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História SHIELD's Most Wanted - Fairly Local


Escrita por: AsgardianSoul

Notas do Autor


TWENTY ØNE PILØTS AMÉM JOSH DUN AND TYLER JOSEPH ♫
Ontem foi o aniversário de dois anos desse hino, bicho ❤
Para a felicidade geral da nação, Buckylicious está de volta! E não satisfeita, deixo no ar o sabor de um encontro futuro que eu sei que todos estão querendo ver.
Também teremos mais detalhes sobre o passado da Thy. (mil treta é poco)
E mais uma surpresinha. Bem um conto ou lenda relativamente local ;D
Boa leitura!

Capítulo 12 - Fairly Local


Fanfic / Fanfiction SHIELD's Most Wanted - Fairly Local

A visão do apartamento mofado trouxe alívio aos olhos cansados de Dorothy. Observá-lo horas a fio, no entanto, apagou esse brilho. A volta para casa foi complicada. Deixou Marlon dormindo e pulo de carona em carona até que chegasse à Nova York. Precisou de muito autocontrole para lidar com os caminhoneiros engraçadinhos. Como eles passavam a maior parte do tempo na estrada, menor era a chance de que a reconhecessem. Alguns deles foram até gentis, deram-na comida e roupas para se proteger do frio. O tecido cheirava a graxa e suor, mas não podia reclamar.

O corpo cobrava as horas de sono não dormidas. Seus joelhos fraquejavam e os sentidos pareciam nauseados. Bocejou, jurando a si mesma que resistiria ao próximo. Nada parecia fora do cotidiano do bairro. As crianças continuavam jogando basquete na quadra, os carros passavam com a mesma pressa de sempre, as pessoas caminhavam de braços cruzados sobre a alça da bolsa ou segurando firme as mochilas, sequer o policiamento foi intensificado. Mesmo assim, a insegurança ainda lhe dava um nó no estômago. Poucos metros a separavam da portaria. Não era questão de medo, só não queria arriscar todo o esforço que teve para chegar até aqui. Sua insegurança sumiu de vez quando cravou os olhos sobre uma figura cautelosa atravessando a portaria.

Sem mais temores, ela seguiu Bucky até o interior do prédio. Se ele ainda estava ali, o lugar continuava seguro. O antigo combatente conseguia vencê-la no quesito análise do terreno, tinha que dar o braço a torcer. Aproximou-se da porta com seu número e girou a maçaneta. Trancada. Refletiu que Bucky deu um jeito de consertar a fechadura, então bateu. Silêncio. Ela quase conseguia enxerga-lo se movimentando através das paredes finas. Jurou poder ouvir o coração dele pulsando acelerado atrás da porta.

— Bucky, sou eu — cochichou.

A maçaneta girou no mesmo instante, revelando um Bucky incrédulo. Havia marcas de luta e cortes em seu rosto. A reação de Dorothy não foi calculada, apenas fez o que sentiu vontade, como sempre. Ela avançou e o envolveu em um abraço. O corpo dele estremeceu em surpresa, por isso demorou em responder. Aos poucos foi relaxando e pousou um braço ao redor dela. Há quanto tempo não sou abraçado? A pergunta ecoou sem resposta em seu subconsciente conturbado.

Naquele momento a ex-agente agradeceu mentalmente por não ter feito nenhum tipo de contato antes de se arriscar recebendo a droga. Uma faísca de arrependimento ainda passou por sua mente só de pensar que algo pudesse ter dado errado... Menos, Dorothy. Menos. Solta o moço!

— Nossa, senti falta desse lugar, acredita? — brincou, constrangida, passando por ele. Não quis prolongar aquilo. — Então, como anda sua investigação?

A inércia finalmente abandonou o corpo de Bucky e ele fechou a porta. Um pouco da sua incredulidade se deveu ao fato de que sentiu falta daquela aura descontraída, se é que podia chamar assim tal estado de espírito quase que na maioria das vezes inapropriado. Contudo, não deixou de ficar aliviado ao vê-la inteira. Virou-se para ela, esparramada no sofá, como se tivesse vencido a Hidra sozinha.

