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História SHIELD's Most Wanted - Little By Little


Escrita por: AsgardianSoul

Notas do Autor


Guess whos back, back again. Asgardian is back, tell a friend \o/
Então, gente, eu não morri, muito menos desisti da fanfic. Tive uma perda na família, minha faculdade foi ocupada, enfrentei problemas pessoas, maaas voltei. Durante meu tempo fora adiantei boa parte da história, então isso significa que teremos capítulo toda semana. (Eu ouvi um aleluia? XD)
O capítulo de hoje vai mostrar como a Dorothy e o Bucky vão tentar sair do Canadá. Little By Little é uma música da banda Oasis (amo) e o título tem a ver com a saga da Thy. Aos poucos ela está perdendo o que fazia dela Dorothy Turner. A imagem também está relacionada com o tema.
Boa leitura!

Capítulo 8 - Little By Little


Fanfic / Fanfiction SHIELD's Most Wanted - Little By Little

As duas identidades falsas foram balançadas no ar por Arabella. Dorothy agarrou a sua e entregou a de Bucky. Ambos admiraram seus respectivos documentos. Ele encarou com estranheza a imagem impressa no papel. Estavam escondidos no mesmo local há cerca de doze horas e isso o incomodava bastante. Bucky desaprovava os métodos de camuflagem da ex-agente, porém, seria algo tão arriscado e que surpreendentemente poderia funcionar.

— Ainda não gosto disso — reclamou Bucky, torcendo o canto dos lábios.

— Também não gostei — concordou Arabella. — Você não tem cara de Sebastian Stan, muito menos Thy de Amanda Seyfried.

— Eu gostei do trabalho — afirmou Dorothy, se referindo a confecção dos documentos. — Eu estou tão normal aqui que quase não me reconheci.

Com a ajuda de truques de maquiagem, Arabella camuflou levemente as feições deles, além de ter feito Bucky retirar a barba e aparar o cabelo; enquanto isso, Dorothy fez loucuras para exorcizar o último tom de azul de seus fios, em seguida coloriu-os novamente de um tom castanho escuro e modificou o corte. Para dificultar mais, Arabella adicionou detalhes corporais, como tatuagens e manchas. No final, eles se pareciam o oposto de qualquer imagem que pudesse estar circulando.

— Apressem-se, vocês partem daqui a uma hora — gritou Arabella, da sala.

O figurino dos dois foi escolhido a dedo pela velha amiga, desde o moletom com estampa de banda de rock usada por Bucky até a jaqueta customizada vestida por Dorothy. Os dois pareciam apenas viajantes comuns numa viagem qualquer. Arabella pegou as chaves do carro e eles partiram. A ida até o aeroporto não levava mais do que vinte minutos, mesmo com o trânsito. O Honda minúsculo foi estacionado em uma vaga distante da entrada e os três desceram. Uma mala com dinheiro e roupas foi entregue a cada um deles, mesmo Dorothy insistindo que não queria dar mais trabalho.

— Também coloquei suprimentos médicos na sua bagagem para cuidar dos ferimentos — lembrou Arabella. — Se precisar de qualquer coisa, pode me ligar no número que deixei no bolso da sua jaqueta.

Dorothy estendeu os braços e avançou para abraçar a amiga, com os olhos marejados. Não sabia como agradecer tamanha ajuda.

— Obrigada por tudo, querida. — Lágrimas de carinho desceram pelo canto de seus olhos.

— Não precisa agradecer. Eu daria minha vida por você, sabe disso — cochichou, no aconchego do abraço. Depois que se desvencilharam, recusou o aperto de mão de Bucky e o abraçou sem cerimônia. — Vai ter momentos que você vai querer arrastar a cara dela no asfalto, mas nunca vai querer vê-la partir.

— Obrigado — falou ele, meio deslocado. Quando se desvencilharam, olhou para a entrada do aeroporto e virou-se para Dorothy: — Vamos.

Eles pegaram as malas e começaram a caminhar a passos largos, afastados um do outro, preocupados em aparentar normalidade. Arabella fez uma careta e chiou os lábios, indo atrás.

