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História Silenciosa Noite Veraneia - Razão para se Afastar


Escrita por: AkazawaSG

Capítulo 3 - Razão para se Afastar


– Tem chantili ate no meu ouvido! – Kiba chacoalhou a cabeleira encharcada enquanto deixava a agua da mangueira cair por cima dos ombros.

– Pior eu que já tinha tomado banho! – Naruto esbravejou, tirando uma porção de bolo preso em sua nuca. – Por que vocês tiveram a brilhante ideia de provocar aquele cara, mesmo?!

– Como evitar?! Ele estava praticamente pedindo para ser zoado.  – Kiba revirou os olhos. – Além disso, foi o Sasuke que começou.

– Sempre é... – Naruto observou em volta, sem encontrar o amigo. – Cadê ele?

 

Os dois estavam, assim como vários outros rapazes que participaram da guerra de comida, se limpando. Como as meninas envolvidas ocuparam os vestiários, coube aos homens se contentar com uma área externa de serviço, onde haviam varias torneiras e tanques de lavar roupa.

 

– Hunf, aquele idiota... – Kiba pegou uma toalha para se secar. – Foi ele que começou com as brincadeiras, ainda botou o pé pro Toneri cair e, quando a merda fedeu, fugiu de fininho... Abandonou a gente no fogo cruzado e saiu ileso.

 

Ouviram o apito e logo viram os três inspetores aparecerem, já fazendo sinais para chamar e organizar a fila de campistas que se limpavam. Apesar dos restos de comida escorrerem ralo a baixo, suas roupas ainda estavam repletas de manchas de diferentes cores e texturas.

 

– E só nós vamos ser punidos. – Naruto bufou e se agarrou a outra toalha.

– Ah, ele escapou disso também.

– Tomara que não me coloquem no mesmo grupo que a Shion. Ela estava furiosa porque eu não a “protegi” como deveria. Vai me fazer trabalhar como um camelo se ficarmos juntos.

– E o que ela queria de você?! Que metesse a cara na frente pra livrar a dela? – Kiba entrou na fila, seguindo o loiro.

– Provavelmente. Mas ela já estava puta comigo antes, então qualquer coisinha acabaria assim.

– Sua namorada é um pé no saco. – Kiba disse e se antecipou ao protesto do loiro, dando de ombros. – Foi mal, mas é verdade! Não sei nem como você aguenta tanto cu doce...

– Era divertido fazer as vontades dela e receber meus agradinhos. – Naruto deu um sorriso safado, lembrando-se de algumas escapadinhas que ele e a namorada já deram em festas e reuniões familiares.

– Era?! Quer dizer que não é mais?

– Sei lá... Essa ultima briga foi meio diferente e aconteceu um monte de coisa estranha também. Estou ficando de saco cheio já...

– Eu vi. Ela tá te tratando pior que cachorro bichado em restaurante. – Kiba riu. – Se quer saber...  Meu conselho é começar logo a dá papo pra outra garota.

– Isso vai dá mais merda ainda. A Shion é...

– Não estou falando pra você botar uma galhada na cabeça dela, ok?! É só fazer um ciúme inocente. Se Shion vê que tem outras garotas marcando encima, vai parar com os joguinhos dela.

 

Naruto não se sentiu confortável com a ideia de Kiba, mas viu sentido no que disse. Conhecendo bem a namorada, sabia que a estratégia poderia mesmo eliminar o tratamento gelado que estava recebendo.

Entretanto, o rapaz receava envolver outra garota em sua história confusa. Hinata já fizera estrago o bastante infernizando sua cabeça e Shion brincava com sua paciência como se fosse inesgotável, colocar outra incógnita nessa equação só atrapalharia seu raciocínio.

Além disso, pensar em usar Hinata para enciumar Shion era ainda menos recomendável, afinal, não seria apenas “ciúme inocente” como o amigo sugeriu. Eles, de fato, já haviam transado e Naruto ainda fantasiava profundos desejos sexuais pela morena. Trazê-la para perto só deixaria sua traição mais evidente.

 

– Não...  – Ele respondeu desanimado. – Não tem como isso dá certo, Kiba...

– Você que sabe, mas acho que é o único jeito de deixar de ser chutado...

– Ou, na pior das hipóteses, seria a maneira mais simples de deixar Shion fula de vez e terminar nosso namoro.

– E isso seria muito ruim...

 

Kiba riu zombeteiro, mas Naruto continuou sério, estranhando a repentina sensação que teve sobre aquilo. Ideia do fim do relacionamento não o apavorou, como antigamente, tão pouco o fez se sentir mal... E Naruto entendeu o sentido nisso também.

