História She is the color - ; first ;

[Point Of Vision Rose]

Realmente não preciso de um noivo, na realidade eu não o quero. É um tanto quanto irritante permanecer sentada e sorrindo gentilmente para negar os pretendentes. O sentimento é como ser uma peça de um jogo, não me sinto como uma humana cheia vontades e desejos, ao menos não me tratam assim. Observo minha irmã mais nova ao meu lado, amando a situação, com animação no rosto, bem que a mesma poderia trocar de lugar comigo, porém não tem mais como fugir, no fim esse é meu destino.

— Rose! — Escuto minha mãe chamar minha atenção e viro meu olhar para ela, que faz um sinal para ajustar minha postura e sorrir, suspiro um pouco frustrada.

Nunca entendi a mudança repentina de minha mãe, de um instante para outro ela virou alguém que eu desconhecia, as vezes me lembro de alguns detalhes da minha infância, antes do casamento dela com o rei e a mudança para o castelo, são poucas memórias mas são minhas melhores.

— Tá dormindo Rosemarie? — Ela sussurra alto o suficiente para eu a escutar e baixo para as pessoas ao redor não. — Acorda.

Volto a negar a todos, e no fim ao menos nenhum foi escolhido ainda, fui finalmente liberada e sai da sala do trono em direção ao corredor do meu quarto, pois irei me encontrar com minha amiga logo em seguida e preciso me arrumar.

— Rosemarie, você negou a todos? — Minha mãe me encontrou no corredor, suspiro já mantendo a calma para poder conversar.

Minha mãe, Genevieve, é uma mulher que quando quer, consegue ser muito assustadora, porém apenas eu conheço este seu lado, para o reino ela é a doce rainha Gen.. Seus cachos ruivos caem como uma cascata ao decorrer de seu ombro com a postura retilínea constante, seus olhos são em um tom de verde tão claros que no centro de sua íris posso ver uma aura amarela que aumentam bastante ao estar com raiva, a pele clara parece tomar mais destaque com o vestido vermelho vivo da cerimônia.

— Hm.. Sim. — Falo um pouco baixo e fitando o chão respirando fundo, esperava que a mesma não fosse perceber.

— Por que?! — Grita comigo respirando fundo impaciente, tampa seu rosto em sinal de reprovação a minhas atitudes recentes, como se eu fosse um caso perdido.

— Porque nenhum daqueles me agradaram mãe.

— Sabe que o problema da minha vida é você certo? — Sua frase parece uma faca que ela crava em meu peito sem piedade, entretanto, já acostumei com a sensação. — Por que não te agradaram sua bastarda?

— Porque não quero me casar com um homem que não conheço! — Grito me controlando e vejo seu semblante de deboche. — Eu gostaria de me casar por amor sabe?

— HA HA HA! Amor? — Pergunta a mim sarcástica. — Isso não existe.

— Talvez pra pessoas amargas como você não. Mas eu ainda não desisti disso.

— Amor não importa! O importante é posto, riquezas, trono, poder. — Ela diz ainda me encarando. — O poder é o único amor que se deve ter.

Após sua frase e sua expressão muda drásticamente, encara o ar como se lembrasse de algo, na realidade entendo o que passa pela sua mente, a minha avó que lhe dizia as mesmas palavras, assustada me encara e respira fundo.

— APENAS SUMA DA MINHA FRENTE. — Aponta para meu quarto após despertar de seu transe e se vira indo para a direção oposta a minha.

Após a saída de Genevieve, me viro e ando até meus aposentos, onde me arrumo rapidamente colocando meu vestido vermelho mais simples e uma capa igualmente vermelha porém em um tom mais escuro pois irei encontrar minha irma Katie e sua amiga Odessa no jardim, na realidade irei tentar sair do castelo com minha Loren, uma camponesa que minha mãe nem ao menos sonha que conheço.

Preparo uma cesta com algumas frutas e moedas, talvez pegarei algumas flores, apenas de precaução, guardo a adaga que meu pai me deu em meu aniversário de 15 anos.

