História Signed, Robbie - Together

Eu sentia que tinha feito a escolha certa, mas algo dentro de mim não sossegava. Um sentimento de preocupação tentava tomar conta de mim

Milhares de coisas passavam pela minha mente e não me deixavam pregar os olhos

A partir de agora eu seria completamente responsável por tudo e eu precisaria de um emprego com urgência. Eu começaria a pagar tudo que meu pai pagava para mim antes.

Luz, água, telefone, internet, compras e até os aplicativos por assinatura. Tudo tava em cima de mim agora.

Quando a luz do sol começou a adentrar o quarto, eu fui para a cozinha e me sentei na mesa

Fiquei procurando por emprego e pesquisei algumas coisas também, como planos de internet e celular mais baratos e com mais benefícios, e também comecei a pensar em cancelar alguns aplicativos por assinatura

Meus olhos ardiam enquanto eu encarava a tela do notebook. O sono que eu não dormi começou a vir para de cobrar.

-Merda! Agora não! - me levantei e fui em direção a cozinha para fazer um café

Fiquei esperando o café ficar pronto quando ouvi um barulho atrás de mim

Me virei em um pulo

-Cristo! Você quase me matou de susto - exclamei quando te vi

Você estava de pé ao lado da mesa encarando a tela do notebook

-Por que está procurando emprego?

-Porque depois da discussão com o meu pai, ele disse que a única coisa minha que ainda veria a cor do dinheiro dele seria a mensalidade da minha faculdade - peguei uma xícara de café e fui até você - Sendo assim, todo o resto agora é por minha conta, então eu vou precisar de um emprego pra conseguir pagar tudo

Você não falou nada e voltou a olhar a tela do computador

-A minha preocupação principal são as despesas da casa, como água, luz e as compras, o resto pode esperar - comentei

-Então, por que não vem morar aqui? - você perguntou pegando a xícara da minha mão e tomando um gole

Eu ri, mas você continuou sério

-Ta falando sério? - perguntei com os olhos levemente arregalados e as sobrancelhas erguidas

-Claro que estou. - você respondeu se encostando no balcão - Você fica mais tempo aqui do que na sua própria casa, a única diferença é que você não vai mais precisar sair daqui para ter que ir lá pegar alguma coisa. E você ainda vai ter um dinheiro extra com a venda do seu apartamento

-Você está louco? - me levantei da cadeira - Nós estamos juntos há menos de seis meses e você já quer que eu me mude para cá

- E daí? - você perguntou dando de ombros

- E daí que se um dia a gente terminar, eu vou ter que comprar outro apartamento e ter que tirar tudo daqui de novo e minha mãe surtaria se soubesse e meu pai comeria a própria perna se soubesse também

- Achei que não se importava mais com o que ele pensasse

- E não me importo, mas é loucura do mesmo jeito - retruquei

- Então, pronto, põe seu apartamento à venda - você pôs a xícara sobre a mesa e me deu as costas

Eu continuei ali parada por alguns segundos encarando suas costas completamente surpresa

Eu não podia me mudar para a sua casa assim de uma hora para a outra. Era loucura e você estava tratando tudo aquilo como se não fosse nada.

- Não faz sentido eu vir morar aqui e te dar uma despesa extra - disse andando atrás de você - Eu me sentiria mal sabendo que você vai arcar com tudo sozinho e eu só vou existir

- Já que é assim, aceito sua existência como pagamento

- Eu falo sério, Kyle - disse rolando os olhos

- E eu também. Se eu não pudesse bancar tudo isso sozinho, eu nem teria te convidado pra morar aqui. Você não me daria despesa nenhuma, com absolutamente nada. Vai ser bom ter você aqui sem precisar ficar saindo e entrando o tempo todo porque precisa ir em casa.

- Mas...

- Se um dia a gente terminar, eu te ajudo a comprar outro lugar e te ajudo com a mudança, simples assim - você me interrompeu

- Não sei, não... - disse indecisa segurando meu braço

- Você tá tendo a solução mais fácil para todos os seus problemas e preocupações e não tá percebendo.

