História Sick - Jackson Wang - Dreams

Eu sonho com você, sonhando com você

 

Estou cansado hoje novamente, vejo uma chamada perdida

 

Me espalho na minha cama, eu deito e adormeço

 

Eu sonho com você esta noite

 

Todas as noites eu sonho sobre nós dois

 

Dreams - Capitulo Dez

Eu tive outro sonho naquela noite. No começo eu estava em um precipício. Depois ouvi duas vozes femininas me chamando. Quando desci meus olhos para o vazio em minha frente, vi minha esposa e Alysha dependuradas um galhos, clamando por minha ajuda. Mas Alysha não estava com medo, diferente de minha mulher, que estava apavorada.

Alysha sorriu e o sonho mudou.

Eu estava agora em um hospital. Ou algo muito semelhante a um hospital. Vi uma mulher idosa deitada na cama. Estava pálida e incapaz de respirar por si própria. Me aproximei de sua cama e percebi q ela não estava dormindo.

- Olá.

A senhora sorriu e segurou minha mão. Era uma mulher muito bonita. Me lembrava um pouco minha esposa, mas também minha mãe.

- Se afaste do mal.

- Como é?

- Se afaste do mal. Ele está próximo, mais próximo do que você imagina.

A senhora adormeceu e eu sai de costas, caindo em alguma coisa.

Acordei em um pulo. Eu estava ofegante e estava ensopado de suor frio.

Peguei meu celular em cima da mesinha de centro da sala. Eram duas e trinta e quatro da manhã.

Puxei a coberta para o lado, peguei meu celular e liguei a lanterna. Me levantei e fui até a cozinha tomar um pouco de água. Fiquei alguns minutos pensando sobre o sonho e as mudanças de cena, e o que aquela mulher de idade havia me dito. Minha razão dizia que era somente um sonho, mas algo dentro de mim falava mais alto que eu deveria ter mais cuidado dali para a frente.

Ouvi um barulho e levantei meu celular, iluminando o breu em minha frente, vendo uma mulher com cabelos emaranhados e camisola branca transparente vir em meu encontro. Levei um mini susto até ver realmente quem era: minha esposa.

Sorri e coloquei a mão no coração, respirando fundo.

- Aconteceu alguma coisa? - se aproximou e colocou a mão em minhas costas.

- Você me assustou.

- Perdão.

Coloquei o celular num canto da cozinha que poderia iluminá-la. Olhei para o rosto da mulher e estava vermelho.

- Por que acordou?

- Tive um sonho com... - parou o que iria falar e forçou um sorriso. - Eu tive um sonho. E acordei com o barulho do copo. Foi isso.

Abaixei os olhos por seu corpo. Senhorita Wang só utilizava uma calcinha da mesma cor da camisola. Seus peitos... bom, estavam enrijecido.

- Imagino como foi seu sonho... - dei um sorriso torto e levantei o olhar para a mulher em minha frente, levantando uma sobrancelha em sua direção. Quando percebeu do que se tratava, baixou o rosto e cobriu os peitos com os braços.

- Acordei com fome. Vou comer alguma coisa. - olhou por cima do ombro. - Quer algum sanduíche ou algo assim?

- Você falando, me deu fome. Mas pode deixar que eu faço. - segurei em sua cintura e a empurrei de leve para o lado. - O que quer comer?

- Pode deixar que eu faço Jackson. - colocou a mão em meu ombro.

Não dei ouvidos. Peguei um pão e coloquei um patê que comprei na cafeteria.

Fiz um cappuccino para ela e para mim e coloquei-os na mesa, junto com seu sanduíche. Chamei-a para se sentar comigo.

- Obrigada Jackson.

Depois de um tempo comendo seu sanduíche, se virou para mim.

- Eu nem perguntei. Por que acordou?

Contei sobre meu sonho de Alysha e ela penduradas em galhos num penhasco e da idosa na cama. A garota me olhou apreensiva.

- Eu tive um sonho parecido com esse seu. - alisou seu próprio braço. - Estávamos num penhasco. Você, Alysha e eu. E mais um homem ruivo. Que não faço ideia de quem seja. - fungou. - Eu estava na ponta do penhasco com Alysha apontando sua arma para minha cabeça. Esse homem ruivo ria alto. Também estava com uma arma, mas não apontou para ninguém. E você... - franziu o cenho, tentando se lembrar de algo. - Eu não me lembro de você Jackson. Eu não me lembro o que fez.

Estremeci. Por algum motivo eu achava que aqueles sonhos estavam longe de serem apenas sonhos.

- Tive um sonho estranho ontem também. Era um casamento. Nós dois estávamos nele. Mas não lembro de quem era. Eu...

Meu celular tocou em cima do balcão. Me levantei e peguei o celular. O nome de Alysha estava na tela.

- O que você...

- Jackson! - Alysha estava chorando. Sua voz tremia. - Jackson! Por favor! Me escuta!

- O que aconteceu Alysha?

- Jackson por favor eu preciso de você! Eu estou com medo!

- De que? De quem? O que está acontecendo?

Mas ela não conseguia dizer nada. Ela chorava com ainda mais força. Desliguei o celular. Minhas mãos tremiam.