Antes da minha saída, passo uma das minhas escovas em minhas madeixas enquanto me olho no espelho, meu cabelo castanho parece especialmente escuro hoje, tomando uma cor quase preta, meus olhos são claros, uma das únicas coisas que acabei recebendo da genética de minha mãe, o resto imagino que seja do meu verdadeiro pai, não o rei, mas sim meu pai biológico, este qual eu nem ao menos conheço. Quando Genevieve se casou com o rei, eu tinha apenas 4 anos de idade e após anos descobri que era filha de outro homem.

Ando pelos corredores enormes e ornamentados do castelo, este lugar parece ainda mais enorme quando estou com pressa, chego no jardim o mais rápido na medida do possível e lá estavam as duas me observando adentrar no local.

— Rosie.. — Kate acena para mim e apenas ando até as duas que se encontravam sentadas num dos bancos daqui, me sento ao lado.

Katherine é uma menina muito linda, no lugar de cabelos ruivos como de nossa mãe, ela puxou os loiros sedosos do seu pai, afinal é a única filha legítima do rei. Mesmos cabelos que se encontram curtos agora. Seu sonho é governar. Seu destino é esse, é para isso que nasceu e parece nunca duvidar ou desistir disso, seu rosto é ainda jovem e belo no auge de seus 15 anos, sinto toda sua energia quando sorri, agora usando esse vestido branco e os raios de sol batendo em suas madeixas douradas, lhe da um tom angelical.

— Olá! — Sua amiga acena se revenciando, faço o mesmo para ela sorrindo.

Diferente de Katie, sua amiga tem cabelos longos e pretos que chegam a quase encostar na ponta de suas costas, os olhos são azuis e sua pele é tão clara que o contraste dos cabelos perto do rosto a deixam ainda mais bela, está usando um vestido roxo e sorri como uma boba, ela é do reino Azul, vizinho daqui.

— Rose.. Como você teve capacidade de rejeitar o Eric Green III? Ele é tudo que há de bom neste mundo! — A amiga comenta resmungando. — Eu jamais rejeitaria ele.

— Oras! Rejeitando. — Rio da reação das duas me encarando com indignação.

— Olha eu se fosse você teria o escolhido pois sem dúvida ele é o melhor. — Minha irmã comenta me julgando por não ter feito uma escolha.

— É difícil... — Suspiro tampando meu rosto e o abaixando, suspiro desanimada.

— Ei! O que foi irmã? — Me pergunta com um pouco de receio, com pena.

— É só que eu não quero isso pra mim. — Solto de uma vez. — Não quero essa pressão, não quero governar, eu só quero sumir.

— Rose.. — Ela começa a querer explicar mas consigo apenas chorar.

— Deixa pra lá. Você não entenderia. — Minha respiração se torna mais profunda e com o silêncio que se estabelece é possível ouvi-lá perfeitamente.

Alguns barulhos de galhos altos e grama pisotiada perto do portão chama a atenção de nós três, quebrando o clima que estava a poucos segundos atrás.

— O que é isso? — Pergunto me aproximando na direção do barulho.

— Não sei! Mas eu tô com medo do que poderia ser.. — Odessa reclama cruzando os braços e indo na direção oposta.

— Deve ser um bichinho. — Explico chegando mais perto e o som parece aumentar até ver o pelo branco passando pelas grades da grande cerca, era um pequeno e branco coelhinho.

— AAAAH! UM COELHO! — Minha irmã se apavora gritando com um pouco de nojo em sua voz, junto com a amiga pula para cima do banco, ambas gritando.

— Ei! Não assustem ele assim, é só um bichinho indefeso. — Me abaixo o pegando na mão já faziam vários anos desde que havia visto o último...

[FlashBack On]

Hoje é meu aniversário de 4 anos, não sei para onde mamãe está me levando mas gosto muito do caminho, pois estamos passando pela floresta.

— Aonde estamos indo mamãe? — Pergunto agarrando sua mão enquanto ela anda com pressa.

— Mamãe vai encontrar a vovó, então vamos nos mudar e morar em um lugar melhor viu? — Ela diz me puxando para lá e para cá.

— Vamos mudar da casa? — Indago fazendo um bico.

— Sim!

— Mas.. — Começo a resmungar e ela me encara. — Mas eu gosto da casa.

— Filhinha. Para aonde nós vamos vai ser mil vezes melhor. Agora fique aqui sendo boazinha que mamãe já volta aqui.