- Solução mais arriscada - corrigi

- Porém, a mais fácil - você retrucou - Você está se preocupando demais e sem necessidade. Se não der certo, não deu e pronto, a gente encontra outra solução, só isso, mas você insiste em colocar dificuldade onde não tem

- Eu não coloco dificuldade onde não tem - me defendi

- Coloca sim. - você me contradisse

Revirei os olhos

- Veja pelo lado bom, você vai ter muito espaço para pendurar o quadro do seu irmão mais novo nerd - você disse se referindo aos meus quadros nerds que ficavam espalhados pela casa inteira

Eu ri e concordei com você

Você sorriu

- Põe seu apartamento à venda - você repetiu

Assenti e você me deu as costas novamente

Era muito cedo? Sim

Era arriscado? Muito

Era loucura? Claro que sim

Mas foi o que eu fiz. Eu arrisquei e fui morar com você com menos de seis meses de namoro

Voltei para a mesa e comecei a resolver o que tinha de resolver.

Liguei para a minha mãe e contei que eu me mudaria e a reação dela foi completamente diferente do que eu imaginava. Ela não surtou e nem disse que era uma péssima ideia, mas me apoiou e disse que me ajudaria com o que precisasse, e ouvir aquilo foi tranquilizante.

Horas depois eu estava sentada no sofá assistindo TV quando você saiu do banho e veio até mim

- E aí? Como tá indo tudo?

- Eu ia contratar uma transportadora pra trazer tudo pra cá, mas vou deixar pra fazer isso depois de guardar tudo direitinho para vir pra cá. Vou pedir para Mike e Megan me ajudarem com isso amanhã - expliquei e você se sentou ao meu lado

- Já contou a eles?

- Não, ainda não - neguei com a cabeça

-E a sua mãe?

-Sim, ela já sabe. Ela me apoia nisso. O único cuzão nessa história toda é meu pai

Você assentiu e ficou assistindo TV comigo

(...)

- Ainda não acredito que você vai mesmo se mudar pra casa dele - disse Mike carregando algumas caixas para a sala

- Eu tambem não, mas é o que está acontecendo, né - disse lacrando outras caixas junto com Megan

- E os móveis? O que vai fazer? - perguntou Megan

- Vou vender alguns, os que não tem necessidade de levar.

- Como é a casa dele? - perguntou Megan curiosa como sempre

- Linda, é bem grande e espaçosa, parece essas casas dos personagens ricos dos filmes, sabe. O único problema são as janelas gigantes do quarto, dá a impressão de que tem alguém nos observando

- Vai por mim, querida, ninguém quer ver vocês dois morrendo de transar dentro do quarto - brincou Mike

- Cala a boca! - pedi rindo - Pelo menos tem uma puta piscina nos fundos

Depois que terminamos tudo ainda ficamos conversando um pouco esperando o caminhão da transportadora chegar

Voltei para casa e não arrumei nada

Eu estava morta de cansaço. Assim que cheguei, deitei no sofá e fiquei enrolando ali por horas até finalmente subir e tomar um bom banho

- Ah, merda! - exclamei saindo do banheiro enrolada na toalha

Você me encarou com as sobrancelhas franzidas

- Minhas roupas ficaram na mala do carro - expliquei

Cheguei tão cansada que nem lembrei de tirar minhas coisas de dentro do carro

- Desde quando você precisa de roupa pra dormir aqui? - você perguntou com um sorriso malicioso nos lábios

Revirei os olhos

- Agora que eu vou morar aqui aqui, vamos ter que estabelecer algumas regras

- Ah, é mesmo? - você perguntou sarcasticamente

- Sim! A primeira e básica é: não deixar suas roupas jogadas pelo chão da casa - disse pegando uma blusa sua que estava no chão e vestindo

- E a segunda é: você não precisa vestir minhas roupas que estão jogadas no chão da casa, principalmente para dormir - você se ajoelhou na cama vindo em minha direção e segurou a blusa prestes a tirá-la

Te empurrei fazendo você se deitar novamente

- Boa noite, Kyle - apaguei a luz e me deitei de costas para você

- Jura? Você não tá fazendo isso mesmo, né?

- Sh... Tô tentando dormir! - sussurei

- Sério? - você exclamou desapontado

- Não - eu disse baixinho me deitando sobre você

As preocupações tinham desaparecido.

Estava tudo tão bom e certo que parecia

até perfeito.

Até que algumas dúvidas começaram a surgir

Como você bancava aquela casa sem nem ao menos ter um emprego?

Como você tinha todas aquelas coisas?

De onde vinha tanto dinheiro?

Quem eram seus pais? Onde eles estavam?

Por que eu não havia conhecido ninguém da sua família?

Eu não perguntei. Não que eu não me importasse, porque eu me importava muito até, mas eu não perguntei.

Coloquei na cabeça que aquilo não fosse tão relevante agora, que eu não precisava fazer essas perguntas e que você não precisava me dar aquelas respostas agora. Mas mal sabia eu que todas essas perguntas teriam a mesma resposta...