História Shadow - Supernatural Fanfic - Esse é o nosso mandato

Lebanon, Kansas

Dean pôs sua mochila no banco de trás, enquanto Sam conferia as armas.
Ambos foram rápidos quando receberam a ligação tão inesperada. Nunca pensaram que, um dia, Danielle Shaw pediria ajuda. De qualquer maneira, eles deviam ser rápidos.

_ Acha que ela ainda está viva? - Sam perguntou, fechando o Impala.

_ É uma viagem de cinco horas até Sioux Falls, Sammy. - Dean caminhou até as escadas, na intenção de sair da garagem do bunker. - Agora, acredito que ainda esteja, mas talvez não possa dizer o mesmo quando chegarmos lá.

_ Ela era nossa responsabilidade e, mais uma vez, podemos perder alguém.

_ Ela era responsabilidade do nosso pai. - o mais velho deu uma última olhada para o irmão, antes de sair. - E nós também o perdemos.

◇

Dean escutava suas músicas e dirigia até Sioux Falls calado. Às vezes, se empolgava com a música e até cantava. Isso só fazia Sam ficar mais irritado.
Ele não conseguia ver o irmão agindo dessa maneira com alguém tão importante em perigo. Sammy sabia que ele se preocupava, só não via a necessidade de não demonstrar. Mas já devia estar acostumado, afinal, Dean sempre foi assim.

Lia as notícias de Sioux Falls na internet quando viu algo que lhes interessava. Abaixou o som, fazendo Dean prestar atenção.

_ Escuta... - começou a falar. - "Brian Watson é morto brutalmente em premiação. O publicitário e a namorada estavam presentes na premiação da empresa a qual fazem parte (Wox) e, segundo a polícia, Brian foi terrivelmente morto durante o evento. Não há suspeitos, mas a namorada está desaparecida. Devido ao sigilo da polícia, não há relatos de testemunhas."

_ E dai? - Dean deu de ombros. - Está arrumando um caso quando já estamos em um.

Sam revirou os olhos, pesquisando outra coisa.

_ Essa notícia acabou de ser postada e... - fez uma pausa, abrindo a imagem que desejava. - Essa foi a última foto que Brian postou em sua rede social, pouco antes do assassinato.

Dean observou a imagem com um certo espanto. Em parte por descobrir um pouco sobre o que teria que lidar. Outra, por vê-la depois de tantos anos. Danielle estava ao lado de Brian, exibindo sua roupa formal e como os anos foram generosos para ela. Estava linda. E diferente... Era o mesmo rostinho angelical que convencia apenas com um olhar, mas havia algo mais malicioso naqueles olhos. Além de estar loira.

_ Você devia prestar atenção na estrada. - Sammy falou, o tirando do transe.

_ Acha que ela assassinou o namorado?

_ Acha que ela teria nos ligado se tivesse culpa de algo?

Sioux Falls

Dean estacionou o Impala em frente ao prédio da garota, o qual só foi possível ser encontrado depois de Sammy ter rastreado a ligação.

_ Agentes do FBI ou amigos de longa data? - perguntou.

_ Ela acabou de presenciar um assassinato. - Sam desceu do carro, encarando a portaria. - FBI.

Os irmãos caminharam para dentro do prédio. O porteiro, que assistia a TV, desconhecia a chegada dos dois. Atrás dele, havia um painel de controle com as câmeras do primeiro andar.

Dean raspou a garganta, afim de chamar atenção do homem.

_ Ah, sim. - ele quase pulou da cadeira. - No que posso ajudar?

_ Agentes Barnes e Williams. - ambos os irmãos mostraram os distintivos falsos. - Estamos a procura de uma moradora, Danielle Shaw.

_ Senhorita Shaw? - o homem, muito miúdo e com os olhos fundo de garrafa, respondeu. - Ela saiu com o namorado e ainda não voltou.

Os irmãos se entreolharam, sabendo que havia algo por trás.

_ Então nós gostaríamos das chaves do apartamento dela. - Sam pediu.

_ Não posso dar as chaves do apartamento de um morador. - ele respondeu, ajeitando os óculos.

Dean passou a língua pelos lábios, já impaciente, apoiou os braços sobre a mesa e se aproximou mais do homem.

_ Talvez seu problema de visão não tenha te ajudado a ler nossos distintivos, mas somos agentes federais e temos todo dinheiro de entrar onde bem entendermos. - falou, tentando intimidá-lo.

_ Vocês não possuem um mandato.

O mais velho levou a mão a cintura, sacando a arma. Sentiu o braço de seu irmão, mas ergueu a arma para o porteiro do mesmo jeito, o assustando.

