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História Side to Side - Bookshop


Escrita por: fireprincess

Notas do Autor


Olá! Essa é a primeira fanfic que posto em muitos meses, então espero que tenham paciência comigo, ainda não estou no pique. É também a primeira fanfic de Red Velvet que eu escrevo, e não é só essa que eu pretendo fazer. Já tenho vários projetos pro grupo, e não só pra ele, mas pra vários outros. Espero que gostem! Pretendo continuar com a fanfic e já aviso que não vai ser uma fanfic muito grande, no máximo dez capítulos pelos meus planos. Não prometo lágrimas nem coisa do tipo, e coloquei a classificação como 16 por regra do site mas acho que vai ser bem leve e aproveitado por todos os públicos, tendo, no máximo, uma insinuação aqui e ali. Deixemos coisas de gente grande pra gente grande em projetos futuros! Boa leitura.
Obs: esse capítulo foi mais uma introdução, não quis desenvolver muito a história logo de cara, por isso é um pouco mais curto e corrido.

Capítulo 1 - Bookshop


– Tem certeza de que vai sozinha hoje? – a voz da mãe de Joy era distante, já que se encontrava na cozinha, enquanto a filha comia seu café da manhã na sala.

Mastigou apressadamente algumas vezes, e depois bebeu um gole de seu achocolatado para que a comida descesse mais rápido.

– Não, mãe... – sentiu a garganta sofrer pelo bolo de alimento que acabara de engolir, e então tossiu algumas vezes. – Eu já te disse que não vou sozinha, eu tenho companhia.

Houve um breve silêncio, que se estendeu até que Joy levantasse da cadeira e levasse seu prato com algumas poucas migalhas e copo até a mãe. O dia ainda clareava, então a cozinha se encontrava em tons de azul escuro, mesmo com a única luz branca que a mãe havia deixado acesa, apenas para não correr risco de derrubar nada. “Não precisamos gastar tanta luz no amanhecer”, dizia ela. “Os gregos esperavam que o Sol nascesse para que pudessem realizar suas peças de teatro, assim, usavam a luz do dia como iluminação.” Às vezes era um problema ter a mãe como professora de artes; a sorte era que não dava aula em sua escola.

Ela colocou os objetos em sua mão dentro da pia e a abriu apenas para que a água lavasse um pouco da sujeira que havia ali, pois a mãe lavaria o resto. Tirou as mãos dali o mais rápido possível, pois o frio naquela época do ano era um absurdo, e não queria chegar nem perto da água, principalmente cedo daquele jeito.

– E essa pessoa vai voltar com você também? – a mãe perguntou, de costas, enquanto pendurava algumas roupas no varal que havia no fundo da cozinha, bem onde o Sol nascia.

– Uh, eu não sei. Provavelmente não... Você ainda não conhece ela, certo? – Joy se virou por um segundo, para que pudesse olhar a mãe. – É a...

O celular no bolso de sua saia tocou, e o nome brilhante de sua companhia brilhou na tela. Percebeu que estava em cima da hora, e com um forte tapa na testa, disparou para fora da cozinha, pegou a bolsa pendurada na cadeira e as chaves em cima da mesa, se apressando para abrir a porta. Sem perceber, deixou o celular na mesinha que havia ao lado da porta, em caso de encomendas ou qualquer outra coisa importante.

– Eomeoni, eu perdi a hora! Nos vemos na volta.

– Eh? Ok! – ela se esforçou pra gritar da cozinha, dizendo alguma coisa que não foi ouvida pois Joy já havia disparado pela rua.

A mão mediana cobria a parte da frente da saia, que voava com o vento, e sentia todos os pelos do corpo se arrepiando com o frio daquela manhã. Passava pelas casas de sua rua, dobrava numa esquina e em outra, até que entrava numa área mais urbana da cidade. Era na frente de uma farmácia que sua companhia estava, com o celular rosa nas mãos, fone nos ouvidos e o olhar baixado para tela.

Ajeitando os cabelos ao chegar mais perto da menina em sua frente, respirou fundo, e assim que tentou falar, começou a tossir. Isso chamou a atenção da menor, que levantou os olhos, tirou os fones dos ouvidos e arqueou uma sobrancelha.

– Está atrasada, você sabe.

– Me desculpa, eu acabei me distraindo no café da manhã. – Joy disse, ainda ofegante. – Por acaso você tem água aí?

