História Side by Side - Memory

Saruny POV

         Eu acordei esticando meus braços para o alto, ontem tinha sido meio estranho. Confesso que to meio irritada com o Alexy e a Rosalya, poxa, por que tinham feito aquilo comigo? Coisa de doido. Levanto indo para o banheiro fazer minha higiene diária, isso eu aprendi muito bem. Encaro-me no espelho olhando meus cabelos naturalmente escarlates longos e ondulados, jogo eles para trás voltando para o quarto vestindo uma roupa qualquer, um suéter e meus shorts costumeiro pego o tênis meio surrado que estava ao lado da minha cama o calçando sem muita cerimonia. Eu não estava muito ansiosa já que ontem havia sido um desastre, fui só para brisar.

       - Tem algumas torradas no micro-ondas... – falo meio alto lendo o bilhete que minha tia havia deixado na mesa recém-desembalada da cor laranja, ela saiu bem cedo para o trabalho provavelmente. Pego uma torrada colocando na boca saindo do apartamento pegando minha mochila e as chaves. Chegando na escola ela parecia estar um pouco mais movimentada que ontem, eu não me sentia confortável talvez porque eu estava acostumada com a calma e tranquilidade que havia na minha antiga casa, ignorei o fato e continuei andando olhando onde ficava a minha sala. Confirmo que era a sala que eu havia entrado ontem com o Alexy e pego meu caderno anotando os horários, alguém se esbarra comigo com força me derrubando e consequentemente derrubando as minhas coisas, olho para cima com raiva e vejo que era a loira idiota de ontem rindo.

        - Se eu fosse você ficaria no chão que é o seu lugar. – ela se vira e sai andando antes mesmo que eu falasse algo, xinguei ela tanto mentalmente!

        - Tsc... – um garoto de cabelos da cor castanho meio claro se abaixa me ajudando a pegar as minhas coisas. – Obrigada...

        - De nada, sei como você está se sentindo agora.

        - Com raiva e vontade defumar ela no azeite de dendê? – ele ri um pouco com a minha resposta, é provavelmente ele não sabe.

        - Pode ter certeza que ela vai ser esse saco o ano todo. – ele se levanta retirando um pacote de biscoitos de chocolate do bolso os comendo. – Quer?

         - Quero. – me levanto também e ele me dá um biscoito sorrindo. – Mas e ai? Qual é o seu nome?

         - Sou o Kentin, alguns me chamam de Ken, nunca me chame de Ken. – ele estabelece e sai andando. Nossa amigo, nem se deu o trabalho de ouvir o meu nome, mas de qualquer jeito valeu pelo biscoito ne.

         - “Certeza que ele quis fazer o legal” – penso comigo mesma continuando a anotar os horários, logo saio andando para a sala. Na sala não havia muitas pessoas, só uma garota de cabelos roxos que estava desenhando, um garoto de cabelos negros focado em um aparelho ai e uma garota morena de cabelos lisos. Eu procuro um lugar me sentando, logo entra o Alexy que logo olha para mim.

         - Saruny amiga! – ele vem correndo até o meu lado se sentando. – Como você tá?

         - Um pouco irritada.

         - Ah, sobre ontem, eu quis deixar o clima um pouco romântico sabe.

         - A-ahn?! Como assim? Eu nem sequer conheço o cara e você quis dar um clima romântico?

         - Por isso mesmo, você não achou ele bonito ou atraente? – eu coro de leve olhando para baixo, agora eu havia parado para pensar ele realmente é muito bonito. – Tá vendo! Fiz pro seu bem. – ele diz orgulhoso.

         - De quem vocês estão falando? – a morena se aproxima curiosa.

         - Do Lys! Saruny, essa é a Priya, Priya essa é a Saruny!

         - Prazer Saruny, imagino que seja novata como ele e eu ne? – eu balanço a cabeça positivamente. – Temos um laço em comum.

         - Muito legal né? Priya, o Lysandre não é um lindo?

         - É mesmo. – eu até me perdi na conversa, pra falar a verdade não to me sentindo nem um pouco confortável com essa conversa.

         - Armin! Tira a cara de maldito psp e vem conversar!

         - Conversar não dá xp. – o garoto de cabelos preto fala sem nem se mover.

         - Ah é? – Alexy se levanta pegando o “psp” da mão dele e sai correndo, o tal Armin se levanta e vai atrás dele rapidamente como se a vira dele dependesse daquele treco, me sinto uma caipira por não saber ao certo o que aquilo era. A Priya começa a rir se levantando indo atrás deles. Eu olho ao redor e vejo que até agora nenhum professor entrou, resolvi ir dar uma volta.

