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História Side to Side (EM PAUSA) - Five


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Hallo!
Peço perdão pela demora, mas aqui está mais um capítulo.
Espero que gostem. Boa leitura. MWAH!

→ Capítulo sem revisão, perdoem-me se tiver erros.

Capítulo 5 - Five


Fanfic / Fanfiction Side to Side (EM PAUSA) - Five

Era o meu aniversário de quinze anos. Uma época do ano muito esperada pelas garotas, pois os pais planejavam grandes festas, viagens ou lhes davam um presente memorável. Eu nunca quis nada disso, tudo o que poderia me satisfazer era ter os meus pais de volta, me dando um abraço e estando ao meu lado. Esse, eu poderia dizer, que era o meu único sonho, não apenas em datas assim, mas de todos os dias.

Eu não fiz nada de diferente no dia, assim que sai do colégio, comprei algumas flores com algumas gorjetas que havia juntado durante a semana, fui ao cemitério e coloquei as flores bonitas no lugar das que já haviam murchado pelos dias que eu havia as levado para a lápide dos meus pais. Fiquei algum tempo sentada sobre o gramado, apenas observando outras pessoas fazendo o mesmo que eu, talvez, sentindo-se tão vazias quanto eu me sentia.

Adiei ao máximo a volta para casa depois do trabalho, pois ainda eram oito da noite e o meu tio ainda estaria acordado se estivesse em casa, e eu o evitava o quanto eu podia durante a semana e nos finais de semana, eu arrumava toda a sua bagunça em casa e saia, deixando um bilhete dizendo que eu voltaria tarde por causa do meu trabalho. A verdade era que eu implorava para fazer horas extras, e o meu chefe acabava cedendo.

Eu deixei a minha velha bicicleta nos fundos de casa e entrei, passando pela cozinha. Ouvi murmúrios de pessoas conversando na sala, e eu não queria ter que lidar com os amigos bêbados do meu tio, então apressei meus passos e fiz menção de subir, silenciosamente as escadas, mas acabei tropeçando em algo pelo caminho, caindo de joelhos no chão, vendo um enorme salto alto vermelho jogado, próximo a peças de roupas espalhadas, também, pelo chão.

— Mas que... - uma voz feminina ralha e duas cabeças erguem-se no sofá.

— Que porra é essa? - o meu tio grunhi e eu sopro os fios do meu cabelo que cobriam o meu rosto, arregalando os olhos ao ver uma cena nada agradável de corpos nus, sendo bloqueados, parcialmente, apenas pelos travesseiros no canto do sofá que ficava de costas para a escada. — Sua...

— Eu não vi nada, eu... - tento dizer ao desviar o olhar. — Estou indo colocar o lixo para fora.

— Quem é essa? - a mulher pergunta.

— Minha sobrinha.

— Você disse que ela não estaria aqui. - a mulher empurra o meu tio e me olha, com certo desprezo. — E disse que ela era uma menina.

— Mas ela é uma menina. - ele diz e tenta beijá-la, mas ela o empurra novamente.

— Não vou transar com você, ainda mais com ela aqui. - ela diz e se levanta, não se importando de estar nua, mas apanha suas roupas do chão e as veste rapidamente, não passando de um vestido curto, sem peças intimas.

Ela se abaixa em minha frente e pega seus saltos, me lançando um olhar nada amigável. Eu abaixo a minha cabeça e vejo-a pular minhas pernas dobradas no chão.O meu tio a chama por um nome de estranha pronuncia, mas ela não olha para trás, apenas continua andando e eles saem pelos fundos, gritando um com o outro.

Eu estava ferrada.

Levanto-me do chão e sinto um pouco de dor em meus joelhos, mas não me importo, apenas começo a subir as escadas, mas sou puxada para baixo dos primeiros degraus, fazendo com que eu olhe assustada para a figura do meu tio. Suas narinas estavam dilatadas, seus olhos vermelhos e um cheiro de álcool e ervas exalavam de si, causando-me náusea imediata. Ele sorri de forma diabólica e com a mão livre envolve o meu cabelo em um rabo de cavalo, empurrando minha cabeça para baixo, fazendo dor nascer em minha cabeça.