— O que aconteceu? — falou simplesmente. Ela revirou os olhos. Longa história, previu mentalmente. Ela rola os olhos quando a resposta é grande.

— Longa história. — Ele se encostou na parede e cruzou os braços. Droga, ele está com tempo. — Eu consegui chegar em casa. Encontrei meu pai morto, entrei na mata tentando salvar minha mãe para depois ouvi-la revelar que eles não eram meus pais segundos antes da morte dela. Tenho certeza que essa merda toda é coisa do Fury. Enfim, os dois estão mortos e não consegui identificar o assassino.

Os olhos de Bucky se arregalaram. Dias atrás cogitou que ela poderia estar morta, mas nunca imaginou isso. Observou ela esfregar a mão no olho esquerdo e morder o lábio inferior.

— Eu passei por um inferno — confessou, sem fazer contato visual. — Fui emboscada por uma equipe da SHIELD, depois sitiada em Providence, me acusaram de matar meus pais, chamada de psicopata nos jornais... Você não faz ideia do que fiz para sair de lá.

— Não precisa dizer — atalhou ele, já impressionado demais. Sentou-se aos pés dela no sofá, a olhando diretamente. — Eu sinto muito.

— Não me olhe assim, com esse olhar de pena. — Pôs-se de pé rapidamente. Ela não era o tipo de pessoa que se debulhava em lágrimas. Odiava chorar, olhos ardendo e tudo mais.

— O que vai fazer agora?

— Não quero falar sobre isso — respondeu ela. — Me diz como foi sua investigação, e por que está parecendo um gato escaldado? Esteve na praia? Senti uns grãos de areia...

— Sim, estive na praia — confirmou. Ajeitou-se no sofá. Ele também tinha sua longa história. — Aconteceu algo muito estranho.

— Aconteceu, você foi à praia. — Deu de ombros. Ele a encarou, aborrecido. — Tudo bem, não vou mais interromper.

— Vagner Gerstner não agiu como se nada tivesse acontecido por muito tempo. No mesmo dia que voltou, fugiu de casa e se escondeu em um iate ancorado numa área privada do porto. Eu me infiltrei na equipe de segurança e fiquei perto dele o tempo todo. Ele estava a ponto de enlouquecer no meio de tantos relatórios financeiros.

— Até aí, nada demais. Ele é banqueiro. Esses caras se matam por dinheiro.

— E ele se matou, de fato. — Ela ergueu as sobrancelhas. — O mais estranho é que antes disso ele recebeu uma vídeo-chamada de uma mulher. Eu não consegui vê-la por inteiro, só partes do rosto. Foi quando aconteceu: ela levantou o olhar e me encarou. Não sei explicar, mas eu senti o olhar dela vividamente sobre mim, como se estivesse mesmo me vendo. Depois que tive essa percepção, ele sacou a arma e atirou na própria cabeça.

— Ok, isso foi assustador. Você sabe quem é ela?

— Não. Vi partes do rosto, mas posso afirmar que não a conheço. Pelo menos não eu. — Enfatizou a última sentença, a concedendo um tom mais pesado. Ela comprimiu os lábios, assimilando. — Os alarmes soaram em seguida e todos fugiram como se o iate estivesse em chamas. Na confusão, pulei na água e nadei para longe.

— A cena deve ter sido grotesca, mesmo assim não vejo motivo para tanto desespero.

— Tinha algo de errado lá. Eles sabiam o que estava acontecendo. Antes de saltar, ouvi um deles implorando para não entrar em sua mente... — Maneou a cabeça, como que para afastar as lembranças. — Enfim, nem tudo foi em vão. Ouvi uma ligação de Gerstner com Candice Stein, um dos nomes presentes na lista. — Levantou-se, rumo ao banheiro. A água salgada começava a incomodar sua pele.

— Candice Stein foi uma das promotoras mais proeminentes da cidade na década passada — informou Dorothy. — De todos da lista, ela foi a que mais me surpreendeu. A mulher é uma lenda.

