História Shooting Star - Capella

O sentimento de nostalgia invadiu Luhan ao acordar com Sehun lhe acariciando delicadamente.

-Bom dia. – Luhan não podia conter o sorriso.

-Bom dia. – Sehun respondeu de volta ainda o acariciando.

-Dormiu bem? – Luhan perguntou ainda sorrindo.

-Como não dormia a muito tempo. – Sehun respondeu roubando um beijo de Luhan. -Amor, eu tenho cenas fora da cidade nesse fim de semana. – anunciou, perdendo um pouco o ar de felicidade que havia em seu rosto.

-Mas hoje já é sábado. – Luhan observou.

-Exatamente, já era pra eu estar junto da equipe, já me ligaram um monte de vezes. – Sehun explicava sorridente.

-Então o que você ainda está fazendo aqui? – Luhan perguntou curioso.

-Não queria deixar você acordar sozinho, depois da noite de ontem amor. – Sehun respondeu apertando Luhan contra seu corpo, em um abraço desajeitado e beijando o pescoço do amado.

-Você é um bobo, é a sua profissão. – respondeu Luhan querendo parecer sério sem sucesso. – Vai logo se arrumar para sair.

-Não quero, quero passar o dia inteiro com você nessa cama. – Sehun respondeu maliciosamente, fazendo Luhan rir.

-Eu também queria, mas é melhor você ir meu amor. – Luhan aconselhava.

-As minhas cenas já estão terminando, já estamos no fim das gravações.

-Mas motivos para você ir. – disse Luhan roubando um beijo do namorado, e dando vários outros na sequência, mas sem deixa-los se aprofundarem.

-É assim que você quer que eu saia da cama? – Sehun indagou rindo.

-Sim, vai logo! Aposto que você está atrasado.

-Está me expulsando da nossa cama Luhan? – Sehun perguntava fingindo irritação mas se afundando no pescoço de Luhan.

-Sim. – a estrela respondeu sorrindo. – Vai amor, se você quiser a gente toma banho junto.

-Se é assim eu vou. – respondeu levantando e esperando Luhan levantar junto de si.

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Luhan acabará de chegar ao observatório, como já havia terminado o horário de visitas e já havia anoitecido, aquele lugar apresentava um semblante sombrio, mas ele tinha a chave, então entrou, sem se dar o trabalho de tocar a campainha.

A sala de convivência da pseudo casa de Chanyeol e Baekhyun estava escura, e toda a residência estava silenciosamente, o que era muito estranho. Aquele lugar era sempre tão cheio de barulho e alegria, Chanyeol falava alto demais, e Baekhyun estava sempre rindo das asneiras que ele falava.

-Baekhyun! Chanyeol! – Luhan chamou sem obter resposta.

Subiu as escadas até o andar de cima, onde ficava o grande telescópio e os meios de comunicação que os conectava com Andrômeda. Ali encontrava se Chanyeol, sentado voltado para o parede panorâmica daquele lugar, possuía um semblante triste, embora distraído.

-Chanyeol? – Luhan o chamou mais uma vez se aproximando.

-Oi Luhan. – ele respondeu se voltando para Luhan, sem emoção na voz.

-Está tudo bem? – Luhan encontrava-se preocupado ao perceber as feições do amigo, do seu guardião orientador.

- Sim, só estou cansado. – ele respondeu lançando a Luhan um sorriso sem muita vontade.

-Sei. Cadê o Baek? Queria falar com ele. – Luhan se aproximava de Chanyeol, se sentando na cadeira ao lado dele.

-Ah, o Baek está com o nojento de Suho, ele foi passar um tempo com ele no litoral. – respondeu de forma mau humorada.

- Vocês brigaram, não é mesmo? – Luhan foi direto.

Era raro os dois brigarem, do tempo que Luhan estava na terra sobre a monitoria de Chanyeol não foram mais de três vezes, mas nunca era nada sério, voltavam sempre a se falar depois de algumas horas.

Chanyeol sempre dava o braço a torcer quando se tratava de Baekhyun. Para Chanyeol, Baekhyun era como um bem precioso, sempre o tratava com carinho, como se tivesse medo de quebrar, ele nunca alterava a voz para o amado, sempre ouvia e mantinha a voz com um tom casual, durante as discussões, por incrível que pareça, uma vez que Chanyeol era quase sempre grosseiro, mesmo sem ter intensão algumas vezes.

Dava para perceber que havia algo errado, primeiro pelo silêncio e escuridão na residência dos dois, e depois por aqueles grandes olhos tristes.

