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História Shadow - Supernatural Fanfic - Dani não é trabalho.


Escrita por: nameiswhite

Notas do Autor


Enfim, voltei! Eeeeeeeeh
Eu devo pedir mil desculpas por essa demora, mas vou me justificar. Entrei na faculdade e me embolei com várias coisas para fazer ao mesmo tempo. Mas não vou deixar essa fic, é uma promessa! Farei o possível para postar capítulos com mais rapidez.
E tenho uma novidade haha Criei um ask para que nós possamos nos comunicar com mais facilidade. Lá vocês podem tirar dúvidas sobre a fic e saber quando ela será atualizada. A gente pode bater um papo também kkk Vou deixar aqui o link na descrição da história.

Enfim, boa leitura ♥

Capítulo 16 - Dani não é trabalho.


St. George, Utah.

  Sam nunca se cansaria de pesquisar, mas o dia anterior foi o seu menos produtivo.
Anastácia era a mulher mais rica e influenciadora da cidade, mas ninguém sabia seus precedentes. O lugar nem mesmo teve indícios de bruxas na história.
 A única coisa que sabia era que estava entregando o destino de Danielle na mão de uma mulher com mais de 800 anos e que nunca se mostrou confiável.

 Passou a noite escutando os protestos do irmão contra essa iniciativa, mas Dani estava determinada.
 A discussão quase o fez não perceber o que havia acontecido naquele quarto de motel. Os lençóis e o colchão da cama de Dean estavam encharcados e o banheiro inundado. Sem contar no cabelo molhado de Dani que custou a secar.
 Sua tentativa de deixá-los sozinhos deu muito mais que certo.

Seguiram até o hotel de Anastácia na mais completa sintonia silenciosa.

  Dean não aprovava, mas não saiu de perto de Dani desde que saltaram do carro. Percebeu que se sentia enciumado pela atenção dela ter mudado de foco. Imaginou uma noite ao seu lado muito melhor do que gritos e agitação. Danielle estava completamente nervosa e nem sequer parecia recordar que tiveram uma boa - muito boa - e bela transa.

_ Ainda dá tempo de desistir. - falou, enquanto esperavam em frente ao escritório da mulher.

_ Não vou desistir, Dean. - ela sorriu, já acostumada com sua insistência.

_ Dani... Podemos encontrar outra maneira.

_ Por favor... - ela encostou a mão em seu peito, se aproximando e implorando para que ele a deixasse ter esperanças.

_ Tudo bem. - ele passou a mão em seus braços e se deu por vencido.

  Sam, que estava do outro lado da sala, sorriu ao ver os dois daquela maneira.
 Dani havia se tornado o mais novo alvo de proteção de Dean e ele sabia mais do que qualquer um como era ser protegido por ele.
  Aquela havia deixado de ser a guerra de Danielle e se tornado a luta constante de Dean para salvá-la.
  Quando Anastácia saiu de sua sala, os cumprimentando, ele se aproximou.

_ Que bom que veio. - sorriu para Dani.

_ Não digo o mesmo. - Dean murmurou.

_ E então... - Sam cruzou os braços, disposto a impedir que o irmão continuasse suas reclamações. - Como isso vai funcionar?

Anastácia ajeitou o vestido de grife colado sobre o corpo de forma formal.

_ Será necessário entrar na mente de Danielle para poder descobrir um ponto de partida.

Dani engoliu seco, visivelmente desgostosa.

_ Quer dizer ver as coisas que vejo? Minhas visões e pesadelos?

_ Sim, espero que não se importe.

Ela balançou a cabeça, negando, mas estava claro que a idéia a incomodava.

_ Vai haver algum dano, efeitos colaterais? - Dean perguntou pela primeira vez.

_ Pode haver, mas Danielle está passando por coisas muito piores. Acredito que não há nada que sua mente não aguente.

O silêncio pairou entre os quatro e Dani percebeu que esperavam sua iniciativa.

_ Como pode me garantir que não serei enganada?

