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História Ship of You(Tube) - 1. A Ruiva do Star Wars está de volta


Escrita por: wolfistar

Notas do Autor


Olaaaaaaaaaaaaaar!

Sim, eu sei que eu disse que não haveria continuação de Fangirl-ily, maaaaaaaaaaaaaas a quem estou querendo enganar, não é mesmo?

A ideia era ser uma oneshot, mas, pelo que parece ser a milésima vez nos últimos tempos, acabei me estendendo demais e decidi transformá-la em uma shortfic de, no máximo, sete capítulos (ou pelo menos irei tentar).

Pretendo concluí-la até o dia 20/02 que é quando FGLY completa dois anos... mas, vamos pensar nisso depois, rs

Espero que gostem tanto quanto eu de escrever essa ideia que há meses me assolava - e que tentei ignorar, mas, como podem ver, não consegui.

Boa leitura, amores ♥

Capítulo 1 - 1. A Ruiva do Star Wars está de volta


DOIS ANOS ANTES DO EPÍLOGO DE FANGIRL-ILY 

 

[DOMINGO – 24 DE JUNHO, 2018]

— Ah, meu Deus, não acredito que você está aqui! — Marlene jogou os braços por cima dela, apertando-a fortemente contra si, fazendo com que Lily sentisse todo ar ser expelido de seus pulmões.

— Hey, Marley! — Lily sorriu assim que se afastou, feliz demais em ver a amiga. — Você pintou o cabelo! — Disse, notando que as pontas dos cabelos de Marlene estavam douradas. — Ficou linda!

— E você cortou o seu! A última foto no seu Instagram não mostrava que estava desse tamanho! — Marlene disse, puxando uma mexa ruiva e arregalando os olhos.

— É porque eu cortei ontem.

— Você é louca de cortar pelos ombros, mas ficou incrível! Tudo fica incrível nos seus cabelos ruivos. — Bufou. — Não que eu sinta inveja de você. É claro que não.

Lily sorriu um pouco mais, puxando-a novamente para um abraço.

— E a Alice? E o Frank?

— Estão bem, nos esperando no meu apartamento... ou devo dizer nosso? — Marlene deu um pulinho de felicidade antes de elas começarem a caminhar em direção à sala de bagagem. — Meu Deus, Lily, você lembra quando pensávamos em morar juntas? E fazíamos todos aqueles planos quando tínhamos, o quê? Dez anos? E agora nós estamos realizando esse sonho!

— Sim! — Lily assentiu, também animada. — Eu não consigo acreditar! — Pulou exatamente como a amiga havia feito minutos atrás.

— Vai ser incrível! Ah! — Marlene disse, ao lembrar do que Helena Evans dissera no dia anterior. — Sua mãe pediu que eu te entregasse isso. — Esticou um chaveiro conhecido para Lily. — Ela disse que volta em uma semana, mas que você precisa ir colocar comida para o Padfoot pelo menos uma vez por dia, incluindo hoje, se não quiser que ele coma todo o jardim.

— Certo. — Lily assentiu e guardou a chave dentro da bolsa, sentindo as bochechas corarem logo em seguida. Hesitante, prosseguiu: — Hm, Marley... ele...?

— Sim, ele ainda mora lá. Exatamente como eu te falei na semana passada. E na anterior. — Marlene bufou para Lily. — E vocês já conversaram? Quero dizer, já sabem o que vão fazer agora que você está de volta?

— Marley... — Lily reclamou da direção em que a conversa estava indo, mas Marlene não lhe deu atenção, prosseguindo:

— A “separação” de vocês foi pacífica, não foi? Quero dizer, vocês nem gritaram nem nada. Simplesmente conversaram e- — Deu de ombros. — Pensei que tivesse ficado subentendido que iriam voltar quando você estivesse em Hogsmeade novamente.

— Nós terminamos, Marlene. Você sabe disso. Não há nada para ser feito. — Lily bufou e então esticou a mão para a sua mala que finalmente aparecera na esteira, sentindo-se irritada consigo mesma por ter iniciado aquela conversa. Aquele era um tópico muito sensível. — Seguiremos nossas vidas normalmente. — Adicionou, tentando parecer final.

— Certo. — Marlene rolou os olhos para ela, não acreditando em nenhuma de suas palavras. — Mas ele sabe que você está voltando?

— Bem, o Sirius sabe, portanto, imagino que ele também deva saber. — Deu de ombros, fingindo-se de desinteressada quando na verdade somente pensar no nome dele fazia com que calafrios percorressem sua espinha.

Já faziam quase sete meses. Sete longos meses desde aquele dia frio de inverno quando Lily reunira coragem para fazer algo que lhe doía somente de pensar. Sete meses desde que ele havia concordado, que era o certo a ser feito, pois sabia que não adiantaria nada continuarem. Sete meses desde que Lily tomara uma das decisões mais difíceis de sua vida e que ele a aceitara sem qualquer protesto.

— Mas, e você e o Peter, como estão? — Ela indagou, afastando os pensamentos doloridos da mente, sabendo que não ganharia nada com aquilo.

Marlene bufou ao ouvi-la, rolando os olhos para Lily enquanto abria o porta-malas de seu carro para que ela colocasse a bagagem.

— Nossa. Tudo bem que você estava evitando as minhas perguntas sobre ele, mas fazer essa expressão? — Lily comentou, divertida. — Então não tem nada novo no paraíso?