A menor suspirou, pôs a mochila que estava nas costas apoiada na perna em que possuía melhor equilíbrio e puxou o fechecler, pegando a garrafa que estava lá dentro. Joy nem esperou que ela terminasse de estender a destra; tomou a mesma de sua mão, abriu a tampa e bebeu a água fresca.

– Bem, eu percebi. O café da manhã deveria estar realmente gostoso, já que nem escovar os dentes você escovou. Por acaso você é americana? Fica querendo ficar com o gosto da refeição na boca... Ugh.

Joy quase cuspiu a água ao olhar para os olhos de Yeri. Era mais nova que ela, e se conheciam há poucos meses, desde que as aulas haviam começado. Sempre tiveram amigos em comum, mas nunca se misturaram de verdade, só depois de uma viagem que fizeram. Desde então, descobriram que moravam perto o suficiente para que fossem juntas para escola, e assim marcavam todos os dias.

Ela era uma menina legal, apesar do mau humor que tinha de manhã. Geralmente era fria, sempre demonstrando o quão chateada ficava ao acordar cedo. Não que Joy não fosse assim, mas ela procurava se controlar. Yeri sempre acordava mais tarde que ela, por isso sempre estava meio adormecida. Costumava dizer umas verdades, e por mais que parecesse uma pessoa nojenta de se conviver, era bem doce às vezes. Joy possuía uma espécie de necessidade de protege-la, de maneira que não se permitisse nem pensar algo ruim sobre ela. As amigas de Joy diziam que Yeri era antipática, e mesmo que fossem amigas dela também, não conseguiam decifrar a mais nova. “Ela não é assim...”, Joy dizia com um sorriso triste nos lábios, olhando para Yeri do outro lado da sala, que geralmente estava ouvindo música, sentada em sua mesa. “Ela só não conversa muito.”

Era uma desculpa ridícula, mas Yeri realmente era diferente com ela. Não dava as mesmas encaradas mortais que lançava para as outras amigas, como se estivesse sempre irritada com algo. Quando estava animada, fazia questão de demonstrar isso ao lado de Joy, sempre a cutucando, apertando-a para fazer cócegas no corpo alheio e até afinando a voz para pedir as coisas. Apesar de ser mais nova, era madura, responsável e consideravelmente séria. Sua frieza parecia defesa aos olhos de Joy, e pensava que talvez fosse muito mais delicada do que parecia, por isso tomava tanto cuidado.

Yeri estendeu uma bala de menta, e Joy a pegou bem mais hesitante do que o momento em que pegou a garrafa. Desembalou a mesma com cuidado e a pôs na boca, a segurando por um breve momento com os dentes.

– Obrigada... – disse com dificuldade, tampando a garrafa e entregando para a menor em sua frente. Yeri empurrou a bala com o dedo e começou a andar na frente. – Bom dia, então...

Os assuntos entre as duas variavam bastante, nunca ficavam sem nada pra dizer, o que era bom. Na cabeça de Joy, silêncio era sinônimo de desconforto, e não queria nem pensar naquilo. A mais velha era bem mais sorridente, contava mais piadas, e por mais que a outra não desse risada sempre, tentava melhorar a manhã dela do mesmo jeito. Se ela nunca havia pedido por silêncio, talvez não fosse um problema muito grande?

Chegando na escola, subiram os longos quatro lances de escada, atravessaram o corredor comprido e adentraram na última sala. Joy particularmente gostava das cores da escola, especialmente da sala de aula. O branco das paredes caía bem com a madeira clara das carteiras, e as janelas geralmente ficavam abertas, com o Sol dourado banhando a sala , mais o verde das enormes árvores enfeitando aquele cenário todo. Entrar na sala depois de fazer tanto esforço e sentir aquela brisa fazia a maior se sentir aliviada. Joy caminhou até sua carteira e se sentou, respirando fundo. Yeri deixou a mochila na carteira da frente, sentou-se na cadeira e puxou os longos cabelos castanhos num coque que era sustentado apenas por suas mãos. Daquele jeito, Joy podia sentir o perfume de seus cabelos adentrando as narinas, e por um momento, se perdeu naquele cheiro doce enquanto encarava a nuca branca em sua frente.

De repente, Yeri se virou, quase fazendo Joy pular de susto. Pigarreou, conseguindo disfarçar que estava admirando a mais nova.

– Você vai fazer alguma coisa depois da escola? – soltou seus cabelos, que novamente fizeram uma nuvem de perfume pairar entre as duas.