— Você não devia ter sido uma empata foda, menina. - ele rosna.

Aquele foi o pior aniversário de toda a minha vida.

*FLASHBACK OFF*

Sinto calafrios em minha espinha quando olho para Justin aquecendo sua moto, já do lado de fora do reformatório, no exato lugar daquela noite que cogitei a ideia de sair com ele. Agora, sinto-me estúpida por ter lhe dito sim, ainda mais com as lembranças ruins que motos me trazem.

— Pode desistir, se quiser. Será um segredo nosso. - ele debocha, fazendo o sangue correr para o meu rosto.

— Eu não vou desistir. - digo com firmeza, mesmo estando com o coração a mil batendo em meu peito.

— Então suba na moto, coração. - ele diz e meneia sua cabeça.

— Sem apelidos. - digo entre dentes e ele dá de ombros, sem deixar seu sorriso pretensioso desaparecer do rosto. — E onde está o capacete?

— Sem capacetes. - ele afina sua voz, como se tentasse imitar-me ou algo assim. — Suba.

— Eu... Isso não é certo.

— Eu sei. Agora, suba de uma vez. - ele diz e se endireita na moto.

Respiro fundo, sentindo minhas pernas vacilarem e não atenderem de imediato os meus comandos, mas consigo andar até ele, subo na moto, tomando cuidado e sentando-me sobre o acento de couro escuro. Procuro atrás de mim algum lugar para apoiar minhas mãos e me assegurar de que eu não cairia, mas não havia nada.

— Segure-se em mim. - Justin diz e leva seus braços para trás, procurando pelos meus, quando os encontra, ele os enlaça em volta de seu tronco, fazendo com que eu escorrego um pouco mais para perto dele. Minhas pernas, meus braços, meus peitos, tudo de mim estava colada a ele que. — Desse jeito.

Eu não conseguia respirar. O seu cheiro natural exalava de sua nuca, uma das poucas partes descobertas por sua jaqueta, o seu cabelo estava apontando de sua cabeça raspada e os fios escuros tinham cheiro de cigarro e sabonete.

— Não se solte de mim. - ele diz, virando-se um pouco para trás, olhando para mim por cima de seus ombros.

Eu não consigo lhe responder. Ele liga a moto e partimos pela estrada fria, que aos poucos tornou-se apenas uma brisa relaxante, onde eu me sentia, verdadeiramente, livre e capaz de realizar sonhos como de todos os seres humanos. A sensação era única e eu não a sentia, a muito tempo.

 Justin faz algumas curvas pela estrada, facilmente e desvia de alguns carros em uma pista pouco movimentada. Ele segue o caminho, parecendo saber para o lugar exato onde estávamos indo e quando a moto diminui a velocidade em uma espécie de pequeno vilarejo, eu observo um pequeno bar, um motel de beira de estrada e um pouco mais a frente parecia ter uma ponte. Por mais afastado que fosse, tinham carros e motos estacionados por todo o canto, assim como pessoas.

Ele para sua moto ao lado de outras e espera que eu desça. Vagarosamente, me solto de seu tronco e me afasto, tendo um pouco de dificuldades para colocar os pés no chão. Ele abaixa o pedal e sai da moto, ajeitando sua jaqueta e seus cabelos, por mais que não tivessem como se bagunçar pelo tamanho que se encontrava, mas essa atitude parecia ser automática dele.

— Onde estamos? - pergunto e olho para os lados, ouvindo risadas altas e murmúrios.

— É como uma vila, distante da cidade e próxima da C.C.Y.

Eu estava surpresa.

Justin solta uma breve risada.

— O que esperava? Um galpão abandonado e uma roda punk?

Sim!

— Não. - digo e mordisco o canto interno da minha bochecha, do lado direito. — Você vem sempre aqui? - curiosidade me corroia.