— Lily Evans, porque você não entra logo no carro e para de fazer perguntas idiotas? — Marlene reclamou e então caminhou até a porta do motorista, abrindo-a e entrando rapidamente para dentro. Lily fez o mesmo, divertindo-se com o comportamento da amiga.

Lembrava de quando Marlene e Peter finalmente começaram a ficar juntos. Depois de meses apenas flertando, Peter a convidara para ir ao cinema e, desde então, eles podiam ser encontrados por todos os cantos aos amassos. Isto é, quando não estavam brigando, é claro.

Marlene, que era a pessoa com o pior histórico de relacionamentos que Lily conhecia, não queria nada sério (ou pelo menos fingia não querer), enquanto que Peter – que estava totalmente caído por ela – queria que Marlene aceitasse namorá-lo. A divergência de ideias entre os dois fazia com que eles se confrontassem com bastante frequência. Era bastante cômico como tudo sempre acabava com Marlene aparecendo na cozinha da casa dos Marauders de manhã, usando os pijamas de Peter.

Ou, pelo menos, era o que acontecia até Lily ir embora.

— Nós estamos... bem. — Marlene disse, por fim, percebendo que Lily continuava a encarando com expectativa. — Quero dizer, ele parou de insistir no assunto, então...

— No “assunto”...? Você está querendo dizer que ele parou de te pedir em namoro? — Lily questionou, interessada.

Marlene corou um pouco mais.

— Sim. Quero dizer, não fazia o menor sentido ele me pedir em namoro, Lily! Nós saímos algumas vezes e-

— Marlene, quando eu ainda estava com o- — Lily se interrompeu, sentindo a garganta apertar levemente. — Antes de eu ir para a Espanha você vivia na casa dele! Vocês saíam juntos, dormiam juntos, estavam sempre conversando pelo telefone, WhatsApp e tudo o mais... se isso não é namorar, então eu sinceramente não sei o que é. Até vídeos vocês já gravaram juntos, por Vader!

— Nós não estávamos namorando! — Marlene bufou e então adicionou, mudando drasticamente sua expressão: — Ah! Alice me deve vinte libras! — Sorriu, marota.

Lily franziu o cenho, sem compreender.

— Do que você está falando? Ela está te devendo vinte libras por quê?

— Porque ela disse que você voltaria do intercâmbio sem todos esses trejeitos geeks e starwarísticos. — Marlene respondeu, divertida, piscando para Lily. — Eu e Frank apostamos quarenta libras que você era fã demais para deixar toda essa nerdice morrer, portanto cada um de nós ganha vinte libras de Alice.

Rolando os olhos para a amiga, Lily suspirou antes de sorrir. Bem, seu amor por Star Wars era algo que nem mesmo o tempo poderia apagar.

Pelo menos isso, ela pensou, amarga, mas então afastou os pensamentos rapidamente. Não. Ela não ficaria se remoendo. A volta à Hogsmeade era algo bom. E, por conta disso, ela agiria como a pessoa feliz e totalmente saudosa que ela tinha que ser.

Lily estava voltando para casa, para a família, para os amigos.

Só não estava voltando para ele, mas, bem, ela sempre soube como as coisas seriam. Não era como se houvesse nutrido esperanças por todos aqueles meses.

Não mesmo.

X—X

Os gritos de Alice soaram nos ouvidos de Lily assim que ela abriu a porta e os braços da amiga rodearam-na, apertando-a antes mesmo que colocasse um pé do lado de dentro.

Retribuiu o aperto, sentindo o coração aquecer ao perceber o quanto sentira falta daquilo. Nem mesmo os gritos histéricos da amiga – que outrora teriam feito com que Lily bufasse, mesmo que ela vivesse fazendo o mesmo – fizeram com que ela quisesse soltá-la.

— Deixe-a respirar, Alie. — A voz de Frank soou próxima de onde as duas estavam. Dando um último apertão em Lily, Alice finalmente se afastou, um sorriso gigantesco espreitando seus lábios. Sabendo que tinha um sorriso idêntico no rosto, Lily voltou-se para o garoto que havia interrompido o momento das duas, arqueando uma sobrancelha para ele, só para receber um risinho indulgente e um abraço quase tão apertado quanto o de Alice como resposta.

— Agora quem é que está deixando ela sem ar? — Alice bufou com a hipocrisia do namorado, embora continuasse sorrindo.

Afastando-se, mas sem tirar um braço dos ombros de Lily, Frank voltou-se para Alice.

— Bem, estou apenas muito feliz que poderei ter minhas conversas semanais sobre todas essas coisas geeks para as quais você não tem paciência, já que agora minha companheira está de volta. — Frank resmungou em uma clara indireta, no que Alice rolou os olhos, fazendo com que Lily sorrisse ainda mais ao observar toda aquela cena.

— Ah, Alice, você deve quarenta libras para nós dois. — Marlene adicionou, lembrada pelas palavras de Frank. — Lily continua sendo a boa e velha nerd de sempre.

— Ah, meu Vader, como é bom ver vocês! Eu estava morrendo de saudades! — Lily finalmente disse, conseguindo controlar as lágrimas de alegria que tentavam escapar de seus olhos. Apertou um pouco a cintura de Frank antes de se afastar e olhar ao redor. Haviam algumas caixas de móveis e utensílios por todo o lado, indicativo da mudança recente. — Ah, isso vai ficar maravilhoso, Marley! — Ela disse depois de analisar com admiração o tamanho e as disposições das paredes e janelas da sala até a entrada para a cozinha, voltando-se para a amiga com adoração. — Não consigo acreditar que nós estamos mesmo fazendo isso!