 

O inspetor chefe, um homem alto e de sobrancelhas enormes, começou a ditar um sermão sobre bom comportamento, disciplina e juventude, enquanto os outros se ocupavam da contagem e divisão dos jovens em grupos menores para desfazer certas “panelinhas” entre os mais bagunceiros.

Ninguém parecia estar realmente prestando atenção, o loiro mesmo ainda estava perdido em seus problemas e só voltou em si quando percebeu as punições sendo distribuídas. Kiba e Naruto foram designados para tarefas distintas e logo se separaram sem chance de concluir sua conversa, mas o rapaz preferiu assim, pois o amigo só parecia ter maus conselhos.

Os serviços eram dos mais simples: varrer o pátio; limpar a piscina; juntar as folhas das arvores que cobriam o gramado; ou, no caso do loiro, arrumar os canteiros da horta do acampamento.

Aparentemente o faxineiro, o copeiro, o jardineiro e o caseiro ganhariam alguns bons dias de folga.

 

Naruto chegou a horta que ficava em um cercado nos fundos, era bem maior do que imaginou e continha inúmeros tipos de legumes e verduras que ele não saberia nem pronunciar e que provavelmente nunca comeu antes, mas desde que o trabalho fosse jogar agua nas folhas uma vez ou outra, não poderia ser tão ruim.

 

– Olá. Você é o rapaz que irá me ajudar durante as próximas semanas? – Uma senhora simpática logo apareceu para recebe-lo.

– Ah, sou sim. Naruto Uzumaki.  – O loiro teve que segurar o riso ao responder, pois a velhice da senhora ou seu sotaque esquisito, deixava sua voz engraçada ao falar.

– Sim, Uzumaki. Seu nome está aqui. – Ela balançou um papel em suas mãos e depois entregou ao loiro junto com alguns utensílios de jardinagem. – Seus afazeres da semana também.

 

O rapaz pegou a lista, mas foi incapaz de entender o que as palavras tremidas da velha senhora significavam, não achava sentido na junção das letras, quase como se fosse outro idioma.

 

– O que está escrito aqui? – Perguntou.

– Semear.

– Huum... E aqui?

– Peneirar o adubo.

– E esse?

– Vamos passar o dia inteiro assim? Eu escrevi para não precisar ficar falando! Não tenho tempo para isso, interprete você mesmo.

– Mas eu não entendo esses rabiscos.

– Então me dê isso aqui. – Ela pegou a folha das suas mãos. – Você parece ser do tipo que só tem musculo, sem nenhum cérebro. Vou te colocar para carregar algumas coisas pesadas e só. Quando Ino chegar, ela se ocupa da lista.

– Quem? – Naruto estranhou o nome, achando-o ligeiramente familiar.

– Ino Yamanaka. Ela fez besteira também e acabou de castigo aqui, como você, mas é uma boa garota, não faz perguntas idiotas e aprendeu a ler meus “rabiscos” bem rápido. Melhor que certas pessoas, não é?!

– E cadê a “mulher maravilha” agora?

– Hum, não sei. – A senhora olhou seu relógio de pulso. – Ela já deveria ter chegado.

– Ah, tanto faz... Só me diga o que tenho que fazer para acabar logo com isso.

– Certo, me ajude com a agua.

 

Naruto deu com os ombros e seguiu a senhora ate um registro para a mangueira ao lado e, enquanto enchiam alguns recipientes, ela deu uma rápida explicação sobre o sistema de irrigação e quanto de agua cada tipo de vegetação dos canteiros precisaria e quais os horários mais apropriados.

O rapaz pegou os regadores pelas alças, uma em cada mão, e foi andando com cuidado para não deixar derramar, levando onde lhe foi indicado, mas julgava toda aquela preocupação com as plantas um exagero.

Apesar de sua roupa estar suja e manchada pela guerra de comida, ele logo percebeu que não era a mais adequada para aquele tipo de trabalho, pois dificultava os movimentos, seus tênis também passaram a ficar mais pesado com crostas de terra se prendendo a cada pisada que ele dava no chão lamacento.

 

– Desculpe o atraso, eu...

 

Alguém entrou as pressas, falando alto e a atenção do loiro foi automaticamente atraída para a porta onde a jovem estava, agora parada de surpresa por vê-lo ali.

Hinata estava mais linda do que nunca, mais do que Naruto se lembrava. Apesar da blusa moletom gigantesca que vestia, usava um short jeans curto que deixava boa parte das pernas e coxas a mostra, além das botas de trabalho que combinavam com ela de uma maneira instigante.

Naruto parou tudo que fazia apenas para observa-la naquele instante, olhando-a de cima a baixo, tentando controlar seus desejos e pensamentos.

