- Não se preocupe comigo, Draco, eu estarei sempre aqui com você, eu te amo. – Ele separou os rostos em uma distância pequena, segurando seu queixo. Ficaram em silêncio por alguns segundos enquanto ele apreciava o sabor que as palavras tinham aos seus ouvidos e as feições dela tinham aos seus olhos. Fitou os olhos de oceano e depois a boca avermelhada, dizendo:
- Obrigado. Eu te amo. – Quando fechou os olhos, sentiu seu corpo sendo puxado para trás com força. Cabelos negros bagunçados e um rosto extremamente corado gritaram:
- O que você pensa que está fazendo? – Harry disse, o segurando pela gola da camiseta. – Ela é sua irmã, Malfoy!
~*~
Harry o segurava com força, não sentia seus dedos com toda aquela raiva e adrenalina que percorria seus músculos e olhos verdes faiscantes. Já o loiro, estava com os olhos arregalados, assustado com o que acabara de acontecer. Só quando olhou para cima percebeu que as mãos de seu rival eram aquelas que apertavam sua roupa. Levantou-se rapidamente, não sabia muito bem como lidar com a situação então permitiu que sua raiva pelo garoto de cabelos negros o controlasse. Arrumou rapidamente suas vestes, segurando a varinha em um de seus bolsos.
- Como ousa tocar em mim, Potter? – Cuspia as palavras, o nome parecia amargo ao seu paladar – Suas mãos nojentas...
- Você é nojento, Malfoy! – A indignação era maior do que tudo para Harry – Como pode agir desse jeito depois de tentar beijar a sua própria irmã?
Nesse momento a garota loira, que parecia paralisada momentos atrás, assustou-se quando seu irmão empunhou de forma confiante sua varinha, fazendo com que o outro garoto tomasse a mesma atitude.
- Vocês dois, parem! – Ela dizia preocupada, sua expressão de medo.
- Não se meta. – Draco falou sem olhar para ela, quase sibilando as palavras enquanto sentia sua raiva fluir.
- Cuidado, Ash... – Rony disse baixinho, segurando seu pulso devagar, parecia em choque com a situação.
Os dois garotos se encaravam com uma energia incrível, mas tal adjetivo não é útil apenas para boas coisas. Seus olhares tinham um peso de desprezo mútuo, os dois tinham motivos para quererem nada menos além de distância entre eles. Porém, mesmo não sendo da casa dos corajosos, o sonserino teve bravura o suficiente para começar um leve movimento de pulso, abrindo sua boca para recitar um feitiço. Com certeza teria o feito, se seu corpo não tivesse sido empurrado de volta ao chão.
Todos pareceram chocados quando viram que, ao contrário do que seria mais provável, quem o empurrara era a garota de pele branca e cabelos claros esvoaçantes que carregava seu sobrenome. Ninguém tinha visto seus movimentos, ela apenas desaparecera e em um segundo Malfoy estava no chão, sua varinha na mão da irmã mais nova. Não usara força bruta, mas havia agido tão rapidamente que o garoto caíra não por fraqueza, mas por despreparo. Rony estava boquiaberto ao ver a cena, na verdade, até mesmo Hermione estava surpresa com a velocidade com a qual a menina mais nova agira.
- Eu pedi para você parar. – Ashley falou em um tom baixo, olhando séria para o irmão, que parecia o mais chocado de todos. – Não é como se você estivesse certo, Draco.
Neste momento, ele se levantou, sua expressão viajava entre tantos sentimentos. Raiva, humilhação, surpresa e tristeza. Encarou sua irmã, que depois de prestar atenção em seus atos, sentiu um frio na barriga. Tal sensação se intensificou quando este caminhou até ela, seus passos eram curtos e fundos na grama verde que combinava com o azul cintilante do céu da manhã de Hogwarts. A surpresa e a raiva se foram quando olhou nos olhos que guardavam um pedaço do céu acima de suas cabeças. Parecia chateado.
