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História Shades of purple and blue - Capítulo Único


Escrita por: osakaprincess

Notas do Autor


Boa noite ♡ Como estão? Trouxe uma Yuten comigo ;w;
Esta fanfic foi inspirada tanto na história de Jekyll e Hyde como na atuação maravilhosa do Ten em Hit The Stage. Foi escrita num ímpeto e tenho que admitir que superou as minhas expectativas. Espero sinceramente que gostem. Boa leitura ♡

p.s: Lembrem-se que isto é ficção e um universo alternativo. De maneira alguma apoio uma relação abusiva ou qualquer tipo de violência referida abaixo. (Senti necessidade de deixar isto bem claro antes que algo aconteça posteriormente, como já vi acontecer em muitos outros casos)
p.s.s: A capa não é de minha autoria!

Capítulo 1 - Capítulo Único


 

Ten acordou no meio de uma confusão de lençóis. Sentou-se no colchão. Estava puramente nu, com um fino lençol a cobrir as suas partes íntimas. Pegou no maço de tabaco na mesa-de-cabeceira e acendeu um. O fumo revoluteou ao seu redor e o cheiro intoxicou o ar do quarto. Com o cigarro na mão esquerda, usou a outra para gentilmente acariciar os fios castanhos do rapaz adormecido ao seu lado. Sem parar com as suas ministrações, Ten admirava o seu parceiro com uma fascinação incomum, analisando cada detalhe do seu rosto. O seu olhar parou então nos hematomas hediondos no seu pescoço e ombros que se tingiam já de uma coloração roxa e azul e que detinham ainda vislumbres de sangue.

Terminou o seu primeiro cigarro e rapidamente acendeu outro.  

Cenas variadas repetiam-se na sua mente, como uma gravação infinita a que era obrigado a assistir. Cenas que desejava poder esquecer e apagar.

Pressionou as palmas das mãos contra a cabeça e sacolejou-a como se se quisesse desfazer das vozes que o atormentavam. Apercebeu-se que chorava e riu amargamente. Um riso desprovido de qualquer som e sabor. O cigarro que outrora estava entre os seus dedos jazia algures no chão, apagado e esquecido. Será que algum dia a sua dor teria fim?

As molas do colchão estalaram assim que o corpo inerte de Yuta se moveu. Ele grunhiu e abriu os olhos numa extrema lentidão. A mortalha que o cobria escorregou e revelou um torso mutilado, com marcas horrendas cravadas em cada pedaço de derme. Quando o seu olhar colidiu com o de Ten, a atmosfera tornou-se densa e compacta, silenciosa e fria. Como que em tom jocoso, a chuva derramava-se violentamente do lado de fora. Os orbes castanhos de Yuta dilataram-se. Ten encarava Yuta com amor e consolo no olhar. Queria esticar o braço e mimosear aqueles fios pardos e sedosos, afagar as bochechas pálidas e feridas, talvez beijar aqueles lábios pintados de sangue ressequido, mas foi incapaz de conter os ímpetos das garras invisíveis que estrangulavam o seu âmago. A sua mente fecha-se, como que coberta por um véu espesso que tudo esconde e nada deixa à vista. De súbito, Ten já não era Ten.

Yuta tenta falar mas dedos fortes circundam a sua garganta, sufocando-o, prevenindo-o de proferir qualquer palavra. Contudo, o seu olhar manteve-se preso a Ten, nunca o deixando apesar da frieza presente no olhar alheio. Yuta tomou as mãos no seu pescoço entre as suas e conseguiu, de alguma forma, emitir um sorriso quebrado. Ten fitou-o em descrença. Os seus dedos selados tentaram aplicar mais pressão naquela zona mas o seu domínio só se suavizou. Duas lágrimas solitárias desaguaram no rosto de Yuta.

- Porquê?

Yuta trouxe-o para perto de si. Envolveu-o nos seus braços assim que conseguiu sentar-se, a cabeça do parceiro repousava agora contra o seu peito, que em lágrimas já se desmoronava.

- Porque quer sejas Ten ou Thomas… amo-te independente de tudo.

Yuta reassegurou-o conforme sussurrava aquelas suas palavras entre maviosas blandícias sobre as costas de Ten, que se manteve silencioso durante todo o trajeto.

- Porquê… Porque não me deixas? Feri-te tantas vezes mas apesar disso continuas comigo.

- Sempre me disseram que nem sempre logras escolher a quem amar. Tens que abarcá-lo e foi o que fiz. Amo-te tanto como amo a Thomas porque sei que mesmo quando tens os teus dedos cercados em redor do meu pescoço e os teus olhos se tornam frígidos, ainda existe amor por detrás desses atos com significados ocultos. – Yuta murmurou, alto o suficiente para Ten o ouvir, embora a sua voz soe rouca.

- Eu não te mereço.

Ten desembaraçou-se do calor de Yuta e sentou-se na ponta da cama, ombros descaídos em derrota, face marcada por lágrimas mirradas.

Mas Yuta voltou a recebe-lo, contornou-lhe os ombros. Pele contra pele. Estigmas purpúreos e azuis contra vermelhos. A voz de Ten resplendia-se de remorso enquanto murmurejava incansáveis pedidos de desculpa. Yuta perpassou o seu dorso em levez toques com os seus dedos.

Após uma cadeia sem fim de apologias, adormeceram, eventualmente.

Talvez, ambos pensaram, talvez o dia seguinte lhes trouxesse normalidade – mesmo se o corpo de Yuta permanecesse cromatizado em tonalidades de roxo e azul; mesmo se o sangue de Yuta se conservasse tatuado nas mãos de Ten; mesmo se quando acordassem tudo o que mais desejassem se convertesse em cinzas e mentiras. 

 


Notas Finais


Comentários e opiniões são sempre bem vindos. Até à próxima ♡


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