_ Querida, quem está enrascada é você. - a bruxa sorriu. - Se não quer meus serviços, é só ir embora. Além do mais, já os ajudei muito para a miséria que vou ganhar.

_ Calma, Malévola. - Dean a interrompeu, intrigado. - Não me lembro de ter nos ajudado, muito menos de ter dito que cobraria.

A mulher riu sinicamente.

_ Arrumam confusão em um Cassino com o dono e acham que sairiam ilesos? Estariam atrás de vocês agora se não fosse por mim. - ela se pôs a caminhar até sua sala. - Mais do que justo eu ficar com o dinheiro que roubou.

_ Que venci!

_ Tanto faz. - a mulher se virou em um ato teatral, abrindo a porta de seu escritório e olhando para Dani. - Você vem?

Ela assentiu, respirando fundo. Virou-se para os irmãos e tentou mostrar coragem.

_ Eu prefiro ir sozinha.

_ Nem pensar. - Dean logo rebateu.

_ Dani, tem certeza? – Sammy, como sempre, foi mais paciente que o irmão.

_ Não, ela não tem. - continuou tentando tomar as decisões por ela.

_ Tenho... - mordeu o lábio, reprimindo sua vontade de desabafar sobre seus motivos. - Dean... Estarei aqui do lado, nada vai me acontecer.

_ Não, Dani. Não pode me pedir isso.

_ Eu posso. - tentou sorrir.- Não me faça ter que brigar com você.

 Ele segurou sua vontade de gritar, agarrar seu braço e dar um sermão sobre teimosia. Queria estar ao lado de Dani em todos os momentos, porque estaria garantindo sua proteção. Ser o herói e viver em prol do bem dos outros era o que ele fazia de melhor, principalmente quando se tratava de alguém como ela. Mas às vezes as coisas escorriam por entre os seus dedos e era nesses momentos que ele sentia o desespero se intensificar, pois não podia ser o autor das escolhas alheias. Como quando Sam o enfrentou para fazer os testes e acabar com o inferno.
 Todavia aquela era só a porta de um escritório, tecnicamente era muito mais tranquilo do que se purificar e exorcizar um demônio.

_ Tudo bem, mas se eu escutar qualquer grito ou coisa estranha entrarei naquela sala e você nunca mais vai fazer nada sozinha!

_ Ok. - ele conseguiu fazê-la gargalhar, assim como Sam.

Danielle se voltou para a bruxa, vendo-a se divertir com a proteção de Dean. Devia estar associando a tudo que viu na noite anterior, mas isso não vinha ao caso.

Quando ela entrou na sala, Sam descruzou os braços e debochou do irmão:

_ Não sei se falo da sua possessão ou de como Dani conseguiu o deixar de quatro.

_ Eu não estou de quatro. - ele agiu como se não soubesse o rumo daquela conversa.

_ Você se envolveu com o trabalho.

_ Foi você que nos deixou sozinhos! - Dean rebateu. - Além do mais, Dani não é trabalho.

_ Eu sei, ela é da família. - o mais novo concordou. - Só quero que esteja preparado para apoiá-la nas decisões que tomar.

_ Nada de mau vai acontecer a ela, Sam. - dizer aquelas palavras foi diferente de quando as dizia para si mesmo. Era mais fácil crer quando posto para fora.

_ Esse é o planejado.

(...)

 O hotel estava movimentado e dessa vez Sam sabia que não se tratava de ilusão.
  Ele perambulava pelos corredores enquanto Dean preferiu ficar de guarda na porta de Anastácia.
 Se perguntou se toda aquela gente teria feito um acordo com a bruxa. Se vêm para a cidade com esse intuito, ou se a persuasão acontece no momento em que são hospedados.  Era um grande capital sobrenatural e não tinha dúvidas que aquela mulher sabia fazer clientes.