— Está bem.. — Falo desanimada, minha casa é o lugar que mais amo no mundo, e toda as minha coisas? Meus vestidos, meus brinquedos.

Me sento em um dos troncos de árvore esperando ela voltar e vejo os animaizinhos passarem, um coelho bem branco se aproxima em saltos e rio o vendo chegar até a mim.

— Oi coelhinho! — Ele para em minha frente. — Você é tão branco.. Posso te chamar de Snow?

[FlashBack Off]

Até hoje não sei o que minha mãe foi falar com a mãe dela, nunca mais nem vi minha avó novamente após aquele dia, e fui explicitamente proibida de voltar a andar pela floresta, ver esse coelho aqui me trás algo estranho no fundo do peito, talvez o nome seja esperança. Talvez esse coelho seja um sinal, é meu aniversário de 19 anos e eu preciso ir para a floresta, preciso descobrir o que tanto foi escondido de mim, a resposta de todo o sofrimento da história da minha vida.

— VOU CHAMAR A MAMÃE! — Escuto o grito de minha irmã mais nova e a encaro na hora desesperada.

— NÃO KATIE! O COELHINHO É APENAS UM POBRE E INOCENTE ANIMALZINHO, imagine o que aconteceria se aquela bruxa o achasse. — Adverto ela abraçando o pobrezinho.

— NÃO QUERO ISSO NO CASTELO. — Reclama apontando para ele.

— Por favor me deixe o salvar! — Suplício a mais nova que fecha os olhos horrorizada- Prometo o levar para longe.

— Vá logo! — Grita Odessa apontando para a saída.

Duas crianças chatas e mimadas são o que essas duas são, se minha mãe o encontrasse ele seria morto! Não desejaria esse mal nem para meu pior inimigo, pego minha pequena cesta e coloco meu amigo no espaço que restou.

Ando pelo campo do reino, usando o capuz de minha capa para não ser reconhecida, irei me reencontrar com Loren e aproveitar para ir no bosque. Eu quero ir até lá novamente. Eu preciso! Passaram-se anos, eu a obedeci, mas agora com 19 irei sair dessa gaiola e finalmente voar, aproveitar minha pouca liberdade.

— Seja um bom coelhinho, prometo te salvar e você logo volta para a floresta. — Digo para a cesta e de alguma forma sinto que ele concordou.

Penso em comprar algumas cenouras de um dos mercadinhos do caminho, tento ao máximo que o capuz tampe meu rosto para não me verem e reconhecerem a princesa do reino. Compro rapidamente e ando para longe dos guardas do castelo que perambulam pelo reino para vigiar.

— Rosie! — Droga! Alguém me reconheceu, me viro com o coração disparado, mas logo as batidas se acalmam ao ver que era apenas minha amiga Loren e um sorriso genuíno forma em meu semblante.

— Loren! — Exclamo abraçando a mais velha e esquecendo de tudo que eu estava refletindo, são raras as ocasiões em que posso sair do castelo e encontrar minha amiga. — Como eu estava morrendo de saudades de você!

— Eu que o diga! — Fala me soltando do abraço e olha diretamente eu meus olhos.

Essa menina é uma das mais belas do reino sem nem ao menos dúvidas, possuí curtos cabelos castanhos e um rosto perfeitamente simétrico, olhos cor de mel e lábios tão rosados que parece que acabou de comer varias amoras que causaram tal cor, mesmo vivendo no campo ela é verdadeiramente feliz, possuí um irmão mais velho, chamado de Tyler, ele cuida de mim desde que cheguei no castelo, seu sonho é se tornar um soldado do castelo.

— Ei! Onde está Tyler? Faz um bom tempo que não o vejo também. — Comento olhando para os lados e Loren sorri fraco.

— Bem.. Ele está em casa treinando, não queria o atrapalhar.

— Eu também não quero então. — Concordo já andando junto com minha amiga.

Caminhamos e conversamos por um breve tempo, até que resolvo tomar coragem e tocar no assunto causa de minha reflexão e minha coragem.

— Amiga.. Eu preciso falar uma coisa. — Interrompo o assunto no meio, assustando a mais velha me fitando concentrada.

— Diga Rosie..

— Eu quero ir pra floresta. — Solto de uma vez só e assusto ela.