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História Silente Devoção - O silêncio entre nós


Escrita por: Hamal_ e Rosenrot9

Notas do Autor


AVISOS IMPORTANTES

1° estou muito sem tempo, faculdade, estágio tcc então me desculpem a demora, eu dou prioridade as fics que escrevo com as meninas para não atrasa-las, mas não esqueci dessa.

2° eu nem ia postar esse cap, mas a inspiração veio do nada e eu sia digitando feito doida a algumas horas, o que leva ao aviso 3

3°CAPÍTULO NAO BETADO. Não tem correção nenhuma! Isso mesmo, o que o revisor do Word não arrumou vai ficar, pois se eu deixar pra revisar depois vai acontecer uma dessas duas coisas: Demorar meses ou reler achar uma merda e deletar.

Então vou postar assim mesmo, foda-se. Acho que meus leitores ja sabem das minhas dificuldades, e portanto dessa vez vão me perdoar, alem disso é bom para que me darem dicas.


A imagem do cap não é minha, encontrei a muito tempo nesse mundão da internet e não sei quem é o autor, mas se ele surgir colocarei aqui seu nome e lhe darei os créditos.

Capítulo 3 - O silêncio entre nós


Fanfic / Fanfiction Silente Devoção - O silêncio entre nós

O vento frio das montanhas cortava o vale produzindo assovios e castigando plantas, animais e pessoas que por ali passavam naquele fim de manhã. Na parte mais baixa do relevo local, corria um pequeno riacho formado pelo desgelo dos picos congelados das montanhas ao redor. Era com algum esforço que enfiava as mãos naquela água fria, molhava o grosso cobertor de lã e o batia na pedra. Ficar tanto tempo fora fizera o pó se acumular em tudo.

Desde que chegara a Jamiel, a vida de Mu se resumia a isso, limpar os cômodos, lavar os cobertores, as lãs e as roupas assim como providenciar comida e água. Era no trabalho doméstico e no esforço de voltar a viver isolado no pagode sagrado, que o lemuriano distraía sua mente do real motivo de estar ali.

Sem perceber, descontava na lã e no tecido rústico toda sua revolta e frustração. Só se deu conta do que fazia ao rasgar um dos cobertores com os movimentos fortes e brutos que realizava.

— Droga!

Era hora de parar. Por isso Mu se levantou, alongou-se aliviando o desconforto causado pelo esforço do trabalho, torceu o cobertor e o colocou no cesto de roupas e tecidos lavados que estavam ao seu lado, teleportando-se para a torre de Jamiel logo em seguida.

No varal improvisado, os tecidos lavados no dia anterior balançavam e tremiam como bandeirinhas tibetanas, o vento era forte ali, e assim como as roupas estendidas, os cabelos lavanda voavam rebeldes pelo ar. Verificando as peças secas o lemuriano as recolhia nos ombros enquanto já buscava no cesto as peças molhadas para estende-las.

Ao longe um visitante aproximava-se cauteloso. Mu já o havia sentido desde que ele iniciara a subida pela montanha, não foi realmente uma surpresa que justamente ele viesse procura-lo. Mas mesmo agora que sua silhueta se fazia visível no estreito caminho que conduzia a torre, o lemuriano mantinha o foco em sua tarefa doméstica. Sabia porque ele estava ali.

Trajando sua tradicional túnica de monge budista, um casaco de frio e carregando uma pequena mala em sua mão, além da caixa de pandora com sua armadura em suas costas, Shaka se aproximava cautelosamente. Levou dois dias para estar ali e foi um pouco difícil encontrar a construção sagrada que abrigava os lendários ferreiros do povo muviano, mas assim que encontrara a trilha teve certeza que estava no caminho certo, pois sentia-se vigiado.  Durante a subida, preparara-se mentalmente e emocionalmente para aquele encontro, e ainda assim, logo que avistou por baixo das pálpebras cerradas, Mu distante ao lado da torre, foi impossível conter um leve tremor em suas mãos.

Respirando fundo Virgem continuou decidido sua caminhada até ele. Mu parecia ignora-lo, mas sabia que não era verdade, pois o silêncio do lemuriano, que continuava a estender as roupas, também significava consentimento. Se não fosse bem-vindo ali, nem teria conseguido subir, o vale de ossos pelo qual passou era a prova disso.

Pacientemente, Shaka colocou sua bagagem no chão, próximo ao pagode, se sentou de maneira que pudesse observar Mu e aguardou.

