História Silent Wish - Silent Wish

Se apaixonar é algo que a gente acaba por ansiar depois que conhece tal sensação, mesmo que não tenha dado certo anteriormente e você tenha se fodido muito, você se pega ansioso por saber por quem você vai acabar querendo arriscar se foder de novo. Eu me apaixonei uma vez, mas eu não saberia dizer quando aconteceu, simplesmente um dia me vi contando pra um amigo:

Estou apaixonado por Sekyung.

Sekyung era uma vizinha, morava na casa em frente à minha e era amiga de Sodam, minha irmã. De tanto que a vi por lá, conversando, sorrindo e trocando qualquer item, que na época eu não me interessava em saber o que, com Sodam, acabei me apegando a ela e nos transformamos em amigos também. Um dia Sodam teve que se mudar pra casa do seu pai, mas minha amizade com Sekyung continuou. Foi na mesma época que comecei a aprender a tocar violão, e combinei que a ensinaria. Todos os dias a gente se via, com a desculpa das aulas de violão, mas ele sempre acabava largado em um canto qualquer enquanto a gente conversava.

Apenas conversava.

Eu era tão inocente naquela época que só por ela estar do meu lado, curtindo minha companhia eu já estava muito mais que satisfeito. A merda começou mesmo quando comecei a achar que só ter sua companhia não era mais o suficiente.

JongHyun diz: Eu posso te dizer uma coisa? Mas, antes você tem que prometer que não vai ficar com raiva de mim... -  Foi a mensagem que a enviei na madrugada do seu aniversário.

Sekyung diz: Claro que pode... Eu não acho que um dia vá ter motivos para ter raiva de você. - Ela respondeu.

JongHyun diz: Sabe... Eu acho que gosto de você... Mas, não interprete essa mensagem como se eu estivesse pedindo algo em troca, ok? Só acho que não conseguiria dormir hoje se não te contasse isso.

E aí ela demorou quase uns dez minutos pra responder. Como se digerindo a ideia.

Sekyung diz:  Sério? Eu não sei o que dizer... Eu nunca imaginei isso. Eu realmente não sei o que dizer..."

E aí, eu disse que ela não precisava dizer nada e a noite continuou com a conversa tomando vários rumos completamente diferentes. Eu gostaria de ter visto a reação dela. Hoje eu me arrependo de ter dito por mensagem.

Daí pra começarmos a namorar não demorou muito. Fomos o primeiro amor um do outro, primeiro beijo dela, primeira transa dos dois. Era realmente como dois mundos que se completavam. Até ela passar na faculdade e decidir que meu mundo não era mais o suficiente pro dela. Hoje eu vejo que foi muita inocência da minha parte achar que ficaríamos juntos pra sempre, mas quem nunca cometeu tal erro?

Porém, eu não pensei assim na época, porque assim como eu tinha conhecido todos os melhores sentimentos com ela, o término me trouxe um dos piores. E quem já passou por isso, sabe o quanto é foda o sentimento de rejeição e perda. Esses dois sentimentos juntos, faz você se sentir a pessoa mais merda desse mundo. Eu li num livro que um jovem de coração partido já pensou em tirar a própria vida ao menos uma vez.

Isso não aconteceu comigo.

Beleza, que eu chorei e me lamentei, e até me humilhei pra ela milhares de vezes, mas não chegou a esse extremo. Doeu? Pra um caralho! Passou? Aí, já é algo que não sei bem.

Aquele mesmo livro, assim como vários outros, diz que a gente nunca esquece o primeiro amor, e isso eu acredito que seja verdade. Porque, mesmo tendo passado quase três anos desde o fatídico fim, me pego lembrando dos vários ótimos momentos que tivemos juntos e até vacilo, com aquelas saudades. Nesses três anos eu me vi ansiado por um novo amor, porque as pessoas insistem em dizer que só um novo amor, pra curar um perdido.

E agora eu estou apaixonado de novo.

E, muito provavelmente, mais fodido que nunca!

Kim Kibum é um garoto que mora na mesma república estudantil que eu. Eu estou apaixonado. Por um garoto! E provavelmente, eu não tenho a mínima chance com ele. Por isso, eu estou tão fodido.

Desde a primeira vez que o vi me senti... Intrigado? Por ele. Ele tem um jeito de olhar, e eu não sei se é só pra mim, que parece que lê todos os seus pensamentos e é assustador! Eu sempre acabo vacilando ou gaguejando perto dele, e ele revira os olhos impaciente. Se fosse qualquer outra pessoa eu já teria me estressado e dito pra parar de me tratar sempre como um idiota. Mas com ele eu não consigo, por dois motivos.

