Esta manhã, eu olhava novamente para a janela vizinha, estava esperando que Momo acordasse para poder ficar tranquila, pois ela estava demorando ainda um tanto. Na noite anterior, eu havia deixado um copo de água e uma cartela de remédios no criado mudo ao lado de sua cama, e também tinha lhe dado água antes de ir embora para que ela não acordasse com ressaca, era o que eu poderia fazer até ali enquanto ela só queria dormir. Eu torcia para que meus esforços tivessem valido a pena, por mais que ela não lembrasse quem acabou lhe ajudando.
Contanto que ela esteja bem, já fico satisfeita por saber disso. Não temos um laço muito forte… Se é que ele existe, mas de qualquer modo, minha preocupação é compreensível, certo?
Não sabia como ela iria para a escola já que os avós ainda não haviam chegado em casa. Eu mesma prefiro que ela fique descansando, mas se ela ao menos se levantar, fico aliviada. Se a Hirai for para a escola, significa dizer que acabei por fazer tudo direitinho e que ela está se sentindo bem, por isso prestar atenção agora.
Junto com o que houve ontem, percebi que havia uma ferida na palma da minha mão; Não era tão grande, só era longo e parecia copiar uma das linhas que há no meio da minha mão. Estava com um gaze envolta para proteger. Eu não sentia muito, apenas quando fechava a mão, mas também não tinha sentido quando cortou. Provavelmente, esse machucado surgiu quando eu estava pegando os pedaços de vidro no chão da área barman, ou quando estava com o saco em mãos e os vidros se espalharam quando agredi o rapaz.
ㅡ Ué, por que ainda não foi tomar café? Achei que estivesse dormindo. ㅡ perguntou a mais velha para mim entrando no meu quarto e me fazendo fechar a cortina rapidamente e me virar para ela assim que ouvi sua voz.
ㅡ Ah, eu… Eu estava vendo se havia nuvens pesadas, para nos prevenirmos antes se chover. ㅡ disfarcei toda.
ㅡ Ah, sim… ㅡ ela não parecia muito convencida. ㅡ E aí?
ㅡ E aí o que?
ㅡ Vai chover?
ㅡ Ah, é… Eu vou olhar de novo porque você chegou justo quando eu iria olhar. ㅡ me virei novamente na direção das cortinas e as abri acabando por ver Momo de pé mexendo no celular, mordi o canto do lábio inferior me sentindo mais sossegada e esbanjei um pequeno sorriso. Eu havia esquecido que ela estava machucada, mas se ela soubesse se cuidar direito, não demoraria muito para sarar.
ㅡ Vai chover?
ㅡ Não… ㅡ falei em outro tom mais tranquilo.
ㅡ Okay, deixa de enrolar. Vem tomar café da manhã.
ㅡ Estou indo. ㅡ fechei as cortinas e a segui.
×~×~×~×
ㅡ O que você estava fazendo mesmo ontem que não voltou? ㅡ perguntou a mais velha terminando de limpar a boca.
ㅡ Ah, eu fui ajudar a Hirai. Ela acabou se metendo em uma encrenca e estava bêbada.
ㅡ Por que não me chamou?
ㅡ Acho que você não seria a melhor pessoa para pedir ajuda, e além do mais, precisávamos chegar na casa dela rápido antes que começassem a farra que ela falou no bar.
ㅡ Quem disse que eu queria ajudar? Eu queria ver treta, isso sim!
ㅡ Credo, Nayeonnie, a menina estava sangrando.
ㅡ Tem uma farmácia duas quadras depois da boate, o absorvente lá não está tão caro assim.
ㅡ Aff, Nay… ㅡ peguei nossos pratos, copos e talheres levando para a pia e logo os lavando. Im me seguiu pegando o pano de prato e esperou para enxugar a nossa pequena louça.ㅡ Você deveria ser mais sensível.
ㅡ Eu sou sensível!
ㅡ Não é não…
ㅡ Sou tão sensível que quando a Mina passa, minhas pernas tremem de fraqueza. ㅡ ela riu, mas eu não. ㅡ Aff, eu só estou brincando.
ㅡ Acontece que você brinca o tempo todo.
ㅡ Se indignou, foi?
Fiquei calada me mostrando um pouco chateada.
ㅡ Não importa mais, já passou. ㅡ enxuguei minhas mãos e fui saindo da cozinha quando a Nayeon me pegou pelo pulso.
ㅡ Tudo bem?
ㅡ Sim, por que?
ㅡ Não parece. Você ficou estranha quando começamos a falar de ontem.
ㅡ Eu dormi poucas horas, só estou um pouco cansada e acabei ficando aborrecida, desculpe.
ㅡ Não quer ficar em casa e dormir? Você aparece todos os dias, não tem problema só fazer um exceção.
ㅡ Não… Sabe como eu sou.
ㅡ Eu imaginei que fosse negar.
ㅡ Certo, vamos nos atrasar. ㅡ após falar isso, ouvi a campainha tocar. ㅡ Ué… ㅡ olhei para a mais velha franzindo meu cenho.
ㅡ Não olha pra mim não, vai lá atender.
Revirei os olhos e fui me aproximando da porta. Olhei pelo olho mágico na porta e vi a Momo passando a mão na nuca enquanto esperava. Voltei-me para a Nayeon é cochichei.
ㅡ É a vizinha
ㅡ A vizinha? ㅡ ela desacreditava.
ㅡ Sim… ㅡ ela tocou a campainha novamente.
ㅡ Veja o que ela quer, talvez só esteja querendo oferecer carona.
ㅡ O avô dela está viajando.
ㅡ Atenda!
