O ônibus para bem em frente a minha casa. Uma pequena e mera casinha, onde as janelas (algumas quebradas) estão fechadas com panos para impedir a luz solar de entrar em casa. O dia ainda continua frio, porém já é possível ver alguns raios solares surgindo e clareando mais o dia. Passo pela porta, que range ao fechar e entro, minha mãe esta sentada em uma velha poltrona azul (mas agora está de uma cor bege), Bento meu irmãozinho está do seu lado e quando me vê corre para me abraçar.
-Dudu!/ fala Bento me abraça com seus bracinhos.
- Oi campeão, como foi seu dia?/ Falo colocando ele no meu braço.
- Ah, mamãe e eu fomos ao Eixo tentar vender algumas camisas de frio que ela costurou./ Responde Bento com aquele jeito angelical de criança.
- Tá legal. / Tiro Bento do braço e vou ao encontro da minha mãe.
-Chegou cedo filho, algum professor teve ataque de asma de novo? / Pergunta mamãe com um olhar curioso.
-Não. Aconteceu uma coisa séria e preciso conversar com a senhora. \ Falo e pego um velho banco de madeira em baixo da escada.
E explico toda a situação a ela, durante todo o tempo ela não tira o olho de mim e ouve atentamente o que eu digo, até meu irmãozinho para de brincar com seu carrinho de garrafa reciclada e me ouve. Tento falar tudo da melhor forma possível e com delicadeza, termino de falar e ela me olha com seriedade, aqueles olhos azuis, olhos que já viram de tudo nessa vida me encaram.
-Filho. Escuta bem o que a mãe vai te dizer: Durante mais de 40 anos eu esperei que surgisse uma oportunidade assim e ela veio, infelizmente não veio para mim, mas para um filho meu e isso me gratifica. Em minha opinião você deveria sim tentar ganhar isso porque você não tem nada a perder./ Retruca Mamãe colocando as mãos no rosto.
-Mas e se eu tiver que abandoná-los?/ Pergunto e no mesmo instante me arrependo, pois Bento me abraça com força.
-Estaremos sempre aqui, sempre lhe apoiaremos, sempre. Mesmo que isso signifique você partir. / Fala Mãe se levantando da cadeira e olhando para a janela. Ela tira o pano e olha para a rua.
-Tudo bem. Prometo me esforçar ao máximo para ganhar./Falo com confiança.
-meu irmãozao vai ganhar!/ Fala Bento pulando de empolgação.
-O primeiro passo é descobrimos a charada./Fala Mãe se virando para mim. Como é mesmo a charada?
- O que é uma casinha sem porta e sem janela, lá dentro vivem duas donzelas, uma branca e outra amarela?/ Falo tentando ter o mesmo sotaque que o presidente.
-Mamãe o que tem para comer?/ Pergunta ‘bento coçando a barriga e os cabelos pretos e cacheados.
-Não sei meu filho, mas a mamãe acredita ser ovo com arroz./Fala mamãe.
E por um instante eu paro, sinto uma ligação entre palavras algo que não consigo explicar.
-MÃE! MÃE! – Grito – o que há dentro do ovo???/pergunto e ela confusa responde
-Gema e clara, mas porquê.../ e ela para e entende a charada. “O que é uma casinha sem porta e sem janela, lá dentro vivem duas donzelas, uma branca e outra amarela” só pode ser isso.
-O OVO! ESSA É A RESPOSTA!/Grito e minha mãe me dá um tapa no braço.
-ESSE É O X DA QUESTÃO! EURECA!/lembro-me de ter visto em um livro que algum cientista falou isso.
-Ficou louco menino? Quer que os vizinhos saibam a resposta também? Corra no meu quarto e pegue uma carta, papeis e uma caneta. Rápido!!/ Grita mamãe e subo as escadas com a maior pressa. Entro no quarto e pego tudo, pulo pela cama e desço na mesma velocidade que eu subi. Pego um papel, enquanto minha mãe endereça a carta, e escrevo: “Caro Presidente, a resposta da sua charada é: O OVO.” E entrego a minha mãe que coloca dentro do envelope, juntos nós colocamos na caixa de correio.
Abraço eles e olho para o céu, que agora não há nuvens.
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