— Década passada? — ecoou ele, acima o barulho do chuveiro.

— Ela se aposentou há três anos, mas ainda dá palestras em universidades e mantêm um escritório em sua residência. Quer dizer, até quando me lembro, sim. — Não houve resposta. Ela enfiou a mão no buraco do estofado e arrancou um celular. — Você usou todos os celulares?

— Não, só aquele que recebi sua chamada, depois descartei.

O Nokia emitiu o som de boas-vindas ao ser ligado. Rapidamente ela discou o número de Sam. Devia notícias a ele, depois de tudo que fez por ela. Com três toques a linha foi aberta.

— Sam, sou eu — adiantou-se. Houve um suspiro de alívio do outro lado, seguido de silêncio. Ele parecia estar escolhendo o que falar primeiro.

— Foram dias — exclamou abruptamente. — Tem ideia do quanto fiquei preocupado? Eu já estava escolhendo as palavras para usar quando ligasse para a Courtney.

— Nem pense nisso! Calma, já passou. Está tudo bem — interveio, pondo fim as lamentações.

— Isso é bom, muito bom — afirmou, aliviado, porém ainda chateado. — Escuta, precisamos conversar, e o assunto é sério.

— Se for sobre o dinheiro...

— Você já me pagou, tudo ok. O assunto é outro.

— Espera — atalhou. Sam suspirou, impaciente. — Eu não te paguei. Acabei de chegar!

— Para encerrar de vez esse papo, eu recebi um depósito de cinco mil dólares em nome de Marlon DeBlanc, satisfeita? Posso continuar agora?

Dessa vez foi ela quem suspirou. Eu vou chutar a bunda do Marlon cinco mil vezes se o ver novamente! As pálpebras pesavam cada segundo a mais acordada. Bocejou longamente.

— Sim, Sam, continue.

— Você está bem? Sua voz está vacilando.

— Não é nada, só estou um pouco cansada. Diz logo o que quer falar comigo, posso apagar a qualquer momento, e sua voz me dá sono — provocou. Ele sequer resmungou, o que a deixou preocupada.

— É uma longa história. Literalmente história. — Fez uma pausa. Trocou algumas palavras com alguém. — Não posso demorar muito, estou de partida para Nova York. Diga um local onde possamos nos encontrar. Eu sei que você não pode correr riscos, porém, não te pediria isso se não fosse urgente. Isso está me matando.

— Odeio quando você fala sério — resmungou, olhando para uma infiltração no teto. —Quando você chegar, me liga que nos encontramos em algum lugar, ok?

Sam confirmou e desligou. A ansiedade do amigo a preocupou, só que não o suficiente para mantê-la acordada. Se espreguiçou no sofá e ajeitou o corpo entre as molas soltas. Acabou apagando antes de terminar de se ajeitar. Não soube quantas horas dormiu, só percebeu que acordou sozinha no apartamento, estava escuro e havia um cobertor sobre ela. Piscou devagar, esfregando os olhos. Esticou o braço para acender o abajur, quando se deu conta de que não havia abajur. Estava em seu velho esconderijo, deitada em um sofá esburacado e toda dolorida por ter dormido horas a fio de mau jeito.

— Sometimes death seems better than the migraine in my head — cantarolou, com voz de sono. O Nokia tocou debaixo da sua cabeça, a fazendo despencar do sofá. — Puta merda!

O susto terminou de despertar seus sentidos. Rapidamente vasculhou o estofado até encontrar o aparelho. Era o número de Sam.

— Como chegou tão rápido, Águia do Gandalf?

— Peguei carona com um amigo — respondeu, entrando na onda. — Onde nos encontraremos?

— Onde você está?

— Na St. Becket com a Riot.

— Não está longe — concluiu, depois de refletir um pouco. — Me espere aí. Estou chegando.