Marlene sorriu ainda mais e, puxando Alice pelo braço, atirou-se sobre Lily novamente, prensando-a entre elas, como um grande e histérico sanduíche de Lily Evans.

— Vocês vão mesmo me matar pela falta de ar. — Lily conseguiu brincar, ofegando. As amigas se afastaram, relutantes.

— Vem, Lily, deixa eu te mostrar o resto da nossa casa. — Marlene deu ênfase nas últimas palavras, deixando bastante clara a apreciação daquilo tudo. — Façam café! — Adicionou para Alice e Frank que obviamente já conheciam todo aquele apartamento, afinal eles ajudaram Marlene com grande parte da mudança.

— Não! Eu não tomo mais café! — Lily acrescentou, relutante. Não era algo que ela gostasse de lembrar.

— Chá então! — Marlene rolou os olhos para ela antes de voltar a puxá-la. — Certo, como você não estava aqui, eu acabei não escolhendo um quarto... não exatamente, pelo menos, porque tenho dormido neste daqui desde que vim para cá, há dois dias. — Indicou a primeira das três portas que haviam no corredor.

Lily adentrou e ficou admirada com o tamanho do aposento. Quando Marlene dissera que havia ganhado um apartamento de aniversário e basicamente avisara que Lily iria mudar para lá com ela – dividindo as contas e tudo o mais, é claro – assim que voltasse, ela não pensou que seria aquele tipo de apartamento. Certo, ela sabia que os McKinnon eram muito ricos— e “muito ricos” parecia apenas pouco para dizer o que eles realmente eram – mas ela não pensou que o presente de aniversário da amiga fosse ser tão... requintado.

É claro, elas cresceram juntas e Lily sabia que Marlene tinha muito poder aquisitivo, embora a amiga não costumasse comentar e tudo o mais, principalmente porque se sentia incomodada com os exageros da família, mas aquilo era simplesmente...

— Demais. — Lily disse, após sair da terceira porta do corredor, tendo descoberto que era um banheiro social (sendo que já havia um em cada um dos quartos). Voltou-se para a amiga, sentindo os olhos arregalarem. — Marlene, isso é demais para mim. Quero dizer, eu-

— Shh- — Marlene bufou e então rolou os olhos para Lily. — Eu sei. Eu disse que não queria algo tão... espalhafatoso. Eu só queria um lugar legal para passar os anos de universitária, mas você sabe como meu pai é. — A amiga rolou os olhos novamente. — Não ouse me dizer que você não vai aceitar a minha oferta, porque é somente por sua causa que eu continuo aqui. Quero dizer, como eu poderia morar sozinha nisso? — Dramatizou antes de fazer um gesto com as mãos, indicando o lugar ao redor. — Sem falar que agora você foi contratada, Lily. Em poucos meses vai ter uma pequena fortuna e vai poder comprar dois apartamentos iguais a este. Você sabe disso.

Lily rolou os olhos.

— Não exagere, Marley. — Ela disse e suspirou, só para sorrir logo em seguida. — É que, bem, eu só achei que fossemos ter algo mais como casa do Teddy e Marshall ao invés de a casa do Barney.

— Bom, você sabe que ele tem um Stormtrooper na sala. Não é assim tão diferente. Para falar a verdade, com você aqui, vai ser legen...

— Wait for it...

— Dary! — Marlene completou e voltou a abraçar Lily. — Ah, meu Deus, eu estava com tanta saudade de você! É tão triste não ter ninguém para completar minhas referências. Quero dizer, eu amo a Alice, mas não era a mesma coisa sem você por aqui.

— Nisso eu tenho de concordar. — Alice, que estivera escutando as amigas da entrada do corredor, se aproximou. — É realmente revoltante ter de aguentar esses dois — e indicou Marlene e Frank que ainda estava na sala — sem você por perto. Somente quando você estava fora é que percebi que só durei todo esse tempo aturando ambos porque, quando começavam a ficar nerds demais, era sempre a você que eles recorriam. — E estremeceu de forma teatral.

— Por Vader, vocês duas! Vão acabar me fazendo chorar! — Lily bradou, mas já era tarde. Naquele momento, lágrimas desciam por seu rosto. — Ah, eu só estou tão feliz por estar de volta. Em todos esses meses, mesmo com as visitas de vocês, não era a mesma coisa. Quero dizer, eu tinha esse amigo que entendia alguma coisa ou outra de Sherlock e Star Trek, mas era tão zero à esquerda em todo o resto... — Ela disse, sabendo que estava se atendo a futilidades quando na verdade estava esfuziante só por estar perto daquelas duas novamente.

Por todo o tempo em que esteve fora, apesar de todo o contentamento e satisfação de estar fazendo algo que ela sempre sonhou, ter oportunidade de se especializar ainda mais na área que amava, Internet e Redes Sociais, além de toda a programação e hardware envolvidos, Lily se sentira sozinha. Não que se arrependesse, claro que não, pois sabia que tinha feito o que era certo. A prova incontestável daquilo era que, finalmente, no mês anterior, fora efetivada na empresa para a qual sempre sonhara trabalhar. Certo, não era a que sempre sonhara trabalhar, mas, levando tudo em consideração, era quase irônico que Lily tivesse conseguido um trabalho de verdade no site e editora Fanction Inc.

