História She Bad - I will tell you.

Los Angeles –– Califórnia.

09 de janeiro de 2016.

                       Point of View – Nate Maloley.

Eu estava começando a ficar irritado com a quantidade de vezes que eu liguei para o Jake e ele não me atendeu, não é possível que esse imbecil se esqueceu que combinamos de passar no shopping antes de ir a casa dos Jacks.

Peguei minhas chaves e fui até a garagem, apenas o meu carro estava lá, já que o Sammy já havia saído. Fiz todo o percurso ate a casa do Jake em 40 minutos, graças ao transito maravilhoso de Los Angeles, mas o que eu podia esperar? Eu estava dirigindo às duas da tarde, de um sábado, esse é o horário que quase todo mundo pega o carro e sai do trabalho para ir almoçar, enquanto outros estão voltando.

[...]

Ao abrir a porta do elevador, já pude ouvir uma musica alta e a cada passo que eu dava até a porta do Miller, o som aumentava. Como esse idiota está dando uma festa e não me chamou? Eu podia reconhecer a batida e a letra, que eu não entendia muito bem, só conseguir focar em “baile de favela”, a música brasileira que Maejor postou em seu Snapchat.

Abri a porta e tive duas visões ao mesmo tempo, uma do inferno e a outra do céu.

Puta que pariu.

Visão do inferno; momento em que vi Anne descendo ate o chão e Jake sem camisa a acompanhando. Visão do céu: Emily apenas com short curto e um top, seus seios avantajados por conta do mesmo, sua barriga reta e com piercing –– confesso que meus pensamentos não foram um dos mais puros agora ––, sua risada estava cativando todos ali, até eu ri só de estar presenciando aquilo.

–– Nate. –– ela parou ao me ver e veio ate a minha direção –– Vem dançar!

–– Melhor não... –– obvio que não adiantou de nada, já que ela me puxou para o meio deles, Jake continuava muito animado, quase certeza de que ele não estava puro.

Fui obrigado a dançar pelo menos até o final de “baile de favela” e eu estava rindo muito enquanto imitava as coisas que Emily fazia.

Quando finalmente a musica acabou, Jake desligou o som e a paz invadiu aquele ambiente.

–– Eu tinha combinado algo com você, não tinha? –– naquele momento eu queria matá-lo –– Claro, shopping.

–– Você esta esperando o que? –– Jake nem me respondeu, foi correndo para o seu quarto. Deitei no sofá e senti alguém deitar do outro lado –– Você não foi se arrumar por quê?

–– Eu tenho que ir? –– Emily estava mexendo na pulseira em seu pulso –– Tenho?

–– Nós vamos à casa dos Jacks depois, é sempre legal. –– ela ficou esperando que eu falasse algo mais –– Tem tequila.

–– Opa, estou indo me arrumar. –– o pulo que ela deu no sofá fez com que eu começasse a rir. Que garota interesseira. Ela foi correndo até as escadas, mas parou –– Nate?

–– Sim? –– percebi que ela estava com receio de se aproximar, mas acabou voltando e se sentou ao meu lado –– O que você quer saber?

–– Da onde você me conhece? –– ri com a sua pergunta –– Eu já tinha visto o seu sorriso matador antes.

–– Matador? –– perguntei malicioso, a loira revirou os olhos –– Ta vendo isso aqui? –– apontei para a pulseira –– Eu que te dei na boate.

–– EU SABIA. –– gritou –– Eu não me lembro de nada, o que aconteceu?

–– Eu vou te contar...

Flashback ON.

Sammy havia me obrigado a vir a Playhouse e pra que? Para me largar sozinho enquanto se comia com alguma garota. Eu devia ter seguido o meu instinto e deveria ter ficado em casa. POR QUE EU NÃO FIZ ISSO?

Continuei andando por toda a boate na esperança de achar alguém interessante e que fizesse essa noite merda valer, nem que fosse um pouco, à pena. Parei no bar e pedi apenas um copo de vodka puro, não sei o porquê, mas algo me dizia para não ficar bêbado hoje. Em questão de dois minutos, Brian, o cara que preparava as bebidas –– e que já devia estar cheio de ver a minha cara, do tanto que eu venho aqui com o Sammy ––, colocou o copo a minha frente.

