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História SHIELD's Most Wanted - Come As You Are


Escrita por: AsgardianSoul

Notas do Autor


AS AN OLD MEMORIIIAAA
Sim, eu deveria ter atualizado semana passada. Sim, também deveria ter atualizado ontem. OKOK. Mas semana de trabalhos, neh... (nunca tem fim)
Como anunciei antes, o capítulo de hoje é focado na Agnes Hayes, vulgo Psicose. Vai complementar seu passado e mostrar como entrou nessa enrascada. (Parece que a Dorothy tem a que puxar, não é mesmo?) Também explorará um fio do seu relacionamento com o Whitehall, personagem que acho que deveria ter sido mais aproveitado em Agente Carter e Agentes da SHIELD. But okay.
Boa leitura!

Capítulo 13 - Come As You Are


Fanfic / Fanfiction SHIELD's Most Wanted - Come As You Are

LABORATÓRIO DA HIDRA, DÉCADA DE 80...

Sussurros rodopiavam dentro da sua cabeça, tentando dar vazão à tormenta que crescia dentro de si. Dias infindáveis de gritos, chamados, clamores adoeceram sua alma. Um corpo se chocou contra o concreto da outra sala. Um grito de terror eclodiu de outro canto. Levou as mãos aos ouvidos. O barulho exterior foi bloqueado; o interior foi amplificado.

— Você é uma excelente agente, a que mais confio para essa missão — exaltou a voz feminina de sotaque britânico.

— Não, eu não sou — resmungou contra a própria memória.

— A SHIELD é tudo para mim — ouviu a si mesma no passado.

— Não, sua tola. Eles te abandonaram — lamentou, entre dentes. — Peggy, Nick, Pierce, todos eles. Você está sozinha!

Como queria estar sozinha! Mas não estava. Sua mente estava presente e nunca a daria o prazer do silêncio. Há quanto tempo lutava contra si mesma? Desde os sete, quando seu pai espancava sua mãe, ou depois que ela morreu de aneurisma? Há quanto tempo tinha que lidar com o calor emanando de seu cérebro, com os tremores, o descontrole? Não sabia dessas respostas. Tudo estava borrado, envolvido por tons de cinza.

Ela sabia das regras do jogo. Eles disseram que ela era uma boa jogadora e a inseriram no tabuleiro. Os primeiros movimentos foram limpos, calculados. Tudo daria certo. As peças caíam conforme ela avançava. Mas alguns jogadores não seguem regras. Ele sempre jogou conforme a própria cartilha, sem hesitações e limites. Todas as peças foram postas de lado. O tabuleiro era só deles. As informações tornaram-se difíceis de se extrair. Ela sentiu a corda se apertando no pescoço, até que pediu para sair. Tarde demais.

Estar por cima foi uma ilusão que obrigou a descer goela abaixo. É difícil ganhar quando o adversário usa melhor as mesmas armas que você. Homem sem habilidades sobre-humanas, lembrava-se de ter reportado no primeiro relatório de missão. Nada podia expressar o quanto se enganou! Ele tinha persuasão, certo ar esmagador de convicção que quebrou seu orgulho. E ele tinha interesse por ela e pelo que aparentava saber fazer. Ele capturou sua aura caótica no momento em que pousou os olhos nela. Percepção aguçada, deveria ter adicionado naquele relatório.

— Ele sabia o tempo todo! — declarou, com lágrimas deslizando pelo rosto.

As ondas de calor retornaram. Fechou os olhos com força para reprimir a vontade de expandir a mente. Quando a perguntaram o que sentia quando usava seus poderes, demorou para pensar em uma resposta exata e acabou dizendo algo entre “calor e horizontes se abrindo”. No fundo era mais ou menos isso que sentia. A vontade de expandir as barreiras físicas ficou forte demais para resistir. Porém, as raras vezes em que deixava fluir, sentia o impulso retornando para si, machucando os cantos da sua mente. Será que era assim que se sentiam os atacados por ela? A sensação não era nada boa. Era como ter um fantasma sugando seus pensamentos.

— Pare com isso. Pare com isso! — repetia para si mesma enquanto apertava a cabeça entre as mãos. — Eu vou ficar louca — balbuciou, entoando um riso sem humor.