— O chá está pronto! Temos pizzas também. Não que seja uma combinação exatamente agradável...— Frank disse as palavras mágicas, fazendo com que Lily lembrasse do fato de que estava há várias horas sem comer.

Mais rápido do que seria prudente, levando em consideração o histórico dela quando o assunto era correr— ou andar, caminhar, se mover, pensar, etc. – ela se direcionou para a sala e, por conta disso, é claro que ela precisava se estatelar no chão, tropeçando na primeira caixa que teve a desventura de estar no seu caminho.

— Oh, aí está a ruiva. — E, é claro que Sirius Black estaria ali para presenciar aquela cena. — Lily Evans agindo como Lily Evans. O mundo está em seu lugar novamente.

Erguendo-se do modo menos humilhante possível – o que, pela Força, não era grande coisa – Lily voltou-se para encarar o recém-chegado de forma irritada. Só para sentir um sorriso explodir em seu rosto ao deparar-se não apenas com Sirius, mas com Remus e Peter também.

Achando que aquele deveria ser o dia-de-esmagar-Lily-Evans, ela se deixou ser abraçada por cada um dos garotos, sentindo mais vontade de chorar do que era razoável. Foram apenas sete meses, Lily, pensava consigo mesma. Você falou com eles quase todos os dias, continuava a resmungar mentalmente.

Quase todos, na verdade. Não que aquilo devesse importar. Claro que não.

— Céus, olha só para você! — Sirius, que ainda estava com o braço sobre ela e não parecia que iria largá-la tão cedo (não que ela se importasse), disse, puxando-a para ele enquanto a analisava profundamente com seus olhos cinzentos e perspicazes. — Cortou o cabelo, ruiva. Ficou bem em você. — Franziu o cenho. — Na verdade, você fica mais adulta assim.

— Bem, suponho que isso seja bom. — Ela bufou. — Eu sou adulta, afinal de contas.

— Uhum. — Sirius comentou, embora não parecesse confiar em suas palavras. Entretanto, antes que ele pudesse comentar qualquer coisa, Remus chegou até eles com uma xícara de chá esticada para Lily.

Ela sorriu para ele, embora não tenha conseguido evitar a pequena careta que surgiu em seu rosto antes de bebericar o líquido.

Sirius arqueou uma sobrancelha.

— Então... você parou mesmo com o café? — E Lily sabia que sua pergunta abrangia bem mais do que somente aquilo, afinal ele conhecia os motivos pelos quais ela havia parado.

— Sim. — Ela disse e se xingou por parecer tão triste. — Meus ossos vão agradecer pela folga.

— Eu imagino... — Sirius estreitou os olhos, mas ela não lhe deu tempo de continuar com o que sabia ser um “interrogatório Black”que era certamente pior do que uma investigação da CIA. E muito mais perigoso, levando em consideração quem era o melhor amigo dele além dela mesma.

— Mas, e vocês dois, como estão? Eu vi alguns vídeos... — Ela perguntou, olhando de Sirius para Remus e fingiu não ter hesitado levemente ao dizer aquilo, sabendo que estava mentindo. Sim, ela vira os vídeos, ao passar rapidamente por eles no YouTube. E, sim, ela não os assistira por muito tempo porque tinha medo... de acabar vendo coisas que não queria.

— Você sabe como estamos. Eu falei com você ontem! — Sirius bufou, sabendo que ela estava mudando de assunto.

Lily rolou os olhos para ele.

— Bem, mas agora eu posso ver as expressões de vocês para saber se há algo errado ou não. — Deu de ombros, condescendente.

Remus sorriu para ela.

— Estamos ótimos. — Falou. — A única coisa errada é o fato de que Sirius continua sendo insuportável como sempre. — Rolou os olhos, embora de modo carinhoso como Lily pode perceber diante do olhar que ele lançou para o namorado. — Mas suponho que eu deveria saber, afinal se ele não mudou depois de todos esses anos... — E deu de ombros.

— A esperança é a última que morre, não é? — Lily disse, sorrindo levemente.

Remus riu, indulgente.

— Mas morre.

— Ai.

— Okay, eu sei que vocês são os garotos favoritos da ruiva e tudo o mais, mas eu também estava com saudades e também gostaria de um pouco de atenção. — Peter, que até então estivera conversando com Marlene (tentando, para ser mais preciso), aproximou-se, também colocando um braço sobre os ombros dela, sem se preocupar em afastar Sirius.

— Oi, Pete. — Lily sorriu para ele, abraçando-o pela cintura. — Você também é um dos meus favoritos, você sabe. — Ela disse, fazendo-o bufar.

— Está dizendo isso só porque estou na sua frente e não quer quebrar meu coração. — Ele resmungou, fazendo-a rir. — Mas está tudo bem, ruiva, você, apesar de ser um doce, também não é a minha garota favorita. — Adicionou e lançou um olhar rápido na direção onde Marlene se encontrava, corada e parecendo irritada.

— Eu diria que não. — Lily piscou, solidária, para o garoto. — Ela está muito ruim?

— Se eu fosse uma pessoa mentirosa diria que não só para poupar o meu orgulho. Mas como não sou mentiroso, devo admitir que ela está, sim, sendo muito maléfica. — Deu de ombros, não muito afetado. — Não que isso faça qualquer efeito para me parar.

Lily soltou uma risadinha divertida.

— Bem, boa sorte. Eu acho.