— Eu montei vocês dois para ser um casal, então ajam como tal — repreendeu. Agarrou a mão deles e as juntou, como duas crianças depois brigar. — Trocar olhares também ajuda. E não se esqueçam das manifestações de carinho. As pessoas sempre desviam o olhar. — Piscou. — Confie em mim, li num artigo de psicologia social.

Devidamente orientados, seguiram adiante. As mãos enluvadas se entrelaçaram de modo aconchegante, afastando o frio e a tensão inicial. Dorothy sentiu sua mão ser quase esmagada quando passaram por um grupo de policiais. Observou Bucky, que parecia ter congelado numa expressão de serenidade absoluta. Perguntou-se se ele não aprendeu nada nos tempos de Hidra. Logo lembrou-se de que o Soldado Invernal não precisava de disfarce. Ele podia eliminar qualquer alvo em qualquer lugar, enquanto só restava à James Barnes torcer para o disfarce funcionar para não ter que ferir ninguém. Esta era a diferença entre as duas faces do mesmo homem.

Policiais armados e agentes federais munidos de comunicadores circulavam pelo saguão, atentos a qualquer movimento suspeito. Pessoas iam e vinham apressadas, empurrando carrinhos com bagagem, tagarelando com crianças enérgicas. A fila do check in não estava tão grande para aquele horário. Pelo visto aquele seria um voo com poucos passageiros. Próximo ao final da fila, duas crianças passaram correndo e esbarraram em Bucky. Imediatamente a mãe se apressou em pedir desculpas e continuou a correr atrás delas. O incidente chamou a atenção de alguns passageiros ao redor e três policiais olharam desconfiados. Dorothy percebeu o perigo e envolveu Bucky com os braços para reequilibra-lo, sorrindo largamente.

— Eu falei para você não beber aquele treco verde que saia fumaça — brincou, enquanto gargalhava com a cabeça no peito dele. Levantou o rosto para encará-lo, ainda sorrindo.

Os policiais ainda encaravam, só que com menos intensidade. Ela torceu para que pudesse fazê-lo entrar na brincadeira. Logo o sorriso brotou nos lábios de Bucky como algo espontâneo e ela pôde jurar por um segundo que pareceu real. Ele a segurou pela cintura, sorrindo até formar pequenas rugas debaixo dos olhos.

— Dá para acreditar nessas crianças? — Apontou, fingindo indignação.

— Não se faça de inocente, Seb. Você está bêbado!

Os dois gargalharam abertamente dessa vez. Poucas pessoas ainda se davam ao trabalho de reparar no casal alterado. Bucky a girou pela cintura, abraçando pelas costas e depois plantou um beijo demorado no início de seu pescoço que a fez se encolher. A reação de Dorothy foi genuína. Realmente não esperava que ele fosse se empenhar tanto na encenação. Por algum motivo, em meio ao turbilhão de emoções que ultimamente habitavam em seu interior, não quis tentar explicar para si mesma o motivo da sensação de segurança que ele estava proporcionando.

— Eles estão olhando? — sussurrou ele.

— Não.

O abraço foi desfeito com naturalidade. Mas, por via das dúvidas, Bucky manteve-se próximo e permaneceu com um braço relaxadamente ao redor dos ombros dela. Vez ou outra espiava o mundo ao redor através dos fios cor de mel de Dorothy. Impressionou-se como estava passando tão despercebido. Desviou a mente desta e outras questões e se preocupou em apenas entregar as passagens para a funcionária do aeroporto. Ela demorou alguns instantes que pareceram horas antes de carimbar as passagens.

O embarque ocorreu sem maiores imprevistos. Os dois acomodaram-se lado a lado no avião. Uma onda de alívio percorreu o corpo dela. Mas só estaria completamente segura se desembarcasse em paz em Nova York. Apesar de tudo, tentou descansar um pouco durante o voo, só que estava tão ansiosa que até o movimento de mudar de página que um passageiro fazia enquanto lia o jornal a incomodava. Bucky cutucou seu ombro e apontou para o jornal. Ao ver seu conteúdo, sentiu o coração parar de bater. Imediatamente destravou o cinto e levantou da poltrona.