_ Esse é o nosso mandato!

O homem ficou em silêncio por um instante, se agachando para pegar as chaves.

_ Apartamento 57. - falou.

Dean pegou as chaves, segundo para as escadas.

_ Obrigado. - foi a única coisa que Sam conseguiu dizer antes de seguir o irmão. Por mais que tivessem conseguido, assustar o porteiro pode não ter sido uma boa ideia.

Os dois subiam as escadas o mais rápido que podiam. Estando tão perto, parecia que todo tempo era pouco.

Quando chegaram em frente ao apartamento, se surpreenderam com a porta arrombada.

_ Lembra o que eu disse sobre ela não estar mais viva quando chegarmos? - Dean tentou ironizar, mas estava apavorado.

Sam não deu ouvidos ao irmão, entrando no local com sua arma em mãos. O mais velho fez o mesmo, seguindo para o lado oposto ao que seu parceiro havia ido.
          O cheiro de podre já infestava o local e eles torciam para que não fosse Danielle, o que - tecnicamente - seria impossível dentro de apenas algumas horas.

Quando Dean chegou a sala de estar, pode ver o cachorro estraçalhado no lustre, jorrando sangue. Dani estava desmaiada perto de uma poltrona.

_ Encontrei! - gritou, indo em direção ao corpo da garota e a segurando nos braços.

Sam chegou no mesmo instante, se ajoelhando ao seu lado e tratando de ver se ela ainda estava viva.

_ Ela está suja de sangue? - o mais novo perguntou.

_ Acho que sim. - Dean respondeu. - Ela está viva?

_ Ao que parece, só está desmaiada. - Sammy se levantou, observando a frase na parede. - "Diga sim" ? Isso te parece familiar?

_ Não consigo pensar no que é familiar ou não com uma garota semi-acordada nos meus braços. - o Winchester mais velho parecia irritado. - O que vamos fazer?

_ Levá-la para o hospital.

_ Não é melhor esperarmos ela acordar?

_ Dean, ela presenciou um assassinato. Me surpreende a polícia não ter aparecido aqui. - Sammy tentou ser plausível. - Vamos levá-la para o hospital, cuidamos para que nada a aconteça e deixamos a polícia interrogá-la. Depois tomamos a frente.

_ Desde quando você dá as ordens?

_ Desde que você ficou nervoso demais para fazer isso. - ele lançou um olhar duvidoso na direção do irmão, o qual olhou para a garota em seus braços e tentou tomar coerência da situação.

_ Vamos para o hospital.

◇

Os Winchester desciam as escadas com a garota, que agora, estava no colo de Sammy para que o mais velho pudesse tomar a frente caso algo surgisse.
       Ela continuava desacordada e isso só os deixavam mais apreensivos. Depois de tantos anos nesse trabalho, perder alguém querido se tornou recorrente demais. Não queriam que isso de repetisse.

Dean caminhou até a portaria, sendo repreendido por Sam.

_ O que você está fazendo?

_ Saindo daqui? - respondeu, em um tom de ironia.

_ O porteiro disse que ela não havia chegado. Não acha isso, no mínimo, estranho? - tentou expressar seu ponto de vista em poucas palavras, mas sabia que teria que explicar mais. - Com câmeras de segurança espalhadas por todo o primeiro andar, como ele não a viu?

Dean considerou a ideia, seguindo com o irmão, estava prestes a falar algo quando alguém interrompeu seu monólogo de líder.

_ Sempre ouvi falar da sua fama, Winchester. - os irmãos olharam para a direção da voz. Era o porteiro, agora sem óculos e muito menos acanhado, ao lado dele, haviam dois policiais. - Mas parece que você é, realmente, mais inteligente que a porta do seu irmão.

_ O que você é? - o mais velho tomou a frente, pronto para fazer o que devia ter feito quando mostrou a arma para o homem.

_ Eu sou apenas um porteiro, mas preciso que entreguem a garota. - ele sorriu. - Vocês não são os únicos policiais que a procuram. Ah, quase me esqueci, vocês não são policiais. 

Sam correu o olhar por eles, segurando Danielle com mais firmeza. Quando olhou para o corredor que levava a portaria, pôde ver a pele gosmenta bem no meio do tapete de entrada.

_ Dean...

O irmão seguiu o seu olhar, pronto para tirar a arma com balas de prata de sua cintura.

_ Metamorfo. - falou e, com rapidez, atirou na cabeça de um dos polícias, fazendo as outras duas criaturas correrem em direção a eles. - Desça com ela e traga o carro até a entrada, estarei te esperando.

Sammy obedeceu, correndo até o estacionamento.