— Às vezes. - ele dá de ombros. — Quando pensei em fugir, pela primeira vez, esse foi o lugar mais próximo que encontrei.

— E porque me trouxe aqui?

— Acho que você precisa de um pouco de diversão. - ele diz naturalmente. — Vamos tomar alguma coisa.

Ele começa a andar na frente, sabendo exatamente para onde estava indo. Eu apenas o sigo, cruzando meus braços abaixo dos meus peitos e sentindo o poder da noite fria que não senti enquanto estava na adrenalina proporcionada pelo passeio de moto.

Passamos por algumas pessoas que nos olham com curiosidade, mas logo voltam a fazer o que faziam antes de passarmos por elas, compartilhar cigarros de maconha e saquinhos com um pó branco. Justin olha para trás e espera que eu apresse meus passos, mas eu continuo olhando para os lados, um pouco confusa e incerta de onde estávamos. Ele para ao meu lado e passa seu braço por meus ombros, me pegando de surpresa e fazendo minha respiração parar por alguns minutos.

— Primeiro, você está tremendo. - ele diz e aponta para meus lábios que, sem eu perceber, tremiam pelo frio. — E há pessoas barra pesada por aqui. Eles me conhecem, mas não conhecem você. Aqui, nós estamos juntos.

O que?

— Como é?

— Você é minha namorada, eu sou seu namorado. Preciso mesmo explicar isso para você? - ele ergue as sobrancelhas e rola os olhos com desdém. — Pare de franzir o seu cenho, isso a deixa fodidamente adorável, coração.

Abro a boca para lhe questionar, mas ele solta uma risada e assente.

— Sem apelidos, eu sei.

Com isso, seguimos até a entrada de um bar, pequeno, mas movimentado. Do lado de dentro haviam ainda mais pessoas no local pequeno, mas  com muitas mesas, bebidas, jogos, tinha até mesmo um palco do outro lado e tinha algo como uma banda punk sobre ele, cantando uma música qualquer que ganhou a atenção, principalmente, das mulheres. Justin ainda contornava meus ombros, me ajudando a desviar das pessoas que passavam e acabavam esbarrando em nós.

— O que quer beber? - Justin pergunta encostando a sua boca contra o meu rosto, mais precisamente contra o meu cabelo que o cobria.

— O que quiser. - sinto-o sorrir. — Não seja idiota.

— Sim, senhora. - ele diz ironicamente e se afasta de mim. — Eu volto logo.

Eu realmente não gostava de estar rodeada por pessoas, ainda mais todos sendo completos estranhos para mim. Mas, seu eu fugisse, temia não conseguir voltar ao Centro, e por mais que eu não quisesse retornar para lá, eu comecei a pensar que o único lugar que ficarei segura é em meu quarto.

Living e a senhorita Melinda achariam um máximo ouvir-me dizer ''meu quarto'', como se isso significasse que eu me sinto em casa. Como poderia? Eu perdi o meu lar quando tinha dois anos, desde então sobrou-me apenas um telhado sobre minha cabeça, nada além disso. Sempre seria assim.

— Olá, boneca. - uma voz rouca e alta soa em meu ouvido, ganhando a minha atenção.

Um homem alto, com o corpo magro, trajando roupas escuras e tendo seu cabelo bagunçado, olhos vermelhos e uma garrafa de cerveja em uma de suas mãos me rondava, olhando-me com um sorriso malicioso em seu rosto, me fazendo recuar. Dou dois passos para trás e me esbarro em alguém, olho para trás e peço desculpas a mulher que me olha como se eu tivesse cometido um pecado que me condenaria ao inferno.

  — Desculpe, eu... - tento dizer, mas o mesmo homem me interrompe quando passa seu braço com a mão livre em torno da minha cintura, causando-me pavor pelo seu toque e cheiro forte de bebida.

— Vamos dançar um pouco. - ele diz e roça o seu nariz em meu rosto. Eu tento empurrá-lo com minhas mãos, mas mesmo alterado sua força é maior que a minha.