Peter deu de ombros novamente, fazendo-a rir mais um pouco.

— Como foi em Granada? Já está fluente em espanhol e tudo? — Ele perguntou, mudando de assunto para um tópico menos patético do que suas investidas totalmente falhas na McKinnon.

— Eu não diria isso, mas aprendi algumas coisas que você certamente aprovaria. — Disse. — Eles são bastante criativos para xingamentos, na verdade.

— Oh, eu vou adorar, tenho certeza. — Peter sorriu em aprovação.

— Hey! — Alice chamou-os, fazendo com que os quatro voltassem em sua direção. Ela se aproximou e puxou Frank. — Sorriam! — E, sem esperar que se preparassem de modo apropriado, Marlene, que havia ficado com o celular de Alice na mão, numa clara tentativa de ficar distante do grupo, ou mais especificamente de um integrante do grupo, tirou uma foto. — Deixa eu ver! — Alice pulou alegremente em direção à Marley, sorrindo para a foto antes de postá-la sem qualquer hesitação em suas redes sociais. — Ah, as pessoas vão ficar felizes em te ver novamente, Lily. Todos sempre estão perguntando quando você vai aparecer no canal novamente. — Adicionou, sorridente.

Influenciados pela amizade com os Marauders que, após a primeira “festa” na casa de Marlene se tornaram muitíssimo próximos do casal, Alice e Frank decidiram criar um canal para eles. Lily lembrava de ter apoiado totalmente na época, tão imersa como estava naquele mundo de Youtubers e tudo o mais. Os Marauders, é claro, incentivaram os dois, ajudando-os com os conteúdos e edições, assim como Lily, que participara várias vezes de incontáveis vídeos – principalmente quando Frank queria companhia nerd­ – até que, por fim, eles foram ganhando espaço.

Era divertido, na verdade, assistir aos vídeos dos dois – e esses Lily não pulava quando via pelo YouTube – que eram tão diferentes, mas se davam tão bem. Seus episódios eram bem diversificados, na verdade, desde séries e coisas geeks do Frank até assuntos polêmicos que Lily sabia que a problematizadora-Alice adorava tratar.

Não era surpresa que as pessoas simplesmente amassem o casal.

— Não acho que- — Lily começou a falar em resposta ao comentário da amiga, mas foi interrompida por Sirius que murmurou baixinho, próximo aos seus ouvidos, de modo que somente ela pudesse ouvir:

— Todos ficarão felizes em te ver, Lily, porque todos estavam com saudades.

Ela não quis pensar muito no que aquelas palavras significavam, se é que significavam alguma coisa.

Lily não queria ter esperanças. Ela jurara que não teria esperanças.

Ela não iria surtar como antes, nem agir como uma idiota. Como Sirius ressaltara: ela era adulta. Tinha amadurecido no tempo que estivera fora, morando sozinha e tudo. Estava trabalhando agora – em um trabalho de verdade e não numa loja de CD’s ou o estágio que consumia cada maldita hora de sua vida de um ano atrás, fazendo com que quase não tivesse tempo para... outras coisas— e estava mais próxima de realizar seus sonhos, tanto profissionais quanto acadêmicos, do que jamais estivera antes, principalmente depois do intercâmbio e agora que faltava tão pouco tempo para concluir seu curso.

Lily não tomava mais café, porque ela não queria mais ter vícios. Ou lembranças. Mas ela podia ignorar esta última parte enquanto dissesse para si mesma que evitar o café faria bem para seus ossos. Ela tinha alguma dificuldade em assistir algumas cenas Han/Leia – para não dizer que ela deliberadamente pulava tais cenas, porque admitir isso seria trazer à tona o fato de que o seu amor por Star Wars estava abalado, o que certamente não ajudaria em nada— e tinha parado de escrever fanfics também. Ou lê-las. Mas ela também ignorava isso, dizendo que o fato de estar trabalhando no site, que por anos fora o lugar onde publicara suas histórias, fazia com que ela precisasse ser mais séria, mesmo que tivesse parado muito tempo antes de ser, de fato, contratada.

Lily não iria agir como uma fangirl jovem e hormonal. Ela tinha passado daquela fase. Ela não iria enlouquecer e sair pulando pela casa ou ter ataques por causa... bem, por causa de seus ídolos.

Agora ela sabia lidar com tudo aquilo. Ou, melhor dizendo: agora ela não tinha qualquer motivo para lidar com tudo aquilo.

“Então por que você está tremendo só por ver o nome dele?”, uma parte dela, a parte que ela odiava, se perguntava enquanto ela puxava o celular e acessava o Instagram para ver a foto em que havia sido marcada minutos atrás. A foto, onde ela tinha uma expressão de surpresa divertida enquanto era abraçada por Sirius e Peter enquanto Alice, Frank e Remus se empoleiravam ao redor, tinha a legenda “A Ruiva do Star Wars está de volta!” e, abaixo, o nome Prongs e outras 1.203 pessoas curtiram se destacava.

Não, ela definitivamente não iria agir como uma fangirl. Não mesmo.

X—X

James encarava o teto do quarto de hotel, agitado. Ou, bem, ele estava dizendo para si mesmo que estava agitado e não nervoso. Não havia qualquer motivo que justificasse estar nervoso, portanto assumia que fosse apenas uma agitação daquelas que surgem sem qualquer causa específica além de, bem, agitar.