Um: Eu realmente ajo como um idiota perto dele.

E dois: eu acho o modo como ele revira os olhos extremamente fofo!

Na semana passada, foi o fim de mais um período na faculdade e demos uma festa no dormitório. Apenas nos 5, que somos os mais próximos, eu, ele, Minho, Taemin e Jinki. Jinki sempre foi uma negação para bebida e acabou dormindo na primeira hora de festa. O contrário do resto, que mesmo bêbados, continuamos acordados, firme e forte. Kibum nunca teve problemas com bebidas, parece que tem algum tipo de resistência, porque ele é o que mais bebe, mas nunca fica bêbado. Ao menos, não aparente, como eu costumo ficar. Misturou várias bebidas e começou a mexer com a gente. Eu estava sentado no chão, mexendo no meu celular e quando me dei conta, ele estava de quatro no chão, vindo em minha direção.

Só pode ser brincadeira, pensei.

Ele veio engatinhando, abriu minha pernas e se pôs entre elas.

Mas que porra é essa? Minha mente gritou.

Ele estava tão próximo a mim, que eu já podia sentir sua respiração batendo levemente contra meu peito. Ele olhou pra minha boca, e por um momento achei que ele ia me beijar, até ouvi Minho e Taemin cochicharem enquanto nos observavam. Mas, aí, ele riu.

- Você, tá muito sóbrio, moço!! Precisa beber mais! - ele disse, com um sorrisinho de canto. Eu estava realmente achando que ele ia me beijar, como sou idiota. Quais as chances disso acontecer?

- Vocês!!! Duas velhas fofoqueiras! Daqui a pouco eu chego ai! – Key gritou apontando para Minho e Taemin que riam da cena de onde estavam, continuei sério, olhando pra ele, com a melhor de tédio que tenho. Ele levou a garrafa a minha boca, mas virei o rosto.

- Eu não quero. – eu disse, serio.

- Ahh, vai! Deixa de ser sem graça! Vai! Vai – Ele começou a me balançar pelos braços, e eu me lembrei do quanto ele pode ficar insuportável quando bêbado. - Eu faço o que você quiser! – ele disse mais baixo e riu alto. - Eu te concedo três desejos!

Franzi o cenho o encarando por algum tempo, tinha algo a mais por trás daquele sorriso que brincava nos lábios dele, tinha que ter. Eu não estava tão bêbado assim, e aquele arquear de sobrancelha dizia algo que, eu provavelmente estava interpretando errado.

- Eu vou me lembrar disso. - Eu disse, pegando a garrafa e dando um grande gole, enquanto ele me observava batendo palmas e sorrindo, por fim retomando a garrafa e indo em direção ao Minho.

Respirei fundo. Eu, com certeza, não estava pronto pra aquilo. Ai, ele inventou uma brincadeira ridícula perguntando ao Taemin quem ele namoraria, entre mim, Minho e Jinki e quando Taemin escolheu a mim ele ficou todo estranho, cobrando explicações e o caralho.

Não sei se um dia vou entender Kim Kibum. Minho ficou bêbado pra porra, e resolvi que não queria o mesmo destino pra mim. Deitei no sofá e um tempo depois vi Taemin o levar pra o banheiro, bancando a baba e Kibum ficou sozinho.

- Bummie... Quer deitar? - Perguntei e ele se virou pra mim, um bico formado em seus lábios, e fez que sim com a cabeça.

Dei espaço no sofá e ele veio até mim aos tropeços. Deitou-se ao meu lado e pôs uma mão em minha cintura.

- Se você não for mais pra lá eu vou cair! - Disse, em um tom implicante, me empurrando.

- Mas eu não tenho mais pra onde ir, o sofá é pequeno...

- Então, me segura, ué! - Pegou minha mão e levou até a própria cintura. A barra de sua camisa estava no meio da barriga, então meus dedos ficaram entre o cós de sua calça e a pele alva de sua cintura.

Sua pele era quente. Tive vontade de passar meus braços por sua cintura e trazê-lo para ainda mais perto de mim. Mas, eu não podia. Então, eu apenas me limitei a segurar ali. Quando voltei a olhar seu rosto ele estava de olhos fechados e não pude resistir a olhar cada detalhe de seu rosto, bem de perto. Sua franja caia para o lado e seus olhos, que quando aberto pareciam os de um gato astuto, agora fechados, lhe davam um ar inocente.