 Ao voltar para o andar exclusivo de Anastácia, percebeu um corredor adjacente, diferente naquele onde costumava seguir. Era simples, decorado com fotos dos antigos presidentes. Levava a uma seleta biblioteca que, ao julgar pela chave na fechadura, era o canto particular de apenas uma pessoa.
 Era um lugar isolado, sem janelas e revestido por prateleiras até o teto. Havia muitos livros de feitiços, mas também clássicos da literatura. Eram poucos comparados a feitiçaria, mas era uma bela coleção.
 Sem dúvidas pertencente a Anastácia.

 Havia uma escrivaninha e, atrás, mais prateleiras. Pastas estavam distribuídas e não eram poucas. Tratava-se de acontecimentos e arquivos organizados pelo ano e ordem alfabética. Procurou por Danielle Shaw e seus parentes, depois os arquivos do ano em que nasceu, mas não havia nada.
  Um escrito "Rowena" lhe chamou atenção, mas só havia uma página dissertativa sobre sua expulsão do Gran Coven. Ela ficaria enfurecida de saber que só despertou a atenção de Anastácia uma vez.
 Olhava os outros a procura de algum sobre Sebastian, avô de Dani, quando achou um abreviado, diferente dos outros: "S.W"

 Abriu o arquivo, que também se tratava de uma dissertação, e percebeu que o nome do protagonista era abreviado até mesmo no decorrer do documento. Porém, o que realmente lhe surpreendeu, foi ler páginas e mais páginas sobre sua vida. Desde seu nascimento e o incidente com sua mãe, até recuperar sua alma. Além disso, havia tópicos falando sobre os testes para fechar o portão do inferno e a forma como Gadreel havia o reconstruído de dentro para fora. Tratava-se de sua vida nos mínimos detalhes e separada por feitiços que possivelmente recriaram o que Sam havia passado.

 “O quanto uma alma é capaz de suportar?” ,
dizia o tema da pesquisa sobre Sam Winchester.

  O vento que vinha do mar batia no rosto de Dani e ainda levava consigo pequenos grãos de areia. A maresia lhe acalmava e era quase como o céu estar naquele lugar.
 Em sua primeira viagem para a praia, ela e os pais se instalaram em Folly Beach, na Carolina do Norte.
 Em dois dias no lugar, Dani se divertia como nunca. Era uma criança diferente das outras, e estar sentada na areia com um livro sobre mitologia não a incomodava. Tinha apenas oito anos e muitos assuntos para discutir.

 Sua mãe deixou a revista que lia de lado e se sentou para poder lhe passar protetor novamente. Fazia isso a cada hora, fazendo o possível para não ter que passar uma noite desagradável devido ao sol.

_ O que você está lendo?

_ Um livro. - Dani deu de ombros, mostrando os dois dentes da frente que faltavam. - Mãe, qual mitologia você mais gosta?

 Claire pensou na pergunta. Danielle nunca lhe perguntou o porquê das coisas banais, como "por que o céu é azul" ou "por que meninas não brincam como os meninos". Quando tinha uma dúvida, recorria aos avôs ou a imensa biblioteca que possuíam. Naquela idade, ela já sabia de muito mais do que uma criança normal e isso a exauria do trabalho de mãe.
 Suas conversas eram sempre muito complexas e, se suas dúvidas não fossem saciadas, a pequena procurava alguém de maior conhecimento para ajudá-la. Era como se ser mãe de Danielle fosse mil vezes mais difícil do que qualquer outra criança.

_ Gosto muito da nórdica, - ela limpou as mãos na toalha de praia, prendendo o cabelo da filha logo em seguida. - mas prefiro a japonesa.

_ Há algum monstro marinho nela?

_ Sim... - Claire tentou se recordar. - Tem os Kappa.

_ E como eles são?

_ Eles têm cara de macaco e costas de tartaruga. - ficou feliz em ver que a filha se interessava por algo que ela soubesse. - As mãos têm membranas para nadar mais facilmente. Eles também têm uma depressão no topo da cabeça em forma de pires para que possam acumular água e conservar seus poderes. Alguns dizem que para matar um Kappa é só se reverenciar, é de sua natureza fazer o mesmo e, no ato, a água de sua cabeça acabaria caindo e com isso seus poderes seriam "escorridos".