As luzes se acenderam de repente, fazendo sua visão doer. A minúscula porta de metal foi aberta. Abriu os olhos devagar. Passos se aproximavam. Não o passo desleixado de um soldado. Passos impiedosos, indecifráveis. Passos conhecidos. O que ele queria dessa vez? Mais testes? Mais tortura psicológica?

— Eles nunca te avisaram para não insistir em um jogo perdido? — começou ele, presunçoso.

— Nós fomos longe demais nesse jogo, não acha? — Levantou a cabeça, encarando aqueles olhos de nevasca.

— De fato. Só que eu venci.

Ela soltou um suspiro de tédio e virou o rosto, como quem ignora um convidado indesejado. Ele se abaixou para ficarem no mesmo nível. Limpou calmamente os óculos de lentes arredondadas e os ajustou em frente aos olhos novamente. Os dedos dela tremiam, mesmo entrelaçados um ao outro. Estava de frente para um homem que burlou as leis da natureza. Se não tivesse visto, não acreditaria.

— Você faz coisas impressionantes, Agnes — elogiou, com uma sinceridade que a fez sentir frio. — Você é impressionante — reforçou. — No entanto, é refém dá própria mente.

— Vá embora.

— E de algo ainda mais forte, depois que chegou aqui.

— Vá embora! Eu te odeio!

— Você fez um estrago quando tentou fugir. Metade dos meus homens desenvolveram aneurisma, o resto está com algum distúrbio mental. Todos que estavam naquela sala jamais serão os mesmos.

As lágrimas se intensificaram. Whitehall trouxe outro convidado para se juntar a eles: culpa. Ela encolheu-se e se arrastou para o canto, tremendo.

— Não foi minha culpa. Você me obrigou a fazer aquilo.

— Culpa? Quem está falando em culpa? Agnes, aquilo foi só uma pequena demonstração de todo seu potencial. — Ela maneou a cabeça em negação. Ele franziu o cenho em resposta. — Por que você se bloqueia?  Você poderia ter fugido, bastava passar por mim. Um estalar de seus dedos me faria explodir de dentro para fora.

— Odeio... Como eu te odeio... — resmungou, com os dentes trincados de fúria. Repuxou os longos fios amadeirados para trás.

— Por que você não me subjugou, Agnes?

Responda, ordenou seu subconsciente. Sinal vermelho. Quando uma voz se erguia dentro de si, outras seguiam. Cravou as unhas na palma das mãos, como se a dor pudesse desligar seu cérebro. Você é a melhor agente para esta missão. Engoliu em seco. Estarei aqui quando você voltar. Um bolo se formou em sua garganta. A SHIELD precisa de você! Agonia. Por que todos não ficavam em silêncio? Seja uma boa menina e ninguém vai te machucar. As ondas de calor... Não podia deixa-las saírem do controle. Daniel Whitehall é capaz de qualquer coisa. Não se deixe enganar.

— Silêncio! — bradou uma ordem que fez as vozes se despedaçarem.

O calor se foi junto com os sons. Fez-se silêncio. Paz. Relaxou os músculos e focou a visão devagar. O cenário ao seu redor tinha mudado totalmente. Deixou o queixo despencar diante do próprio assombro. As paredes que a aprisionavam tinham se desintegrado quase por inteiro e a porta de metal estava retorcida, como se exposta a altas temperaturas. Olhou ao redor e observou os soldados paralisados de terror, de armas esquecidas a tiracolo. Numa fração de segundos se voltou para onde Whitehall estava. Se ele foi atingido... Antes que completasse o raciocínio, pousou os olhos nele, na mesma posição, a admirando com olhos de caçador.

— Eu não consigo te destruir — confessou ela. As palavras eram navalhas que deixavam cicatrizes. — Eu perdi no meu próprio jogo.

Ele esticou a mão e deslizou as costas dos dedos pelo rosto dela.

— Não, você ganhou, só não está olhando da perspectiva correta.

* * *

ATUALMENTE...

A fumaça do charuto se distorcia diante da janela embaçada. Lá fora chuviscava. O fumo ajudava a aquecer suas entranhas outrora por muito tempo frias. As vozes continuavam lá, só que aprisionadas em suas respectivas gaiolas, morrendo e renascendo atrás de grades forjadas pelo caos. Há semanas foi desperta da câmara de criogenia por alguém que soube da sua história, que possivelmente até a conheceu. Não se lembrava de um episódio ou outro do passado. Ninguém retorna perfeito depois de 30 anos mergulhado no completo esquecimento.