ㅡ Okay… ㅡ abri a porta justo quando a Hirai estava a ponto de ir embora e ela se surpreendeu olhando para trás acabando por me ver. ㅡ Desculpe a demora…
ㅡ Ah, tudo bem. ㅡ ela voltava a se aproximar. O semblante dela não era um dos melhores, mas ao menos não estava com ressaca. O olho estava com tom mais escuro e o curativo em sua testa estava desajeitado, o que já dizia por si que ela havia mexido ali e trocado - ou tentado -, sorri pensando em como ela tinha feito aquilo. Ela realmente não tinha jeito para a coisa. ㅡ Eu estou sem companhia para ir para à escola e eu não sei dirigir para usar a caminhonete do meu velho. ㅡ eu não sabia que o sr. Hirai tinha um outro carro, mas aquilo não importava no momento. ㅡ Eu poderia aproveitar a caminhada com vocês? ㅡ perguntou sem jeito.
ㅡ Ah, nós vamos de táxi. ㅡ Nayeon brotou atrás de mim. ㅡ Mas se quiser vim, dividimos o preço para três… O que aconteceu com a sua cara?
ㅡ Nay ㅡ bati com cotovelo em sua barriga. ㅡ, seja educada!
ㅡ Ah, sem problemas. Eu só fiz umas besteiras, Nay. ㅡ talvez ela só tenha lembrado de como chamar a mais velha por ter me escutado falar o apelido. ㅡ Eu tenho uma quantia aqui, quanto devo pagar? ㅡ ofereceu-se.
ㅡ Bom, primeiro vamos ajeitar esse seu curativo. ㅡ falei inclinando a cabeça para dentro da casa para que ela me seguisse.
ㅡ É muita gentileza da sua parte.
ㅡ Que nada, vem logo.
ㅡ O táxi já já está chegando. ㅡ Nay tratou de avisar enquanto pegava o celular. ㅡ Se fizerem isso rápido, talvez dê tempo. Irei pegar a caixinha de primeiro socorros. ㅡ ela saiu do cômodo.
ㅡ Deite no sofá, Momo. ㅡ pedi e ela o fez. Fiquei na beirada mais próxima de seu tronco. ㅡ Há mais lugares feridos além destes em seu rosto? ㅡ perguntei como se não soubesse de nada sobre seus machucados.
ㅡ Hm… Tem cortes pequenos na área da costela, mas não precisa se preocupar.
ㅡ Tem risco de infeccionar, Hirai. ㅡ comentou Nayeon levantando os olhos para nós um momento, logo voltando a digitar no celular após me estender o que tinha ido pegar.
ㅡ Se temos um tempo e material para ajudar, vamos completar todo o trabalho e não deixar incompleto. ㅡ peguei a caixa da mão da maior e abri em meu colo. Peguei o necessário para tratar e voltar a proteger e comecei pelo seu lábio, passando de leve o líquido cicatrizante.
ㅡ Eu nem sabia que isso podia passar aí. ㅡ comentou a mais velha.
ㅡ Bom… É uma ferida. ㅡ respondi. ㅡ Certo, você não tem jeito nenhum com curativos. ㅡ tirei aquele que estava em sua testa e comecei a cuidar dele. De todos, este era o mais “grave”.
Hirai riu fraco e olhava em meus olhos enquanto eu fazia o trabalho. Senti as bochechas meio quentes por conta de que havia percebido seu olhar sobre mim.
Eu não vou olhar, eu não vou olhar, eu não vou… Olhei. Ela manteve falando:
ㅡ Você é bem atenciosa, obrigada.
ㅡ A-ah… ㅡ agora estava corada e desviei-me de seus olhos para seu machucado. Assim eu achava mais fácil de falar com ela. ㅡ De nada.
ㅡ Hã… Então Momo, como estão indo suas notas? ㅡ perguntou Nay.
ㅡ Ah, eu quase iria me esquecendo… Eu posso pegar umas atividades com você? ㅡ perguntou à mim. ㅡ E… Alguma revisão, algo assim…?
ㅡ Está perguntando se pode estudar comigo? ㅡ questionei franzindo o cenho.
ㅡ Hã… Se eu disser que sim, você aceita?
Acabei por rir do seu jeito de pedir e olhei para a mesma por um tempo.
ㅡ Eu posso pagar, se quiser…
ㅡ Momo… Não, não precisa se preocupar com o dinheiro. Somos vizinhas e colegas de classe e não totais desconhecidas. ㅡ embora eu tenha dito essa última parte, eu não pensava exatamente daquele modo. Tenho uma certeza quase absoluta de que ela não lembrasse nem mais com quem está falando.
ㅡ Ah, você não quer receber por ajudar ela? ㅡ perguntou a Im. ㅡ Então eu recebo por você.
ㅡ Nay! ㅡ reclamei e a Momo riu. ㅡ Apenas traga seus materiais, podemos fazer isso após a aula se quiser, já que seus avós não estão em casa e… Pode almoçar com a gente.
ㅡ Será ótimo. Eu não sei cozinhar muito bem e ontem tive que ficar a base da marmita porque eu queimei o macarrão. ㅡ confessou fazendo nós rirmos.
ㅡ Pelo menos aqui, você vai aprender a não queimar comida. ㅡ disse a mais velha. ㅡ Vamos ensinar a você algumas coisinhas básicas.
ㅡ Falou a chefe de cozinha. ㅡ ri da forma como ela parecia experiente falando aquilo para a vizinha. Cobri o machucado na testa da Momo novamente.
ㅡ Ei! Quem gonga os outros aqui, sou eu! ㅡ ela reclamou.
ㅡ Pronto, Momo. ㅡ terminei de cuidar das suas feridas.
ㅡ Já? Foi rápido.
ㅡ Certo, meninas. Estão todas prontas? ㅡ questionou a Im e ouvimos a buzina do carro à frente de nossa casa. ㅡ O táxi chegou. Vamos.
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