Pov Lauren
Eu andava de um lado para o outro naquela sala de espera, e eu realmente estava à espera de uma resposta boa sobre Camila.
Lucy e Vero haviam ido embora para tomarem banho e descansar. Quer dizer, todos haviam ido embora, sobrando apenas Kylie, Harry, Dinah e por incrível que pareça, Allyson.
-Para com isso, estou ficando tonta. -Kylie reclamou.
-Eu não consigo me acalmar. -Sentei no meio deles. -Por que deu complicações no parto?Droga, estava indo tudo bem. -Coloquei o rosto entre minhas mãos.
-Lauren essas coisas infelizmente acontecem, você tem que ser forte além de tudo. -Harry dizia.
-Eu não consigo, droga eu não consigo, eu preciso que Camila esteja ao meu lado, eu preciso vê-la sorrindo. -Voltei a chorar e senti os braços fortes de Harry me abraçar.
-Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem. -Ele repetia enquanto apertava sua mão na minha nuca, numa tentativa de me tranquilizar.
(...)
Minutos haviam se passado, ou talvez horas, eu ainda chorava baixinho enquanto meus amigos e os de Camila estavam ali, nos incorajando, sim, nos encorajando, porque eu sabia que ela também precisava de forças.
Eu ouvia Kylie orando ao meu lado baixinho, e sempre eu ouvia um "por favor Deus", nos finais das suas frases. Eu sabia que Kylie tinha uma religião bem firme, e eu acreditava que sua oração podia ajudar.
Então foi quando Deus finalmente, resolveu atender o seu pedido, o nosso pedido. E um médico veio em nossa direção.
Eu fui a primeira a levantar, depois Harry e Kylie.
-Boa noite senhores. -Ele disse com uma voz grossa. -Sou o Dr.Aaron, e eu adoraria saber quem é Lauren. -Ele disse olhando para nós.
-Eu sou a Lauren. -Falei baixinho.
-Oh, claro, você. -Disse olhando a ficha. -Consegue me seguir?. -Assenti perdida e ele deu as costas indo em direção ao corredor.
Sem falar nada, o segui sem ao menos olhar para meus amigos.
Uma porta dupla foi aberta e eu passei correndo por ela e logo eu estava em um consultório chique e de cores marfim.
-Sente-se por favor Lauren. -Ele pediu e imediatamente eu fiz, eu sabia que iria cair mesmo.
Encarei-o enquanto ele organizava alguns papéis em cima da mesa e não me olhava. Quando ele terminou, soltou um suspiro longo e cruzou as mãos em cima da mesa e me encarou.
-Preciso que seja forte. -Disse e eu senti meu coração novamente se apertar, e meus olhos já encheram de lágrimas. -Lauren, eu não posso te contar isso, com a fragilidade em que você se encontra. -Passei as mãos no rosto.
-Ela é minha noiva Aaron, como quer que eu seja forte, sabendo que ela pode estar morta agora?. -Perguntei um pouco alterada e ele suspirou.
-Se isso te faz sentir-se melhor, Camila não está morta. -Meu coração por um momento se confortou, e eu suspirei, alto e aliviada. -Mas ela está doente. -Olhei para ele.
-Como?. -Perguntei tentando mesmo ouvir aquilo.
-Olha Lauren, eu deveria saber como te contar isso, eu tenho anos de experiência, mas eu simplesmente não consigo, vocês são jovens, tem tanto o que viver e...
-Seja direto. -Falei entre dentes e ele suspirou fechando os olhos.
-Ok. -Ele sussurrou olhando para as mãos como se tentasse se convencer de desistir. -Camila está com câncer.
Encarei seu rosto, procurando um resquício de mentira ali, mas o que doeu, foi não encontrar.
Fechei os olhos e senti as lágrimas caírem na minha calça. Câncer, Camila estava com câncer, e o que eu poderia fazer agora céus?.
-Por favor diga alguma coisa. -Ele disse e eu o olhei.
-Quanto tempo?. -Ele suspirou.
-Dois meses. -Levantei instantaneamente e o olhei incrédulo.
-Dois meses?Viemos mês passado saber sobre o bebê, e vocês não nos avisaram, dois meses?Isso é um pouco tarde para um tratamento. -Ele olhou para a cadeira e eu entendi que eu precisava sentar.
-Ela veio saber do bebê, não uma consulta semanal, eu sinto muito Lauren, mas tarde, não é. -O olhei. -A doença ainda está se formando aqui. -Ergueu um raio-x craniano e apontou com a caneta no lado esquerdo. -Podemos reverter essa situação e eu estou disposto, a ajudar. -Senti meu coração pular da caixa torácica.
-O que eu posso fazer?. -Perguntei ainda perdida.
-Primeiro, você irá para casa, tomar um bom banho, comer claro, separar algumas peças de roupas suas, dela e do bebê. -Assenti. -E você irá ficar ao lado dela.
-Uma pergunta. -Ele assentiu. -Quais são as chances dela não sobreviver?Dessa doença tomar conta do seu cérebro o mais rápido que não possamos ver?. -Ele suspirou.
-É matemática, tudo é matemática Lauren, só que essa matemática é um tanto delicada, veja aqui. -Apontou para uma bola. -Você sabe qual a massa e a densidade que essa bola tem ao cair no chão?. -Revirei os olhos.
-Eu sou fissurada em ciência sim Aaron, mas eu não quero tratar do assunto usando ela. -Ele ergueu a mão para que eu esperasse.
-Precisamos de exames, os exames são como cálculos, Camila é como a fórmula para a formação dos cálculos, e os resultados dos exames, serão o começo para o tratamento, e aí sim, eu poderei te responder as duas perguntas. -Passei as mãos no cabelo.
-O cabelo dela?. -Ele deu de ombros.
-A quimioterapia e a radiação dos exames à laser são fortes, mas, ela raspará o cabelo se quiser, a opção é dela. -Assenti devagar. -Enquanto à sua filha, creio que já sabe sobre sua condição e...
-Sim eu sei, ela puxou à mim, literalmente, e eu achando que era um garoto. -Ele sorriu.
-Meus parabéns, sua filha é linda. -Assenti. -Agora faça o que eu disse, vá para casa Lauren. -Assenti e me levantei saindo da sua sala um tanto desnorteada.
Quando cheguei na sala de espera, todos se levantaram para falar comigo, o desespero, preocupação e tristeza em seus rostos.
-O que aconteceu lá dentro?O que ele disse Laur?. -Harry perguntou.
-Está tudo bem. -Disse tentando convencer à mim mesma e passei por eles indo para fora do hospital.
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