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História SHIELD's Most Wanted - Losing My Religion


Escrita por: AsgardianSoul

Notas do Autor


Hellooo, minhas corujinhas da madrugada *w* OK, eu sei que prometi sexta, mas, ei, pra mim ainda é sexta! XD
Fiz uma prova mega difícil hoje, tô mal, mas o carinho de vocês está me ajudando muito. Não só hoje. Cada notificação que eu recebo faz meu coração se alegrar. Muito obrigada pela recepção! <3
Musiquinha amorzinho do capítulo: Losing My Religion, da extinta banda R.E.M. Super indico, classicão mesmo.
E vamos lá! Hoje teremos a Thy indo atrás do pai e muitas revelações, assim como novos mistérios.
Boa leitura!

Capítulo 9 - Losing My Religion


Fanfic / Fanfiction SHIELD's Most Wanted - Losing My Religion

Voar novamente estava fora de cogitação para Dorothy. Mesmo estando ansiosa para rever o pai, não queria abusar da sorte. Também descartou ir de ônibus, então optou por unir o útil ao agradável e a rapidez: uma motocicleta. Bucky a mataria quando soubesse que pegou “emprestada” do primeiro desavisado que encontrou. Seus pais se mudaram para Rhode Island depois que se aposentaram, afim de aproveitar uma vida mais tranquila, na pacata Providence. A filha não fez objeção em ficar longe deles. Desde pequena foi instruída a não criar raízes. Diferente dos pais dos amigos, os dela não fizeram questão de segurá-la o máximo de tempo no ninho. Os presentes dela eram sempre intercâmbios, férias no exterior e incentivo em escolher profissões que não exigissem residência física. Como os Turner gostavam de afirmar, estavam criando a filha para o mundo. Mas, intimamente, eles estavam a criando para a SHIELD.

O ponteiro do medidor de gasolina tremia perigosamente próximo do vermelho. Perigosamente, porque ela não veria outro posto de gasolina tão cedo. Há horas tirou um cochilo no último. Afundou o pé no acelerador, extraindo o máximo de potência do motor. O calor fazia a paisagem se distorcer diante de seus olhos. Não estranharia se encontrasse um oásis na próxima curva. Não foi bem o que encontrou, mas foi igualmente foi reconfortante. O telhado de latão reluzia como uma estrela no céu noturno. Encheu o tanque até a tampa. Estava salva, por enquanto. Só lamentou o posto não contar com lanchonete. Não tinha fome, só queria comprar algo para mais tarde. A estrada não costuma perdoar desprevenidos. Molhou o rosto para se hidratar e sentou-se à sombra. Cada poro de seu corpo parecia dilatado, determinado a expulsar todo líquido do organismo. Soprou, depois sacou o telefone do bolso, junto com a pequena lista contendo os números dos outros aparelhos. Apontou-o para o alto, em busca de sinal. Milagrosos dois tracinhos piscaram na tela, o suficiente para ouvir qualquer coisa que cortasse o silêncio daquela rodovia. Ela discou a primeira sequência e torceu. Caixa postal. Acertou na quarta tentativa.

 — Ei, sou eu — falou, espremendo os olhos por causa da luminosidade excessiva. — Só liguei para dizer que estou viva. Obrigada por se preocupar, aliás.

— Bom saber que ainda não foi vítima da sua impulsividade — retrucou Bucky. Havia interferência, nada que atrapalhasse a mensagem. — Bem, eu estou seguindo o rastro do Gerstner. Aparentemente ele voltou para Nova York como se nada tivesse acontecido.

— Ele está tentando se manter firme para não assustar aos outros.

O vento bagunçou uma mecha do seu cabelo. As placas do teto do posto emitiram um ruído macabro. Dean Winchester é meu pastor e nada me faltará.

— A viagem está indo bem? — perguntou ele, mudando para um tom mais pessoal.

— Sim, estou parada em um posto de gasolina. Estou me sentindo numa daquelas cidades do faroeste, sabe? Daquelas que passa uma bola de feno...

— Não saia do ônibus muitas vezes, pode chamar atenção — interrompeu-a.