Você é refém da própria mente.

Agnes gargalhou sem humor, formando pequenas rugas abaixo dos olhos cor de esmeralda. Ela tinha essa característica: seus risos nunca eram limpos. Algo sujo e quebrado sempre se escondia atrás deles.

— Daniel, Daniel, Daniel... Tão abstrato e ao mesmo tempo tão concreto — declarou.

O sorriso foi se desfazendo aos poucos. Apagou o charuto no cinzeiro ao lado da poltrona acolchoada e suspirou.

— Veja só quem ganhou o jogo, afinal — continuou o monólogo. Uma onda de calor emanou de seu cérebro. Uniu as sobrancelhas em seguida, numa expressão de estranheza. — Mas, depois de tudo, seria melhor ter perdido. Nós éramos dois tolos brincando de se destruir, essa é a verdade.

Alguém se aproximou por trás dela e parou ao seu lado. O homem de trajes refinados alisou as abotoaduras, como se quisesse insinuar sua presença. Agnes sequer movimentou o olhar para reconhece-lo. Com seus poderes, a visão não era tão fundamental. Mesmo assim, não precisou deles para saber quem se escondia atrás da fachada de empresário recluso do interior da Alemanha.

— O mundo não é mais o mesmo, senhorita Hayes — observou ele.

— Estou sentindo — concordou. — Há algo pulsando nessa nova geração. Alguma coisa querendo sair do controle, corroendo por dentro...

— E ainda há muita coisa para destrinchar sobre ela — complementou ele. — Tem certeza de que está pronta para voltar aos Estados Unidos?

— Estou pronta há 30 anos. — Refém da própria mente. Seus olhos se estreitaram por milésimos de segundo. — Além do mais, tenho gente minha preparando o terreno.

— Não deveria confiar tanto nos seus recursos, já que são descartáveis.

— Descartáveis, nem por isso menos eficientes — argumentou ela, na defensiva. — Cada um deles é uma engrenagem importante no meu plano.

— Seja qual for seu objetivo, não justifica o desejo de voltar para aquela zona. Não agora. A SHIELD está destruída. É questão de tempo até a América ser tomada pela Hidra novamente — garantiu, sem nenhum indício de dúvida.

— Depois de todos esses anos, você ainda não compreendeu? — Ele a encarou com uma sobrancelha levemente arqueada. — Corta-se uma cabeça da Hidra, duas nascerão no lugar. É um ótimo folclore, aliás. Mas tente cortar uma cabeça da SHIELD.

— Perdão, acho que não consegui acompanhar seu raciocínio.

— Não se corta uma cabeça da SHIELD simplesmente porque eles não têm! Eles são um organismo, interligado por ideais muito fortes. Alguém sempre estará lá para honrar o companheiro caído. A justiça é um vírus. Justiça movida por vingança é incurável.

O silêncio dele foi o melhor aplauso.

— Diga-me você, por que não vai à América? Tenho certeza de que seus seguidores se levantarão no momento que souberem da sua existência — afirmou, em tom de provocação.

— Não está nos meus planos — retrucou, pronunciando a última palavra com o mesmo tom orgulhoso empregado por ela. Olhou o relógio. — Seu voo parte dentro de 20 minutos. É melhor se apressar em seja lá o que está fazendo tão focada. — Agora devolveu o tom provocativo.

— Já fiz inúmeras vezes enquanto conversávamos. A única coisa que sinto é um espaço em branco em meio a um mar de letras; vácuo; e isso me deixa doente.

— Então você está mais do que preparada para voltar, pois tudo é doente nos dias de hoje. — Girou nos calcanhares e se distanciou. Antes de atravessar a porta, olhou uma última vez para ela: — Sua doença pode ser a gota que transbordará o copo ou apenas mais uma a enche-lo.


Notas Finais


Fica o questionamento: será que o copo vai transbordar?
E esse relacionamento saudável, hein? A Agnes já era perturbada ou foi o Whitehall que a fez enlouquecer?
**aquele aviso maroto dps dos créditos da Marvel** Psicose retornará no próximo capítulo.
Beijinhos invernais!
Ps.: Por "empresário recluso do interior da Alemanha" vocês podem entender Johann Shmidt, que é a nova identidade de um antigo conhecido do Capitão América ;D


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