Lucy Narrando///
Uma festa? Jura, Sam?. Ao chegar na Costa das Sereias, vi um monte de adolescentes bêbados, se esfregando um no outro, eu não pude acreditar naquilo. Olhei pra Sam séria, com o coração apertado. Ela sabe que realmente odeio festas desse gênero.
- Surpresa...! - Sam disse, sínica.
Bufei, irritada. - Sam, você tem o que nessa sua cabeça?!
Um cara, de cabelos castanhos e olhos verdes abraçou Sam por trás, uma pessoa que eu nunca tinha visto.
- Eai, vai rolar ou não? - O rapaz disse, puxando Sam pra si, ignorando totalmente minha presença.
Me toquei: Sam me chamou pra segurar vela, que inacreditável. Sam me olhou pelo canto dos olhos, parecia arrependida, mas eu não queria saber, eu estava tão... Argh!
- Olha Louis, é que minha amiga está aqui...- Sam tentou se afastar do rapaz, que por sinal, até que era bonito, mas exalava um cheiro... forte?
Interrompi, meio put* com a situação em que estava.
- Não! Não ligue pra mim Sam, vá e aproveite a festa. - Eu disse, soltando o sorriso mais falso que consegui.
Os olhos de Sam se arregalaram, o tal do Loius riu.
- Está vendo? Ela não se importa, vamos curtir a festa. - Louis cochichou no ouvido de Sam, pude escutar.
Que ridículo. Me virei e sai andando pra longe, a fim de ficar longe do som estrondoso da festa, e de Sam. Ótima melhor amiga que arranjei. Não conseguia parar de pensar no fato de eu poder está dormindo, ou na minha banheira confortável, ou mesmo brincando com aquarela na parede do meu banheiro. O lado positivo, foi que eu estava tendo a oportunidade de fazer o trabalho de Artes, o que ia relaxar meus nervos. Uma boa pintura sempre me acalma.
- Ok, eu só preciso pintar uma paisagem... fazer uma poesia sobre o que eu sinto em relação a ela... e só. - Eu disse massageando minhas têmporas, numa tentativa desesperada de me acalmar.
Peguei a pequena tela que carregava em minha bolsa, peguei alguns giz de cera, e comecei a rascunhar o horizonte. Com o tempo me distraí, e consequentemente me acalmei. Passei a rir de mim mesma por está nessa situação, se eu contasse a minha mãe, ela com certeza ficaria uma fera com Sam, mas possivelmente iria rir de mim também. Encarei o mar, e ela me encarou.
Senti uma vontade insana de dar um mergulho. Deixei a tela de lado, escondida junto as minhas coisas debaixo de um coqueiro bem conveniente, tirei minha roupa, e caminhei livre até a beira da praia. Eu estava sozinha, provavelmente maioria da população da praia, estava naquela festa, então eu não tinha pra quê sentir vergonha. Coloquei os pés na água gelada, me animei e fui entrando aos poucos.
Quando me dei conta, estava nadando livremente no mar, sorrindo pro nada. A água salgada era tão nostálgica, me lembrava minha infância, de quando eu, minha mãe e minha irmã frequentávamos a praia constantemente. Lá estava eu, feliz da vida. Quando eu escutei uma batida.
A batida me assustou, procurei a origem do som ao redor, travei ao perceber que a batida vinha da direção da festa.
Sam.
Corri até minhas coisas, me enrolei na tanga e saí correndo em direção a festa, que ao invés de um som alto, era tomada por risos exagerados e altos num mix de pavor e medo. Ao chegar no local, vi Sam e Louis dentro do carro da mãe de Sam, dirigindo no meio das pessoas, os dois bêbados. Fiquei apavorada.
- Sam! Sam Parker! - gritei, numa tentativa falha de atraí a atenção da bêbada.
Pense, Lucy, pense! O celular. Arranquei o celular, preso no meu biquíni e disquei o número da minha mãe. Só dava caixa postal.
- Dylan! - escutei algumas pessoas gritarem.
Quando me virei pra cena, vi o tal Dylan ser arremessado contra a parede. O carro. Sam. Dylan. Minha mente travou ao ver o moreno arremessado no chão, sem se mexer. Escutei o barulho da sirene da polícia. Todos começaram a correr, deixando Dylan pra trás. Num movimento involuntário, corri em direção ao mesmo, o agarrando.
- Ei! Acorda! Pelo o amor de Deus! - choraminguei, desesperada.
O moreno não respondeu, ele não cheirava a álcool, diferente de todos no ambiente, ele apenas estava molhado com a água do mar, com ferimentos no rosto. Alguns polícias chegaram no local armados. Passaram direto por nós, sem nos perceber. Até que vi uma silhueta familiar.
- Capitão Steve! - gritei, em prantos.
O homem alto, loiro dos olhos escuros, fardado voltou os olhos pra mim e veio correndo em minha direção.
- Caralho, Lucy! O que você está fazendo com esse bando de marginais!? - C.Steven questionou, apavorado.
Tremi- Me trouxeram aqui, por favor, ajude!
Capitão Steve colocou dois dedos em determinada região do pescoço de Dylan, que ainda estava desacordado.
- Se acalme, ele está vivo, só precisamos ligar para uma ambulância. - C. Steve disse, depois correu até a viatura e falou algo num celular.
Minutos depois a ambulância chegou, os para-médicos arrancaram Dylan dos meus braços, me revelando o vermelho manchando minhas mãos, acompanhei Dylan até ele entrar na ambulância. Vi o moreno abrir os olhos, me olhar distantemente e fechar os olhos novamente. Assim que a ambulância partiu, comecei a chorar. Sem dúvidas, eu não estava preparada pra isso. C. Steve me abraçou.
- Não se preocupe, eu mesma vou cuidar do caso desse rapaz, fique calma e vá pra casa, você já fez muito. - C. Steve, me colocando dentro de sua viatura, saindo em disparada até minha casa.
Eu não conseguia pensar em mais nada, apenas em:
Não morra.
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