Áries por sua vez, continuava sua tarefa de modo automático. Sentia os olhos do loiro em si, mas nenhum dos dois dizia nada. Para muitos seria uma situação incomoda aquele silêncio que parecia até palpável, mas não para eles. Desde muito jovens, Mu e Shaka nutriam uma amizade profunda e especial, de forma que podiam entender um ao outro sem o uso das palavras. Se Shaka não dissera nada, era porque sabia que ele, Mu, não queria conversar, não estava pronto.

Findada a tarefa doméstica e arrumando os cabelos bagunçados, Áries finalmente se dirigiu até o amigo. 

O que Shaka viu quando Mu finalmente se voltou para ele e se aproximou, fez o coração do cavaleiro de Virgem se apertar. Apesar da face sempre serena, Mu tinha o aspecto abatido, haviam olheiras e bolsões embaixo dos olhos avermelhados, provavelmente o lemuriano passara as últimas noites insone e provavelmente chorara. Além disso não havia se alimentado corretamente, pois a pele estava mais pálida que o comum e um tanto ressequida.

Porém o que mais entristecia Shaka era o cosmo e a aura de Mu. O lemuriano sempre lhe pareceu ter um “brilho especial”, um cosmo poderoso repleto de justiça, honra, amor e bondade. Agora ele estava escuro, denso, envolto a uma mistura de tristeza e raiva como jamais vira.

— Venha, esta ventando muito aqui fora e deve estar com sede pela caminhada. Vou fazer um chá. — a fala calma de Mu interrompeu a analise mental que Shaka fazia.

— Obrigado.

Com um aceno de agradecimento Shaka se levantou, apanhou as malas, e como Jamiel não possuía portas ambos se teleportaram para o segundo andar da torre.

Ao se materializar no cômodo, o loiro deixou sua bagagem próximo a parede, puxou uma das cadeiras que rodeavam a mesa retangular e se sentou. Virgem não demonstrava, mas estava curioso e um tanto honrado e estar naquele local. Observava tudo com discrição. A cozinha era rustica e simples: uma mesa de madeira com quatro cadeiras, alguns armários grandes ao fundo, fogão a lenha e uma pia.

Enquanto Shaka observava o local, Mu acendia o fogo e colocava a água para ferver. Logo o chá estava pronto.

— Imaginei que o santuário enviaria alguém a minha procura — o lemuriano dizia enquanto servia uma xícara fumegante para Shaka e outra para si, sentado logo em seguida— só não esperava que me achassem tão cedo.

— Se fosse qualquer outro cavaleiro a sua procura, realmente demorariam a encontra-lo. — Shaka bebericou o liquido quente apreciando o sabor, percebia certa chateação na voz do lemuriano — Mas eu sempre soube que esse é seu verdadeiro lar, e em momentos de dificuldade é para casa que retornamos.

Mu deu um suspiro cansado, bebeu mais um gole, passou a mão nos cabelos e observou o amigo a sua frente agradecendo internamente por ser Shaka a visita-lo e não qualquer outro, principalmente por não ser Aldebaran. O indiano pelo menos não exigiria de si respostas que no momento não era capaz de fornecer.

— Sim... Vivi tantos anos dentro desse pagode, sozinho, que ele já faz parte de mim. — Mu bebeu mais um pouco e fez uma longa pausa em silêncio.

Shaka observava atento que por traz da máscara de tranquilidade, os olhos do lemuriano deixavam escapar toda sua inquietação e o mar tempestuoso que eram seus sentimentos agora. Procurava algo para falar ao amigo quando foi interrompido pelo mesmo, um tanto inquieto.

— Sabe o que aconteceu?

— Sim.

— Ele contou?

— Sim. —Shaka respondeu somente, percebendo que Mu não era capaz de falar o nome de Aldebaran, e que sua magoa era palpável.

— Tudo?

— Sim.

Mu ficou novamente em silencio, olhando para a mesa com o olhar vago. As memórias do acontecido o acertando em cheio. Então Aldebaran contara, e se Shaka estava ali, a deusa também sabia. Além da dor da traição, sentiu-se envergonhado diante do amigo e da deusa.

 Foi difícil conter mais uma vez a vontade de chorar, mas não deixaria que o virginiano o visse assim, tinha seu orgulho. Por isso respirou fundo e procurou se acalmar.