         Comecei o percurso  pela escola indo para o final do corredor aonde haviam umas três portas, duas delas estavam destrancadas, uma delas estava bem aberta e dava pra ver que era uma biblioteca, a outra estava entreaberta e não dava pra ver o que havia lá pois estava bem escuro. Resolvi ignorar e subir as escadas que levaram a um corredor no segundo andar aonde dava pra ouvir as vozes do Alexy, dei meia volta para não me meter na confusão deles. Quando eu estava descendo as escadas vi um garoto de cabelos vermelhos saindo da porta entreaberta a fechando de chave saindo andando, fiquei parada observando meio que tentando entender o que ele estava fazendo lá, agora bateu uma curiosidade. Desço as escadas tentando olhar pela pequena janela que havia na porta, não dava pra ver nada então me virei para sair andando e me deparo com o Lysandre me olhando meio contrariado, eu tomei um belo susto pra falar a verdade. Coço a cabeça entortando um pouco o bico, tô começando a pensar que ele não vai com a minha cara...

        - Precisa de algo?

       - N-nada... Desculpe por isso... a curiosidade matou o gato... – ele sorri de leve me fazendo tremer, eu fico reta e começo a andar passando por ele.

       - Você provavelmente já deve saber o meu nome, mas qual é o seu? – Ele pergunta de maneira até amigável.

      - Meu nome é Saruny. – falo ficando menos tensa.

     - Devo ter me expressado mal para você ficar tão tensa perto de mim, desculpe-me.

      - Tá tudo bem. – ele olha ao redor. – Parece estar procurando algo...

      - Meu...bloco de notas...

      - Parece que acontece frequentemente, quer que eu te ajude a procurar?

       - Seria muito bom na verdade. – ele sorri. – Mas você é novata por aqui, não vai saber por onde procurar.

       - Não duvida da minha capacidade não! Eu conheço um pouco e acho que é o suficiente, quando eu achar eu te procuro! – nossa... que idiota eu sou... sai correndo antes mesmo do cara falar algo, nossa...

Autora POV

      Lysandre permaneceu no mesmo lugar, parado. “Será?” ele pensou. Saruny saiu pelo corredor procurando qualquer sinal do bloco de notas e logo foi para o lado de fora, logo de cara viu o bloco em cima do banco, ela se aproxima para pegar e vê que estava aberto em uma página em especial havia o desenho incompleto de um rosto feminino. Ela balança a cabeça fechando o bloco saindo andando o levando até o seu dono. Embora ambos não perceberam estavam sendo observados por alguém que estava escondido.

       - Eita, o sinal tocou! Te vejo depois! – ela sorri acenando e sai correndo para a sala entrando rapidamente e se sentando antes que o professor chegasse.

       Depois do período da aula ela saiu da sala mas logo foi barrada pelas três garotas já conhecidas.

       - Ok, o que vocês querem?

      - Dinheiro para irmos lanchar, claro que você vai dar ne? – a loira se pronuncia com um ar superior fazendo a de cabelos escarlates rir.

      - Sou trouxa, mas não é pra tanto, vai sonhando que eu irei dar algum dinheiro para vocês. – ela cruza os braços enquanto as garotas se aproximam de maneira ameaçadora, as duas seguram os braços da avermelhada a impedindo de agir enquanto ela se debate. A loira se aproxima para pegar o dinheiro que havia no bolso de seu short mas logo é impedida por um grito.

       - Epa! Solta ela agora! – Rosalya grita vindo correndo até elas juntamente ao Alexy. As duas soltam Saruny e saem correndo juntamente com a loira que infelizmente conseguiu pegar o dinheiro da garota.

       - Que pestes! – Alexy grita indignado com a atitude das garotas.

       - Ah droga...levaram o dinheiro do meu lanche... mas ainda bem que vocês apareceram... – a garota suspira colocando a mão no peito.

       - Mas não vai ficar assim! Ah se não vai. – a albina fala encarando a avermelhada. – Você vai dar o troco delas né?

      - Isso seria me rebaixar ao nível delas, vou fazer algo melhor, vamos ir falar com alguém sobre isso, não é possível que não façam nada a respeito delas.

      - Vamos falar com o Nathaniel, ele deve dar um jeito. – Alexy se pronuncia um pouco mais calmo

      - Nathaniel?

      - É o presidente do conselho estudantil. – Rosalya diz puxando os dois pelo braço indo até o grêmio.

      - A loira é irmã dele, Ambre. – diz o azulado olhando para a avermelhada.

      - Não me parece sensato, vai que ele fica do lado da irmã...

      - O Nathaniel é diferente da Ambre! Com certeza ele não vai tolerar esse comportamento dela e de suas amigas. – eles entram se deparando com Melody e Nathaniel que estavam arrumando alguns papeis. – Nathaniel, precisamos falar com você, precisamente a Saruny.

      - Saruny? Ah, a caloura. – o loiro diz olhando para Saruny. – Algum problema?

      - Olha...eu fui roubada por umas três garotas, uma delas é a sua irmã e sinceramente gostaria que elas devolvessem meu dinheiro.

      - Me desculpe por isto, deixe que eu te pago. – ele parecia incomodado com tal atitude da irmã pegando a carteira.

      - N-não precisa me pagar, elas que devem me pagar!

      - Por favor, é o mínimo que posso fazer. – a garota suspira pegando o dinheiro, ela estava contrariada, o loiro logo sai do grêmio com um ar sério.