— Ônibus? — Demorou alguns instantes para ela cair na real. — Ah, sim, claro. Não, pode deixar. Na verdade, não saí do ônibus, só estou olhando, assim, pela janela, mesmo.

Realmente não passou pela cabeça de Bucky que ela fosse capaz de roubar uma motocicleta. Ela sentiu um mal-estar e rezou para ser indigestão.

— A ligação está ruim — mentiu ela. Não estava tão ruim. — Boa sorte aí. Me mantenha informada, se puder.

Fechou o telefone e o apertou entre as mãos. Dorothy, você é uma pessoa horrível, concluiu mentalmente. Respirou fundo, sentindo o mal-estar piorar. Ligou o celular e discou outro número. Créditos, não falhem agora!

— Sou eu.

— Thy? — Arabella soou desconfiada.

— Não, Jabba, the Hutt — ironizou, sem uma gota de humor. — Olha, não sei quanto de crédito ainda me resta, então serei breve. Ocorreu tudo bem durante a viagem, só que estou com indigestão.

— Você mentiu — concluiu. Arabella a conhecia tão bem...

— Eu menti para o cara que me ajudou e não estou me sentindo muito bem. — Dorothy evitava mencionar nomes, por segurança. — Mas ninguém precisa saber, então vamos continuar fingindo que é uma indigestão.

— Você não devia mentir... Quero dizer, ter indigestão com esse cara que te ajudou. Ele me parece uma boa pessoa.

— Hum, alguém está impressionada — provocou, rindo.

— Nada disso. Para me impressionar precisa ser três vezes pior do que o seu amigo.

— Nossa, pensei que tivesse superado essa fase hardcore.

— Você foi minha fase hardcore! — confessou. Dorothy soprou, fingindo indignação. — Eu não sei como você sobreviveu a si mesma, sinceramente. Ainda não consigo entender como você namorou aquele britânico palerma.

— Aidan foi uma fase confusa da minha vida. Digo, ainda é.

— Você escolheu o agente errado, querida. Aquele outro que te chamava de Purple tinha mais personalidade.

Ward. A indigestão piorou. Conversar não estava ajudando mesmo.

— Tenho que desligar agora, Arabella— cortou-a, antes que o assunto rendesse. — E você não me ajudou com a indigestão me lembrando do crush e do meu casamento frustrado, Slash com progressiva. Espero que ninguém encontre Miss Jackson!

Encerrou a ligação, se sentindo pior. Descontaria na estrada, acelerando mais para fazer as frustrações ficarem para trás. Subiu na moto, afivelou o capacete e saiu a toda velocidade. A paisagem ao redor se modificava mais rápido, até que o entardecer caiu. As primeiras estrelas despontaram no céu quando entrou em Rhode Island. Providence ficava próxima da costa, então ainda teria que praticamente atravessar o estado. Não aguentaria mais uma parada, pois sentia o tempo correr contra ela.

Apesar da distância considerável, Dorothy já podia sentir o cheiro da terra negra umedecida da floresta que margeia o rio Blackstone. Ela visitou os pais vezes suficiente para memorizar o odor local. A brisa úmida se tornava mais latente a cada cidade percorrida. A noite se aprofundava quando enfim deixou a rodovia e entrou nos domínios da cidade. Pingos grossos embaçaram o visor de seu capacete. A chuva vinha de encontro a ela. Isso seria ruim, pois teria de percorrer um trecho de estrada de terra para chegar à casa dos pais. Perguntou-se se sempre chove em Providence ou só quando ela vem.

A chuva foi passageira e os primeiros raios de sol logo secaram o orvalho das folhas negras da floresta ao redor da residência dos pais. Dorothy desligou a moto e retirou o capacete. A visão das paredes de madeira e da varanda aconchegante purificou suas entranhas. Estava em casa. Um resquício de névoa ainda pairava no ambiente. Começou a caminhar, abafando um bocejo. Teria tempo de dormir depois de conversar com o pai. Franziu o cenho ao notar a porta da frente escancarada. Aquilo não era normal. Seus pais não costumavam fazer aquilo. Um pássaro ecoou um canto agourento enquanto ela aumentava as passadas. Os olhos treinados da ex-agente captaram cada detalhe ao entrar, até se deterem no centro da sala. Seu sangue gelou a ponto de paralisar seu corpo. Havia um homem estendido no chão, em meio à uma poça de sangue, alimentada por um filete originado de uma perfuração no crânio. Franklin Turner não teve tempo de fechar os olhos diante da morte instantânea.