— O que precisa? A deusa acredita que desertei? — Mu questionou tentando resolver tudo de uma vez, abandonando a xicara de chá sobre a mesa, havia perdido a vontade de toma-la — Se essa é a pergunta que o traz aqui pode retornar e dizer a ela que não. Não desertei, como não desertei no passado. Mas não vou voltar ao santuário.

— Eu sei que não desertou Mu. Jamais questionaria sua honra como cavaleiro. — Shaka respondia buscando sabedoria. Não era fácil, pois precisava conter sua vontade de abraçar e aconchegar o lemuriano em seus braços, enquanto lhe prometia que tudo ficaria bem. Era sofrido para si ver um guerreiro tão poderoso e forte como Áries, completamente devastado e quebrado. Sentia ganas dele mesmo retornar a Grécia e bater em Aldebaran até desfigura-lo. Mas precisava se conter, não era para verificar o estado de Mu e deixar-se levar pela ira que aceitara a missão, não era um vingador.  Estava ali por amor, sabia que a traição de Aldebaran havia machucado profundamente o bom coração do lemuriano.

Como uma fera derrotada e ferida, que se esconde e lambe seus machucados até que cicatrizem, Mu havia se recolhido para tentar se recuperar antes de encarar novamente o taurino. Era para isso que viera a Jamiel. Amava-o tão profundamente que estava ali para ajudá-lo a se curar. Com a desculpa da missão poderia se aproximar sem levantar suspeitas, e assim ser seu curador.

— Nos conhecemos desde a infância, somos melhores amigos a anos. Então assim como sabia aonde encontra-lo, eu também sabia que não deseja voltar.

Mu o olhou um tanto surpreso e confuso.

— Então... se já sabia, porque veio?

— Eu vim, justamente por isso, porque não existe ninguém que o conheça melhor do que eu. — Shaka então estendeu um dos braços e de forma delicada, envolveu a mão do lemuriano que repousava sobre a mesa com a sua. Foi um toque gentil, mas que logo fora retribuído por Mu, que lhe apertou os dedos com força. Virgem sentiu o coração palpitar em reposta aquele toque e aproveitou aquela pequena abertura para conforta-lo —Sei o que se passa em seu coração Mu, assim como sei que com sua personalidade reclusa, não deseja falar com ninguém sobre o que ocorreu agora. É por isso que está aqui. Alguém em missão, lhe fazendo perguntas e exigindo que volte só tornaria tudo pior. Por isso eu me voluntariei, pois nunca precisamos de palavras para nos entender.

Mu imediatamente levantou os olhos para o virginiano e nada foi capaz de falar. Realmente, não precisavam de palavras, sentia-se confortado e amparado, apenas em sentir a presença se Shaka ali, ao seu lado, por isso apertou ainda mais forte a mão do amigo, fechando os olhos em um agradecimento mudo.

♈ *** ♍

Após Mu tê-lo instalado no quarto que pertencia a Kiki, Shaka contatou a deusa para contar-lhe que encontrara o Cavaleiro de Áries e ele não havia desertado, mas que como imaginara o lemuriano encontrava-se muito abatido, fechado em reclusão, por isso ficaria junto dele a fim de ajudá-lo.

A deusa não gostou muito, afinal mesmo em tempos de paz, ter dois de seus guerreiros mais poderosos longe não era algo favorável. Com a promessa de que ambos retornariam imediatamente caso houvesse qualquer sinal de perigo, Virgem teve permissão para ficar em Jamiel o tempo que fosse necessário.

O tempo parecia passar de uma maneira diferente em Jamiel, talvez fosse a aura de mistério que rodeava o local, ou a presença quase que palpável da cultura e poder da raça muviana que estava impregnada em cada parede, cada objeto que ali existia.

A rotina diária dos dois era metódica e silenciosa.  Mu levantava cedo e se dedicava pela manhã a tarefas domésticas, como pegar lenha, abastecer a cisterna com água da nascente ou até descer ao vilarejo para reestocar os armários com comida. Shaka lhe ajudava como podia, fosse preparando as refeições ou lavando a louça suja e era nesses momentos que trocavam as poucas palavras a que Mu se permitia, pois, o ariano estava completamente circunspecto, fazendo o silêncio reinar no pagode na maioria do tempo. Na parte da tarde Mu se dirigia a forja ou a biblioteca, onde ocupava a mente fosse com o trabalho de ourives ou com estudos, enquanto isso Shaka meditava.