      - Falei que ele era diferente. – Rosalya sorri.

      - Realmente... mas me sinto incomodada por ter aceitado o dinheiro dele.

      - Eu também ficaria mas fazer o que, espero que ele dê um jeito na irmã dele. – Alexy diz saindo do grêmio juntamente com as outras duas. – Agora que eu lembrei! Esqueci o meu fone com o Armin! – ele sai correndo pelo corredor.

      - Que fi-... – Rosalya é cortada pelos gritos que dava pra ouvir saindo da sala logo ao lado, coisas como “Será que dá para você deixar de agir como uma criança mimada?!”. As duas se entreolham reconhecendo que era a voz do Nathaniel. – Ai... – o celular da albina vibra e ela o pega olhando. – É o Leigh! Preciso falar com ele, depois falo com você! – ela sai correndo para o lado de fora deixando a avermelhada sozinha sem saber o que fazer.

      - “Ai meu deus, para onde eu vou?” – seus pensamentos são interrompidos pelas duas garotas saindo da sala rapidamente indo para o lado de fora e logo em seguida sai a líder totalmente enfurecida indo em direção a garota.

      - Eu vou ser suspensa por sua culpa! Você vai ver!

      - A quem se faz a quem se paga. – a avermelhada diz dando um sorriso irônico e a loira sai rapidamente. Ela não consegue contar um sorriso saindo andando para a sua sala indo assistir o resto das aulas esquecendo até mesmo de comer algo. No final das aulas tudo o que a garota queria fazer era ir embora mas logo quando se levanta repara que havia um bilhete na sua cadeira, estava escrito:

“Venha até o final do corredor, preciso falar com você”.

                Alexy

       A avermelhada suspeita do bilhete, mas logo resolve ir sem muitos rodeios. Não havia ninguém mas a porta misteriosa estava aberta.

Saruny POV

       Por que diabos o Alexy me chamou para vir aqui sendo que ele podia falar o que quer que fosse na sala mesmo? Tô achando tudo muito suspeito, sem falar que a porta para “algum lugar” estava aberta, o que eleva os níveis de estranho para o espaço. Nem cogitei a ideia de entrar ali até ver que tinha um bilhete na porta. Olho ao redor antes de tudo e vou até o bilhete o olhando, na parte da frente não havia nada mas logo ao virar estava escrito:

“Haha! Bobinha!”

       Sinto dois braços me empurrarem para dentro fechando a porta e a trancando por fora, que droga! Eu sabia que tinha algo estranho naquilo tudo!

       - QUE DROGA! ABRE ESSA MERDA AGORA! – berro batendo com força na porta.

       - Vai sonhando! – era a voz daquele despacho de encruzilhada do lado de fora, gente, que vontade de matar ela! Como alguém chega a tantos níveis de escrota em um só dia?!

      - Abra! – grito mais uma vez, mas não recebo uma resposta, estou me xingando tanto mentalmente. Por mais que os sinais mostrassem que não era boa coisa eu fui, como eu sou idiota.  Passou-se um tempo, aposto que já deve até ter amanhecido ou algo assim e eu não consegui ouvir nem um passo ou uma voz durante esse período, o que era estranho já que aquela escola era tão grande, minha barriga já estava roncando e o sono repentino bateu em mim. Fechei os olhos.

        A brisa suave do campo na primavera era realmente agradável, ver os animais da fazenda era algo bom também, eu gosto de anotar tudo no meu diário, quando mais velha acho que quero escrever e talvez fazer algum sucesso. Enquanto eu fazia minhas anotações olho para o outro lado da cerca observando um garotinho, ele era bonito, seu cabelo era tão exótico quanto o meu, quero cumprimenta-lo... será que devo?...

      - Coragem! – coloco meu diário no chão passando pela parte de baixo da cerca, eu sentia que devia realmente falar com ele, quanto mais me aproximo mais noto que ele parecia meio triste. – Oi! – reparo que ele deu um pulinho de susto.

      - ...O-oi... – ele parecia ser meio tímido e se afastou de mim, não era algo bom...

      - Eu moro logo ao lado, a primavera não está linda este ano? – tentei puxar assunto.

      - É...

      - Logo, logo a minha casa vai estar cheeeia de coelhinhos fofinhos!

      - ...No...celeiro... tem muitos coelhos...

      - No seu? Sério?! Pode me mostrar? – perguntei meio ansiosa, agora acho que são lembranças... Estou as vendo?

      - Claro. – ele sorri começando a caminhar e eu vou atrás dele

      - Qual é o seu nome? Sou a Saruny! – antes mesmo que o garoto pudesse responder minha visão ficou escura.

       Eu devo ter cochilado por um certo tempo, provavelmente foi a queda de pressão que provocou isto... abro os olhos aos poucos sentindo duas mãos me sacudirem, eu estava me sentindo tão exausta e sem forças que não me dei o trabalho de olhar para quem estava na minha frente e sim olhei para a porta que estava finalmente aberta, a pessoa põe a mão em minha testa e eu finalmente olho para ver quem era.