everyone around here seems to be going down, down, down.

(Todo mundo aqui quer fugir, fugir, fugir)

If you stick with me, I can take you higher and higher.

(Se você ficar comigo eu posso te levar mais e mais alto)

It feels like all of our friends are lost.

(Parece que todos os nossos amigos estão perdidos)

Nobody's found, found, found.

(Ninguém os encontra, encontra, encontra)

 

O som me invadia, atordoando meus pensamentos, até quando eu a encontraria em todas as canções? A música vivia em mim, aquela cantora sempre agregou toda intensidade que eu imaginei sentir, seu espírito se assemelhava ao meu, que mero engano. Agora eu fazia ideia da profundidade de suas letras, de cada frase proferida com tamanha dor e amor. Amor? É como chamam, não? Meu peito mergulhava numa dor profunda, arrependimento mútuo. Talvez ela quisesse se desculpar. Talvez tenha tentado e eu a tenha cortado dizendo que iria partir. Talvez, talvez, talvez. Incerteza maldita.

Não queria estar distante, a queria perto, tão perto. Meu desejo era levá-la para o mais alto, para o topo do turbilhão de sensações. Desejava lhe dar asas para que voasse e descobrisse o prazer da liberdade ao meu lado. Queria ser eu a apresentá-la ao mundo, a fugir, fugir de tudo e todos para o extremo, onde seríamos nós e tudo que sentíamos. Talvez lá pudéssemos compreender e expressar. Transbordar.

 

I got so scared, I thought no one could save me.

(Eu fiquei tão assustada, pensei que ninguém poderia me salvar)

You came along, scoped me up like a baby

(Você veio e me pegou como um bebê)

 

Eu não imaginava que alguém pudesse me tocar tão profundamente, não era de minha vontade que acontecesse, mas ocorrera e fora da forma mais arrebatadora possível. Já não tinha certeza de quem eu era e do que fazia. Regina Mills vivia em mim.

 

Every now and then the stars align,

(De vez em quando as estrelas se alinham)

boy and girl meet by the great design.

(o rapaz e a moça se conheceram dessa forma)

Could it be that you and me are the lucky ones?

(Será que você e eu somos os sortudos?)

Everybody told me love was blind,

(Todo mundo me disse que o amor cega)

then I saw your face and you blew my mind.

(então eu vi seu rosto e você fundiu minha mente)

Finally, you and me are the lucky ones this time.

(Finalmente, você e eu somos os sortudos desta vez)

 

Encontrei nas mais variadas formas de arte, o amor. Cantei este sentimento por toda minha vida. Li histórias, assisti filmes e ele sempre fora retratado da mesma forma, como algo sublime, calmo e também devastador. Como uma graça concedida aos seus amantes. Seria isso? Seríamos nós as sortudas da vez? Sorte, ironia chamar de sorte algo que nos afunda. Porém, se eu pudesse escolher, talvez não desse outro rumo à minha vida. Uma vez provada a sensação de voar, não desejava abandonar as asas.

 

Boy get into my car, got a bad desire.

(Garoto entre em meu carro, tenho um desejo malvado)

You know that we'll never leave if we don't get out, now, now.

(Você sabe que nunca vai se mandar se não sair agora, agora)

You're a careless con, and you're a crazy liar,

(Você é um descuidado do contra e um mentiroso louco)

but baby, nobody can compare to the way you get down, down, down.

(mas querido, ninguém se compara à maneira com que você faz)

 

O que eu sentia estava além do desejo insano, ele era apenas um detalhe intenso que também me corroía. Nunca desejei tão profundamente estar com alguém, fundir os corpos e inundar-se num gozo que não se limitava ao ato sexual, mas se estendia à alma. Regina era a luxúria e sequer sabia. A vontade de destruí-la era imensa, como desejava tê-la se submetendo à mim... Pude sentir um sorriso maldoso moldar meus lábios, estava imaginando-a como uma cadela obediente aos meus comandos, na forma como sua pele oliva deveria ficar bela riscada de vermelho, sua bunda fodidamente gostosa com as marcas de uma punição que mais se assemelhava a um profundo orgasmo. Era isso. Eu precisava extravasar toda carga que havia em mim, Regina também. Era hora dela conhecer mais uma de minhas faces. Eu a faria ceder e sucumbir. Render-se ao mais profano dos sentimentos.

 

It feels like falling in love for the first time.

(Parece que você está se apaixonando pela primeira vez)

Finally, you and me are the lucky ones this time.

(Finalmente, você eu somos os sortudos da vez)

 

 Robin Locksley.

Eu me sentia culpado, não havia como negar, Regina não tinha culpa em nada do que havia acontecido. O que poderia fazer se encontrou nos braços de outra algo que não consegui lhe dar em dezesseis anos? Doía tão profundamente e eu desconhecia o tamanho de tal dor. Durante minha viagem, permaneci com a certeza de que quando voltasse, tudo estaria como antes, que o tempo seria bom para aplacar a chateação que eu havia causado. Mas não, o tempo apenas tirou-a de mim e provou o quão idiota eu era.

Não conseguia ter nenhum sentimento positivo em relação a Carmen, não podia culpá-la também, mas se eu não a tivesse contratado, nada disso teria ocorrido. Porém, eu a contratei, eu, novamente o “eu” se fazia presente. A fúria fora imediata e se não tivéssemos sido interrompidos por minha sogra, não sei o que teria feito. Após sair de lá, corri até a casa de Ingrid, que me recebera sem expressar surpresa alguma. Ela sabia. Além de saber, conhecia Carmen e a amava. Mais fodido eu não poderia estar.