_ Eles são maus?

_ Bom, a maioria dos contos relatam que sim.

_ E o que eles fazem?

Claire gargalhou, se apoiando nos cotovelos.

_ É muito violento para uma criança saber.

Danielle deu de ombros.

_ É uma história muito boa, mas ainda prefiro os monstros gregos.

_ É mesmo, qual o seu preferido?

_ Ainda não decidi. - ele folheou o livro, revelando algumas coisas para sua mãe. - Eu gosto do Kraken, mas esse livro me deixou confusa. Ele o mostra como duas outras criaturas.

A mulher pegou o livro da mão da filha, tentando entender sua frustração.

_ Esse é o Leviatã. - Dani voltou a falar, apontando para a figura. - Ele está no antigo testamento, no livro de Jó! A igreja começou a considerar sua existência na Idade Média.

_ "Em diversas descrições no Antigo Testamento ele é caracterizado sob diferentes formas, uma vez que funde-se com outros animais. Formas como a de dragão marinho, serpente e polvo, como o Kraken." - Claire leu.

_Sim! - Danielle respondeu com animação, voltando a passar as folhas do livro sobre o colo da mãe. - E esse é o Ceto.

_ Esse eu conheço, seu avô me contava a história de um monstro de duas faces. Uma divindade marinha que ao mesmo tempo possuía uma beleza colossal e que também era vista como um monstro abissal. - também se empolgou. - Já ouviu a história de como o Ceto foi morto?

_ Me conte, por favor. - Danielle bateu palmas em animação.

_ Em versão resumida, Ceto foi enviado por Poseidon para matar a rainha Andrômeda, mas foi morto por Perseu, que usou a cabeça da Medusa para petrificá-lo. - contou. - Eu entendo a confusão, mas o Ceto é um monstro diferente do Kraken, assim como o Leviatã que nem mesmo é grego ou nórdico.

_ Você acha que o Kraken pode ter existido, assim como o Megalodon? - os olhos dela brilhavam.

_ Meu amor, foi comprovado que o Megalodon existiu há milhares de anos, mas foi extinto como os dinossauros. O Kraken é apenas uma história para nos apavorar.

_ Mas ele pode estar escondido onde o homem ainda não explorou. Há tantas coisas no mar.

 Havia muita coisa sobre o mundo que Danielle não sabia e Claire preferia que continuasse dessa maneira. Era complicado explicar algo que existia, como vampiros ou lobisomens. Todavia, dissertar sobre algo que ela sabia ser impossível e que sua filha queria que fosse real, era como arrancar da criança a capacidade de sonhar.
  Claire não podia se dar ao luxo de deixar a filha ver as coisas do mundo como conto de fadas. Quando chegasse a hora, ela teria que encarar as coisas de frente e entender que lidar com criaturas sobrenaturais não é brincadeira.

_ Monstros não existem.

...

 Naquela mesma noite, da janela do hotel, Danielle observava o pai com os amigos nas docas.
 Conhecia alguns rostos, pois já haviam passado pela fazenda de seus avôs.

 Estava cansada de ser ignorada. Queria ter pelo menos uma boa viagem em família, mas desde que chegaram, seu pai só tem se concentrado em dar atenção aos problemas dos amigos. Algo relacionado a trabalho e que ela não podia ficar a par das coisas. 
  Ele permaneceu nas docas durante todo o final de semana, com poucas saídas para o auto mar.
 Observou-o entrar em um barco e mesmo de longe viu que estava dando ordens. Nunca entendeu o trabalho do pai, mas ele com certeza era um bom chefe.
  Depois que todos estavam em seus postos, deixaram as docas e seguiram para o mar.
Danielle pensava que o serviço do pai estava associado as catástrofes das colheitas da região, que fosse algo relacionado a exterminador de pragas, mas seus dias no mar só a intrigavam. Sabia que a mãe também não entendia, pois já havia escutado algumas conversas dos dois. A única coisa que pareceu fazer sentido foi quando ouviu seu pai dizer: "É do mar que elas vêm".