Tamborilando os dedos contra as cobertas, ouvindo o ritmo abafado que as batidas produziam, ele tentava não pensar. Queria manter a mente em branco, afastada de qualquer coisa que não fosse o teto daquele quarto e o barulho dos próprios dedos.

Mas é claro que ele não conseguiu.

Suspirando para a própria derrota, James esticou a mão para o celular que havia deixado sobre a mesa de cabeceira apenas alguns minutos atrás. Pelo que parecia ser a milésima vez, acessou o Twitter, esperando ver alguma coisa, qualquer coisa, nas contas de seus amigos.

Tudo estava exatamente igual a minutos atrás.

— Vamos, James, pare com isso. — Bufou para si mesmo, sentindo-se patético.

Erguendo-se com algum esforço, James espreguiçou-se e soltou o celular sobre a cama antes de se direcionar para o banheiro a fim de tomar um banho.

Mais um. Seria o terceiro em menos de uma hora e não havia qualquer justificativa para estar fazendo aquilo exceto... a agitação que o corroía.

McGonagall chegaria em meia hora e, assim que eles conversassem e terminassem de ver os papéis que precisavam ser revisados, ele poderia voltar para Hogsmeade.

Não que ele estivesse nervoso sobre voltar para casa. Claro que não.

Bufando, voltou a guardar a toalha no armário sabendo que estava agindo feito um louco.

— Faça algo produtivo, James Potter. Não fique como um pamonha aí, parado. Agitado. — Rolou os olhos para si mesmo e então se encaminhou até sua mala, puxando-a para perto, esticando-se para abri-la e tirar seu notebook de lá.

Ele iria terminar de editar o vídeo que gravara no dia anterior. Assim, quando chegasse em casa, poderia dormir. Isso se todo o café que ele havia ingerido deixasse que ele fechasse os olhos. O que ele tinha certas desconfianças de que não aconteceria.

Suspirando, passou as mãos pelos cabelos.

— Hm, talvez seja melhor deixar isso para quando chegar em casa. — Murmurou consigo mesmo e voltou a guardar o notebook.  para pegar o celular logo em seguida.

Recusando-se a acessar o Twitter só para se frustrar novamente, James acessou seu Facebook, baixando um pouco pela timeline, curtindo uma coisa ou outra. Inquieto, passou para o Snap, observando que não havia nada de muito interessante por lá também, portanto migrou para o Instagram. Deu uma olhada em seus directs, abrindo-oà esmo – pois eram demais para que ele pudesse ler todos, de fato – e então pôs-se a baixar pelo feed, imaginando que se frustraria também.

— Céus, onde está a Minnie? — Resmungou consigo mesmo, sentindo-se estúpido.

Estava prestes a fechar o aplicativo quando o feed recarregou, deixando aquela foto à mostra.

Não havia nem um minuto desde que tinha sido publicada no perfil da Alice.

— “A Ruiva do Star Wars está de volta”. — Ele leu em voz alta, sem saber exatamente como se sentir com tudo aquilo.

Sirius tinha um braço possessivo nos ombros da garota enquanto dava um daqueles seus sorrisos extremamente grandes. Peter também a estava abraçando e ela retribuía, segurando-o pela cintura. Remus, por sua vez, estava do lado de Sirius, um braço apoiado nos ombros de Alice que segurava Frank com uma mão.

James supôs que Marlene havia tirado a foto, afinal ele sabia – assim como todas as caixas de mudança na foto indicavam – que aquele era o apartamento novo dela.

Delas.

Ele sabia, é claro, pois ouvira Peter comentar que ela iria morar lá quando voltasse. Não que ele estivesse interessado naquele fato. Ou chateado com aquilo. Não, ele definitivamente não estava, afinal, ele já havia se acostumado com a janela fechada em frente à do quarto que ele usava para gravar os vídeos.

Não era como se aquela visão o incomodasse. Já haviam se passado vários meses. James já se acostumara.

Melhor: James deixara de se importar.

Ele se importava tão pouco que até mesmo curtiu a foto, para demonstrar que nada daquilo o afetava. Aquele ato não tinha nada a ver com o fato de uma parte da mente dele – a que ele mais odiava – querer que ela visse que ele havia curtido.

Claro que não.

As batidas rígidas na porta o liberaram de uma batalha interna, o que ele agradeceu. Sorriu ao ver McGonagall, séria como sempre.

Era bom, ele pensou, ter alguém imutável como McGonagall perto dele. Alguém confiável. Alguém que não iria deixá-lo.

Certo, James, apenas pare com isso.

[ALGUMAS HORAS MAIS TARDE]

— Obrigado pela carona, ruiva! — Sirius disse e então esticou-se para dar um beijo na bochecha dela. — Vê se aparece na Movie-Maker! — Adicionou antes de abrir a porta do carona. — Aberforth não comenta sobre isso, mas ele morre de saudades.

Lily sorriu para ele, nostálgica ao lembrar do antigo chefe.

— Amanhã eu passo por lá.

— Vou fazer chá para te esperar. — Sirius bufou para ela, sarcástico. — Não precisa ficar nervosa, ruiva, ele ainda não está em casa. — Adicionou, percebendo a inquietação dela e então saiu, fazendo-a rolar os olhos.

— Tchau, Lily. — Remus, que estava sentado no banco traseiro, observando os dois com a expressão divertida, esticou-se para a frente de modo que conseguisse abraçá-la levemente. — Fica bem, ruiva. É bom ter você de volta.

