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História Signo, significante, significado - Capítulo único


Escrita por: MidoriShinji

Capítulo 1 - Capítulo único


— Na linguística, signos são elementos de representação de uma linguagem. Todos eles têm um significante, sua construção material, a representação real, como uma palavra, ou um gesto; todos eles também têm um significado, um conceito por trás. Os dois, significante e significado, estão sempre intimamente entrelaçados, mas se destoam entre si, se o emissor tenta passar uma mensagem e o receptor entende outra, a comunicação é falha.

Takizawa não prestava a mínima atenção naquela maldita aula de linguística. De que adiantaria para investigadores da CCG saberem o que diabos é um signo linguístico, ou o que quer que fosse isso? É inútil, perda de tempo. Suas pernas estavam tão inquietas que não conseguia ficar cinco segundos na mesma posição, e a aula ainda não havia chegado aos seus minutos finais. Do seu lado direito, uma parede branca tão entediante quanto a aula; do seu lado esquerdo, alguém que estava prestando muito mais atenção que ele no que a professora explicava.

Naquele mês, tinha dado o azar de cair, por sorteio, na cadeira ao lado de Akira Mado. Era impossível se concentrar em alguma coisa sabendo que ela estava ali, bem ao seu lado — e que para ela, não fazia a mínima diferença se ele estivesse na cadeira à direita, ou se fosse qualquer outra pessoa. Sentia seu sangue ferver toda vez que a via anotar o conteúdo de maneira tão despreocupada, como se ele não estivesse ali ao seu lado. Será que precisaria gritar para que o notasse? A diferença entre eles, a primeira da classe e o segundo, era muito mais que o mero ponto entre o 99 e o 100, e Seidou sentia como se ela soubesse exatamente bem isso, e que fizesse questão de demonstrar através de suas atitudes.

Akira sabia muito bem que ele estava encarando-a insistentemente, e fazia o possível para fingir que nada disso estava acontecendo. Continuava a anotar, como se sequer percebesse aquele par de olhos sobre si, enquanto Takizawa tentava de maneira desesperada, embora inconsciente, conseguir alguma reação dela. Era um cabo de guerra em que ambos puxavam, ninguém ganhava, e a corda estava para arrebentar no meio.

A professora havia parado de falar, mas ambos não haviam percebido, concentrados demais em suas próprias disputas para pensar em linguística. Akira continuava anotando, dessa vez, não mais palavras coerentes, e sim meramente rabiscando o papel para dar a impressão que estava realmente escrevendo. Se ele apenas pudesse ser menos temperamental... Para ela não fazia o menor sentido passar todas as aulas a encarando de maneira irritada se não planejava dizer o que tinha de errado entre eles, para resolverem tudo de uma vez. Por que ele precisava agir sempre feito uma criança, tornar tudo uma questão pessoal, do ranking de notas à escolha de almoço que ela fazia? Era como se não pensasse em outra coisa além de arrumar motivos para alimentar uma implicância descabida.

— Eu devia trazer um aquecedor, se era para sentar do lado de um iceberg... — Takizawa disse, em voz baixa. Por que ela precisava sempre ser assim, tão superior, tão fria? Ambos sabiam que ela percebia tudo isso, mas não dizia nada, e essa falta de reação o deixava louco. Não importava se iria brigar com ele, só queria que uma vez na vida, não o ignorasse! Seria isso pedir demais? Não, isso era o mínimo esperado, pensava. Não queria ser tratado com a mesma cortesia distante a qual ela dirigia aos outros, queria nem que fosse o mais incendiário dos ódios, mas queria algo genuíno, que quebrasse aquela casca de imaculada polidez impessoal. Mas claro, isso não dava certo, nunca; Akira Mado ia além da perfeição das notas, atingia a perfeição racional, por não se deixar levar por emoções. Sentia o sangue gotejar de sua língua, que mordia de maneira brutal, salgado.

A ponta do grafite da lapiseira que ela usava para escrever quebrou-se, tamanha pressão sobre ele exercida, deixando uma cicatriz no papel.

— Takizawa. Algum problema? — a professora o questionou, incisivamente. O sangue de Seidou correu gelado por suas veias por um instante, antes que pudesse responder. O sino, anunciando o fim do horário, tocou, deixando a pergunta suspensa no ar. A professora saiu da sala, ligeiramente irritada, mas nada suficientemente grave para que ele precisasse de fato responder à pergunta. Em seu íntimo, procurava uma resposta que o satisfizesse. Sim, com certeza tinha problemas com aquela maldita mulher. Detestava seu jeito profissional e direto, e suas inúmeras habilidades, e também como ela tinha um olhar tão firme ao falar com as outras pessoas, e como seu cabelo cheirava a lavanda, e como seu lábio superior fazia uma curva encantadora, odiava, odiava, odiava! Nunca sentira uma fúria tão grande por alguém, capaz de fazê-lo tremer diante dela, com o rosto avermelhado e fervendo.

Akira se levantou da cadeira, guardando os materiais. Por uma fração de instante pôde jurar que ela estava com o rosto ligeiramente avermelhado, mas talvez isso fosse só impressão. Fosse o que fosse, sentiu alguma coisa muito estranha agitar-lhe. Jamais foi tão difícil controlar um sorriso tão teimoso assim, Seidou pensou, cobrindo o rosto com a mão discretamente. Se aquilo não era mesmo um delírio, tinha realmente feito Akira Mado, a rainha do gelo, enrubescer, e por alguma razão, isso o deixava extremamente feliz.


Notas Finais


Eu sempre shippei Amon e Akira, mas os últimos capítulos me deixaram tão AAAAAAAH, eu realmente espero que continuemos a ver mais do Takizawa que um ghoul sanguinário.


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