Desligou imediatamente. Pôs-se de pé e analisou sua figura amassada. Não dava tempo para tomar banho. Apenas jogou o cabelo desalinhado para trás e vestiu o moletom, cobrindo a cabeça em seguida. Pelo fraco movimento na rua, estava de madrugada. Caminhava de cabeça abaixada e a passos largos. Encolhia-se dentro do moletom fino. As pessoas passavam apressadas, fugindo do frio. Levantou o olhar ao chegar no cruzamento indicado por Sam. Logo visualizou o amigo acenando para ela. Sentiu uma pontada de medo ao encara-lo. A sensação só piorou ao notar que a expressão de seriedade mudou para pena ao se aproximar dela.

— Retirou o que disse. Odeio quando você fica sério — começou ela. Os dois se abraçaram brevemente. — Vamos para o meu apartamento. Ninguém vai nos interromper lá.

Os dois caminharam em silêncio. Ora se afastando, ora se aproximando, como duas peças se movimentando em um tabuleiro invisível. Dorothy entrou no apartamento e trancou a porta após a entrada de Sam. Ela apontou para o sofá antes de se sentar. Ainda estava cansada. Sam abriu o zíper da jaqueta e puxou uma pasta abarrotada de papéis, depois se sentou. Ela engoliu em seco, dividindo o olhar entre a pasta e o rosto dele.

— O que tem para me contar? — pediu ela, cruzando as mãos abaixo do queixo.

— Antes de tudo, o nome Daniel Whitehall te diz alguma coisa? — Ela entortou o canto dos lábios.

— Não muito. O suficiente, quero dizer. Uma das grandes cabeças da Hidra, cientista envolvido com o estudo genético de inumanos, pedra no sapato da SHIELD. Por quê?

Sam retirou duas fotos da pasta. Ela contorcia os dedos escondidos abaixo do queixo, se segurando para não avançar na pasta fechada no colo dele.

— Seja paciente. Até eu estou confuso com tudo isso. — Levantou uma das fotos. — Este é Whitehall sendo interrogado depois da Segunda Guerra, 1945. — Levantou a outra, deixando-as lado a lado. — Este é Whitehall em um laboratório da Hidra em 1979.

Dorothy se aproximou para olhar mais de perto. Não podia acreditar. Ele simplesmente não envelheceu durante 34 anos!

— As datas estão erradas ou o desgraçado usou produtos Ivone.

— Dorothy, é sério — interveio. Guardou as fotos.

— Cara... — Ela bufou. — O que você quer que eu diga? Pra início de conversa, não estou entendendo onde quer chegar me contando a biografia dele. Ele foi morto pela SHIELD, sabia?

Sam a encarou por alguns segundos, lívido, depois retomou a concentração.

— Continuando. — Não podia perder a linha de raciocínio. — Whitehall não é... Era uma pedra tão nova no sapato da SHIELD. Ele vinha dando trabalho desde a Segunda Guerra. Essa parte do rejuvenescimento milagroso é fichinha perto do que vem por aí.

Ela coçou a cabeça e apoiou o rosto na palma da mão. Deus, tenha misericórdia.

— Em 1979 a SHIELD enviou uma agente para se infiltrar no laboratório da Hidra e investigar Whitehall, principalmente como ele conseguiu aparentemente renascer. O trabalho foi árduo, rendeu bons frutos, pelo que li dos relatórios. — Entregou um maço de folhas amareladas a ela.

Muitas das informações, como nomes e endereços, estavam ocultos por faixas negras. Quem retirou aqueles arquivos tinha baixo nível de acesso. Observou o rodapé superior. “Nível 10 requerido”. Arqueou as sobrancelhas. Somente o diretor da SHIELD poderia acessá-lo sem censura.

— Não vejo muita utilidade para esses arquivos. — Devolveu-os sem terminar de ler. — Não consigo nem ver o nome dos envolvidos.

— Ok, está certa — concordou. — Eu e o Steve fomos em alguns laboratórios da Hidra e encontramos os arquivos contendo informações dessa missão, incluindo gravações, relatos pessoais, enfim, foi uma viagem proveitosa, embora este não tenha sido nosso objetivo. Steve encasquetou que acharia pistas do Barnes por lá, você já pode imaginar o resto...