– Provavelmente não... Por quê?

A mais nova esboçou um pequeno sorriso no canto dos lábios, provavelmente não deixando tão óbvio que havia ficado feliz com a resposta.

– Você pode ir num lugar comigo? Por favor, é importante...

Joy estudou o rosto da pedinte enquanto cruzava os braços, numa pose pensativa. Ambos os olhos brilhavam, um deles mais claro que o outro por conta do Sol dourado que dividia seu rosto entre a sombra e a luz, incluindo seu cabelo, que ficava levemente acobreado. Joy percebera que estava mais bonita que o normal, mas não conseguia identificar o que era que tornava ela tão diferente naquele dia. Yeri sorriu docemente, causando uma pontada no coração da outra, que soltou um riso soprado por entre os lábios.

Os braços da maior se descruzaram e uma das sobrancelhas se arqueou, a língua passando pela parte interna das bochechas; era algo que sempre fazia quando estava irritada, principalmente quando era pega de surpresa daquele jeito.

– Eu preciso checar com a minha mãe.         

Foi a vez de Yeri para levantar uma das sobrancelhas, analisando o rosto da mais velha.

– Ah, então você tem que pedir pra sua mãe? Entendi... – ela riu baixo e desviou o olhar, mas alto o suficiente para Joy sentir deboche saindo dela.

Joy entreabriu os lábios por alguns segundos, mas os fechou assim que ouviu a porta se abrindo, e a professora entrando. Yeri nem olhou para Joy de novo, apenas deu as costas e ignorou qualquer tentativa de resposta. Aquilo irritou a mais velha profundamente, mas não era hora de se irritar. Matemática não era lá sua matéria, e era exatamente a primeira aula do dia.

* * *

Grande parte da sala havia descido para o pátio, mas na escola de Joy e Yeri, era permitido que os alunos ficassem em sala. Só não podiam comer coisas que fizessem muita sujeira, e qualquer papel ou plástico no chão renderia numa espécie de castigo, entre os vários que a escola possuía no regulamento. Na sala, estavam as duas e mais dez pessoas no máximo, estas dividias em pequenos grupos que conversavam ao redor de carteiras.

Yeri não havia dito mais nada depois da pergunta que fizera. Da mochila, tirou uma toalha grande o suficiente para cobrir apenas a sua carteira e tirou um pequeno pote, de onde Joy pôde sentir o cheiro de pão doce.

– Você ficou chateada comigo? – a mais velha perguntou num fio de voz, limpando a garganta em seguida. Não obteve resposta. – Ya, você sabe que minha mãe é toda preocupada com essas coisas... De sair, e de ter hora pra voltar. Se você conhecesse ela, saberia. – obteve silêncio em resposta novamente. – Um dia, eu gostaria que você comesse lá em casa... Tenho certeza de que ela adoraria te conhecer.

E novamente, não foi respondida. Apenas assistiu Yeri levar o pão doce até a boca, mastigando.

– Kim Yerim, você não vai me responder mesmo...? – agora o tom da voz da mais velha era de revolta, e então ela segurou no ombro da menor, a obrigando a olhar para ela.

Com a boca cheia e numa expressão confusa, Yeri a olhou, logo tirando o ombro da mão que o segurava. E então, Joy conseguiu ver um fio rosa perdido entre os cabelos escuros da outra, percebendo que ela ouvia música, e por isso não conseguia ouvi-la.

– Você está com algum problema? – sua voz era engraçada pela quantidade de comida acumulada em suas bochechas. Revirou os olhos e terminou de mastigar, tirando o fone do ouvido direito enquanto lambia os lábios para tirar o açúcar que ali ficara. – O que você quer?

Joy prensou os próprios lábios e tentou controlar a vermelhidão em seu rosto. Se sentia extremamente burra naquele momento, principalmente por puxá-la daquela maneira. De repente, pensou que se fosse explicar toda a situação novamente, Yeri não daria a mínima, principalmente no humor que estava.

– Eu te chamei pra dizer que eu vou com você. – disse, quase que sem repensar a ideia que tivera.

Então, Yeri sorriu.

– Quer um pão doce~?

* * *

Percebeu que não havia levado o celular naquele dia. Talvez fosse por isso que sua mãe havia gritado, perguntando se havia pego o aparelho. Não tinha como avisar para ela, e mesmo se quisesse, não poderia pedir o celular para Yeri, que a caçoaria, como era de se esperar. Assim que o sinal tocou, o professor se retirou da sala e os alunos arrumaram o material, grande parte com pressa. Queriam ir para casa.