 

– Hinat...

– Chegou tarde hoje, Ino! – A senhora começou a falar com a garota, como se a conhecesse. – Onde esteve?

– Desculpa, senhora Chiyo. É que teve aquela confusão no refeitório e... – Ela olhou de relance para Naruto e concluiu.  – Meu namorado estava envolvido, então tive que ir vê-lo. Sinto muito, devia ter avisado.

– Oh, eu soube daquilo... Aquela bagunça nos rendeu um novo ajudante. – Chiyo sinalizou para o loiro ao lado. – Rapaz, essa é a menina que te falei, Ino Yamanaka.

– Ino? – Naruto regalou os olhos de surpresa e observou a garota que tinha uma expressão apreensiva.

 

Algo estava muito errado...

Por que Hinata estava aqui? E quem era Ino? Naruto ate achava aquele nome familiar, mas definitivamente não tanto assim. Fantasiou com a morena a semana toda, não tinha como estar enganado agora! Essa a sua frente era Hinata! A garota estava deliberadamente se passando por outra pessoa e, a julgar por sua expressão, estava preocupada com possibilidade dele estragar seu disfarce. Em que confusão estaria metida para ter que usar um nome falso?

 

– Então...  – O loiro foçou um pigarro para disfarçar e sorriu, divertindo-se inesperadamente com a situação. – Prazer em revê-la, “Ino”...

– Vocês já se conheciam? – Chiyo perguntou.

– Claro. Estudamos 3 anos juntos. – Hinata, a falsa Ino, se apressou em responder. – No ensino fundamental, não é?!

– Ah, é!! – Naruto exclamou, se lembrando. – Por isso que o nome dela é familiar... Quer dizer, seu nome, “Ino”.

– Bem, se já se conhecem, vamos pular as apresentações. – A senhora fez um gesto para que os jovens a seguisse. – Naruto tem uns sacos de adubo que Ino e eu não conseguimos carregar outro dia. Seus braços fortes serão de grande ajuda.

– Com certeza, serão! – Naruto deu passagem para que Hinata fosse na frente e aproveitou-se para olha-la bem de perto e lhe falar em sussurro. – Você é uma caixinha de surpresas, sabia?!

– Olha, se você começar com algo pervertido... – Ela falou baixo, tocou a mão no tórax do Naruto, empurrando-o e obrigando-o a manter um braço de distância. – Prometo que vou reclamar na Direção do Acampamento.

– Oh... – Naruto fez um sinal de rendição, estendendo as mãos. – E você vai reclamar de mim como “Hinata” ou como “Ino”?

– Juro, se você tentar alguma coisa contra mim, eu...

 

O rapaz não entendia a reação tão defensiva da garota, mas gostava do olhar confiante que ela lhe direcionava, apesar das bochechas exageradamente coradas. Ela estava visivelmente constrangida com aquela situação e, para Naruto, esse nervosismo todo a deixava ainda mais linda.

 

– Relaxa, se eu quisesse te entregar, já teria feito. – Usou um tom amigável. – Só quero saber porque tá enganando a velha assim.

– É pessoal... Não se intrometa nisso, por favor.

– Se ser honesto é se intrometer, então algo está muito errado aqui...

 

Hinata não o respondeu, mas olhou para trás com um olhar de reprovação. Seguiu andando, pois sabia que Chiyo logo perceberia que os deixou para trás e poderia fazer perguntas.

Naruto observou como o rosto dela ficara completamente vermelho agora. Não saberia dizer se era de raiva ou de timidez, mas ele apostava na segunda opção. Era como se pensar no motivo de estar ali fosse suficiente para marcar seu rosto de vergonha. 

Encontrar-se com a garota de forma tão inesperada o fez esquecer-se completamente do recente pensamento de que “trazer Hinata para perto de si, não era recomendável”. Entretanto foi uma surpresa que deixou o loiro bastante alegre e instigado, afinal, ele pegara duas semanas de punição pelo que aconteceu no refeitório, mas descobrira que a garota – com o que quer que ela, ou Ino, tenha feito – deveria cumprir quatro. Isso por si só servia para deixa-lo ainda mais curioso a respeito desse mistério e seu interesse aflorou.

 

Eles não puderam se falar enquanto trabalhavam, por Chiyo tê-los deixado bem atarefados: Naruto se encarregou dos serviços braçais, porem entre baldes d’agua e sacos de terra, ainda encontrou tempo para manter o olhar sob Hinata que seguia aquela lista da senhora a risca, se dedicando a vários canteiros diferentes, as vezes atenta ao trabalho, as vezes entediada e pensativa.