Dean tentou parar os dois, mas errou o tiro devido a proximidade. Esperou que tanto o policial quanto o porteiro viessem para cima dele, mas o metamorfo fardado apenas o empurrou e seguiu atrás de Sam.

_ Merda! 

Quando se virou para o outro, levou um chute na mão, fazendo a arma voar longe. Sendo agarrado pelo colarinho e jogado contra a parede. Sabia que tinha uma pequena faca de prata agarrada ao seu tornozelo, mas esperaria o tempo certo para usá-la.

_ Por que se disfarçar de porteiro quando se pode cometer vários crimes? - tentou distraí-los.

_ Você é tão burro que ainda não entendeu, não é mesmo? - ele falou. - É tudo sobre a garota, Winchester. É tudo sobre ela.

Dean tentou refletir aquelas palavras, mas quando viu que as mãos do metamorfo se erguiam para estrangulá-lo, percebeu que era hora de agir.
Com toda a força que conseguiu, pesou seu corpo para levar os pés ao chão e cabeceou a criatura, fazendo-a perder a estabilidade e conseguir se soltar, se agachou para pegar a faca e, quando o metamorfo saltou para cima, esperou tempo o suficiente para se pudesse cravar o objeto diretamente em seu coração.

_ Se é tudo sobre ela. - girou a faca, vendo os olhos do monstro se revirarem. - Não é você que vai levar essa.

(...)

Sam correu com a garota nos braços até o Impala, mas teve que se desdobrar quando percebeu que um deles havia o seguido. Ao contrário do irmão, ele não estava devidamente preparado para enfrentar um metamorfo.

Quando chegou ao carro, colocou Dani no banco do passageiro e apalpou o porta-luvas em busca da arma que guardavam por ali. O metamorfo estava prestes a atacar quando Sam se virou e atirou, vendo o homem cair desacordado no chão.
           Respirou fundo, olhando para a garota e se sentindo aliviado.
           Colocou-a no banco de trás e seguiu ao encontro de Dean.

Quando chegou a frente do prédio, viu que ele segurava algo.

_ O que é isso? - perguntou, assim que o irmão se sentava no banco do passageiro.

_A fita de vídeo das últimas horas. Contém cenas exclusivas nossas. - falou, orgulhoso de si mesmo. - É muito mais fácil levar as provas do que enterrar os corpos.

Sammy sorriu, dando a partida no carro.

_ Por que havia metamorfos no prédio?

_ Parece que estavam atrás dela. - quando Dean falou, Sam olhou instantaneamente para o irmão. - Ainda acha uma boa levá-la para o hospital? Ela está correndo perigo.

_ Se não a apresentamos a polícia, ela será uma foragida.

_ Nós somos foragidos e nem por isso estamos reclamando.

_ Tecnicamente, estamos mortos. - Sam tentou contornar o argumento do irmão. - E estaremos lá para caso aconteça alguma coisa.

_ E se alguém nos reconhecer? Se esqueceu que foi em Sioux Falls nossos primeiros crimes? - ironizou.

_ Nós vamos dar um jeito.

_ Nós vamos ser presos!

◇

Danielle sentia que sua consciência retornava aos poucos, mas junto com ela, vinha uma tremenda dor de cabeça. Foi ainda pior quando abriu os olhos e se deparou com um ambiente muito claro. Por mais que se sentisse limpa depois do pesadelo que viverá, estar em um lugar desconhecido não melhorava as coisas.

_ Ei, você acordou. - a voz de Rachel, sua melhor amiga, fez se sentir mais aliviada.

_ Onde diabos eu estou?

_ No hospital. - Rach ajudou a se sentar na cama. - Seus primos te encontraram desacordada no seu apartamento.

_ Primos?

_ É... Sam e Dean. Eles são tão gatos!

_ Sam e Dean estão aqui? - Dani colocou a mão no peito, se sentindo aliviada por não estar tão perdida. - Graças a Deus!

_ É a primeira vez que vejo você feliz falando sobre sua família.

Danielle queria responder, mas só um longo suspiro saiu de sua boca.  Estava tão perdida que nem sabia por onde começar.
           Talvez se sentir completamente protegida seja um grande começo.

_ Quanto ao que aconteceu com o Brian?

_ Ah... Tem policiais ali fora, precisam do seu depoimento.

Estalou a língua, não sabendo se seu desespero era maior pela morte de Brian ou por tudo o que passou.

_ Você acha que sou culpada?

_É claro que não! - a amiga segurou sua mão, abrindo um sorriso. - Você é a maior vítima.

_ Brian morreu por minha causa.

_ Como pode dizer isso? Não há justificativa.

_ Talvez o sangue dele sujando meu corpo seja uma justificativa.