— É bom estar de volta, Remie. — Ela piscou para ele e então o observou sair e caminhar até os portões da casa ao lado, onde Sirius o esperava com um guarda-chuva aberto, porque é claro que estava chovendo. — Certo, Lily, vamos logo. — Ela murmurou consigo mesma, finalmente desviando o olhar da vizinhança enquanto observava os portões da garagem abrirem. Assim que estacionou o carro do lado de dentro, pegou a chave e abriu a porta da garagem que levava direto para a sala. Assim que adentrou, sorriu. — É como se nada tivesse mudado. — Murmurou consigo mesma enquanto caminhava por entre os móveis da casa onde havia crescido.

Certo, tudo bem que somente alguns meses haviam se passado desde que ela fora para o intercâmbio, mas ainda assim, era estranhamente reconfortante para ela que a sua casa – ou melhor dizendo: a casa dos seus pais – continuasse a mesma. Era bom saber que, apesar de todas as mudanças em sua vida, ela sempre poderia retornar para aquele lugar e se sentir como ela mesma novamente.

Caminhou até a cozinha e sorriu ao ver o post-it grudado na geladeira em que a mãe havia escrito “tem biscoitos na geladeira”. Ela não seria Helena Evans se não arranjasse um jeito de mimá-la, mesmo estando fora.

Pegando os biscoitos, Lily voltou até a sala, ligando a TV sem qualquer pretensão de assistir, somente para trazer algum som para dentro de casa. Ligando as luzes por cada cômodo que passava, caminhou até as portas que a levavam para o jardim, soltando a bandeja de biscoitos sobre um aparador antes de abri-las, sorridente.

Padfoot a derrubou sem qualquer cerimônia, exatamente como Lily havia esperado que ele fizesse. Ele estava maior do que ela lembrava, o que a fez imaginar se Helena não estava o alimentando mais do que o necessário.

— Oi, garoto. — Lily disse, coçando suas orelhas com adoração, feliz pela recepção calorosa. — Eu estava com saudades de você, Pads. Bom menino. — Sorriu para ele, deixando que ele pulasse e a lambesse, apesar de estar com um cheiro terrível de cachorro molhado por causa da chuva. — Quando o tempo melhorar eu vou te levar para tomar banho, Padfoot. Eu amo você, mas você está definitivamente fedorento.

Ele latiu em resposta, como se estivesse concordando. Lily se ergueu do chão onde havia caído e então abriu o armário no qual a mãe guardava sua comida, pegando um pouco – mais do que um pouco, na verdade – e enchendo o prato dele, o qual ele atacou rapidamente. Enchendo sua tigela de água, Lily acariciou-o mais um pouco antes de voltar para dentro e fechar as portas.

Estava ficando tarde e, apesar de ela querer muito ficar ali para brincar com ele, ainda precisava pegar algumas coisas que faltavam do seu antigo quarto e não queria acabar pegando uma chuva muito forte na ida.

Suspirando para a roupa totalmente suja das patas de Padfoot, direcionou-se para as escadas, sentindo novamente a nostalgia a atingir. Por curiosidade, abriu a porta do quarto de Petunia antes de ir para o seu e sentiu um aperto no estômago ao deparar-se com ele totalmente vazio.

Petunia havia se mudado para Londres no ano anterior, assim que voltara do intercâmbio e se formara. Ela recebera uma proposta de emprego na Ordem da Fênix, uma das acessorias comerciais para influenciadores digitais mais renomadas do país e onde ela trabalharia junto de Minerva McGonagall, a advogada e também agente dos Marauders.

Lily lembrava de ficar quase uma hora no telefone agradecendo a mulher por ter dado uma oportunidade daquelas para a irmã. Era basicamente o sonho de Petunia lidar com contratos e todas essas coisas. Não que Lily pudesse entender essa fissuração, é claro.

Apesar disso tudo, ainda era estranho não encontrar o quarto espetacularmente organizado de Petunia, mas sim somente o guarda-roupa vazio e a cama. Fechando a porta, Lily perguntou-se como deveria ter sido para os pais quando as duas filhas decidiram sair de casa em um espaço tão curto de tempo.

Afastando tais pensamentos, Lily finalmente abriu o próprio quarto, sentindo o sorriso se espalhar pelo seu rosto ao deparar-se com todos os pôsteres e móveis no lugar de sempre.

Sentindo-se como se aquele fosse mais um dia comum, depois de voltar da Movie-Maker, Lily soltou a bandeja de biscoitos na mesa de cabeceira e atirou-se em sua cama, fechando os olhos ao sentir o conforto entre seus travesseiros.

— Meu Vader, eu senti tanta falta de você. — Ela murmurou para o colchão, lembrando-se da cama em que dormira enquanto estivera na República Universitária em Granada. Estremeceu. — E de vocês também. — Ela puxou os próprios travesseiros, sabendo que estava falando com um objeto inanimado, mas sem conseguir se importar.

Tudo estava exatamente como havia deixado antes de ir, exceto as roupas – que ela sabia que Marlene havia levado para o apartamento na semana anterior com a ajuda de Alice. Isso para não contar as que estavam nas malas de Lily.

O apartamento só ficou pronto duas semanas atrás, contudo Marlene não quis ir para lá até que Lily estivesse com as passagens compradas de volta para casa. Portanto, apesar de Marlene ter levado grande parte das coisas dela e dos móveis e decorações que elas haviam escolhido por meio de lojas online, os móveis do quarto de Lily ainda não haviam sido retirados dali.