E sua boca... A parte superior pareciam um coração de tão bem desenhadinha. Era uma combinação perfeita.

Tive vontade de beija-lo. Mas, eu podia?

- Você tá dormindo? - Perguntei, baixinho.

- Não... - Seu olhos ainda estavam fechados.

- Você tá bêbado?

- Talvez... - Riu.

-  Você falou sério sobre... Os três desejos?

- Eu sempre falo sério. -  Falou como se fosse óbvio.

- Pode ser qualquer coisa? - Fez que sim com a cabeça.

"- E se... E.. E se...

- Da pra falar logo? - Seus olhos estavam fechados, mas eu pude jurar que vi seu globo ocular revirando por baixo da pálpebra, impaciente.

- E se eu te pedir um beijo? - Eu não tinha nada a perder, ele poderia dizer que não, e eu poderia dizer que estava brincando. Resolvido!

- É isso que você quer? 

Abriu os olhos e eu tive vontade de fechar os meus, apenas pra não ter que ver aquelas órbitas tão próximas a mim. Mas não o fiz.

- Quero...

Ele arregalou um pouco os olhos. Abriu a boca pra falar algo, mas aí ouvimos o barulho de Taemin arrastando Minho pro andar de cima e fechamos os olhos para ele achar que estávamos dormindo, ele passou e ainda fiquei algum tempo com os olhos fechados. Acho que se eu abrisse Kibum ia apenas revirar os olhos e me tratar como idiota, como sempre. Mas, completamente o contrário do que imaginei, senti seus lábios tocarem os meus.

E, aí, abri os olhos. Tive que abrir. Eu tinha que confirmar se aquilo estava mesmo acontecendo ou era alguma imaginação minha. Os olhos dele estavam fechados, ele realmente estava fazendo aquilo. Apertei levemente sua cintura, e ele deslizou sua língua para minha boca, explorando cada canto dela e me dei a liberdade de subir minhas mãos pelo seu corpo, aproveitando para sentir cada pedacinho de sua pele quente, até chegar em sua nuca e agarrar os cabelos dali.

Eu não sabia quando ia ter a oportunidade de sentir seu gosto outra vez. Se é que teria outra. Tentei prolongar aquele beijo o máximo que pude, até que não tinha mais condições de continuar pela falta de ar e ele o partiu.

- Você até que beija bem... - Ele disse, mas poderia muito bem ter sido eu a dizer.

- você tá bêbado...

- Eu disse que talvez! - Riu.

Eu queria ter o que dizer. Queria ter a coragem de dizer o quanto gosto dele, mas fiquei calado. No fim, eu sei que mereço ser tratado como idiota.

-JJong... Porque você me pediu isso? Porque um beijo? -Perguntou, me olhando nos olhos, enfim.

Eu poderia dizer que tinha curiosidade em beijar outros garotos, ou que apenas tive vontade, ou outras mil coisas, mas ali, estando tão perto dele, a única vontade que eu tive foi falar a verdade.

- Você quer mesmo saber?- Fez que sim. 

- Você já se apaixonou?"-Mais uma confirmação

- Eu também, mas não teve um bom final. Ao menos, não pra mim. Você já conhece essa história... E agora eu estou apaixonado de novo. E como se não bastasse toda a insegurança que eu levo por já ter tido um amor que não deu certo...- Ele apenas prestava atenção no que eu dizia, assentindo vez ou outra. "- agora eu tenho um amor que acho que nunca vai ser retribuído...- Retirei algumas mechas do seu cabelo, que estavam caindo sobre seu olho e fiz um carinho na lateral de seu rosto. - Por que eu estou apaixonado por um garoto... Há essa altura acho que você já sabe quem é...- Desviei meu olhar, e rezei pra que ele não visse que uma lágrima havia escapado de meus olhos. Ele ficou em silêncio, me encarando com uma expressão surpresa no rosto. Levantou, foi até a mesa, deu um grande gole em uma das garrafas de soju que estava lá e voltou, sentando-se de costas para mim.

Eu sabia que tudo havia mudado.

Tive consciência ali da besteira que tinha feito revelando aquilo pra ele, mas eu não podia fazer mais nada. A merda ja estava feita.

Então, simplesmente levantei e o deixei sozinho na sala, rumando para o meu quarto.

Eu só queria dormir, talvez quando eu acordasse tudo não teria passado de um sonho e ele anda seria meu amigo.

Um dos melhores.