— Moço, poderia me dar esse jornal? — Pegou-o antes de obter resposta. — Estou com uma dor de barriga infernal e acho que toda ajuda será necessária. — Correu até o banheiro e trancou a porta.

A manchete do jornal trazia uma reportagem inédita sobre a ex-agente e sua conduta duvidosa enquanto na SHIELD, ainda, sobre seu envolvimento com terrorismo e afiliação com Grant Ward e o Soldado Invernal. Em meio ao texto sensacionalista, imagens dela em fuga e na companhia dos citados ocupavam bastante espaço na página. Todo o cenário foi criado para denegri-la de uma maneira que a deixou zonza. As palavras não se conectavam mais e seu cérebro sentiu dificuldade em processar a situação. Batidas na porta interromperam o transe. Logo se recompôs e saiu de cabeça erguida. Ao aproximar-se de seu assento, arremessou o jornal de volta para o dono.

— Pode ficar com isso. Dei sorte e acabei não precisando — informou, afivelando o cinto. O passageiro deixou o jornal cair de suas mãos, enojado.

— Está tudo bem? — inquiriu Bucky, preocupado. — Por um momento pensei que tivesse algo de errado com seus ferimentos.

Dorothy nada respondeu, apenas alcançou a mão de metal dele e apertou com toda força extraída da raiva que sentia. Ela permaneceu em silêncio durante o restante do voo. O desembarque só não foi mais tranquilo por causa do funcionário do aeroporto que passou tempo demais comparando as fotos dos documentos com os rostos deles, para finalmente carimbar os passaportes. Na saída, pegaram um táxi que os levou até um local afastado do centro nervoso da cidade.

— Nós poderíamos ter ido direto para Nova Jersey — sugeriu Bucky. — Tenho um local seguro lá para descansar.

— Não, muito batido — retrucou, distante. — Tenho um quarto num albergue há duas quadras daqui que eu usava quando queria fugir dos meus problemas. Ninguém sabe dele.

Dorothy tomou a dianteira sem olhar para trás e Bucky a seguiu. Conforme avançavam, os prédios ficavam menores e as pinturas mais deterioradas. Crianças jogavam basquete numa quadra ao lado. O barulho dos quiques da bola ecoavam pelas paredes escuras. O soldado deu uma última olhada ao redor antes de entrar no prédio de três andares. O quarto situava-se no final do corredor do segundo andar. Gritos chamaram a atenção deles e foram obrigados a presenciar a cena de uma mulher com a cabeça cheia de bobs ameaçar o marido barrigudo com uma frigideira próximo das escadas. Dorothy sempre esquecia onde deixava a chave daquele lugar, então arrebentou a porta com um pontapé.

O cubículo cheirava a mofo e contava apenas com um sofá rasgado e colchonetes. O assoalho de madeira estava esburacado e ele torceu para não ter cupins, mas pelo menos o banheiro parecia estar em ordem. Deixou as malas ao lado da entrada e encostou a porta. Queria poder fechar os olhos e respirar tão fundo a ponto de perder a consciência por alguns instantes, só que não pôde deixar de notar o estado de nervos em que Dorothy se encontrava. Ela enfiou a mão no estofado do sofá e arrancou celulares fora de linha, um revolver e maços de dinheiro. Jogou tudo do chão de maneira desleixada, menos a arma. Recarregou-a com eficácia e encostou na testa, apontada para cima, sentou-se e fechou os olhos. Parecia absorta em outro mundo.

— Foi o jornal, não foi? — Ele teria que começar por um problema da imensa lista.

— Eu não acredito que eles fizeram essa merda comigo! — Gritou, histérica, entre dentes. — Eles me acusaram de matar um colega e ainda estão me acusando de terrorismo.

— Não perca o foco — pediu Bucky, visivelmente preocupado. Ela parecia prestes a cometer uma loucura. — Nós vamos provar sua inocência.

— Dane-se! Isso não importa mais. Eu estou irada foi pelo que fizeram comigo. — Levantou-se e começou a andar de um lado para o outro. — Não, você não está entendendo. Eu dei minha vida pela SHIELD. Eu desisti do meu casamento por aqueles desgraçados! — gritou novamente, chutando o sofá.