— Tire suas mãos dela ou eu irei quebrar cada um de seus dedos, Kaydon. - Justin diz com imponência por cima da música que ainda soava em alto som.

O homem me solta e eu respiro fundo, tornando a abraçar o meu corpo e olho assustada para Justin que segurava uma garrafa de bebida nas mãos, com mais dois copos apoiados no topo da mesma. Sua mão livre estava fechada, e seu maxilar dançava sobre sua pele.

— Bieber... - o garoto parecia surpreso ao vê-lo. — Eu não acreditei quando disseram que você voltou a dar as caras por aqui. Jason ficará...

— Eu não quero saber se ele irá saber dessa merda ou não, eu só acho melhor você manter suas mãos longe dela ou eu juro que cortarei seus dedos com uma faca completamente cega. - Justin o ameaça, parecendo nervoso e certo sobre o que dizia.

O tal Kaydon ergue seus braços e dá passos para o lado, se perdendo na multidão. Justin espera com que ele, realmente, suma de vista e olha para mim, parecendo analisar cada parte do meu corpo, como se estivesse preocupado de que eu estivesse ferida ou algo como isso.

— Ele machucou você?

— Não. - eu não minto, mas não conseguia me desfazer do asco que senti quando ele me tocou e uma onda de medo me atingiu, por mais que eu tenha pensado ter superado isso.

 Eu estava enganada.

— Eu devia ter previsto que essas merdas fossem acontecer. - ele parecia nervoso consigo mesmo. — Vamos sair daqui.

Não preciso lhe responder ou me preocupar com isso, pois ele segura minha mão e me guia para fora do pequeno bar, não se importando em se desculpar com os corpos suados, musculosos ou bem definidos que ele empurrava pelo caminho. Andamos em silêncio para fora, e por mais algum tempo também, onde seguimos por uma trilha do lado contrário ao que a moto de Justin estava estacionada.

Um grande lago se encontrava próximo a baia que tinha uma curta ponte, uma fogueira estava acesa do lado direito, mas não tinha ninguém em volta da mesma. As labaredas estavam baixas, quase se apagando.

Justin se senta perto da fogueira, esticando suas pernas e apoiando seu peso sobre seus braços para trás, com as mãos firmes sobre a areia abaixo de si. Eu mordo meu lábio inferior com intuito de contar o quão trêmulo estavam meus lábios.

— Sente-se aqui, você está ficando azul de frio.

Ele destampa a garrafa de bebida que trouxera consigo e enche os copos, os deixando sobre a areia. Ele joga algumas folhas secas que se encontravam no chão, dentro do fogo, fazendo com que ele não se apague de vez. Eu ando até ele, sentando-me ao seu lado, mantendo uma distância consideravelmente aceitável entre nós.

Apanho o copo que ele me estende, observando o liquido de tom âmbar movimentar-se no copo de plástico. Justin bebericava o seu copo, olhando para o fogo e as faíscas que saltavam quando os gravetos estalavam com o fogo se intensificando, novamente. De relance, observo Justin levar um cigarro até seus lábios, o prendendo entre eles e o ascendendo, ele solta a primeira fumaça após um longo trago e o estende para mim, virando sua cabeça para me olhar.

— Eu não fumo. - digo e ele ergue as sobrancelhas, retirando sua mão da minha frente.

— Não foi nada com drogas e imagino que nada com o álcool também. - ele olha para o meu copo com apenas dois pequenos goles a menos. — Então o que a condenou a estar no Centro?

Eu não queria falar. Eu não podia deixá-lo saber.

Sou salva quando vozes tiram a sua atenção de mim e o fazem olhar para o lado, atravessado as árvores que rodeavam um dos lados da baia.

— Eu não pude conter minha curiosidade ver com meus próprios olhos que você estava mesmo por aqui. - um dos quatro rapazes que surgiam diz.

— O que quer, Jason? - Justin questiona entre dentes, se colocando de pé; Eu não entendia, mas fiz o mesmo.