 Olhou para a mãe, se certificando de que ela estava em um bom sono. Pegou um casaco e foi até a porta no maior silêncio. Quando a fechou e se viu no corredor do hotel, soltou um suspiro de alívio.
 Correu por entre os corredores, evitando os adultos que podiam a impedir.
  A rua a noite não era tão movimentada quanto o dia, mas ela chamava atenção durante o curto caminho, provavelmente pelo seu tamanho. Atravessou perfeitamente na frente dos carros e seguiu para as docas. Ao contrário do que ela imaginava, não havia ninguém. 

 Se sentou no limite da madeira e observou o barco do pai mais longe.
        Os homens levantavam lampiões e lanternas, como se chamassem por algo. Outros lançavam redes na água. Uma pequena canoa com alguns dos pescadores se encontrava um pouco mais distante, mas também levantavam luzes.
   Ficou os observando por horas, na espera pelo pai.

 Depois de um extremo silêncio, o chão tremeu. Ao se recuperar do susto, Dani olhou para o mar e encontrou suas águas turbulentas, onde os homens de seu pai se agitavam ao longe.
  Um chiado estridente vinha ao longe e parecia se intensificar com o tempo. O barulho se misturava com os gritos dos homens, fazendo-a tapar os ouvidos.
 Quando viu o primeiro corpo cair no mar, se desesperou.
 Pensou em correr, mas temia pelo seu pai. Começou a gritar, tentando mostrar que estava ali para ajudar, mesmo não sendo capaz disso. Naquele momento, ela não conseguia nem ao menos pensar. Era como se milhares de vozes gritassem em sua cabeça e a fizesse perder a consciência.
 Deu um último grito, chamando a atenção de seu pai e do nada tudo ficou escuro.

 Sentiu seu corpo afundar em algo que a cercava, era o mar. Não escutava mais nenhum barulho, apenas a movimentação na água. Abriu os olhos e identificou os barcos e o que estava acontecendo. Tentou gritar, mas engoliu mais água.

Os homens não paravam de afundar, sendo puxados por sereias muito diferentes daquelas que as histórias mostravam. Elas eram grandes, extremamente horrendas e com caldas brancas. As cores de sua pele variavam de negro para completamente branco e seus cabelos iam do dourado ao verde.
 Quando uma delas notou sua presença, pode ver que seus dentes eram grandes e pontudos, contornados por uma boca escura, quase não tinham nariz, exceto por duas pequenas aberturas. Os olhos eram completamente negros e fundos.
 Todas pararam, como se a primeira tivesse se comunicado telepaticamente com as outras, e se voltaram para Danielle. Era uma visão turbulenta, os monstros a frente, o sangue se misturando a água e os homens indo para o fundo do mar.   

Danielle se desesperou e pela primeira vez percebeu que aquele era uma outra visão, pois sentiu uma mão a segurando e a voz de Anastácia dizendo:

_ Você precisa continuar.

Quando recuperou a consciência de sua visão, viu uma das sereias a sua frente, a estudando. Esperou que seus dentes cortassem sua garganta, mas nada fez.
  A expressão da sereia se suavizou e aos poucos seu corpo foi se transformando no de uma garota. A desconhecida segurou em sua mão, fazendo uma onda de calor a aquecer e mantê-la viva depois de engolir tanta água. Logo, uma série de fleches passaram pela mente de Danielle, como se o monstro estivesse lhe mostrando algo.

Primeiro um casamento aparentemente feliz e depois um noivo afogando a mulher em um rio. O corpo sendo levado para água e, do nada, revivendo. Uma aparição do homem com outra mulher no mar, desfrutando do dinheiro que tirou da falecida. Uma pancada violenta e homem afundando. Depois, apenas um corpo totalmente seco flutuando pela água.