- Achei que depois de te proteger, você faria o mesmo. – As palavras baixas dele, enquanto esticava a mão para pegar de volta sua varinha, fizeram Ash engolir em seco e sentir seu corpo levemente paralisado.
- Draco... – Falou com a boca seca, mas era tarde demais, pois o dono dos olhos acinzentados e solitários já caminhava de volta para o castelo medieval.
- Não vá agora, Ash. – Hermione parecia ter lido seus pensamentos quando caminhou até ela e tocou seu ombro esquerdo – Fique calma, sim? Ele está irritado então espere até mais tarde para que ele não ralhe com você. Por que a gente não se senta e fala sobre outras coisas?
Mione deu um sorriso solidário para sua amiga loira e a conduziu gentilmente até o local onde o trio estava sentado antes, fazendo um sinal com o dedo indicador sobre os lábios para indicar que eles não deveriam tocar mais no assunto da briga. A menina Malfoy estava arrependida e apreensiva devido às suas atitudes de mais cedo. Um frio brincava com sua barriga quando imaginava os olhos acinzentados tristes que a olharam mais cedo. Ainda assim, tentou afastar os sentimentos ruins ao se sentar na grama fofa com os outros, ela estava certa, Draco não podia continuar fazendo essas coisas... Não é?
Estava tão absorta em dúvidas, anseios e pensamentos que a voz da garota de cabelos castanhos fez com que levasse um pequeno susto.
- Bem, Ash, Hagrid nos contou sobre suas novas aulas. – Disse com entusiasmo, oferecendo um sapo de chocolate para cada um do grupo. – Você está feliz?
- Ah, eu estou muito feliz! – Respondeu, aceitando o doce.
Logo, Ashley começou a contar para eles sobre a conversa com Dumbledore e Rúbeo. Seus pensamentos ficaram bons novamente enquanto seus amigos conversavam ansiosamente sobre como seria interessante seu desenvolvimento com as criaturas mágicas.
Para a surpresa do então quarteto, o tempo livre tinha chegado ao fim. Já era hora do almoço, resolveram por fim seguirem os alunos presentes no jardim até o Salão Principal. O cheiro era muito agradável, e fez o paladar da pequena loira se aguçar novamente. Ela se sentou em seu costumeiro local onde a visão dos cabelos mais claros da mesa da Sonserina poderiam ser facilmente apreciados.
Contudo, desta vez, ela só pode observar as costas de seu irmão mais velho, que fez isso propositalmente, para que seus olhos evitassem se cruzar. Ela se sentiu estranha, mas preferiu seguir os conselhos de Hermione, empurrando as preocupações para um canto de sua mente e se concentrando nos assuntos sobre Hogsmeade e o delicioso almoço servido na mesa da Grifinória.
Quando o horário de comer acabara, ela decidiu que tentaria correr e falar com seu irmão antes que ele fosse para a aula, mas foi impedida por uma voz feminina que chamou seu nome. Uma garota baixinha de cabelos negros e cacheados caindo sobre as vestes da grifinória estendia um papel com letra cursiva e redonda.
- Eu anotei as matérias e trabalhos que foram passados para nossa sala enquanto você esteve fora. – Ela sorriu – Meu nome é Juliet Park. Estamos na mesma sala.
Ash abriu um sorriso gentil, tomando o papel das mãos de Juliet, que ainda sorria com seus olhos castanhos e suas bochechas redondas e sardentas.
- Muito obrigada! – Disse com uma alegria sincera – Foi muita gentileza da sua parte fazer isso por mim!
- Imagina! Está tudo bem. – Ela corou levemente – Bem, vou para a aula agora, sugiro que faça com cautela esse relatório de poções.
- Irei fazer com certeza. Obrigada de novo Juliet!