- O que aconteceu Jackson? - minha esposa levantou devagar, mas seu semblante era de preocupação. - Era Alysha?

Assenti.

- O que aconteceu com ela?

- Eu não sei... - minha voz falhou. - Ela me ligou chorando.

- O que ela te disse?

- Ela disse que estava com medo.

- De que?

Neguei com a cabeça e sussurrei um "não sei".

- Você não vai?

- Ir aonde? - ergui a cabeça.

- Na casa dela Jackson! E se estiver acontecendo alguma coisa?

- Você está falando sério?

- Eu vou me voltar a deitar. Vá falar com ela, qualquer coisa me ligue.

- Alysha! - gritei e bati desesperadamente na porta.

Ouvi passos e logo a porta ser aberta, revelando o rosto molhado e inchado de Alysha.

- Ah meu amor... - abracei-a. Alysha começou a chorar. Me abraçou forte enquanto molhava a camisa de meu pijama. - O que aconteceu?

Ela chorava como uma criança. Meu coração doía de vê-la assim. Principalmente imaginando o motivo por trás daquilo.

Fechei a porta atrás de nós. Coloquei Alysha em meu colo e a levei para nosso quarto. Sentei na cama, enquanto ela chorava em meu colo. Afaguei seu cabelo e beijei o topo de sua cabeça.

- Meu amor... - levantei eu rosto. Percebi algumas marcas roxas e arranhões vermelhos em seu pescoço. Olhei para seu corpo e vi apertões e cortes em seus braços. Seu pijama estava rasgado. - Alysha... o que... o que aconteceu com você?

Limpou o rosto e respirou fundo.

- A dois meses atrás, eu conversei com seu pai. - fungou. - Ele pediu para me separar de você e começar um romance com ele. - disse amarga. - Eu neguei e ele me ameaçou. Então, depois de dois meses, invadiram minha casa e me bateram.

Eu imaginava que meu pai estava no meio disso. Fechei os olhos e engoli em seco.

- Quem te bateu Alysha?

- A Gangue Jackson. Aquelas valentonas enormes que seu pai usa quando alguém deve dinheiro a ele. As mesmas que bateram no pai da... você sabe quem. Bruna, Luana, Rebeca... e outras duas que não me lembro o nome.

- Elas fizeram isso em você? - apontei para seu pescoço e braços e ela assentiu. Suspirei. - Amanhã mesmo irei conversar com meu pai. Não vou deixar ele fazer isso de novo.

Alysha me abraçou e agradeceu baixinho.

A puxei para um beijo. Alysha puxou de leve meu cabelo da nuca e estremeci. Rebolou em meu colo e me deitou na cama.

Naquela noite, nós transamos.

Acordei com algumas mensagens ressoando ao meu lado. Alysha dormia em cima de meu peitoral. Estiquei o braço e peguei meu celular, lendo minhas mensagens.

Wang: Liguei para a empresa avisando que vai chegar mais tarde hoje.
Imagino que nada de sério aconteceu com Alysha, já que não me ligou.
Youngjae (o psicólogo) me ligou hoje me chamando para jantar com ele, então quando chegar em casa e eu não estiver lá, é por esse motivo.
Aliás, vou fazer compras hoje. Posso utilizar seu cartão de credito e o dinheiro de sua carteira, não é?
Bom, tenha um bom dia e um ótimo trabalho. :D

Eu não sabia o porque mas aquela mensagem me incomodou. Talvez o fato de que ela estava saindo com outro cara. Tentei não me sentir mal com aquilo, já que transei com minha amante. Mas mesmo assim, fiquei incomodado com o fato de que ela sairia com outra pessoa sem ser comigo.

Incomodado não, enciumado.

Coloquei Alysha para o lado com cuidado e me levantei. Peguei algumas roupas e tomei um bom banho. Sai às pressas daquela casa e fui até a cafeteria que sempre tomo café. Seria errado se dissesse que esperava que minha esposa estivesse lá também?

Infelizmente criei expectativa demais, pois ela não estava lá.

Pedi um café expresso e salgados. Comi o mais rápido que consegui e paguei apressado.

Chegando em meu trabalho, fui cumprimentado por todos daquele local. Retribui e segui caminho até minha sala.

Me sentei na cadeira e afrouxei a gravata.

Me olhei no enorme espelho que tinha em uma das paredes daquela sala. Percebi o quanto estava abatido. Não fazia minha barba à uma semana. Olheiras haviam se formado desde o dia em que minha esposa desmaiou.

Eu era um homem na merda.

- Eu não sei mais o que fazer. - Baguncei os cabelos. Joguei minha cabeça para trás e suspirei. - Mamãe, por favor, me ajude a passar por tudo isso. É tão difícil sem você aqui... - Engoli em seco e meus olhos lacrimejaram.

Pensei um pouco em tudo o que havia acontecido, principalmente meus sonhos. Algo me dizia que não eram só sonhos. Iriam acontecer. Algum dia. E aquela mulher, que antes eu achava que era minha esposa daqui à uns anos, não era minha esposa.

- Era minha mãe. - falei alto e meu coração pesou.

Minha mãe estava me avisando de algo que iria acontecer. E ele estava próximo. Mais próximo do que eu imaginava.