Joy era uma dessas pessoas, mas aparentemente, Yeri não estava nem perto de ser. Com a maior calma do mundo, organizava sua mochila, colocando livros e pastas em ordem de tamanho, catando todas as canetas que havia deixado na mesa e colocando-as no estojo. Impaciente, a mais velha esperava encostada na mesa alheia, esperando que terminasse o trabalho que fazia com tanta calma. Os pequenos olhos se encontraram com os olhos da mesma, que piscou, se segurando pra não desviar o olhar.

– Então vamos?

– Sabe, eu só estou te esperando. – um sorriso amarelo se formou nos lábios carnudos da que estava de pé. Yeri empurrou a mesa, causando desequilíbrio em Joy e forçou o mesmo sorriso que havia recebido.

As duas passearam pelas fileiras que as carteiras formavam e saíram da sala de aula. Chegando na rua, pegaram a direção contrária ao lugar onde moravam, ou seja, Joy estava indo pra longe de casa. Imaginou que perguntar para Yeri onde estavam indo não adiantaria nada, então apenas respirou fundo e seguiu os passos da companheira.

Uma coisa que Joy particularmente gostava era observar o que havia ao seu redor. Já conhecia bem a cidade que vivia, não era muito grande, só não passava por todos os lugares todos os dias. Então, se afeiçoava aos detalhes numa espécie de distração. Gostava de ver como o Sol dourado da tarde parecia com o da manhã, e gostava de ver a sombra das árvores balançando com o vento. As poucas folhas caídas no chão, levemente amareladas, eram varridas até o meio-fio, juntadas às flores numa triste e bonita reunião.

O céu estava azul claro, poucas nuvens no céu, mas ainda assim, eram presentes. Se perguntou se aquela ventania traria chuva, pois particularmente gostava de dias cinzentos, mas dias ensolarados e ventosos pareciam fazê-la voar para longe.

Olhou para o lado com o canto dos olhos, observando a mais nova que mexia os lábios ao dublar uma música que ouvia no seu celular. Já estava acontecendo há um tempo, tinha que confessar. Estava observando Yeri com outros olhos. Não sabia dizer o que chamava a atenção dela, mas chamava. Talvez a maneira como as mãos se encaixavam às vezes, a maneira como Yeri era cuidadosa, e ao mesmo tempo marrenta, como se estivesse envergonhada e não quisesse demonstrar. A questão era que estava reparando em todos os detalhes da menor.

A maneira como colocava o cabelo atrás das orelhas, e não jogava as madeixas para trás, como a maioria das meninas faz. A maneira como seus dedos caminhavam pelas coisas, como o seu sorriso se formava, e até em seus cílios quando estava de olhos fechados. Seu perfume, tão doce quanto um dia de primavera, fazia Joy se sentir mais apaixonada ainda, só não tinha pra quem dizer isso.

Por isso, Yeri era seu pequeno segredo, guardado numa gaveta de seu coração. O que as amigas diriam se soubesse? Nunca tinha dito nem para si mesma que gostava dela, e como seu sentimento só aumentava. Só que era óbvio como seu coração tremia quando ela chegava mais perto. Quando ela tocava alguma parte do seu corpo, mesmo que fosse um puxão no braço pra dar passagem para alguém na rua.

Joy sentia pequenas correntes elétricas correndo pelo seu corpo até que se encontrassem no peito, e uma explosão de alegria fazia seu dia melhor. Se Joy ainda não havia se trancado no quarto cansada da escola, era por querer Yeri sempre por perto. Quando ela faltava ou se atrasava, se sentia desanimada pelo dia inteiro, e chama-la pelo celular a fazia pensar que estava incomodando.

Perdida nos seus próprios pensamentos, a mais velha só parou de viajar quando Yeri olhou para cima, fazendo com que seus olhares se encontrassem novamente. Joy se segurou para não desviar o olhar, mas se continuasse daquele jeito, os olhos continuariam passeando pelo rosto da garota e parariam logo nos lábios, local que evitava fitar quando Yeri estava calada. Falando, era outra coisa...

– Está reconhecendo o lugar? – perguntou numa voz suave, tirando o fone da orelha, indicando que começaria uma conversa. Joy se segurou para não soltar um “Eh?”, pois estava tão distraída que nem percebeu que a rodoviária se encontrava logo à frente. Concordou com a cabeça, e Yeri concordou também. – Você trouxe seu cartão?