-É, tivemos uma briga feia. Nunca pensei que teríamos uma discussão como aquela, nunca havia o visto tão irritado comigo. – Chanyeol relatava ao amigo com tristeza na voz. -Eu... eu gritei com ele Lu, e agora ele esta lá com aquele... aquele, com o Suho, tenho medo que ele não queira mais voltar.

Baekhyun e Luhan eram amigos confidentes, e para o Baekhyun não procurar Luhan e ir direto até Suho, sem dúvidas havia sido algo sério. Luhan não sabia muito de Suho, se encontraram poucas vezes, nunca tiveram uma conversa duradoura, mas sabia que quando Baekhyun chegou a Terra ficaria sob responsabilidade de Suho, mas isso mudou quando Chanyeol e Baekhyun se apaixonaram e ele pediu permissão para mudar de distrito.

Porém mesmo anos após essa transferência Chanyeol ainda morria de ciúmes da amizade que Baekhyun e Suho nutriam, ele achava que Suho tinha segundas intensões, Baekhyun definitivamente não via maldade nas pessoas.

- O que você fez Chanyeol? – indagou Luhan de forma acusatória.

-Eu falei o que não devia, você sabe como às vezes a minha forma de pensar diverge da do Baek. – Chanyeol massageava as têmporas.

-Sim, eu sei. E como divergem. Mas o que você falou? Não pense assim Chanie, o Baek detestaria ficar longe de você durante muito tempo, vocês se amam, ele não suportaria.- Luhan tentava consolar.

- Você sabe o quanto eu detesto os humanos, não é? Sabe o quanto detestei essa função no início, até que o Baek apareceu na minha vida. - Chanyeol tentava explicar, enquanto o Luhan assentia silenciosamente. – Então, nós estávamos assistindo a um documentário sobre genocídios na história da humanidade. Porque bem, o Baek tem uma adoração por esses seres, e pela história deles, então ele começou a chorar quando imagens de Auschwitz durante a segunda guerra apareceram na tela.

Luhan já esperava o que vinha a seguir, sabendo das ideias radicais, insensíveis e estúpidas, que Chanyeol nutria dos humanos, e o quanto Baekhyun as detestava e lutava para o ensinar a amar mais aos humanos.

- Então eu pedi para ele não chorar, por que claramente, toda a raça humana merecia passar por eventos como aquele ao longo da história, por que só mesmo seres como eles, tem a capacidade de se mataram por interesses próprios. Mas ele ficou furioso, nunca levei um tapa tão forte no meu rosto, ele me estapeou sem dó, depois ele gritou comigo durante minutos e me chamou de estupido inúmeras vezes. Até que eu comecei a gritar com ele também, então ele começou a chorar outra vez, e disse que estava desistindo de mim, que não tem como mudar as pessoas, se trancou no quarto e quando saiu, disse que ia visitar o Suho, e que não sabia quando voltaria. – Chanyeol tinha o olhar distante e um pouco triste, seu tom de voz quase não se alterava ao longo da história.

- Por Alfa Chanyeol, não se deve falar isso, sabe o quanto aquelas pessoas sofreram naqueles campos? E o quanto inúmeras outras civilizações sofreram de forma igual? – Luhan indagava, e Chanyeol mantinha o olhar perdido.

-Eu sei Luhan, me arrependo de ter dito aquilo, o Baek tem muita admiração pelos humanos, ele os ama de todo o coração, não se importa se as pessoas podem ser boas ou ruins, ele simplesmente ama a todos. – Chanyeol passava as mãos nos cabelos, enquanto se explicava.

-Exatamente, ele os ama de todo o coração. Quando isso aconteceu? Porque não me ligou?- Luhan perguntava preocupado.

-Foi a dois dias atrás, eu não queria te preocupar, sei o quanto tem sido estressante a sua relação com o Sehun ultimamente. – finalmente voltou a olhar nos olhos de Luhan.

-Nós somos amigos, não tem isso de preocupação, o dever dos amigos e sempre estar ao nosso lado nós melhores e piores momentos.- Luhan sorria tímido para o amigo.

Chanyeol suspirou, como se houvesse um peço enorme em seus ombros, mas era óbvio que o peso era na consciência.

-Eu... eu não sei o que devo fazer Luhan, nós nunca brigamos tão serio, nunca deixamos de nós falar durante tanto tempo. Eu sei que estou errado, mas tenho medo. Não sei se ele irá me perdoar. – a preocupação misturada com a tristeza era evidente na voz de Chanyeol.

