História She's Out Of My Life - Rolling In The Deep

Sequei minhas lágrimas e liguei o carro. Sai cantando pneu e vi pelo retrovisor um dos seguranças falarem para eu parar, mas por que? Olhei pra frente e a última coisa que vi foi as luzes dos faróis de um caminhão e de um som ensurdecedor de buzina, antes de eu sentir a pressão do carro se amassando todo e eu apagar.

Abro os olhos rapidamente, assustada, e a luz que tinha no lugar era muito forte, fazendo assim meus olhos queimarem, e me fazerem pensar por breves instantes que fiquei cega. Fecho os olhos, e assim que a dor que a luz me causou se atenua, eu abro novamente os olhos, dessa vez tendo cautela, semicerrando os olhos e espiando pelo canto do olho. Olhei ao meu redor e vejo paredes brancas, aparelhos e então suponho que estou no hospital.

Ouço barulhos de choro, então olho pro lado e avisto Michael, ele estava chorando, com os braços apoiados em seu joelho, e suas mão em seu rosto, impedindo de eu ver-lo mais claramente. 

Pigarreio e Michael começou a me fitar, imediatamente ele se levantou e veio para a minha direção. Ele diz algo indecifrável e a única coisa que eu pensava era tentar entender o que aconteceu. Não falamos nada, apenas trocamos olhares enigmáticos, difícil de se explicar. Logo alguns segundos nesse silêncio eu falo:

- O que eu estou fazendo aqui? -  Minha voz rouca ecoa pelo quarto. Ele suspira pesado e seca seu rosto, mesmo  que já tenha parado de chorar

--- Você estava dirigindo, não viu o caminhão e bateu. Você sofreu um acidente. --- E o bebê? E o nosso filho? Ele está bem? Eu coloquei a vida dele em risco!

- E... Ele? - Perguntei e instantaneamente coloquei a mão em minha barriga

- Está bem! - Afirmou sorrindo. - Vou lá avisar o doutor que você acordou!

- Não precisa, já estou aqui. - Então, um homem vestindo um jaleco branco, com uma prancheta em suas mãos e um estetoscópio envolvido em seu pescoço, assim me dando a certeza, que ele é meu médico. - Boa tarde, senhorita Johnson - Sorriu educado e eu retribuí.

- Boa tarde. - Digo e ele se aproxima observando a prancheta em suas mãos. 

- Muito provável que você não esteja entendendo o por quê de estar aqui, não é mesmo? - Afirmei com a cabeça, mesmo já sabendo. - Bom, você estava em alta velocidade, e sem ver um caminhão à sua frente, acabou batendo nele, assim te  trazendo aqui... Há duas semana atrás - Arregalo os olhos me assustando com o tempo que fiquei aqui. - Seu bebê está bem, perfeitamente saudável. - Sorrio e meu olhos lacrimejam, ao eu imaginar ele em meus braços. - O segurança do senhor Jackson viu o que aconteceu e te trouxe aqui, juntamente com ele. - Apontou para Michael - Mas não se preocupe, você terá alta amanhã, ficará aqui por observação e depois pode voltar para sua casa, descansar e fazer tudo que tem direito! - Soltou uma risada fraca e eu ri também. Michael nada fez, nenhuma expressão, nada. Ele estava de cara fechada. Será ciúmes? 

Ri desse pensamento.

[...]

A noite eu não consegui dormir direito, pois lembrei do que o Michael tinha feito, não que eu tivesse esquecido, mas esses pensamentos veio a tona, de uma só vez. Minha ficha ainda não tinha caído que ele me trocou, depois que tudo que passamos juntos! Talvez ele estivesse bêbado, mas por que ele foi beber? Ele, quer dizer, nós não somos disso! Somente no ano novo que tivemos uma recaída, mas, eu não entendo isso, logo ele, que sempre diz "bebida alcoólica não!"

Ele resolveu passar essa noite aqui, e como todos sabem, Mike tem insônia, então nós dois ficamos a madrugada em claro, uma vez ou outra trocávamos umas palavras, mas a conversa não durava mais de 1 minuto. Estava me tirando do sério não ter coragem de perguntar coisas que queria, mas acho melhor ficarmos em silêncio, para não rolar discussão.

