História She Is a Curse - First Kiss?!

Um mês desde que Angie está com a gente e Stacy está surtando cada dia mais. Perdi as contas de quantas vezes brigamos por causa dessa paranóia dela. 
Eu e Angie estamos muito próximos e confesso, ela uma garota incrível, ela é tão determinada e tê-la ao meu lado nessas últimas semanas está sendo tão bom. Ficamos maior parte da noite sentados no telhado da casa jogando conversa fora e em algumas vezes eu me pego paralisado a olhando sorrir, daquele jeito que eu nunca vi alguém sorrir, ela balança a cabeça e olha pra algum ponto estratégico, mas nunca sorri me olhando nos olhos, eu não sei mas bem no fundo Stacy tem razão, ela guarda um pouco de mistério, um mistério que vem da alma, e isso me faz querer desvendá-la por completo, me faz criar uma obsessão maluca em querer passar vinte e quatro horas ao seu lado ouvindo tudo sobre sua vida desde que ela nasceu. 

  - Justin, você não vai acreditar no que eu descobri -Stacy entrou no quarto afrontada-

  - Que susto, o que foi? -Eu perguntei desviando os olhos da TV e ela suspirou sentando na cama-

  - A Angie.. -Ela ia dizer mas eu lhe interrompi-

  - Stacy, eu já disse que não quero saber das suas investigações malucas sobre a Angie, caralho deixa a garota em paz -Eu disse aborrecido-

  - Justin eu tô falando sério! -Ela disse quase gritando, seus olhos estavam arregalados- Uma grande máfia, que trafica pessoas, a Angie tem alguma coisa a ver com isso, completamente tudo está ligado ao Adventure Club. 

  - Quê? Stacy você voltou a usar drogas, cara -Eu disse-

  - Eu nunca falei tão sério na minha vida! -Ela disse firme- Eu pensei que fosse algo normal mas eu entrei no quarto dela e vi no closet uma planta do clube, e existe uma parte no solo, onde ficam as pessoas traficadas, ou seja, todos os caminhões de motos que chegam, na verdade são pessoas lá dentro.

  - Chega Stacy! -Eu disse cheio daquilo- Você está enlouquecendo. Eu frequento aquele clube desde que eu nasci e não existe isso de máfia. Caralho.

  - A verdade é que aquela garota está cegando você, essa é a verdade -Ela gritou- Só não vem me procurar quando ela acabar com a sua vida e a da sua família.

  - Quem está tirando meu juízo é você -Eu disse irritado- Vai embora Stacy, só volta aqui quando tirar da cabeça essa idéia ridícula de perseguir a Angie. 

  - Você está preferindo ela? É isso? -Ela perguntou com a voz falha- Eu não sei de onde ela é ou quem ela é, mas eu tenho uma certeza. -ela fez uma pausa e engoliu a seco- Ela vai destruir a vida de vocês. 

Eu fiquei calado e ela saiu batendo a porta. De onde ela tirou essa maluquice de tráfico de pessoas? Só pode tá ficando maluca. 

  - Justin -Angie me chamou quando cheguei na sala e eu a olhei-

  - Oi Angie -Eu sorri a olhando, ela estava linda-

  - Então, eu estou de folga hoje, e estava a fim de dar uma volta no clube, talvez se você quiser ir, nós podemos ir juntos -Ela falou-

  - Eu estou indo pra lá agora, mas não vou treinar, meu pai está na prefeitura em reunião. -Eu falei e ela sorriu- Cadê as crianças? 

  - Pattie os levou para passar o dia no parque aquático -Ela falou-

  - Ah, então vamos? -Eu perguntei-

  - Claro -Ela disse-

Entramos no meu carro e seguimos. Não parávamos de conversar um segundo e Angie quase me matou de rir.

  - O que vão querer hoje? -O garçom da lanchonete do clube perguntou-

  - O de sempre -Eu disse após olhar pra Angie e ela levantar as sobrancelhas como se fosse óbvio-

  - Claramente eu não vou enjoar nunca do bolo de cenoura acompanhado de café e leite -Ela disse olhando pro café como se aquilo fosse uma obra divina-

  - E você acha que eu vou? -Eu perguntei a fazendo rir- Angie, eu posso te fazer uma pergunta? -A olhei e ela assentiu sem nem olhar pra mim- Você realmente estava precisando de um emprego quando aceitou trabalhar trabalhar na minha casa?

Ela me olhou de repente com os olhos levemente arregalados, franzido a testa em seguida.

  - Você acha que eu iria trabalhar de babá se não precisasse? -Ela perguntou, ela sempre responde minhas perguntas com outras perguntas- Por que está me perguntando isso Justin?

  - Nada.. é só que.. -Me faltaram palavras, seus olhos verdes me encaravam fixamente, ela parecia uma serpente armando um bote, e no caso, eu era a presa- 

  - E se eu fosse uma pessoa completamente diferente do que digo ser, algo mudaria pra você? -Ela perguntou apoiando os cotovelos na mesa e me encarou ainda mais, me deixando intimidado-

  - Como assim? Que papo é esse? -Eu perguntei começando a achar que Stacy estava certa, quando Angie gargalhou-

  - Eu estou brincando, você precisava ter visto sua cara -Ela disse rindo- Eu falei pra você todos os motivos por ter vindo pra San Diego, e eu preciso me sustentar aqui, por isso aceitei a proposta da minha tia.