— Apenas vim dar um olá ao meu irmão. - o moreno responde com sarcasmo em sua voz.

Eu não conseguia ver seus rostos com clareza devido a iluminação da noite e apenas a ajuda da fogueira, mas eu sabia que eles eram altos, fortes e que ele conseguia irritar Justin que tinha o copo plástico em sua mão direita sedo esmagado e seu cigarro já se encontrava no chão, se perdendo dentro da areia.

— Eu imaginei que Kaydon correria até você, como o fodido cachorrinho adestrado que ele sempre foi. - Justin diz com amargor.

O moreno ri.

— Isso se chama fidelidade, Justin. - ele desvia o seu olhar de Justin e foca em mim, umedecendo os lábios enquanto varre o meu corpo, cada mínima parte. — Oh, então essa é a sua nova vitima?

— Fique longe dela, Jason, eu já avisei isso a Kaydon e também vale para você. - Justin rosna e, rapidamente, fica em minha frente, como se tivesse se tornado uma espécie de escudo para mim.

— Você ainda não se acostumou que eu sou o mais velho e eu não tenho medo de você?

Justin pisa duro, marchando em direção ao rapaz que tem sua proteção dos outros três que ficam passos a sua frente, protegendo-o de Justin que para no meio do caminho e o moreno empurra um deles para o lado, tomando a frente, lado a lado com eles.

— Não queira começar um show essa noite, a garota parece assustada. - ele aponta com o queixo para mim. — Seria uma pena se os garotos tivessem que cuidar dela enquanto nós conversamos em particular.

Minhas mãos estavam unidas em minha boca e meus olhos estavam se abrindo, pois os fechei por alguns segundos, odiando imaginar o que eu teria que presenciar. A fogueira estava se apagando e por mais que eu tivesse péssimas lembranças do fogo em minha vida, eu não queria que se apagasse por completo, pois já parecia ter escuridão o suficiente em um único lugar.

Justin parece estar enfrentando uma interminável batalha contra ele mesmo quando ele ergue seu rosto, mas ainda apertava seus dedos com tanta força que eu conseguia ver os nós de seus dedos ficarem brancos.

— Não toque nela, Jason. Eu não me importo de ter que acabar com você e com todos esses também. - Justin dita.

— Então ela ocupou mesmo o lugar da doce Clarice? Eu pensei que você tivesse aprendido a escolher melhor suas fodas, irmão.

Isso é o suficiente para fazer Justin avançar como um animal selvagem sobre Jason, segurando o colarinho de sua camisa com extrema força, colando com ele a sua face e o seu corpo rígido pela raiva que parecia estar sentindo.

— Nunca mais ouse tocar no nome de Clarice. - ira pingava de sua boca.

— O pai ficaria decepcionado em vê-lo sendo fraco por causa de uma mulher. - Jason cospe com ironia.

Justin rosna, mais uma vez, e solta sua camisa, o empurrando para trás. Jason cambaleia e sorri, passando as mãos por sua cabeça, ajeitando os fios escuros de seu cabelo. Ele dá as costas ao homem e o outros que pareciam um pouco perdidos, assim como eu, mas diferente de mim, eles pareciam estar prontos para tudo.

 Vejo o loiro furioso pisando em passos largos sobre a areia, mesmo mancando de uma única perna, passando por mim e seguindo em frente, eu apenas giro meus calcanhares e ando atrás dele, deixando aquelas pessoas assustadoras e a fogueira soltando suas últimas faíscas. Justin chega tão depressa em sua moto que eu tropeço em pedras no caminho, temendo ser deixada para trás, mas ele espera que eu suba na moto e me acomode, enlaçando meus braços em volta do seu tronco, podendo sentir seus músculos tensionados e sua respiração pesada.

A viagem de volta fora ainda mais rápido, em pleno silêncio e eu imaginava que era esse um dos motivos para que Justin preferia sua moto a um carro, assim assuntos não precisavam ser discutidos. Eu precisei fechar meus olhos a cada curva que Justin fazia e a forma que ele desviava de outros veículos em seu percurso. Quando chegamos ao C.C.Y, ele espera que eu passe pela cerca e para algum tempo, apenas para ascender um novo cigarro.