Diferente do corpo, a mente dela emitia dados que não processava no tempo certo, além de ordens. Era seu lado racional desenvolvido sobrepujando o emocional. Não reclamou disso, porque precisava estar inteira para sua mãe. Margot não estava em casa. O assassino poderia estar atrás dela nesse momento. Sacou a arma e vistoriou cada canto da casa. Nada. A porta da cozinha também estava escancarada, e o quintal marcado por dois tipos de pegadas que se perdiam na folhagem escurecida. Fechou o zíper da jaqueta e correu mata adentro. Galhos arranhavam seu rosto e raízes expostas representavam armadilhas perigosas. O cheiro da terra molhada, antes tão acalentador, agora sufocava. Rasgava a folhagem, alcançando uma pegada ou outra. Animais emitiam uma cacofonia desorientadora. Num descuido, tropeçou em uma raiz e foi ao chão. O desespero a alcançou e teve que lutar contra ele, assim como com os espinhos que perfuravam a palma das suas mãos. Cerrou os dentes e ergueu-se, grunhindo feito um animal ferido.

— Eu não vou te perder, mãe — gritou, afinal. Não reconheceu o eco da própria voz. Tomou fôlego e pôs-se a correr novamente.

As árvores se tornaram troncudas e o terreno acidentado. Tinha ido muito além do permitido para qualquer explorador. A evaporação era intensa. Parou e arrancou a jaqueta. Abaixou a cabeça e tentou acalmar a respiração para afastar a tontura, quando um disparo arrancou pedaços do tronco de uma árvore muito próxima. Dorothy instintivamente apontou a arma na direção do disparo, mas a abaixou em seguida, relaxando ao encarar o rosto tão conhecido.

— Não dê mais um passo ou explodo suas fuças — rosnou Margot, mirando-a com uma espingarda. Rancor se diluía ao salobre das lágrimas e suor do rosto dela.

— Mãe, sou eu, Dorothy. — Ela continuou a encarando com hostilidade. — Eu vim para te ajudar. Vamos sair daqui.

— Não vou cair no seu joguinho, garota. — Estremeceu, controlando o choro. — É assim que vocês nos pagam depois de tudo que fizemos? Eu esperava todos, menos você!

Dorothy jurou estar alucinando, pois esta seria a única explicação para sua mãe estar com uma espingarda apontada para seu peito, prestes a chorar de raiva. Ela inclinou o rosto e estudou a expressão de Margot. Não era raiva que aquele olhar expressava. Era muito pior. Ele transbordava ódio.

— O que está acontecendo? — perguntou Dorothy. Havia medo por trás de cada palavra.

— Não se finja de tonta, Dorothy — esbravejou. — Franklin quis abrir o jogo com você e eles mandaram nos matar. Meu acabou de ser morto!

— Sim, meu pai. Eu o vi — gritou de volta, impaciente. — Perguntei o que está acontecendo!

— Ele matou meu marido! — Enfatizou o pronome. — Nós não somos nada de você.

A terra tremeu sob os pés de Dorothy. A floresta está me enlouquecendo.

— Você está chocada. — Margot constatou, um pouco aturdida. — Bem, pelo menos cumpri o desejo de Franklin. Agora não te devo mais nada, me deixe em paz. Vá embora!

— Não, agora sim você me deve — retrucou severamente. — Vou te levar para um local seguro e teremos...

Um silvo varou o ar. Margot caiu para o lado, sem vida. Um tiro atravessou o crânio dela. O disparo foi próximo, como o de Franklin. Dorothy olhou ao redor a tempo de ver o assassino despencar de um galho há dois metros de altura, rolar no chão e fugir. Os instintos dela expulsaram o choque inicial e inundaram as veias com adrenalina. Tudo que enxergou no momento foi o vulto negro em fuga. Posicionou o dedo no gatilho e iniciou a perseguição. Notou pelas pegadas do assassino que ele mancava, talvez consequência do mau pouso. Mirou nas costas dele e atirou. Estranhou, pois jurou tê-lo atingido em cheio, só que ele continuou correndo. Descarregou a arma, acertando a maioria dos disparos.