“ A sereia está me mostrando sua vida” – Danielle pensou.

“Não sou uma sereia, sou uma Rusalka” – uma voz invadiu sua mente, se comunicando.

Dani se surpreendeu em poder falar com o monstro, mas era uma criança corajosa demais para se abater no momento.

“Você está os matando”

“Eles que nos perturbaram”

 O calor voltou a subir por seu braço, onde a Rusalka a segurava.

As visões voltaram e ela pode ver belas mulheres saindo de um rio e peregrinando até a cidade. Elas caminhavam pelas ruas e chamavam a atenção pela beleza, dançavam, cantavam, pulavam em árvores e adoravam crianças, principalmente do sexo masculino. Quando a noite caia, elas reuniam esses meninos perto da água, dançando e cantando para eles, os corpos começavam a secar enquanto a forma verdadeira das Rusalkas eram reveladas, quando todos estavam secos e praticamente pele e esqueleto, elas os levavam para o fundo do mar ou do rio.

“Nós só estávamos nos alimentando” – o monstro disse, recobrando a consciência de Danielle.

Um estrondo foi ouvido e algo explodiu no mar. Quando olhou para cima, viu uma agitação sobre a doca e o corpo de seu pai mergulhando. A Rusalka tentou avançar, assim como aquelas que não tinham sido pegas pela explosão, mas o pedido de Danielle as deteve.

“Não” – quando viu que ganhou sua atenção e que todas podiam entrar em sua mente, ela olhou para seu pai que nadava em sua direção e teve coragem para falar. –“ Deixei-os em paz, vocês podem encontrar alimento em outro lugar”

 Gritos finos ecoaram em sua mente como protestos, mas os rostos raivosos pareciam dispostos a obedecer.

“Faremos o que quer, mestre”

 

 

   Danielle abriu os olhos e levantou como se procurasse pelo ar que havia fugido de seus pulmões.
  Ela tossiu, expelindo a água que psicologicamente estava em seu corpo.
  A luz que entrava pela janela prejudicava sua visão, e ela sabia que aquele era mais um final de uma de suas sinistras visões.

 Quando se recuperou, olhou para trás sobre o divã em que estava deitada e observou Anastácia Newbold ponderar sobre o que acabará de acontecer.

_ Nunca tive essa visão antes. - sua voz ainda mostrava o preso do esforço.

_ Não é uma visão. - a mulher levantou, indo para sua mesa e se sentando em sua cadeira. - O que você acabou de ver foi uma lembrança.

  Era o que temia.
   No fundo, Dani sabia que havia familiaridade naquelas cenas, mas também enxergava o que significava a veracidade daqueles acontecimentos.
  Ela, de fato, era um monstro. Ou algo muito parecido, pois podia controlá-los! Foi assim com o lobo e depois com as ninfas do mar.

_ Como não me recordava delas antes?

_ Eu tenho um palpite, seus avôs. Anthony e Sebastian aprenderam muitos feitiços comigo, mas tinham uma curiosidade especial sobre aqueles referente à memória.

_ Está dizendo que minha família me roubou essas lembranças?

_ Era uma boa forma de te proteger... Mas não muito eficaz. - ela brincava com uma caneta em mãos. - Eu não fui tola de lhes dar meus melhores feitiços, todos eles haviam uma exceção.

_ Como assim?

_ O segredo de um bom feitiço é ser bom o bastante para não haver reversão. No caso de seus avôs, a partir do momento em que morriam, a utilidade de seus feitos sucumbiam junto a eles. É por isso que posso facilmente descobrir o que está escondido em sua mente. Suas lembranças não foram roubadas, Shaw, apenas guardadas e estão esperando o momento certo para voltarem e serem usadas.

  Danielle se levantou, ainda tentando assimilar tantas descobertas.

 Então ela era a vilã...
   Procurou os Winchester acreditando que eles podiam ajudar em quaisquer que fosse seu problema. Mas e agora? E agora que Danielle Shaw descobriu ser o problema?