 — Justin, aquele homem é mesmo o seu irmão? - eu perguntei, mas fui ignorada enquanto passávamos pelas árvores em meio a escuridão. — Você não pode ficar sem me responder. Eu tenho direito de saber ao menos quem eles eram, pois eles me ameaçaram também!

— Eu não sei onde assinei um contrato de que sou obrigado a lhe dizer sobre a minha vida. - ele responde com rispidez, ainda sem me olhar.

— Não me venha com essa. Você me convidou para sair, eu não lhe implorei para ir.

Surpreendendo-me, sinto meu corpo batendo contra a madeira firme de uma das árvores que passávamos, segundos antes de Justin me empurrar e pressionar seu corpo contra o meu enquanto firmava um de seus braços em meu pescoço. Seus olhos estavam escuros, quase que opacos e suas narinas dilatadas, as veias de seu pescoço estavam estufadas e latejavam com vigor.

— Foi um erro, e você soube disso desde o inicio. - ele diz, pressionando-se ainda mais contra mim. — Você devia ter dito não, Rylee. Você devia me amaldiçoar, pois você sabe o que eu sou.

Meus olhos estavam semicerrados e eu não conseguia respirar, tanto pelo seu braço em meu pescoço, como pelo nervosismo que eu sentia. Não era medo de que ele me machucasse no escuro estendido dessa parte do Centro.

— Eu não sei o que ou quem é você. - minha voz vacila.

Ele solta uma risada sem humor e fecha seus olhos, balançado sua cabeça.

— Eu sou o tipo de cara que se você ver andando pela calçada tem que atravessar para o outro lado da rua. Eu sou o tipo de cara que não se importa com nada além de si mesmo. Eu sou o tipo de cara que é um pecado humanamente criado para corromper boas garotas. Eu sou o tipo de cara que mata, rouba e não sente culpa. Eu sou o tipo de cara que está condenado ao inferno, mas não aquele criado e aflorado pelos crentes no céu e inferno, o meu é particular, onde eu me deito e não consigo dormir porque os demônios que se apossaram do meu corpo, dominam a minha mente e tudo o que eu tenho; isso me assombrará pelo resto da vida. - ele abre seus olhos e olha diretamente para os meus, sua respiração lenta estava batendo contra o meu rosto e se misturava com a brisa. — Eu sou pura escuridão, Rylee. E ninguém pode salvar a minha alma.

Sua mente parecia lhe fazer sentir dor, pois sua expressão alternava-se a cada segundo.

— Fique longe de mim. Sinta medo de mim, como todos nesse Centro. E não queira saber mais sobre a minha vida, pois isso não será bom para você. - ele umedece os lábios e sinto um de seus dedos contornando uma cicatriz grossa que eu tinha em minha nuca, só então me fazendo perceber onde sua mão livre estava. Eu estremeço com o seu toque, eu poderia quebrar por senti-lo invadindo todo o meu espaço e descobrindo um dos meus incontáveis defeitos, mas eu não queria perder o seu olhar que não desviava, nem mesmo por sentir repulsa ao sentir a cicatriz. Ele apenas me olhavam com intensidade, uma que eu desconhecia até o momento. — Eu pensei que fosse você.

Seu último sussurro me faz ficar ainda mais confusa. Ele desaparece da minha vista com mesma precisão que me encurralara e me tocara. Justin me dá as costas e desaparece por entre as árvores, indo para o lado contrário de onde o prédio se encontrava.

Ele se foi e me deixou para trás com frio e dúvidas.

Quebrados. Perdidos. Condenados. Eu acho que, finalmente, encontrei alguém exatamente como eu, mas eu não posso tentar me encaixar em sua vida. Duas pessoas com muitos demônios para domar não consegue ajudar outra pessoa a domar os seus.

 Ninguém podia salvar a minha alma também. 


Notas Finais




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