  - É que eu só fiquei curioso, você é tão inteligente e tão bonita, poderia ter arranjado coisa melhor -Eu falei-

  - Mas eu precisava de um emprego rápido -Ela disse suspirando- Você não me disse que seu pai estava em uma reunião? -Ela perguntou olhando pra algum lugar dali-

  - É ele disse, nosso treino estava marcado pra hoje mas aí surgiu essa reunião no gabinete e.. -Eu disse me virando pra ver o que ela estava olhando e vi meu pai conversando com Neghan na porta do escritório do clube- Aquele é meu pai?

  - É.. -Ela falou me olhando- No café da manhã ele disse que iria passar o dia todo no gabinete..

  - Ele também me falou isso ontem à noite -Eu disse- Eu vou lá falar com ele.

  - Não Justin, ele pode ter vindo aqui só pra resolver alguma coisa, deixa -Ela colocou sua mão sobre a minha- Em casa vocês conversam. 

  - Você tem razão -Eu disse-

  - Eu vou no banheiro, já volto -Ela falou tirando sua mão de cima da minha e levantou-

Por que meu pai mentiria? Não existe motivos, ele sempre foi meu ajudante no treino e nunca se negou à isso. Na verdade foi ele quem sempre me incentivou à continuar pilotando. Tenho meu pai como um herói, ele sempre se fez em mil pra me dar atenção e trabalhar, agora ele não tem mais tanto tempo como antes, e também tem as crianças pra ele dividir sua atenção, mas mesmo assim, ele sempre será um exemplo pelo qual eu me orgulho. 

  - Não acredito que aqui tem Cidra! -Angie quase gritou quando passamos perto de uma árvore na parte externa do clube-

  - O que é isso? -Eu perguntei vendo ela olhar pro alto da árvore-

  - É um tipo de laranja, só que é bem amargo -Ela falou indo na direção da árvore- Você precisa experimentar.

  - Você não vai subir aí, né? -Eu perguntei- Ah ela vai.. -Disse quando ela segurou em um galho grosso e numa habilidade gigantesca, se equilibrou lá em cima- Angie se você cair daí vai quebrar as duas pernas.

  - Relaxa Justin -ela disse rindo-

Em segundos ela estava no topo da árvore jogando a fruta lá de cima. Ela jogou umas dez, mas eu só consegui pegar duas. Do jeito que ela se equilibrava ali, se eu fosse me atrever a fazer o mesmo, ia cair e morrer, dá até vergonha admitir que uma garota sabe subir em uma árvore e ficar lá sem cair, e eu não consigo nem subir nas escadas da minha casa sem tropeçar nos degraus.

  - Isso é muito ruim, é amarga -Eu disse fazendo careta e Angie gargalhou, nós estávamos sentados na grama, debaixo do pé de Cidra-

  - Não, é bom -Ela falou sorrindo- Da última vez que comi isso, eu deveria ter uns 13 anos. 

  - Sabe quando você põe o dedo no ouvido e depois esquece, aí coloca o mesmo dedo na boca? -Eu perguntei e ela fez uma careta enorme- Tem gosto disso aqui.

  - Pensei que só eu achasse isso -Ela gargalhou-

  - Então você sabe do que eu tô falando -Eu falei e ela riu assentindo-

  - Mas eu tenho uma teoria -Ela disse olhando pra fruta na sua mão- E a minha teoria é: O amargo da fruta são os problemas, o gosto doce no final é a recompensa de tudo. Ou seja, a Cidra é a vida, bom, pra chegarmos no bom, precisamos passar pelo ruim primeiro.

Cada palavra dita por ela soava como uma música, como a mais linda melodia. Eu nunca encontrei alguém tão extraordinária como ela, Angie tem um encanto que transborda, e ela me encantou completamente. E eu me vi ali, perdido nos seus olhos, nas suas teorias baratas e sentindo aquele gosto amargo de cidra na boca. Mas ao sentir seus lábios nos meus, aquela árvore de fruta tão amarga pareceu até uma grande hipocrisia, e a minha teoria foi: Ela por si é uma árvore de fruta amarga, mas só quem fica, só quem aguenta até o fim, sabe como é o prazer de ter esperado seu gosto doce.

  - Justin.. -Ela sussurrou claramente assustada como uma ingênua após dar seu primeiro beijo- Isso não é pra ser, tá errado. -Ela balançou a cabeça se afastando de mim-

  - Porquê Angie? -Eu perguntei ainda entorpecido pelo beijo-

  - Porque.. porque é errado -Ela disse-

  - Não é não -eu falei- Eu sinto algo bom por você, ter sentimentos não é errado.

  - É Justin! -Ela falou prontamente, levantando- Meu Deus eu não deveria ter me envolvido assim com você, o que eu tô fazendo. -ela estava em um desespero interno e eu não conseguia entender-

  - Do que você tá falando? Isso não faz sentido -Eu disse também levantando-

  - Olha, por favor, nós não podemos mais ficar assim, ok? -Ela disse- Eu te decepcionaria. 

  - Você não vai me decepcionar Angie, nunca vai -eu falei-

  - Eu vou! -Ela disse evitando me olhar- Não insiste Justin, isso nunca daria certo, ok?

  - Tudo bem, eu não vou forçar a barra -Eu disse assentindo- Eu só não entendo, eu tô vendo que você quer isso tanto quanto eu, qual o problema?

  - Você não entende, você nunca vai entender -Ela falou suspirando- Eu preciso ir. 

  - Eu levo você -eu falei-