 Ela não sabia o que fazer. Tinha consciência que devia se preocupar com as sombras em seu interior, mas o tempo com os irmãos realmente havia feito um processo de amadurecimento acontecer. Dani não pensava em qual seria seu fim. Apenas se importava com o que se tornaria para Sam e Dean depois dessa descoberta.

_ É reversível? - perguntou. - Quer dizer... Seja o que for que está acontecendo, eu posso ser normal novamente?

  Anastácia comprimiu os lábios e se atreveu a soltar um pequeno sorriso logo em seguida.

_ Eu preciso saber o que esta acontecendo para poder te responder. Porém, se quer minha opinião, eu não acho que um "novamente" se enquadra nessa questão. Esta enraizado demais para ter surgido após o seu nascimento. - ela olhou fixamente para a garota. - Você é algo... Algo tão grande que seria capaz de devastar o mundo. Você é um poder, eu posso senti-lo irradiando do seu corpo.

 Sentou-se, identificando o corpo pesar. A sensação era de desespero. Danielle podia se imaginar rasgando toda a sua carne e implorando para pertencer a um outro alguém... Implorando para ser outra pessoa.

 Fechou os olhos e escutou um baque destruir a porta e imaginou ser apenas algo de sua cabeça, mas alguém a abraçou, a carregando para o canto da sala.
  Quando percebeu do que se tratava, viu que era Dean que a escoltava e Sam apontava uma arma na direção da conjuradora.

_ Uma entrada muito primitiva. - Anastácia riu com desdém.

 Danielle não entendia o que estava acontecendo e lançava olhares em direção a Dean. Ele estava ciente de seus questionamentos, mas preferia que a garota descobrisse no decorrer da situação.

 Sam jogou o arquivo com o suas iniciais sobre a mesa e, ao ver do que se tratava, o sorriso da bruxa se desmanchou.

_ Esse era o seu interesse em nós, não é mesmo? - Sam gritou, ainda com a arma.

 Dani, inquieta, caminhou até a mesa a fim de olhar os papéis. Dean a acompanhou e a proteção excessiva incomodava.

_ Ela não se ofereceria para nos ajudar por boa vontade. - Dean falou enquanto a garota lia. - Qual era o seu plano? Ganhar nossa confiança e começar a usar Sam de cobaia para os seus experimentos?

_ Esse é um pensamento leviano, Winchester. - como se não houvesse uma arma apontada para si, ela se sentou não temendo as balas mata-bruxas. - O que aconteceu ao seu irmão foi algo tão extraordinário que mereceu ser registrado.

_ Dean também voltou dos mortos várias vezes e não há nada sobre ele. – Sammy disse.

_ Seu irmão tem um anjo como namorada, Samuel... Mexer com céu e inferno não é meu forte. - ela abriu um sorriso de entusiasmo. - Todavia, você... Mereceu uma exceção. Sua alma foi esfolada pelo próprio Diabo e está aí! Você está de pé mesmo depois de destruir o muro! Sam Winchester, você é magnífico.

 Todos ficaram em silêncio quando Danielle pôs os papeis sobre a mesa novamente. Ninguém prosseguiu com a conversa esperando que ela pudesse falar algo.
  De repente, algo que a conectava com Anastácia se desmanchou e Dani se viu exposta de uma forma brutal. Era quase como se não tivesse ciente de seus atos e em um segundo isso mudará. Ela olhou para Sam, sentindo a raiva por descobrir que podiam estar sendo enganados. O mais estranho, era que aquela era uma sensação familiar, ela possuía esses temores antes de conhecer a bruxa, mas não entendia como deixou de tê-los.

_ Então você está confirmando que ia nos usar? - disse, olhando para Anastácia.

 A bruxa se voltou para ela confiante, como se qualquer resposta que desse fosse a certa. E era.
 No momento em que fez contato visual com aquela mulher novamente, se perdeu no castanho de seus olhos. Eram tão escuros que podia jurar que eram vermelhos e, na mesma hora, se esqueceu de sua raiva.