– Do ônibus? – e a mais nova concordou novamente. Joy se apoiou numa grade que havia do lado delas e apoiou a bolsa no joelho. Enquanto procurava sua carteira no compartimento que estava completamente bagunçado, percebeu a importância de ter uma mochila organizada como a de Yeri. – Um segundo... – murmurou, percebendo que estava demorando um pouco.

Uma brisa forte atingiu ambas, fazendo a saia de Joy sacudir com tanta força, que pensou que fosse exibir suas pernas ali mesmo. Ao mesmo tempo que tentou segurar o cabelo esvoaçante, a saia e a bolsa, percebeu que nunca conseguiria administrar tudo, então optou apenas pela bolsa; não conseguia imaginar o que faria se caísse com todas aquelas fichas no chão.

Foi quando sentiu uma mão na sua perna, mais especificamente na sua saia. Ainda estava com a perna levantada, então com uma mão continuou segurando a bolsa, e com a outra tirou o cabelo do rosto para olhar Yeri. A mão da pequena segurava o tecido teimoso, ao mesmo tempo que ela tentava tirar o cabelo do rosto. Ambas ficaram se encarando por alguns segundos, e o mundo de Joy parou.

– Estou vendo sua carteira daí. – disse a mais nova, impaciente.

Joy olhou para a bolsa novamente e soltou uma exclamação, rindo de nervoso e sacando a carteira ali de dentro, mostrando que havia pego o cartão do ônibus.

Alguns minutos depois, lá estavam as duas, Yeri na janela, e Joy no corredor. Sentadas em assentos confortáveis, não se acomodaram no fundo, pois o ônibus estava vazio e a menor chegou logo escolhendo o lugar.

– Seria estupidez perguntar pra onde estamos indo? – a voz de Joy se arrastou pela garganta assim que o ônibus começou a andar, envergonhada.

– Uhum. – respondeu Yeri, pensativa, olhando para a paisagem que ia mudando lá fora.

Joy suspirou, esperando alguns segundos.

– Nós vamos sair da cidade? – agora o tom era mais de preocupação do que de curiosidade, lembrando-se da mãe.

Yeri se virou para ela, sorrindo.

– Tá com medo?

Joy negou com a cabeça, mordendo o lábio inferior. Era tão óbvia assim?

Para aliviar um pouco o clima, Yeri pôs sua mochila apoiada nos joelhos e de dentro tirou um mapa, apontando o local para onde iriam. Joy nunca tinha ouvido falar naquele bairro, o que a preocupou um pouco. Sua mãe colocava muitas coisas em sua cabeça, então pensou na violência, nas pessoas que estavam lá, na condição das ruas. Levou uma das mãos até a boca e mordiscou a unha do dedão, pensativa.

– Não precisa se preocupar. – a menor se voltou para janela novamente após guardar o mapa. – É um lugar agradável.

E de fato, era. Depois de quarenta minutos, chegaram no tal bairro. As construções eram antigas, lembravam um estilo europeu e pareciam combinar com a luz solar. Todas as construções eram em tons que variavam entre bege e marrom, só que mesmo que fossem cores consideravelmente sem muita graça, Joy se sentia andando no próprio outono. O contraste daquela pouca cor era encontrado no verde escuro das árvores que alcançavam, em sua maioria, o segundo andar das construções medianas.

Maravilhada a cada passo que dava, o pescoço da turista já estava dolorido de tanto que olhava ao redor. Era, de fato, impressionante, e parecia o local perfeito para se apaixonar por alguém. Coincidência? O braço de Yeri se esticou na barriga alheia, fazendo a mesma parar. Em frente do que parecia uma porta espremida entre duas grandes construções, encaravam uma livraria.

Era suposto que fosse. As letras estavam apagadas, a pintura não parecia muito boa, e lembrava mais um tom amarelado do que um bege. Não deixava de ser uma construção bonita, mesmo que espremida, mas por que Yeri havia levado Joy naquele lugar? Não conseguia entender, e antes que perguntasse, Yeri tirou uma chave dourada do bolso da saia e a enfiou na fechadura, girando-a no que pareceram séculos e empurrando a porta, que se abriu num rangido. Joy se arrepiou.

– Você primeiro.


Notas Finais


Obs: esse capítulo foi mais uma introdução, não quis desenvolver muito a história logo de cara, por isso é um pouco mais curto e corrido.


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