-Eu acho que você deve tentar Channie, como vai saber se não tentar? Acho que você deve ir vê-lo. Eu tomo conta do Observatório para você, amanhã é domingo, então ele vai ficar fechado mesmo, não há muito o que fazer aqui. – Luhan falava com um timbre quase maternal.

-Você faria isso por mim? – Chanyeol perguntava esperançoso.

-Obviamente, é claro que sim. Que pergunta tola.

- Então amanhã irei até lá, falar com ele pessoalmente. – Chanyeol falou com determinação, mas sem muita animação.

- Isso, amanhã de manhã estarei aqui então, para ficar no seu lugar.- Luhan falava sorrindo, ao ver que o incentivo havia tido efeito.

-Obrigado Lu. – Chanyeol agradeceu. – Mas o que você queria falar com o Baek? Eu posso ajudar?

-Não há de que. Só queria vê-los, estava com saudades, fazia tempo que não vinha visitar vocês. – Luhan relatava.

-Sei... bem, hoje só tem a mim. – o maior falava com um sorriso triste.

-Ele vai voltar Channie, não fica assim. – Luhan tentava consolar o mais alto.

-Assim eu espero. – falava esperançoso. – Espero convencê-lo amanhã.

-Vocês se amam, ele vai acabar voltando.

-Que suas palavras se tornem realidade. – Chanyeol falava rindo sem vontade. – Mas mudando um pouco de assunto. Você já está próximo de voltar para casa não é?

-Ah sim, acho que ainda devo ter uns quatro meses e alguns semanas. – Luhan respondeu com pesar.

-Nossa, deve ser bem ruim saber que vai se separar daquele que ama. – Chanyeol nunca média as palavras, mas não era algo que fazia de propósito. – Sem poder voltar a encontra-lo para todo o sempre.

-É, está sendo bem difícil, mais difícil que eu imaginava. – Luhan relatava tristemente. – Mas essa não é minha maior preocupação... Não! Na verdade é sim, maldito tempo.

-Sim... Maldito tempo. Mas se não fosse o tempo, e o fato de você estar ligado emocionalmente aquele humano, qual seria, não é mesmo?

-É. – Luhan concordou distraidamente tomando fôlego para voltar a falar. – Eu não consigo me desapegar sabe? Sei que nunca vou deixar de ama-lo, eu já fiz de um tudo, até ignorar sua existência, mesmo dividindo o mesmo teto. -Luhan relatou enquanto brincava com os dedos. - Mas é horrível ver aqueles olhos tristes todas as vezes que nossos olhares se cruzam, ele não faz ideia do que está acontecendo, e isso dói tanto em mim.

-Luhan, se às coisas continuarem assim, talvez seja melhor vocês romperem, você ainda tem um pouco de tempo. – Chanyeol falava de uma forma surpreendentemente delicada, algo que era extremamente raro vindo dele. – Na verdade, você já deveria o feito, talvez não acordar ao lado dele toda manhã, não viver com ele todos os dias, te ajude, além de deixar de viver naquele apartamento, aposto que ele carrega muitas lembranças.

Luhan ouvia cada palavra atentamente, sabia que o amigo o aconselhava, que trazia a voz da razão, sabia que se Chanyeol tivesse sido o primeiro a saber do relacionamento que havia iniciado com o humano, ele não aprovaria como Baekhyun fizera, teria deixado de viver seu sonho, mas não estaria sofrendo daquela forma.

-Você tem razão, talvez seja melhor deixa-lo. – Luhan pronunciava as palavras com pesar, a tristeza era palpável. – Essa seria uma decisão sensata.

-Mesmo que seja dolorida, talvez funcione. – o mais alto disse.

Luhan suspirou tristemente, tinha que se desapegar de Sehun, não sabia se conseguiria, ou se a decisão que tomava era a certa, mas tentaria.

-Eu vou romper, com o Sehun, assim que possível eu farei, quem sabe não facilite as coisas. – Luhan tinha determinação, mas era visível a tristeza é como aquela decisão vinha de forma difícil. – Bem, tenho que voltar para casa.

-Entendo. – Chanyeol disse se levantando.- Vou te levar até a porta.

-Ah não, para que a cerimônia, eu já sou de casa, e a vista daqui é muita bonita. Não se preocupe com isso, continue ai. – Luhan deu uma piscadela e se virou para ir embora. – Amanhã estarei aqui às oito. – anunciou andando. -Boa noite Chanie. Ate amanhã.

-Tchau Lu, boa noite. – Chanyeol se despediu. – Ah, e obrigado! – agradecera mais uma vez ao amigo, percebendo este dar um pequeno sorriso.