Minutos depois, a campainha tocou diferente dessa vez. Apoiei minhas mãos no peito de Percy e me impulsionei pra trás, com toda a minha força de vontade.
— Você ouviu isso? – Olhei Percy e ele parecia um pouco alarmado.
— Você acha que foi alguma coisa importante? – Ele franziu a testa e mesmo preocupada não pude deixar de notar o inchaço no seu lábio inferior, e sua pele mais quente que o normal e os cabelos ainda mais rebeldes. Meu eu interior gritou feliz por ter sido a causadora disso.
— Eu acho melhor a gente ir lá fora olhar. – Eu disse praticamente corri pra fora do banheiro, se não o fizesse não conseguiria sair dali tão cedo. Percy apareceu um minuto depois, estava mais comportado, mas ainda estava um pouco ofegante como eu.
A mesma campainha tocou mais uma vez e com esse som os irrigadores do teto estouraram, pulei assustada e olhei sem entender, Percy compartilhava o mesmo olhar que o meu, apesar de parecer amar aquela bagunça com água.
Corremos até o corredor principal onde havia um aglomerado de alunos saindo pela porta, o que era estranho já que a campainha de saída havia tocado antes disso tudo.
— Eu sempre perco as coisas que acontecem nessa escola. – Percy resmungou.
— Você se arrependeu então? – Não pude deixar de alfinetar ele, que sorriu pra mim e deu uma piscadela.
— Com certeza não. – Percy me puxou pra ele na hora que mais um irrigador estourou em cima de mim.
- O que será que... – Comecei a perguntar quando Hazel veio corredor de volta para o corredor. A multidão tinha diminuído, mas ainda assim Hazel se espremeu entre um grupo de jogadores para entrar.
— VOCÊS ESTÃO AQUI AINDA? – Ela gritou exasperada.
— Não sabemos o que aconteceu. – Eu confessei. – Aconteceu algum problema com os irrigadores ou algo assim?
— Não, o boato foi que aconteceu algum inicio de incêndio na escola. – Hazel apontou pro teto. – Então essas belezinhas foram disparadas.
— O incêndio deve ter começado no banheiro. – Clarisse apareceu atrás de Hazel sorrindo para nós de um jeito malicioso.
Pelo que parecia não tinha sido algo grave, já que todos pareciam tranquilos sobre o incêndio em si, mas tudo estava ensopado, isso incluía eu.
— Você é uma idiota. – Bufei, mas ao meu lado, Percy rio e o olhei de modo acusador. – Até você?
— Melhor sairmos, ok? – Hazel não esperou resposta, saiu me puxando pelo cotovelo até passar pelos portões de ferro verde.
Todos os alunos estavam parados no estacionamento, todos os com o olhar preocupado para a água que escorria pelas portas.
— Qual a chance desse estrago ser do Leo? – Hazel comentou baixinho. Eu dei de ombros.
— Acho que são grandes. – Clarisse confessou. Percy olhou ao redor, curioso.
— Onde está o resto? – Ele passou a mão no cabelo, parecia ansioso.
— Não consegui falar com ninguém desde que a segunda campainha tocou. – Hazel disse sem olhar na minha direção, seu rosto estava meio sombrio e triste. – Não acredito que seja tão fácil assim reformar essa escola.
Ninguém teve coragem de dizer que Hazel estava certa, era por isso que todos estavam preocupados, a escola antiga de muitos alunos foi demolida ano passado e agora outra escola apresenta graves problemas. Agora tudo fez sentido, as aulas diminuídas, reuniões todo o tempo, como se fosse mais seguro para os alunos estarem próximo da saída de emergência.
— OLHA ALI O LEO! – Percy pareceu aliviado, levantou o braço para acenar e logo que Leo o viu, correu em nossa direção.
— Ei! – Leo deu um abraço em Percy e nos beijou na bochecha. – Que bagunça né?