Sabendo que teria de sair da cama antes que acabasse dormindo por conta do cansaço que as horas de viagem causaram, Lily gemeu antes de se erguer, encaminhando-se até o canto próximo ao banheiro onde haviam várias caixas que Helena separara para que ela colocasse suas coisas.

Depois de dar play em sua playlist, Lily começou a cantarolar enquanto puxava com cuidado seus pôsteres e objetos das paredes e estantes. Sorriu ao perceber que sua mãe deveria ter limpado tudo pelo menos uma vez na semana. Por Vader, como alguém podia ser mais maravilhosa que Helena Evans?

— Hey, Yoda. — Lily murmurou para o funko de Mestre Yoda que vivia desde sempre em cima de sua escrivaninha. — Para a casa nova vamos nós.

Terminando de juntar todas as coisas que queria de cima da escrivaninha e prateleiras, Lily suspirou ao voltar-se para a janela que estava fechada. Sirius havia dito que ele não estava em casa. Então não teria problema, certo? Ela queria muito aquela cortina de Darth Vader. Lily passara grande parte do tempo extremamente frustrada enquanto estava em seu quarto na Espanha, sentindo que faltava alguma coisa toda vez que olhava para a janela e o Lorde não estava lá, a encarando e dando força.

Seria só o trabalho de abrir a janela rapidinho para desparafusar o suporte e fechá-la rapidamente. Quão ruim poderia ser?

— Não muito. — Murmurou consigo mesma e então pegou a chave de fenda que havia separado para aquele propósito antes de se encaminhar até a janela e, em um impulso, abri-la.

O suspiro de alívio que escapou dos lábios de Lily foi intenso. Seu coração estava batendo forte e, embora ela soubesse que estava sendo estúpida, não conseguiu deixar de sorrir ao deparar-se com a janela do vizinhototalmente fechada.

— Bem, graças a Vader. — Ela disse e então pôs-se a trabalhar, desparafusando pelo lado de fora antes de voltar-se para dentro e terminar o trabalho.

Foi rápido e totalmente indolor. Ou, bem, quase indolor, afinal é claro que ela precisava derrubar o suporte sobre os pés e xingar até os antepassados de Obi-Wan enquanto pulava no lugar. Mas, levando em consideração todo o resto, não fora nada muito exorbitante.

Puxando a cortina do suporte caído, Lily começou a dobrá-la animadamente, imaginando a disposição dos móveis e como tudo ficaria assim que terminasse de arrumar seu novo quarto. Depois de guardar a cortina e o suporte dentro de uma caixa, Lily estava prestes a fechar a janela quando um som esquisito veio do andar de baixo.

Franzindo o cenho e sentindo-se imediatamente alerta, Lily saiu do quarto, descendo as escadas lentamente enquanto rogava à Força que não fosse nada demais.

Ela tinha trancado todas as portas, portanto não havia como ninguém ter entrado.

Exceto Padfoot. Que, Vader sabia como, tinha conseguido abrir a porta dos fundos e tinha entrado – e sujado – casa à dentro, deixando todo o chão cheio de marcas de suas patas molhadas de chuva.

— Pela Força, Padfoot! Eu acabei de voltar e é assim que você me recepciona? — Lily bufou, sabendo que demoraria muito mais tempo do que havia planejado ali, pois agora teria de passar um pano por todos os lugares onde aquele cachorro hiperativo havia cruzado. Resmungando, Lily colocou-o para fora, certificando-se de trancar a porta antes de começar o trabalho braçal.

Demorou bem uns quarenta minutos até que tudo estivesse limpo novamente – não limpo tipo Helena Evans, mas limpo o suficiente.

Sentindo-se totalmente exausta, Lily pensou que seria melhor voltar no dia seguinte para terminar de empacotar o que faltava – que no caso era somente os novecentos mil livros que ela tinha em sua estante – ou até mesmo fazer isso quando o caminhão de mudança viesse buscar os móveis. Subindo as escadas muito devagar, ela tentou não pensar no trabalhão que teria para baixar todas as caixas que já havia enchido.

— Bem, por hoje era só isso. Eu preciso dormir antes que acabe desmaiando... — Resmungou, pensando na falta que ela sentia de café. Ao pensar isso, lembrou-se do armário no andar de baixo, onde sempre guardara todos os tipos de café e canecas que possuía... — Não, você não vai cair em tentação. — Bufou e então voltou a entrar em seu quarto. — Você está há quatro meses sem tomar café, você não vai voltar atrás agora. Seus ossos irão agradecer e você vai se sentir...

Abismada.

Era assim que ela se sentia ao erguer os olhos para a janela que esquecera aberta – e por onde a chuva havia entrado, molhando todo o chão à sua volta – e deparar-se com ele a encarando, parecendo tão surpreso quanto ela própria.

Mas é claro que ela não surtaria.

Claro que não.


Notas Finais


Capítulo betado pela linda da July Evans ♥
~~~~~~~~~~~~~~~~

E aí, gente, o que acharam?

Sim, eu sei que tem muita gente querendo me matar, mas se lembrem que, no final, tudo dá certo, rs

O que seria de Jily sem um pouco de sofrência, não é mesmo?

Por favor, me contem o que acharam, sim? Vou amar vê-los por aqui!

Dúvidas, sugestões, etc, estou sempre no twitter: @wolfistar

Beijinhos e até breve, amores ♥


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