Um riacho cruzava a floresta, indo desaguar no rio Blackstone. Suas margens eram íngremes e escorregadias. A perseguição continuava. Dorothy levava vantagem, mais próxima a cada passada. A raiva lhe dava mais energia do que qualquer energético. Tomou impulso e saltou, o acertando com um pontapé nas costas. O vulto rolou pela margem e parou agachado no leito do riacho, com centímetros de água corrente sobre seus pés. Ela deslizou e parou de frente para ele. O tempo pareceu parar. De perto, ele parecia maior e mais intimidativo. Usava uniforme reforçado, equipamento de ponta e uma máscara que cobria todo o rosto. E não carregava nenhuma marca de bala. O que é você?

O assassino se moveu devagar, como se doesse usar cada músculo, e entrou em posição de ataque.

— Desista, você não está em condições — avisou ela, em posição de defesa. A verdade era que ela não estava em situação melhor. — Quem te mandou?

O barulho da água corrente foi interrompido pelo deslocamento do atacante. Ele ergueu o punho e ela saltou. Os dois se chocaram no ar e caíram rolando pelo leito. Dorothy conseguiu imobilizá-lo, o envolvendo com suas pernas e braços. O rifle de alta precisão nas costas dele machucava seu estômago. Ele logo contra-atacou, a atingindo com o cotovelo seguidas vezes abaixo das costelas. Como apenas a malha da regata a protegia, os socos doíam mais, até que o jogou para o lado com um empurrão. Ela demorou mais para erguer o corpo da água e pagou por isso. Ao ficar de pé, uma dor excruciante abaixo da caixa torácica expulsou o ar de seus pulmões. Ele a empalou com uma lâmina alongada semelhante à uma espada, só que sem punho, saída de dentro do traje. O corpo dela relaxou ao mesmo tempo que ele retraiu a lâmina.

Nuvens negras escureceram a visão de Dorothy. O carrasco partiu, a deixando caída no leito do riacho, em posição fetal, com as mãos comprimindo o ferimento. Fechou os olhos com força. Vamos lá, é só mais um ferimento. Respirava com dificuldade, cada vez menos esperançosa que fosse funcionar dessa vez. Então ela enrijeceu os músculos. Formigamento. Isso, vamos! A mesma sensação que sentiu por horas após Arabella ter tratado seus ferimentos a bala retornou, só que muito mais forte, de dentro para fora. Ela cerrou os dentes enquanto o organismo fazia seu trabalho. Foi por isso que não deixou a amiga trocar os curativos. Não queria que ninguém descobrisse. Algumas pessoas chamariam isso de milagre, menos ela. Sabia o que significava. E começava a pensar na possibilidade de isso ter a ver com o assassinato dos seus pais. Das pessoas fingiam ser meus pais, corrigiu-se.

Ainda sentia dor quando se levantou e seguiu o riacho, rumo ao rio e logo mais à Represa Rolling, adiante. Lá, lembrava-se bem, havia uma trilha que levava à cidade. Não queria voltar para aquela casa. Só a menção de olhar para trás a causava náusea. Mesmo sabendo onde chegaria, Dorothy não estava propriamente ciente do ambiente ao seu redor. Achou que devia estar quente como o inferno, pois suava muito. Ou era efeito da cicatrização. Suas roupas estavam encharcadas, a pele machucada e suja de lama, sem contar o cabelo emaranhado de folhas e gravetos. O visual não deixou de atrair olhares curiosos ao chegar à cidade. Ela caminhava como que levada pelo vento. Parou numa calçada qualquer e se encolheu, sentido frio. Preciso sair daqui, sua mente ecoou. Mas antes, preciso de algo quente. Atravessou a rua e entrou no bar. Já havia frequentado aquele lugar algumas vezes. O serviço era péssimo, vivia vazio, em compensação, as bebidas eram da pesada. Três homens ocupavam uma mesa em cada lado do estabelecimento. Não havia música ambiente. Pocilga. Também não havia ninguém para atende-la. Foi até o balcão e bateu na madeira. Duas. Três. Sete vezes, até que a porta da cozinha se abriu. Ela sequer levantou o olhar.