Virei meu corpo para a multidão que dançava ao som de alguma musica eletrônica louca ai, nem eu conseguia entender. Estava frustrado, todo mundo se divertindo enquanto eu estou aqui plantado igual um babaca. Meus olhos continuaram percorrendo o lugar até que eu parei em uma loira, muito gostosa por sinal, seus cabelos estavam bagunçados e alguns fios colados ao seu rosto, ela estava de lado, até que seus olhos bateram nos meus, não pude conter o sorriso que brotou em meus lábios, acabei sendo retribuído.

Antes que eu pudesse ir a sua direção, ela estava vindo na minha, mas acabou sentando no banco ao meu lado e pediu mais uma bebida.

–– O que nós temos aqui? –– ela perguntou –– Alto e com um puta sorriso.

–– Você esta bem? –– não tinha como não notar a quantidade de álcool que ela parecia já ter consumido.

–– Eu estou ótima, sinto que posso voar.

–– Quantos anos você tem?

–– Por quê? –– seus olhos se arregalaram –– Você é um policial?

–– Não... –– fui interrompido.

–– Porque se for, vou pedir para que você me prenda agorinha mesmo. –– um sorriso malicioso acabou escapando dos meus lábios –– Não faz isso.

–– Não faz isso você. –– pedi –– Agora me diz... Quantos anos você tem?

–– 17.

–– Como conseguiu entrar aqui? –– a loira aproximou seus lábios da minha orelha e sussurrou “eu tenho meus segredos” –– O que você acha de eu comprar uma água para você?

–– Acho que seria uma idéia melhor você me beijar. –– ela se aproximou, mas segurei seu rosto.

Por mais que eu não prestasse nem um pouco, eu não podia fazer isso, ela era menor de idade, além de estar totalmente bêbada.

Eu poderia ser preso.

–– Você quer que eu te leve para casa?

–– Mas aqui está ótimo... –– percebi que ela estava querendo saber meu nome.

–– Nate. –– ela sorriu e que sorriso.

–– Aqui está ótimo, Nate. –– a garota encostou sua cabeça em meu peito –– Mas eu acho que não estou me sentindo muito bem.

Ótimo, ela iria vomitar.

Comecei a puxá-la ate o banheiro e como o feminino estava com uma fila imensa, entrei com ela no masculino, vários homens começaram a nos olhar estranho, empurrei uma das portas e levantei a tampa do vaso sanitário.

E esse foi o tempo.

A loirinha começou a vomitar tudo e como eu sou legal, juntei seu cabelo para que ela não o sujasse. Depois de quase colocar todo o seu estomago para fora, ela se voltou para mim.

–– Sabe Nate...

–– Sabe Nate nada, você precisa de ar. –– a levei até a pia para que lavasse a boca e comecei a puxá-la mais uma vez, só que pelo menos agora era até a saída da boate.

A garota sentou na calçada e eu tive que sentar ao seu lado, fiquei reparando-a, ate ela pegar meu pulso e começar a mexer em minha pulseira.

–– É bonita. –– ela continuava mexendo, tirei a pulseira do meu pulso e peguei o dela –– O que esta fazendo?

–– Quero que fique com você, uma lembrança. –– comecei a amarrá-la em seu pulso –– Uma lembrança do que você não vai se lembrar.

–– Você nem sabe o meu nome, não é? –– assenti e antes que ela pudesse dizer...

–– SKATE! COMO VOCÊ SAI... –– Sammy parou de falar ao ver a menina deitada em meu ombro –– Ela ta bêbada e você esta cuidando dela, acertei?

–– Ela tem 17 anos. –– seus olhos se arregalaram por um instante, mas logo começou a rir –– Qual é a graça?

–– Virou babá?

–– Não seja ridículo. Como eu vou deixar uma garota dessas assim aqui?

–– E você esta pensando em levá-la para casa, papai Nate? –– revirei os olhos com sua babaquice, olhei para garota e ela mantinha os olhos fechados. Um pequeno barulho surgiu e não era a musica da boate –– Tem alguma coisa tocando.

–– É o celular dela. –– abri sua pequena bolsa e na tela havia uma foto do Jake e o nome dele, meus olhos se arregalaram.

Assim que ele desistiu, pude ver algumas mensagens que também eram dele.

“Eu cheguei a casa e você não estava aqui. xxJake”

“Onde você esta Emily? xxJake”

PUTA QUE PARIU.

–– O que foi Skate? –– Sammy perguntou ao ver a minha cara de pânico.

–– Cara, é a irmã do Jake. –– ele me olhou confuso, apenas virei o celular para ele –– E agora?

–– Veja as ultimas chamadas dela. –– sua calma estava me deixando mais nervoso.