— Turner, me ouça...

— Meu nome é Dorothy, caramba! Turner me faz parecer um deles — interrompeu, ainda em fúria. — Me chame de Do-ro-thy.

— Como quiser, Do-ro-thy — imitou a voz furiosa e compassada com que ela falou o próprio nome. Isso pareceu quebrar um pouco a tensão entre eles. — O fato é que a SHIELD já percebeu que não vai te pegar tão facilmente, então estão tentando fazer com que você saia da linha. E é exatamente isso que está fazendo agindo dessa forma.

Ela levou as mãos à cabeça, mais calma. Bucky estava certo. Não podia se entregar de bandeja.

— É tudo um maldito jogo armado pelo lobo caolho do Fury — afirmou, as nuvens escuras se afastando de seu olhar. — Mas ele vai ter que me engolir depois que eu arrastar Ward e a escória da Hidra de joelhos para detrás das grades.

— Começando por Whitehall.

— Whitehall foi morto durante a invasão — informou. Bucky cerrou os punhos. — Mas o sanguessuga do Vagner Gerstner conseguiu escapar.

— Como pode afirmar?

— Eu li toda a reportagem. Se tivessem pego um figurão como ele, teriam revelado com o mesmo alarde que me denunciaram.

— Ele não vai escapar novamente, só teremos que usar a ratoeira certa desta vez — observou Bucky.

Batidas na porta os fizeram entrar em alerta. Dorothy agiu com agilidade e jogou a arma para Bucky, que se pôs ao lado da entrada. Dorothy contou até três e escancarou a porta, afastando-se em seguida. A visão adiante não era nada do que ela esperava. Um jovem usando óculos escuros e portando uma vareta balançou o pulso no ar, revelando uma cicatriz feita a ferro quente.

— Dorothy Webber Turner — chamou ele. Ela acenou para Bucky e voltou-se a ele. — Porto uma mensagem de Franklin Teodoro Turner.

A raiva deu lugar a nostalgia. Há meses não ouvia esse nome, muito menos recebia mensagens de seu pai. O mensageiro fazia parte de um grupo que prestava serviços postais a uma porção bastante seleta de pessoas que não confiavam no correio americano. Cada mensagem era transmitida por meio de cartas e entregue somente e unicamente nas mãos do destinatário. Lógico que nada daquilo saía barato, porém, era bastante eficiente, tanto que a rede só crescia.

— Impecável como sempre, Argos — elogiou ela. Ele a entregou o envelope, sorrindo enviesado. — Obrigada.

— Disponha. E eu sou Apolo, Argos está ocupado — retrucou, antes de partir. A porta foi fechada novamente.

— O que diabos foi isso? — inquiriu Bucky.

— Meu pai não confia nos meios de comunicação do governo, então recorre a esse tipo de serviço. É tão caro quanto seguro — explicou. — Depois do pagamento, é passada uma lista de endereços onde o destinatário possa estar para receber a mensagem. Não há meio de se confirmar o recebimento, é tudo pela confiança. Até hoje ninguém reclamou.

Bucky franziu o cenho, como que se esforçando para juntar peças de um quebra-cabeça mental.

— Isso é inacreditável. — Maneou a cabeça. — Mas você não falou que ninguém sabia desse lugar?

— Na verdade, meu pai sabe. Uma vez terminei com um cara e vim para cá. Me lembro de ter passado dias enchendo a cara ao som de Lana Del Rey, aí meu pai apareceu antes que eu me jogasse num bueiro. — Bucky a encarou, sem reação. — Fica frio, isso ficou entre nós.

Apesar do tom de deboche, suas mãos tremiam ao segurar a folha marcada pela caligrafia inconfundível do homem que mais amava no mundo. Seu coração se apertou no peito ao ler as poucas linhas. Franklin dizia que estava com saudades e que precisavam se encontrar o mais rápido possível para conversarem. Chegando na última linha, uma lágrima ameaçou rolar, ao que ela disfarçou a tempo.

— Ele quer conversar comigo em casa — contou ela, guardando a carta no envelope.

— Pode ser uma armadilha.