Os dias pareciam tranquilos e monótonos, quase automáticos. Mas eram nas noites gélidas e cortadas pelos ventos que castigavam Jamiel, que a realidade vinha à tona.

Mu esperava o amigo indiano se recolher no antigo quarto do pupilo, para então subir até o alto da torre e finalmente entregar-se a todo tormento que habitava seu coração despedaçado. Esgotado recolhia-se para dormir, em busca de descanso, mas o sono recusava-se a vir.

Isolado, tendo a lua e estrelas como companheiras passava as madrugadas insone, buscando uma explicação para o que o companheiro fizera, procurando em suas memórias algum motivo para ser enganado da maneira como foi.

Muito maior do que a dor da infidelidade, era a dor da traição, da quebra de confiança da perca de um companheiro, pois acima de marido, Aldebaran sempre foi seu amigo, aquele a quem podia contar.

Não podia acreditar que o brasileiro amável e gentil o havia enganado daquela forma, afinal foi Touro que se declarou apaixonado e lhe pediu uma chance. E não tinha dado certo? Por que então Aldebaran fizera aquilo? Mu acreditava piamente que eram felizes no casamento, estava certo de que ele mesmo era um bom marido. Talvez não houvesse entre os dois uma paixão avassaladora digna de filmes, afinal nunca sentira as famosas pernas bambas e borboletas no estomago dos quais os romances sempre falavam, mas havia amizade, amor, companheirismo. Não era isso que todos buscavam? Então por que? Por todos deuses do olimpo, por que?

Sem uma resposta e com as imagens do momento do flagrante lhe assombrando, Mu sentia-se tolo, ingênuo, pequeno, humilhado e enganado por quem mais confiou, afinal havia aceitado casar-se com ele, entregado sua vida e seu corpo a Touro através da união sagrada do matrimônio.

A decepção ao constatar o engano era tamanha que a tristeza o inundava completamente, e sem que percebesse as lagrimas inundavam seus olhos. Estando só em seu quarto, isolado do mundo pelas frias paredes de pedra, e com o vento forte encobrindo seus soluços, entregava-se finalmente a esses sentimentos pranteando em silêncio por horas a fio.

Mas ao contrário do que o lemuriano acreditava, não eram apenas a lua, as estrelas e o vento que o acompanhavam em sua dor.

De maneira devota e em segredo, Shaka, no quarto logo abaixo, mantinha vigília constante compartilhando do sofrimento daquele a quem amava de maneira incondicional. Deitado na cama simples de solteiro, Virgem também estava acordado. Preocupado com Mu, usava sua concentração para aguçar ainda mais seus sentidos, sendo capaz de sentir tudo o que ocorria logo a cima.

Os pequenos soluços engasgados que Mu soltava ao segurar o pranto, o cheiro salgado das lagrimas que molhavam seu rosto, a respiração alterada, o barulho da mão dele comprimindo o travesseiro junto ao peito, os murmúrios e sussurros que escapavam de sua garganta.

O cosmo e a aura de Áries se tornavam tão densas, pesadas e tristes, que pareciam sufocar Virgem. Se pudesse Shaka retiraria todo o sofrimento do lemuriano, e pegaria para si. Sofreria em seu lugar todos os males do mundo, desde que ele fosse poupado.

Por isso toda a dor que ele observava em Mu, ao longo da noite, tornava-se sua. Shaka dividia com ele suas lagrimas e sofrimento, oculto, enquanto orava procurando uma maneira de tirar do amado toda aquela tristeza que parecia consumi-lo. Pedindo aos deuses uma chance para conforta-lo e ajuda-lo.

Permanecia assim, em vigília, até que o amado dormisse já quase ao amanhecer, exausto, e ele então também pudesse descansar. Sabia que Mu precisava de tempo para digerir tudo, para se abrir, e até lá estaria ali, esperando pacientemente, como sempre fizera toda sua vida.

 


Notas Finais


Bom, espero que o cap não esteja um desastre hahahah

O proximo cap é m dos que eu mais quero escrever *-*, tomara que me sobre inspiração e tempo *-*

Como sempre muito obrigada pelo apoio e críticas construtivas são bem vindas *-*

ps: Ju, essa fic é pra tu vc sabe. Você é a luz da minha vida. Sei que vc detesta Mu e Deba, e ver mu se lamuriando por ele deve te dar nó nas tripas...mas confia... Eu juro que vai valer a pena, prometo que do jeito tosco e Amandês de fazer as coisas, vou te recompensar ;)


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