Leo parecia frustrado, mas ainda assim sorriu e se virou para olhar a escola também.
— Voce viu os outros? – Clarisse perguntou colocando a mão no ombro de Leo.
— Passei o tempo todo ocupado hoje, sinto muito. – Leo deu de ombros e Clarisse olhou para mim de um jeito que dizia “ok, tem algo errado aqui”, assenti.
Os alunos começaram a dispersar, talvez percebendo que não teríamos explicação alguma naquela hora, o diretor havia sumido da escola e ninguém mais pareceu preocupado com fato de centenas de alunos terem perdido seus livros e materiais.
Uma buzina diferente tocou e de imediato soube que era a van do Will.
— Acho que esse é a mensagem de fogo da nova geração. – eu disse e Leo riu, havia esperança afinal.
A van estava estacionada próximo a curva de saída, todos os outros estavam lá sentados conversando baixo. Charles tinha a mesma expressão que Leo e Percy tinham no rosto. Mais alguns passos e estávamos todos juntos, Percy abraçou Charles e acenou para o resto.
Thalia veio até mim e me deu um beijo na bochecha. Silena estava sentada no banco da frente da van que estava com a porta aberta, ela jogou um beijo pra mim, Will estava ao seu lado. Nico estava do lado de Luke e Frank conversando sobre algum jogo rpg de deuses.
— Então... – Eu comecei a dizer alto, todos se viraram pra mim. – Eu tenho certeza que Charles, Leo e Percy tem algo pra nos dizer.
O silencio se instalou. Clarisse bufou.
— Está bem obvio que aconteceu alguma coisa e eu preciso saber. – Ela cruzou os braços.
Chris apareceu na janela da van com a cara amassada, ele sorriu pra Clarisse que lhe mandou uma piscadela. Logo ele estava prestando atenção também.
— Eu acho que já passamos tempo demais escondendo isso. – Charles se virou para Percy e Leo. – Agora não faz mais diferença.
— Escondendo o que? – Nico perguntou, seus cabelos dançavam por causa do vento.
— A escola... – Percy tossiu. – A escola não está em boas condições tem um tempo.
— Então o diretor nos pediu ajuda. – Leo completou. – Já que Percy, Charles e eu já fizemos alguns bicos. E o papai aqui entende de eletricidade.
— Mas sem recurso, as coisas são mais complicadas. – Charles rodeou o braço ao redor de Silena que havia acabado de chegar ao seu lado. – Então fizemos o que conseguimos, remendando canos, fios, cadeiras e mesas.
— Mas como vemos não foi o suficiente. – Percy concluiu. Todos ficaram mais um momento em silêncio, até que eu explodi.
— Como o diretor não nos conta uma coisa desse tipo? – O sangue fervia nas minhas veias. – Talvez ele só fosse mandar um email minutos antes da escola ser demolida pra ser feito um shopping.
— A gente precisa fazer alguma coisa. – Thalia suspirou.
— Não vamos ficar sem escola.- Hazel assentiu.
— Vai demorar meses pra ficar pronto, a reforma. – Chris comentou e todos olharam desaminados. – Se a reforma for feita pela escola.
— E há uma outra opção? – Luke perguntou e meu sorriu se alargou.
— Você nem imagina. – Minha cabeça fervilhava de ideias.
— Não acredito que você está pensando o mesmo que eu. – Percy me olhou sorrindo como se sua cabeça fosse explodir de tantos pensamentos.
— O que vocês estão pensando? – Leo perguntou. – Eu sinto um pouco de medo dessa dupla dinâmica.
— Estamos pensando em fazer uma vaquinha e reformar a escola, nós mesmos. – Percy disse e ergueu a mão em um hi-five, eu me inclinei e bati na mão dele.
— Você acabou de ler meus pensamentos. – Me virei para o resto da turma. – O que vocês acham?
E de repente todos sorriam feito loucos.
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