— Compreendo. — Ela percebeu que Sam estava encobrindo o verdadeiro propósito da missão, mas não insistiria. Deve ser alguma paranoia que o Fury botou na cabeça dele. — Bem, e a agente? Esse parece ser o ponto principal, não?

— Sim. Ela foi bem, até ser descoberta. Logo depois a SHIELD descobriu como ela obteve as informações e não ficou nada feliz. Os dois estavam tendo um caso.

— Até aí, nada de alarmante. Se a SHIELD fosse condenar todos os agentes que usam desse método, a Romanoff seria queimada na fogueira — retrucou ela.

— Só que isso foi o menor dos problemas — treplicou. — Em diversos relatórios ela afirmou estar confusa, duvidando da capacidade de prosseguir a missão, chegou a pedir uma extração. Esse foi o último contato dela antes de ser descoberta.

— Deixa eu adivinhar... Eles a acusaram de traição?

— Calma, não tome as dores dela tão cedo — avisou. — O grande X da questão é que ela tinha uma mutação genética que lhe proporcionou poderes psíquicos. Whitehall descobriu isso e a fez refém. Como desde o início foi esclarecido que a missão era solo, ela não contou com resgate e a SHIELD negou qualquer envolvimento.

Dorothy sentiu os dedos quase se fundindo. Ajeitou-se no sofá, desconfortável. Ainda não entendia onde Sam queria chegar de verdade, só entendeu o que ele quis dizer com “literalmente história”.

— Então, uma mutante. — Franziu os lábios. — E a história só melhora. — Inclinou-se para frente. — Agora, porque eu nunca soube disso enquanto estive na SHIELD? Esse caso me parece muito grande para ser encoberto totalmente, pois nunca ouvi falar de uma mutante que tenha trabalhado lá.

— Dificilmente você ouvirá falar de Agnes Hayes. — Sam observou ela não esboçar reação. Retirou outra foto da pasta e levou diante dos olhos dela.

Dessa vez se tratava da imagem de uma mulher imponente, de cabelos escuros encaracolados e postura formal. Parecia mais uma foto de formatura, daquelas que se emoldura em quadros vistosos e expõe na sala de estar. Lentamente Dorothy foi registrando cada traço daquela estranha, até que ela não lhe fosse mais tão estranha.

O formato da boca... O queixo... Arrancou a foto das mãos dele e começou a andar de um lado para outro, enérgica. Não. Respirou fundo inúmeras vezes antes de devolver a foto.

— Não sei do que está falando — negou, virando o rosto avermelhado.

— Dorothy...

— Não, Sam!

— Agnes teve um bebê em 1982 — contou ele. Ela soltou um grunhido. — É o mesmo ano que consta em seu registro de nascimento. Se fosse só pelo ano, eu deixaria passar, mas depois de tudo que me contou sobre seus pais, e depois tem a foto... — Ficou de pé e colocou uma mão no ombro dela. — Dorothy, há uma possibilidade.

— Você não entende, Sam — retrucou, agressiva. Havia chamas no azul dos seus olhos. — Eu não posso ser fruto disso.

Os braços dele a envolveram num abraço apertado. Dorothy fechou os olhos com força e cerrou os punhos para frear os soluços. Se chorar já era difícil para ela, soluçar seria como a morte. Tentou se convencer ao máximo de que aquilo não passava de uma suspeita. Sam poderia estar enxergando silhuetas na escuridão. Aquilo tinha que estar errado. Está errado!

— Eu quero saber de tudo — exigiu, se afastando de repente. — Não vou conseguir conviver com essa dúvida.

O arrependimento atingiu Sam como nenhum inimigo poderia atingi-lo. Sabia dos riscos de abrir essa história a ela, e mesmo assim o fez. Foi irresponsável, via agora. Dorothy estava passando por um momento conturbado e ele sentia como se tivesse dado o golpe final. Mas não havia como voltar atrás. Só restava encontrar a verdade o mais rápido possível. Ele desviou o olhar, escolhendo as palavras.