— Meu pai nunca faria isso. — Encarou-o severamente. — Preciso ir para Long Island.

— Long... — interrompeu-se. — Isso fica em outro estado!

Mesmo sob protestos, ela colocou o celular no bolso e o revólver atrás da cintura. Pegou um maço de dinheiro e escondeu entre os seios. Pensaria no resto durante a viagem.

— Cuide de Gerstner e me mantenha informada. Esses celulares são descartáveis. Qualquer sinal de rastreamento, linha chiando, jogue na primeira lixeira e saia correndo. — Atropelava a maioria das palavras enquanto explicava. — Maldita hora que meus pais se mudaram para aquele pântano que é Providence. Odeio aquela cidade.

— O que pensa que está fazendo, Dorothy?! Você não está agindo com razão.

— Eu preciso ir, Barnes. — Deu ênfase no primeiro verbo. Ele sentiu amargura na voz dela. — Tem algo muito estranho acontecendo. Meu pai nunca me disse que me amava.

* * *

Os sons dos passos de Lewis ressoavam com violência pelos corredores da base da SHIELD. Trazia um tablet em mãos, carregado em um site de notícias. Isso não está certo. Isso não está nada certo!, sua mente repetia até a exaustão. Não estava com paciência para protocolos, então entrou no escritório da diretoria sem bater. Sua visão logo focou-se em Coulson de pé no meio da sala, pego de surpresa coçando o queixo. O diretor ajeitou-se, tentando retornar a sua expressão neutra, apesar de incomodado pela interrupção.

— O que significa isso? — Lewis quase esfregou o tablet no rosto de Coulson antes de jogar o aparelho na mesa. — Desde quando a SHIELD trabalha assim?

— Desde quando um dos nossos melhores agentes nos traiu e parece estar incentivando outros tão bons quanto a seguir o mesmo caminho — respondeu numa seriedade cortante. — Turner está se tornando um problema difícil de lidar, então tivemos que pegar pesado.

— Isso foi uma jogada totalmente desnecessária — retrucou, furioso, para um Coulson que via sua última gota de paciência evaporar.

— Situações incontroláveis pedem medidas drásticas — treplicou, alterado.

— Eu sou o responsável por encontra-la e não admito esse tipo de intervenção!

— Obrigado por lembrar da minha estúpida decisão, agente Lewis, mas não me interessa saber a anedota que diz para si mesmo na tentativa de camuflar sua incompetência. — Atirou as palavras com a precisão de um rifle.

— Senhores, com licença — falou Simmons, sem jeito pela intromissão. — Os resultados da balística foram concluídos.

Os dois trocaram olhares de apreensão e a seguiram até o laboratório. O espaço era pequeno e apinhado de aparelhos que Lewis sequer fazia ideia da utilidade. A agente May contemplava os resultados na tela com sua postura impecavelmente ereta; Fitz também observava, só que de um canto alheio da sala. Os dois se atentaram a chegada de Coulson e Lewis.

Simmons se postou ao lado da tela sem esconder o sorriso de vitória.

— Segundo o laudo balístico, as balas encontradas no corpo do agente Davis foram disparadas de uma única arma, justamente a que Ward usou para atingir outros dos nossos.

Coulson quase pôde ouvir a tensão escorrer por entre seus dedos. Todos notaram seu suspiro de alívio e também relaxaram. Simmons não se conteve e soltou uma risadinha. May a encarou pelo canto dos olhos.

— Que foi? Dorothy é legal. Nós tomamos chá uma vez — ela defendeu-se.

Apresentadas as conclusões restantes, Coulson deixou o laboratório um pouco mais tranquilo. Para seu infortúnio, Lewis o seguiu. Admitiu para si mesmo que foi duro com ele, porem, não se desculparia. Atritos acontecem quando dois homens de cabeça quente batem de frente.

— Senhor, agora que ficou esclarecido que Dorothy não matou Davis, já podemos corrigir a matéria — sugeriu, com cautela. Coulson se virou no meio do corredor e eles quase se chocaram.

— O fato das balas terem saído da arma pertencente à Ward não descarta a possibilidade de ela não ter atirado — objetou, incisivo. A postura de antes retornou. — Portanto, não vou retirar nada do que foi liberado à imprensa. São ordens superiores!