— Desce a malvada, meu chapa — pediu ela. O balconista demorou um instante para se manifestar.

— Desculpe, mas não temos essa bebida — falou, com uma voz amena, diferente do tom bronco que ela conhecia.

A cabeça dela se ergueu devagar. Ok, quando eu disse algo quente, não estava me referindo a isso. Os cabelos encaracolados de tom loiro escuro do jovem formavam um contraste agradável com os olhos cor de âmbar. E a tonalidade bronzeada da pele só acrescentava ao conjunto. Dorothy teatralmente deslizou a mão na testa e afastou uma grossa mecha enlameada.

— Ora ora, temos um oásis aqui. — Esboçou um sorriso, depois cerrou o cenho. — Deixe-me adivinhar... Egípcio?

— Está tão na cara assim? — Sorriu abertamente. — Você é a primeira pessoa que acerta. Todos acham que sou espanhol.

— Dizem que só quem foi ao Egito reconhece um egípcio. Eu fui três vezes. — Eles sorriram mais uma vez. — Vou querer a bebida mais forte que tiver.

Enquanto eles tagarelavam, novos clientes entraram no bar. Em seguida, os ocupantes se retiraram. Dorothy estranhou, encarando a movimentação pelo canto do olho. O barulho do copo sendo batido no balcão atraiu sua atenção.

— A bebida mais forte para a garota mais espera da casa — brincou ele.

Dorothy pegou o copo e levou ao nariz. O cheiro forte lhe ardeu as narinas. Encostou-o na boca e parou, encarando o fundo do copo através do líquido amarelado. Olhou novamente ao redor pelo canto dos olhos. Ninguém no celular. Nenhuma risada. Nenhum pedido feito. Uma clientela bastante comportada para um bar. Ela abaixou o copo, remexendo a bebida, numa expressão descontente. Levantou o olhar para o balconista. As pálpebras dele vacilaram por um segundo. Peguei você.

— Antes de começarmos, alguém quer sair? — perguntou, largando o copo sobre o balcão.

O silêncio tornou-se ainda mais pesado. Milésimos separaram a paralisia da ação. O balconista sacou um bastão taser e tentou acertar Dorothy. Ela se abaixou ao mesmo tempo que dois dardos iriam atingi-la. Ao todo, seis agentes a encurralaram contra o balcão.

— Vocês devem ter pecado muito para merecerem estar comigo hoje — comentou ela, sentindo a raiva renovada. Finalmente algo em que pudesse extravasar.

O balconista saltou sobre o balcão. Ela o chutou na virilha antes que ele pudesse atingi-la novamente. O urro de dor serviu de chamado para o próximo. Ele deu uma estrela no ar, voltando-se para ela com a perna esticada. A ex-agente desviou a tempo. O pontapé afundou a madeira do balcão. Rapidamente, ela encaixou um soco no joelho dele. Um estalo fez os olhos dele se arregalarem. Logo foi nocauteado. Em seguida, dois vieram ao mesmo tempo. Ela correu, escalou a parede e despencou sobre os ombros de um deles. Uma cadeira se estilhaçou em suas costas. Gritou, depois agarrou a cintura da mulher, chocou-a contra o balcão e bateu as duas mãos contra seus tímpanos. Dardos passaram raspando sua cabeça. O atirador só poderia estar tentando cegá-la. Caminhou sobre as mesas, saltou sobre o pescoço dele e o jogou no chão, acertando um cruzado no seu olho esquerdo. Alcançou um pedaço de madeira e atirou contra o próximo que vinha por trás. Virou-se a tempo de vê-lo cair.