Por volta de 5:20 A.M eu dei uma cochilada, mas quando acordei às 6:00 não fez diferença, eu continuava cansada, exausta.

Em um desses meus pensamentos eu tomei uma decisão (mentalmente) que eu irei ficar no chalé com as meninas, até o clima entre nós melhorar, irei pensar se realmente vale a pena perdoar ele, essa indecisão tá tomando conta de mim! Eu amo ele, mas o que ele fez foi inadmissível, imperdoável.

- Michael..?! - O chamei e ele dirigiu seu olhar a mim - Eu vou... Passar uns dias, talvez semanas lá no chalé, junto com as meninas - Ele suspirou pesado, arqueou as sobrancelhas e se acomodou na poltrona que ali tinha. 

- Por que? - Pediu se fingindo de bobo

- Não venha se fingir de inocente pro meu lado, você sabe muito bem - Bufei e ele se levantou, se ajoelhando e segurando minha mão.

- Por favor me perdoa, eu faço de tudo! Não quero te perder de jeito nenhum, você é tudo que tenho, e ainda está carregando em seu ventre um presente que Deus nos deu, por favor não me deixe, não me deixe, não me deixe... - Ele abaixou a cabeça e começou a chorar. Meu coração se quebrou em pedaços vendo ele desse jeito, pedindo meu perdão, chorando. Ele nunca tinha chorado dessa forma na minha frente, uma vez ou outra escapava lágrimas, mas não comparado à esse. Eu estava sem reação, não sabia o  que fazer, o que reagir. - Eu sei que fiz foi errado, mas eu estava bêbado! E o pior é que não sei como fui ficar naquele estado, mas vamos nos reconciliar, me perdoa - Agora ele me olhava nos olhos profundamente, dava para perceber que o que ele falava, era verdade, eu não consigo dizer um "não" a essa carinha. Mas eu não iria deixar barato, ele me fez sofrer, me "trouxe" aqui, então, eu vou fazer o que é melhor pra mim!

- Eu vou pensar no seu caso, não prometo nada. 

- Mas você jura que vai pensar com carinho? - Assenti e ele veio me abraçar, mas o impedi, o deixando com cara de interrogação.

 - Mas... Eu vou ficar do mesmo jeito uns dias lá com a Ana e a Isa. - Seu sorriso que antes estava de orelha a orelha se transformou em um sorriso de lado, sem mostrar os dentes, estava na cara que ele ficou magoado, mas fazer o que!

- Ok, mas pelo menos você irá pensar - Suspirou aliviado e pôs a mão em cima de seu peito - Então... Vamos para casa?! - Afirmei e ele me ajudou a levantar, e trocar minhas roupas, depois disso voltei para Neverland, feliz.  

Fui direto para o chalé, como eu ia lá direto, já tinha várias roupas minhas, assim não sendo necessário eu fazer uma mala. Assim que entrei pela porta e elas  me verem, pularam em meu colo, mas eu senti dor, ainda tinha alguns arranhões e eles ainda doiam um pouco

- Não se desesperem! - Ri e elas me abraçaram normalmente 

- Que saudade fiquei de você guria! - Disse Isabelle

- Também fiquei com saudades de vocês - Sorri, elas esticaram os braços e eu me deitei lá. Nós três ficamos rindo.

- Você é doida demais! - Sorriu Ana e eu a acompanhei.

- ADORO! 

O resto do dia foi normal, e terminamos ele comendo pipoca e vendo filmes, realmente esse dia com elas foi muito legal, como sempre. Agora eu só preciso conversar com Michael, para acertar as coisas, o clima continua pesado, no carro não trocamos quase nenhuma palavra, estávamos distantes demais nos nossos pensamentos.

Could've had it all
(Nós poderíamos ter tido tudo)
Rolling In the deep
(Amando incondicionalmente)
You had my heart inside of your hand
(Você teve meu coração na palma de sua mão)
But you played  it, you played it, played it
(Mas você brincou com ele, você brincou com ele, brincou com ele)
You played it to the beat
(Você brincou de acordo com a batida)