Lewis comprimiu os lábios. Não queria ter que chegar a esse ponto. Sabia do caráter de Dorothy e usaria todas as armas para defende-la.

— Já que estamos tão cooperativos com a imprensa, porque não falamos sobre os pais dela? Aposto que daria uma manchete melhor do que o espetáculo de mau gosto promovido por vocês.

Os olhos de Coulson flamejaram de raiva. Mal saboreou o alívio e já lidava com outro problema, uma bomba que Fury praticamente jogou em suas mãos minutos atrás. Ele próprio não tinha digerido a informação e teria de começar a conter seus danos.

— Você não vai falar nada, Lewis — falou Coulson, em tom de desafio.

— Então você sabe. — Empinou o nariz, com ar de superioridade. — Ótimo, assim não terá o choque de ver a notícia em todos os veículos de comunicação.

— Ninguém dará ouvidos a um funcionário de uma agência que não existe mais — sentenciou, desta vez num tom tranquilo que ferveu o sangue de Lewis. — E se insistir nessa ideia tola, responderá a um processo interno por violação de informação, onde eu sou júri e juiz.

— Você não pode...

— Cada segredo tem sua sentença. Essa é a sua. — Encarou o perplexo agente por mais um tempo antes de girar nos calcanhares e sair a passos largos.

O mal-estar ameaçou desestabilizar Lewis. Apoiou-se na parede para não ser levado pela névoa escura que encobria sua visão. Onde estava com a cabeça quando enfrentou Coulson daquela maneira? Dorothy não significava mais nada para ele. E o que acabou de fazer? Jogou tudo para o alto por ela. E sabe o que doía mais? Saber que faria tudo de novo. Cerrou o punho e socou a parede até sangrar. Queria quebrar cada pedaço daquela base e destruir o resto deixado pela Hidra. Subitamente sentiu nojo só por respirar aquele ar.

Ele não tinha mais nada na SHIELD, pelo contrário, perdeu tudo que tinha ali. Amigos, a mulher que amava, dignidade... Estava tão enojado que não esvaziou seu armário e saiu com a roupa do corpo, que jurou se desfazer quando chegasse em casa. Tomou a saída mais próxima. A sua mente pareceu ter parado de funcionar por alguns minutos, pois não se lembrou do trajeto que fez até estacionar na garagem de seu prédio. Demorou para que conseguisse acertar o lado certo da chave na fechadura. Estava completamente desorientado.

Entrou no apartamento e trancou a porta. Não acendeu as luzes e ia em direção ao quarto quando notou uma silhueta na poltrona. No mesmo instante ela esticou o braço para acender o abajur e iluminar o ambiente. De imediato Lewis não reconheceu a mulher sentada de pernas cruzadas em sua sala.

— Olá, Aidan Lewis — saudou, exibindo um pesado sotaque alemão. — Finalmente fomos apresentados.

A voz dela causou uma guerra dentro de sua cabeça. Piscou vagarosamente, sem quebrar o contato visual com ela. A estranha tinha algo que acionava um gatilho desconhecido dentro dele. Reconhecimento, talvez. Ela o lembrava alguém. Ele apontou para ela e entreabriu os lábios. As palavras eram para acompanhar o gesto, só que não saíram. Tentou novamente, mas algo o bloqueava, como uma mão invisível apertando sua garganta.

— Como já fomos quase da família, acho que posso me dar a liberdade de pedir alguns favores.

Uma faísca de vontade própria ainda ardia na consciência de Lewis, só que não forte o suficiente para libertá-lo do que quer que fosse que o estava possuindo. Caiu de joelhos, impotente. Não importa o quão fraco estava, não conseguia desviar o olhar dos olhos azuis quase albinos daquela mulher. Foi então que um relâmpago clareou sua memória, pena que tarde demais.


Notas Finais


VISH²
O que será que o pai da Thy quer falar com ela? Ou será uma punhalada pelas costas? Sei não...
Bem, quanto ao Lewis, só digo uma coisa: orem. (MUAHAHAHAHA)
Ps: Alguém já leu A Menina Submersa?


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