Peguei dedo da loira e coloquei em cima do reconhecedor de digital, o que o desbloqueou, comecei a ver seu registro de chamada ate que achei um nome conhecido, “Paul” era o nome do motorista do Jake. Liguei para ele e pedi que viesse buscá-la.

–– Ela é muito bonita. –– Sammy estava sentado ao meu lado enquanto olhava Emily deitada sobre o meu ombro –– Doidinha também.

–– Você perdeu cara. –– comecei a rir ao me lembrar das coisas que ela havia falado.

Não demorou muito para que um carro preto parasse em frente à boate, a porta se abriu e revelou Paul.

–– O que aconteceu? –– sua voz soava preocupada.

–– Ela esta bem, só dormindo, bebeu demais. –– comecei a levantar com cuidado e a peguei no colo, Paul abriu a porta para que eu pudesse colocá-la deitada ali.

–– Tem mais dois com ela, não posso deixá-los aqui, eles têm 17 também.

–– Eu já volto, eu os vi com ela. –– Sammy voltou para boate.

Fiquei conversando com Paul por uns 15 minutos até que Sam voltou com dois adolescentes, que não estavam nada bem.

–– Eu não sei como seria se ela não tivesse encontrado com vocês. –– Paul ainda parecia estar preocupado.

–– O credito tem que ir todo para ele. –– Sammy apontou para mim –– Agora é melhor você ir, antes que Jake surte.

–– E, por favor, não diga que fomos nós que ajudamos. –– pedi, já podia imaginar o escândalo do irmão dela ao saber disso tudo.

–– Obrigado garotos. –– Paul sorriu –– Pode deixar que não falarei nada.

Flashback OFF.

Os olhos da loira estavam arregalados depois de eu ter contado tudo que aconteceu aquela noite, eu não aumentei, muito menos diminui nada. Foi engraçado ver a sua cara de espanto.

–– Você sabe que me salvou, não sabe? –– assenti –– Muito obrigada.

–– Ao seu dispor loira. –– pisquei para a mesma –– Quando você quiser que eu te prenda, só avisar.

–– Nate. –– suas bochechas estavam vermelhas –– Eu não estava sóbria.

–– Eu estou brincando, agora vá se arrumar.

                       Point of View – Emily Miller.

Eu já estava no carro do Nate junto com meu irmão, por mais vergonhosa que fosse a situação que eu havia passado com ele e não me lembrasse de nada, não tinha como sentir vergonha dele.

Jake ficava fazendo perguntas idiotas como: “como foi terminar o colégio?”. Pediu desculpas por não ter ido a minha formatura, não ter passado natal com a gente, não ter conhecido o canalha do meu ex que me traiu, na verdade, ele nem sabia que eu tava namorado. Nate parecia bem atento a tudo que eu contava e ria das confusões que me meti no Brasil.

Os meninos ficaram falando que queriam ver alguns relógios e roupas, quem sabe depois, comer algo.

Eu estava ferrada.

Como eu queria que Anne viesse comigo, pelo menos eu iria fazer algo feminino e rir de como ela brigava com meu irmão, caso ele começasse a implicar comigo, mas infelizmente, hoje era seu dia de folga e ela tinha que ver os netos. Triste.

Paramos no estacionamento do shopping que parecia estar lotado. Ótimo.

–– Eu acho o seu estilo legal. –– Nate disse ao descermos do carro.

–– Por quê? –– não pude evitar deixar um sorriso sair dos meus lábios.

–– Sei lá, fica bonita de qualquer jeito.

Um vento frio bateu em meu braço, fazendo com que eu me arrepiasse, eu deveria ter amarrado um casaco na cintura. Eu estava apenas com um short jeans claro rasgado e uma regata vermelha do Bulls, claro, com o meu boné também, dessa vez, branco.

–– Eu avisei que iria sentir frio. –– Jake disse, o idiota realmente tinha avisado –– Quer meu casaco?

–– Não precisa. –– falei e voltamos a andar para entrada do shopping, senti meu braço ser puxado: Nate –– O que foi?

–– Toma. –– ele tirou seu moletom verde e entregou-me –– Pode colocar, ta vendo? –– ele mostrou a manga da blusa preta que vestia por baixo –– Eu não vou sentir frio.

–– Quando você vai parar de cuidar de mim? –– perguntei rindo enquanto vestia seu moletom.

–– Sabe... –– começamos a acompanhar os passos de Jake –– Algo me diz que eu não vou cansar nunca de cuidar de você.