Em certo momento, quando o sol da manhã esquentou, a morena retirou o casaco de moletom revelando que seu short jeans era, na verdade, uma jardineira de modelo simples que se encaixava bem no corpo dela, combinando com a regata que usava e com o cabelo que prendera num rabo de cavalo.

Naruto tentou evitar, mas, naquele instante, falhou em controlar seus pensamentos, pois nunca há vira com tão pouca roupa... Quer dizer, claro que já a viu nua e de pijama aquela vez, mas assim, fora da intimidade, em um ambiente normal, era a primeira vez que a via com roupas justas e bem moldadas para si... E ficou estarrecido.

Com um corpo tão belo, por que a morena teimava em se esconder por baixo de tanto pano? Ele não conseguia entender, mas não fazia qualquer questão de disfarçar o olhar faminto que direcionava a Hyuuga...  O desejo desperto...

Naruto bufou, sentindo o pau mexer dentro das calças e, julgando-se um verdadeiro pervertido, obrigou-se a desviar o olhar e fingir que a garota com quem sonhava e fantasiava todos os dias não estava ali a tão poucos metros.

Hinata ergueu o olhar, percebendo ser observada e, sentindo-se constrangida, amarrou sua blusa de frio na cintura, ocultando boa parte das pernas, e foi trabalhar em um canteiro mais distante.

 

Duas horas de punição mais tarde, Chiyo os dispensou para voltar as atividades do acampamento.  Hinata saiu antes para tentar fugir o interrogatório que sabia que o loiro faria quando sozinhos, mas Naruto correu para alcança-la, conseguindo para-la antes que chegasse a uma área mais movimentada.

 

– Será que a gente pode conversar direito agora, “Hinata” – Ele sorriu cercando seu caminho. – O que é toda essa confusão?

– Naruto, eu não tenho que te dar explicações e...

– Não, tudo bem. Eu só fiquei muito surpreso em te encontrar. – Ele deu os ombros de forma simples.  – Com ou sem nome falso, estou feliz que esteja bem...

– Feliz por mim?!

– Claro, faz tempo que não te vejo! Quase pensei que tinha saído do acampamento, ou abduzida por aliens! Onde esteve esses dias todos?

– Naruto... – Hinata falou, parecendo terrivelmente séria. – Você se lembra da nossa promessa daquela noite?!

– Como esquecer?! – Ele a encarou sem entender o que aquilo tinha haver. – Prometemos não contar nada pra ninguém, fingir que aquele “encontro” nunca aconteceu e...

– E agir normalmente. – Hinata concluiu como se o acusasse.

– Falsidade ideológica não estava no trato, estava? – Naruto sorriu.

– Não estamos agindo normalmente, Naruto!

– Claro que não. Você está fingindo ser outra pessoa.

– Você não entende, não é?! Não devíamos estar conversando. Nunca!

– Como assim? Por que não?

– Porque é assim que as coisas são. Você tem o seu mundinho e eu tenho o meu...  A gente não frequenta os mesmos lugares, não gostamos das mesmas coisas, não nos falamos ou nos cumprimentamos, nem se quer nos olhamos direito e, não, nunca seriamos amigos. Esse é o normal!

 

Naruto ficou pasmo com aquela afirmação. Era assim que ela via as coisas? Era isso que queria? A morena o enlouqueceu de luxuria com aquela transa e ele, o que, lhe causou repulsa e frieza?

Enquanto ele esteve urrando de desejo, pensando nela exaustivamente e lutando para se manter lucido as ultimas semanas... Hinata apenas o esqueceu, assim como aquela noite e como o “erro” de terem dormido juntos, sem parecer sofrer qualquer dano colateral...

E agora que se reencontraram, ela desdenhou de sua companhia, querendo distância e indiferença. Ao contrario dos joguinhos de sua namorada que servia apenas para lhe castigar e irritar, Hinata parecia extremamente sincera quanto ao que dizia e Naruto, de repente, sentiu-se magoado e ofendido...

 

– Por que nunca seriamos amigos? – Perguntou, seu sorriso já desaparecera do rosto.

– E por que seriamos?! – Ela deu com os ombros e continuou andando. – Estou atrasada, com licença.

 

“Por que eles seriam amigos”? Naruto pensou em três ou quatro respostas diferentes, mas nenhuma era a altura do que queria expressar para aquela garota. Sentia raiva, talvez dela por falar daquele jeito com ele, talvez de si mesmo por ficar confuso e não conseguir falar como deveria.

É claro que os dois reconheciam que, depois do que houve entre eles, se manter afastados era o mais sensato a se fazer, mas da forma que ela lhe falou e o jeito que o tratou... Aquilo realmente acabou com o seu bom-humor...

 



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