[...]
No dia seguinte, na Highway, o clima parecia mais tranquilo.
Me dirigi para minha sala e abri o laptop.
“O show é daqui dois dias....”
“Vejamos...” – peguei minha agenda – “Hoje eles aterrissam. Preciso levá-los ao hotel. A noite tem o encontro do Yoongi e do Namjoon com os representantes e a criançada da Fundação O bom escritor... amanhã tem fotos e as entrevistas exclusivas, logo depois da coletiva de imprensa... eles vão almoçar com a galerinha influente do sr. Menezes, hahaha... Vamos ao Lé queterrie’... a tarde tem gravação dos programas para a TV....hmm, ok... depois de amanhã tem as entrevistas para as revistas e mais fotos... a tarde eles vão passar o som...”.
“Isso é mesmo fantástico” – pensei depois de fechar a agenda.
Olhei para os quadros da minha sala. BTS desde 2013 espalhados pelos espaços.
“Eu ainda não acredito...” – fechei os olhos e suspirei profundamente. Me virei para a janela de vidro atrás de mim e fitei os prédios.
“Que tudo dê certo. Amém”.
Menezes abriu minha porta e começou a bater nos objetos.
Esperei por alguns segundos até a baderna acabar.
_Sr. Menezes? – me levantei e coloquei os braços pra trás como um soldado.
_ S/N, S/N, S/N, S/N... minha doce e experiente S/N...
_ Em que posso ser útil, Sr. Menezes?
_ Não, nada... só gostaria de saber se você estava bem... você vai ao aeroporto daqui a pouco, e depois ao hotel... queria certificar o quanto da sua atuação fajuta de segurança e autocontrole profissional já havia caído por terra.
_ Eu fico lisonjeada com essa confiança e esperança que o senhor tem em mim, sr. Menezes. Me toca profundamente. – ironizei.
Ele riu e puxou a cadeira.
_ Haja o que houver, depile todas as partes. Não sabemos com quem ou quando ficaremos pelados... então fique atenta.
Eu revirei os olhos e me encostei na mesa com a cabeça baixa.
_ Sr. Menezes... – olhei pra ele – o senhor faz as melhores piadas... obrigada por tentar me acalmar nesse momento... isso significa muito pra mim – disse calma, e sorrindo de lado.
Ele riu e ficou feliz quando eu havia percebido o que ele tentava fazer.
_ Apenas vai lá e arrase. Tenho total confiança em você. – disse ele enfim, sério, penetrante, como um chefe imponente. – Faça seu trabalho.
Se virou e saiu da sala.
Catei a bolsa e fui ao Hall. A equipe já estava reunida e agora íamos ao aeroporto.
“Só vamos.” – pensei, tentando me encorajar.
[...]
ARMYs... ARMYs por todos os lados.
“Eu também estaria ali, se não estivesse aqui” – admiti em voz alta.
_ O quê? – disse Gustavo pra mim, com tom alto na voz – fale mais alto! Aqui está um pouco conturbado!
_ Ah, não era nada.
_ O QUÊ? – repetiu Gustavo, se aproximando pra me ouvir.
_ NÃO É NAAAAADA!! – eu disse impaciente, até perceber que um silêncio havia se formado no local.
Quando olhei em volta, as pessoas estavam apreensivas, como quando seguramos a respiração antes de um pênalti.
Olhei para o lado e Regina fez positivo pra mim.
Eles haviam chegado.
“OH, MEU D-US” – comecei a ofegar e tremer.
“NÃO, AGORA NÃO! SEM TREMER. NÃO CHORE... NÃO GRITE... ENGULA A EMOÇÃO” – fechei os olhos e comecei a correr para meu posto.
Gustavo pegou no meu braço e segurou nos meus ombros, me parando.
Ele sorriu pra mim e depois me balançou ferozmente.
_ Se você falhar, nós vamos ficar como baratas tontas. Por favor, mantenha a sanidade! Você é quem nos coordena aqui! Fique na terra, S/N! precisamos de você na terra!
Suspirei e cerrei os punhos.
Andei com passos firmes e me posicionei.
Eles vinham...
Vinham em câmera lenta...
Vinham balançando as bolsas...
Vinham colocando as mascaras nos rostos...
Rostos angelicais...
Aquelas pelves e braços balançando...
Aqueles cabelos sob os bonés...
Eles vinham...
E eu sentia minha alma sendo puxada...
_ Gustavo – eu sussurrei sem parar de olhar pra eles.
_ Ahn? – disse, me fitando curioso.
_ Não me deixe perder o juízo... – olhei pra ele com apreensão – mas se eu perder, pegue minha agenda e siga ela a risca.
Gustavo riu e deu três passos a frente.
Eu o segui e fiquei na linha de frente da equipe.
Estavam a minha frente.
Fleti a coluna e os cumprimentei em coreano.
Eles sorriram e retribuíram.
Estendi um braço adiante, indicando o caminho, também em coreano.
Organizei a linha de seguranças e pedi que me acompanhassem.
Felizes e radiantes, as ARMYs começaram a cantar quando os avistaram.
Os garotos olharam ao redor e sorriram. Se entreolharam, como se conversassem por pensamento, e ergueram cumprimentos as pessoas que diziam amá-los.
Fomos à vã e esperei que entrassem. Entrei atrás e fechei a trave.
Por um segundo eu tentei não sair do modo “profissional”. A trava se fechando... Isso era um sonho psicopata se realizando.
Uma trava. Nós ali.
“SANIDADE, POR FAVOR, FIQUE COMIGO, POR FAVOR” – pensei, balançando a cabeça.
Eles me olharam curiosos e tímidos.
_ Bom, agora sim eu posso me apresentar, haha... – sorri largamente – meu nome é S/N. Tentarei ser útil em tudo que vocês precisarem aqui. Contem comigo pra qualquer coisa! – fiz sinal de joia pra eles e pisquei um olho. Essa não era nem de longe a apresentação que eu havia ensaiado.
A essa altura do campeonato eu já tinha dado uma bica na formalidade e pensado “foda-se... vou trata-los com respeito, mas com simpatia sim”.
Eles sorriram.
“ISSO! SORRISOS! ISSO!” – me parabenizei mentalmente.
_ É um prazer, S/N – Namjoon foi o primeiro a erguer uma das mãos. Os outros mais próximos o imitaram em seguida. O carro permitia que ficássemos um em frente ao outro.
_ Como foi a viagem? – perguntei baixo, e em seguida olhei pela janela.
_ Muito bem – disse Hobi, fazendo sinal de “ok”.
Chegando ao hotel, descemos e me posicionei a porta.
Havia fãs ali também e eles foram rápidos pelo espaço entre a vã e a entrada do prédio.
Ao passarem por mim, um por um, eu tentava perceber se não era um sonho.
Seus perfumes batiam no meu nariz como um soco.
Yoongi foi o último. Ele vinha com uma mão no bolso e a outra segurava uma bolsa.
Olhei para seu rosto e ele olhava para o chão.
Sua visão subiu gradualmente e eu me surpreendi ao perceber que ele me olhava.
Ele subiu o olhar até meu rosto e já quase ao meu lado, sorriu de lado e balançou a cabeça como se cumprimentasse, ou parabenizasse... depois seguiu em frente.
Eu ri. Ri de nervoso.
“Queria ter uma câmera na testa filmando essas coisas”.
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