— Dorothy, eu não acabei. — Cada palavra amargava em sua língua. Ela passou a mão no rosto, sobrecarregada. — Agnes disse à Whitehall que a criança nasceu morta. Não sabemos a motivação dela ou o que foi feito do bebê, o fato é que ele descobriu mais tarde e a aprisionou numa câmara de criogenia.

— Não sei qual parte é a pior.

— A que vem a seguir. — Dorothy olhou para o céu, em súplica silenciosa. — Nós encontramos a câmara... vazia.

A ex-agente jurou ter ouvido um som forte chegar aos seus ouvidos, como um grande iceberg se partindo.

— Não é possível — conseguiu proferir, ainda perdida nas próprias divagações.

— Não sabemos quem foi, mas foi recente. Isso é grave. — Endureceu o tom de voz. — Segundo os relatos que encontramos, os poderes dela são instáveis.

— Quais os poderes dela mesmo? Psíquicos?

— Sim. Segundo os relatos, telecinese, ler mentes, provocar ilusões, alterar memórias. Há também os efeitos colaterais. As pessoas que ela controla mentalmente apresentaram quadros de aneurisma cerebral.

Dorothy permaneceu em silêncio, com o cenho franzido. Seus olhos se movimentavam vagarosamente entre um ponto e outro do cômodo. Antes de saltar, ouvi um deles implorando para não entrar em sua mente, lembrou do que Bucky relatou. Será possível? Uma nuvem densa foi se formando acima da sua cabeça. Não pode ser.

— Preciso falar com o Bucky — afirmou, determinada, indo em direção à porta.

— Você está falando sério? — interveio Sam, incrédulo, a segurando pelo pulso. — Nós estamos no meio de um assunto sério. Sinto muito se decidiu adotá-lo, mas você não pode cuidar dele agora!

— Bucky viu a Agnes — concluiu, puxando o pulso e abrindo a porta. Sem opção, Sam a seguiu. — Ele estava investigando um cabeça da Hidra que mantinha contato com ela quando todo o lugar enlouqueceu e se atirou à própria sorte — explicou, atropelando as palavras, sem prestar atenção se o que dizia faria sentido.

— Isso é problema dele — exclamou, em alto e bom som.

— Será problema nosso, se ela sair do controle — gritou, sem olhar para trás.

Sam não precisou de nenhum instante para pensar duas vezes. Ela estava certa. Só que ele não iria ajuda-la sozinho.

— Onde ele está? — perguntou Sam, tirando o celular do bolso.

— Na casa de Candice Stein, possivelmente. — Levantou o capuz e encobriu o rosto. Sam agarrou novamente seu pulso, dessa vez não para atrasá-la. — O que foi?

— Precisamos ir para lá o mais rápido possível — afirmou, em tom urgente.

— Mudando de ideia tão rápido? É isso o que a idade faz com as pessoas? — alfinetou, mesmo sabendo da hora imprópria. Não conseguia resistir mesmo.

— Nada, só temos outra bomba para desarmar antes de Hayes. Meu amigo também foi para a casa de Candice Stein. — Ela estancou, quase o fazendo tropeçar.

— Não vai me dizer que... O seu amigo... Eles...

— Isso mesmo — confirmou ele. Forçou-a a continuar andando. — Aliás, eles a chamavam de Psicose.


Notas Finais


I'M VERY LOCO
Nova personagem na área, galera! "Ah, mas já é o terceiro personagem que você inventa, Asgardian..." Calma, jovem, essa veio pra ficar. E já adianto que o foco do próximo capítulo vai ser ela. Vocês vão ficar very loco com a Psicose.
Enfim, gostaram do capítulo? Ansiosos? Que tal a Agnes? Que tal o amigo do Sam? ✪ fangirl intensifies ✪
Beijinhos invernais!
Ps.: Modifiquei alguns fatos sobre o passado do Whitehall para que se encaixassem no roteiro. Nada muito radical.


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