O balconista começou a atirar garrafas. Ela usou uma mesa como escudo para chegar até ele e empurrá-lo contra a parede. Uma garrafa ainda estava entre suas mãos quando perdeu a consciência. Dorothy a tomou e engoliu três longos goles. A sensação pareceu divina. Olhou para o cenário de guerra, depois para o jovem atraente. Começou a tatear os bolsos dele e achou o celular. Apostava todo o rum do bar que o último número chamado seria o dele. Retornou a ligação e esperou. Bingo.

— Turner, já estava entediante toda essa espera para você cuidar de seis agentes nível 8 — declarou Coulson.

Ele disse espera? Ela sentou-se, tragando outra dose.

— Eu precisava falar com você, já que te encontrar se tornou o décimo terceiro trabalho de Hércules. — continuou. — De qualquer forma, os garotos tiveram umas boas férias durante todo esse tempo em Providence.

— Um deles não passará adiante o legado da família — avisou, referindo-se ao balconista que recebeu um chute na virilha. — Aliás, falando em legado, meus pais fake foram assassinados nesta manhã.

Silêncio do outro lado. Coulson ficou mexido pela novidade. Perguntou-se se Fury já sabia disso.

— Sinto muito, mesmo, por tudo.

— Então você sabia, seu filho da mãe. — Quis chorar, mas não daria esse gostinho a ele. — Diz logo o que você quer.

— Uma barganha.

O humor de Dorothy mudou subitamente. Ela gargalhou. Gargalhou tão alto que despertou um dos agentes, que logo perdeu a consciência.

— Não — falou, seca, mudando drasticamente novamente. — De todas as pessoas do mundo, você é a única que não está em condições de barganhar. Além do mais, eu é que tenho o direito de exigir explicações. Primeiro, que merda foi aquela de espalhar por aí que sou terrorista?

— Pense bem — pediu, em seu tom neutro habitual. — Apesar de tudo, eu ainda acredito em você, Turner. Por isso estou de dando a chance de virar a página.

— Receio que seja muito tarde.

— Eu posso te dar todas as respostas que você procura.

— Claro. — Riu, com escárnio. — Qual o preço?

— A lista dos membros remanescentes da Hidra, ao invés do arquivo corrompido que você nos entregou. — Silêncio. Ela aguardou. Sempre havia mais. — E o seu amigo, o Soldado Invernal.

O nome dele é Bucky. A mente dela agiu a tempo de evitar a correção em voz alta.

— O que te faz pensar que disponho dele? — Desta vez foi ele quem riu, breve, carregado de duplo sentido.

— Eu sei que você sabe como manter alguém por perto.

— Wow. Achei ofensivo. Porém, verdadeiro. Por isso não posso aceitar sua barganha. Traição afasta as pessoas, Coulson. Você sabe muito bem como é. — Touché.

— Eu sei o que está pensando, Turner. No momento, você está pensando que Barnes é alguém em quem possa confiar para ser seu amiguinho e fugirem de mãos dadas de tudo e todos — explicou, de um modo afiado, soando quase agressivo. — Permita que eu clareie sua mente. Barnes é uma bomba relógio na pele de um homem problemático e completamente instável. Quando ele explodir, você será a primeira a se machucar.

— Chega! — gritou ela. Sentia o sangue pulsar nos ouvidos. — Toda a minha vida foi tão planejada pela SHIELD a ponto de eu me sentir totalmente alienada. Quer saber? Ward estava certo. Vocês cospem na Hidra, mas não são tão diferentes.

— Cuidado com as palavras.

— Não, cuidado você! — retrucou, interrompendo qualquer outra ameaça vinda dele. — Você diz que Barnes é uma bomba relógio? Bem, agora eu sou a bomba relógio da SHIELD. E já estou explodindo.

— Duvido que uma explosão em Providence seja notada, pois você não vai conseguir escapar. Todas as fronteiras foram reforçadas. Nós iremos te encontrar, nem que para isso precisemos revirar cada pântano da cidade.


Notas Finais


E esse joguinho do Coulson, hein? Algum palpite sobre o assassino? E, sim, eu sei que sou má ehehehehe Eu tirei ela do
Canadá e deixei com a batata assando em Providence. Agora a Thy vai ter que se virar sozinha, afinal, Bucky está lidando com problemas também. Já já esclareço melhor essa parte ;D
Beijinhos invernais!


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