Ambas sorriram uma para outra, acenando enquanto a morena andava rapidamente em direção a sua aula. A loira sentiu-se muito feliz e lisonjeada pelo ato de sua colega, afinal, elas eram desconhecidas uma para outra, então foi muitíssimo gentil de sua parte. Olhou a letra caprichada no papel e sorriu novamente. Quando se tocou sobre o que iria fazer e olhou pra mesa da sonserina tentando achar os olhos acinzentados, ficou decepcionada. Todos os integrantes já tinham saído, assim como grande parte dos outros alunos. Com um suspiro, ela decidiu ir para a Sala Comunal estudar e fazer suas lições.
O dia passou incrivelmente rápido e, quando ela percebera, os céus de Hogwarts já estavam escuros e salpicados de estrelas prateadas que guardavam uma parcela do brilho de seus olhos. Ela estava feliz, pois conseguiria ver novamente seu irmão mais velho e fazer um pedido formal de desculpas ou ao menos conversaria com ele para que chegassem a um acordo.
Novamente, recebera as costas do dono dos cabelos quase platinados da mesa dos ambiciosos, o que a deixou com um receio ainda maior em contatá-lo. Sentada a mesa de sua casa, ela mal conseguira tocar na sua deliciosa torta, olhando cautelosamente os movimentos de Draco para que pudesse se levantar assim que o loiro fizesse o mesmo.
Como esperado, ele não demorou muito para se levantar, ato que ela repetiu logo em seguida, correndo desesperadamente ao seu encontro.
- Draco! – A mais nova gritou, sendo ignorada logo em seguida. Por isso, correu o mais rápido que conseguiu e, em um mínimo piscar de olhos, ela estava segurando o pulso do garoto, que a olhou surpreso. – Draco, precisamos conversar. – Sua voz soava apreensiva enquanto segurava o braço de pele pálida.
- Não temos nada para conversar, Ashley. – Disse entediado, tentando retirar a mão de sua irmã do seu corpo e andando rapidamente em direção ao corredor que dava ao jardim.
- Por favor, Draco, vamos resolver isso! – Ela falava com a voz triste enquanto o seguia em meio ao espaço decorado com detalhes em ouro e tapeçaria nobre.
Começou a se preocupar, e ia começar a correr novamente, mas foi parada abruptamente por uma mão áspera que segurou com força seu pequeno braço. Quando olhou para trás, um rosto de bulldog a olhou com certa diversão e deboche, não deixando de apertá-la. Logo, a voz anasalada e irritante de Pansy Parkinson disse:
- Ele não te quer, loirinha. – Deu uma risadinha debochada enquanto olhava o loiro que ainda andava pelo corredor – Acho que você deveria deixar que eu o consolasse.
- Cale a boca sua idiota. – Ashley disse, com a raiva caminhando por seus vasos. Mesmo que não quisesse admitir, morria de ciúmes da garota. – Me solta agora!
- Não fale assim comigo menininha boba! – Pansy empurrou com força a mais nova em direção a parede, o que fez um barulho alto.
- Draco nunca vai ser seu, sua estúpida. – Ash sorriu debochada enquanto sentia a dor de suas costas sendo ignorada pela adrenalina. Neste momento, a cara de cachorro da outra garota ficou vermelha, e a segurou com mais força na parede.
- Como você tem tanta certeza disso? – Sibilou com tamanho ódio, quase cuspindo no rosto da mais nova.
- Porque ele já é meu. – Ela disse de forma pausada, sorrindo e olhando de forma desafiadora o rosto raivoso de Pansy.
Neste momento, a sonserina estava furiosa. Levantou sua mão, pronta para desferir um tapa no rosto da garota loira, que fechou os olhos esperando pela dor.
Mas a dor não veio. Nem o estalo estrondoso que o tapa teria feito no rosto rosado da garota Malfoy. Decidiu abrir os olhos, por fim. A cena que viu fez com que um sorriso divertido percorresse seus lábios avermelhados.
- D-Draquinho... – Pansy disse baixo, olhando para o garoto que agora segurava sua mão no alto.
- Você a ouviu, Parkinson. – Draco falou, empurrando ela para longe de sua irmã mais nova, a qual segurou a mão. – Eu já sou dela.
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