_ Não... É óbvio que eu abordaria o assunto com Sam, mas essa não era minha prioridade. - Anastácia disse, fazendo com que aquela fosse uma verdade absoluta para Danielle.

 Sam percebeu que algo estava acontecendo, olhando para a amiga e tentando decifrá-la.

_ Dani, ela nos enganou.

_ A história dela faz sentido, Sam. Outras pessoas também devem ter curiosidade pelo o que aconteceu. – Danielle olhou para Dean, que também não entendia o ponto que chegaria. Respirou fundo. – Ela é a nossa única saída, não podemos jogar fora por o que pode ser apenas um estudo de bruxa.

 Sam concordou, abaixando a arma. Era óbvio que Anastácia era o limite e que precisavam dela. Era a única, em meses, que ofereceu alguma ajuda com uma esperança de vitória.

_ Queime. – mandou.

 A mulher sorriu, pegando os documentos e caminhando até a lareira.

_ Você só pode estar brincando. – Dean gritou, pegando a arma da mão do irmão e apontando na direção da mulher. – Está os hipnotizando?

_ Não estou fazendo nada, Winchester. – ela jogou a pasta nas chamas, se virando para Sam. – Satisfeito?

 Danielle foi até Dean, segurando sua mão e pedindo para que abaixasse a arma. Ele era o único que não concordava com a situação e não conseguia entender como os outros estavam a favor.
 Dani sabia que havia algo errado, mas era como se Anastácia fosse sua última esperança e que sem isso só restaria o vazio.  
 Sam a odiava e esse sentimento só borbulhava com mais intensidade, mas sentia o mesmo que a amiga. Algo o dizia que Dani não teria nada além daquela ajuda e que nem o temor pela sua própria vida era maior do que a vontade de ajudá-la.

 Dean se pôs a falar para confrontá-la, mas bastou Anastácia olhar em sua direção que um medo ardente tomou conta de seu coração.  Imaginou um mundo sem Danielle e nunca se sentiu tão sozinho, mesmo com a presença de Sam. Começou a crer que aquela mulher era sua única salvação.

_ Mais algum questionamento, Dean? – a conjuradora perguntou.

_ Nenhum.

(...)

 Danielle estava encostada no Impala. Ainda se sentia sem ar, mesmo não tendo se afogado de fato.  Estava sendo forte desde a confusão com a bruxa, mas nem aquilo foi capaz de fazê-la esquecer de sua visão.
  Olhava para os Winchester e temia pela vida dos dois, mas do que adianta temer se ela era a própria ameaça?
 Tentava pensar em uma solução, um motivo, mas todos os seus questionamentos a levavam para uma única resolução: aceitar que era um monstro. Mesmo não sabendo de que tipo, o porquê de ser capaz de controlar os outros ou como que isso aconteceu em sua vida, ela se considerava tão perigosa quando um.

 Escutou a porta do quarto se abrir e viu Dean caminhar em sua direção com um sorriso sacana no rosto, mostrando duas cervejas. Era felicidade que preenchia seu coração quando se recordava que tinha alguém como ele.
 Alguém como ele não, ele. Não havia nada mais único do que Dean Winchester ou o sentimento que despertava.
  Não conseguia aceitar que era uma ameaça para ele.

_ Uma cerveja pelos seus pensamentos. – Dean a abraçou, fazendo-a sentar na parte da frente do carro e se colocando entre suas pernas.

Danielle passou a mão em seu cabelo, em seguida no contorno do seu rosto. Por fim, o abraçou sem se importar com a velocidade perceptível de seus batimentos.
 Estava completamente desesperada com medo de perdê-lo.

 Com uma voz baixa, mas cheia de certeza, ela respondeu sua pergunta:

_ Você.  


Notas Finais


E ai? o que acharam?
Até o próximo capitulo hunters xoxo


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