– Não há culpados, Robin. Não se torture dessa forma. – Ela me fitava profundamente, acariciando a costa de minha mão.

– Não importa. Eu a perdi, Ingrid! – Meus olhos desejavam explodir em lágrimas, mas não o faria.

– Perdeu… – Suspirou e apoiou o queixo em meu braço, olhando-me.

– Vou conquistá-la novamente. – Talvez eu pudesse, foram muitos anos, uma vida inteira.

– Não tente, meu irmão. Não quero magoá-lo, mas eu pude ver o que está acontecendo e você não vai querer se ferir mais, tampouco machucar Regina novamente. Deixe que ela seja feliz.

– Você acha que elas se amam?

– Sim, mas não sabem disso ainda. Vá por mim, não esteja no meio disso. Aceite que acabou, siga sua vida. Tem uma empresa para comandar e tantas mulheres para conhecer. – Seu sorriso se assemelhava ao de nossa mãe, eu amava Ingrid e a ouvia, ela tinha razão. Era incontestável.

– Que ela seja feliz então. – Suspirei profundamente.

Regina era uma mulher incrível e eu aquele que não fora capaz de valorizar suas infindas qualidades. Mesmo com a dor profunda de perdê-la, desejava que aquela prostituta a proporcionasse o que não fui capaz.

Ingrid me convidou a passar um tempo com ela até que escolhesse outro lugar para ficar. No dia seguinte eu mesmo daria entrada no divórcio e marcaria para resolvermos a partilha de nossos bens.

...

 

A noite fora longa para ambos corações, cada qual com seu anseio, sua dor e tormento. Corpos que sequer conseguiam descansar, inertes em tantas questões, dúvidas que necessitavam ser sanadas. Uma madrugada recheada de incertezas.

Emma não conseguiria repousar até falar com Regina. Estava tão certa do que desejava e teria. Se não fosse do agrado da morena, não o faria, mas a levaria a render-se e mergulhar no mundo da submissão. Ansiava por mostrar-lhe mais um pouco da vastidão do mundo que carregava dentro de si. Discou o número de seu celular e aguardou ansiosamente que ela atendesse.

Do outro lado, Regina estava inquieta na cama, se ao menos tivesse George para lhe fazer companhia… Pensava na conversa que tivera com Cora e para sua surpresa, não fora julgada ou apontada. Recebeu afago, um abraço que amenizou toda sua confusão e teve o apoio de sua mãe, que lhe prometera estar com ela independente do que viesse acontecer. A mais velha não gostara do fato de Emma ser uma profissional do sexo, isso fugia de sua alçada de entendimento, mas não faria disso um problema na frente da filha, apenas temia que ela se machucasse. Gostava de Robin, Regina sempre se mostrara satisfeita com o casamento, mas não questionaria. Depois da morte de David, passou a aceitar mais os fatos e dedicar-se mais à sua família. Afinal, a vida prega peças que não nos dão chance de resposta.

A morena saltou na cama ao ouvir seu celular vibrar sobre o criado-mudo e atendeu prontamente, receosa de que algo tivesse ocorrido, sequer olhando o nome que piscava no visor do aparelho.

– Mills. – Disse rouca, a voz embargada pela madrugada mal dormida.

– Regina… – Emma sussurrou do outro lado, mordendo o lábio inferior.

– Emma? – Perguntou surpresa.

– Quero vê-la amanhã.

– Não estou disposta. – De início amolecera ao ouvir a voz da loira, mas no segundo seguinte lembrou-se da conversa que ouvira. – Não pretendo ser aperitivo para o que vai fazer com sua ruiva depois. – Sua voz denotava tamanha sensualidade aos ouvidos de Emma, nunca a vira com ciúmes, devia estar com aquele olhar lascivo que tanto a enlouquecia.

– Não, meu bem. Você será a sobremesa. – Implicou-a. Não iria ao encontro de Ariel, não desejava possuir outro corpo que não fosse o da latina, mas ela não precisava saber daquilo, não naquele momento.

– Poupe-me, Swan! – Exaltou-se, sentindo o corpo fervilhar de raiva, visualizando Emma nos braços de outra.

– Passarei te pegar às dez da noite, esteja pronta e não se atrase.

– Não vou a lugar algum com você. – Insistiu em recusar.

– Irá, por bem ou mal e  não se arrependerá. – Um silêncio se estendeu por alguns minutos. – Regina? Acabarei com você. – Finalizou a ligação, deixando uma morena ofegante e ansiosa para a noite seguinte.

Não tinha ideia dos planos de Emma, por mais que tivesse se negado, sabia que iria e seria por vontade própria. Seu corpo ansiava e sua mente reproduzia o tom ameaçador da voz de Swan, a fazendo sucumbir entre os lençóis, desejando um alívio rápido para seu corpo em brasas.


Notas Finais


Temos Robin fora de campo, já podem comemorar!
Confesso que me emocionei escrevendo a cena de Emma com George na sacada ):
E então, ansiosas para o próximo? Teremos um lado de Swan que desejo muito que conheçam, é também um lado da autora que vos fala. Espero que possam apreciar. Pŕoximo capítulo apenas interação swan queen e que interação! aaaa
Convido vocês a lerem minha nova fanfic: Comely.


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