Castelo de Camelot - Reino de Camelot
Olhei o relógio mais uma vez, já passaram-se das duas horas e nada acontecia. Olhei pela grande sacada da torre oeste, via os grandes campos verdes e as belas plantações de trigo, cevada, malte, uva e centeio.
Sorri ao notar os lavradores cuidando da terra e da água utilizada para a comida dos animais. Os porcos eram alimentados com milho moído, as vacas eram alimentadas com ração de nabo e ervas especiais, as galinhas, comiam milho verde e do lado leste, onde fica o Porto de Camelot, os peixes com certeza estavam sendo muito bem pescados.
Bufei, admirei o lado norte, vi todo o Reino e sua larga extensão até as muralhas mais altas, que alguns quilômetros para frente, se tornava vizinha de Liones.
Ao sul, nunca olho, é o lado para o qual sempre fico triste, afinal, Ela me ensinou que olhar para o sul, é olhar em seus olhos.
. . .
Desci até o salão do trono, nada me entretinha. No salão havia muitos pilares que formavam um corredor até o piso alto central, onde fica a cadeira mais importante de Camelot; sentei-me nela e suspirei pesadamente. Pelas grandes persianas, nada além de uma luz forte, o teto decorado com ouro branco e mármore rosa não me deixavam menos irritado, olhei as estreitas e longas mesas de aperitivos - muitas frutas, doces, salgados e vinhos requintados - nada me agradou o estômago no momento.
Olhei de relance para a escada do piso alto, ela tinha apenas dois degraus, iam de uma ponta à outra. Largas e cobertas por almofadas vermelhas, tecidos coloridos e caros, flores delicadas e luxuosas... Olhei uma mesa pequena e quadrada em particular, havia uma pequena pilha de livros nela, me deixou em agonia.
— Onde você está?... -eu me perguntei impaciente, nenhuma mulher é como Ela, nem mesmo Vivian, sua aprendiz, chega aos seus pés.
Tentei me distrair apenas fechando os olhos e captando os sons do lado de fora, com concentração e silêncio, o fiz rapidamente... Conseguia ouvir crianças brincando pelo palácio, ouvia sacerdotes e soldados andando por aí, os professores que muito me ensinaram esgrima e os professores que estão alfabetizando os futuros guerreiros, também se espalhavam pelas alas centrais e então, o barulho da respiração Dela me assustou.
Abri os olhos e imediatamente fiquei vermelho como um tomate.
— Você fica muito fofo quando resolve se concentrar, Arthur... -seu sorriso provocante e doce me enchera de felicidade-
— Merlin! -gritei num impulso e quis abraçá-la (e amassá-la também), mas não pude graças a uma pilha de livros em seu colo. — Hey, quando foi que voltou?!
— Talvez, um tempo... -suas respostas eram sempre assim, nunca me dizia o que precisava dizer por completo, uma mania que algumas vezes me irritava e outras vezes, achava sublime que existisse- Deveria estar cuidando dos cavalos, não?
— Já fiz isso fazem três horas, você me deixou muito tempo esperando! -cruzei os braços e fiz bico, virando a cara para um canto qualquer.
Ouvi os livros serem descarregados no chão, perto do trono, fiquei sem muita ação ao vê-la com o corpo todo para frente, suas pernas uma de cada lado das minhas e suas gentis e graciosas mãos tocarem-me pelas pontas dos dedos. Ficamos tão próximos que eu podia dividir meu ar com ela.
— Lamento fazê-lo esperar, Meu Rei... -sussurrou baixo, me deixando nervoso- Como posso te compensar?
— Primeiro, me dê um abraço e ao menos finja que sentiu minha falta! -reclamei de novo, acho que é o que acontece quando se recebe muitos mimos dela.
. . .
Merlin riu de canto e sentou-se em meu colo, me abraçando confortavelmente, acariciou meu cabelo e beijou minha testa em seguida.
— Eu senti sua falta, Arthur.
Seus lábios róseos são quentes e macios, desde sempre ela me ensinou a fazer muitas coisas, como me vestir adequadamente, ler, escrever, fazer poesia, discursos, administrar meu tempo e minhas tarefas, inclusive me ensinou a jogar cartas!
Graças a ela, aprendi a jogar xadrez e fazer boas estratégias de guerra, tudo o que a Merlin fez por mim, eu vou morrer tentando, apenas tentando retribuir.
— Bem-Vinda de volta... -falei num sorriso mais meigo-
— Estou em casa...
Abracei sua cintura e encarei seus olhos, nem o mel que uma abelha produz chega a ser tão instigante e doce quanto suas lindas e puxadas íris.
— Como foi em Liones?
— Tudo ocorreu bem. Capitão Meliodas mandou saudações!
— E então, esses são os novos livros que você precisava tanto? -olhei a pilha de relance, fiquei triste- Significa que vai passar o resto da semana trancada na biblioteca, estudando?
— Não. -ela sorriu divertida, me deixando confuso, Merlin ama livros e acho difícil ela contrariar sua própria mania- Fiquei bons meses longe de você, quero primeiro descansar e poder saber o que Meu Rei andou fazendo de tão produtivo.
Suspirei de canto, essa mulher é incrível!
*
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*
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Quando a noite caiu em Camelot, Merlin recebera os cumprimentos de todos, os cozinheiros fizeram um banquete apenas com o que ela mais gosta de comer e foi agraciada pela grande anciã do Reino, que lhe sorrira de forma tão bondosa e simples, lhe entregando mais um presente para praticar suas magias.
O verão era tão quente e receptivo! O sino das dez horas tocou, eu e Merlin nos retiramos; fui em direção ao meu quarto e ela, na direção do banheiro. Peguei um dos livros novos dela e comecei a ler, fiquei interessado logo de cara.
"Pelos nuances da noite pacata, derramei-me em vinho, soluços e tropeços, talvez eu estivesse certo, não mereço-te, não devo cobiçar-te. Hei um dia entender por que Amar dói, se estou longe, falta tua tenho juntamente dos malditos ponteiros do relógio no fundo do bolso, se perto está, tenho o ar e a timidez tomados de mim, gostaria que de Gatuna, não atuasse mais, rega-me com coisas que nunca pensei ter, usa-me de forma que preferir, só não menospreze a única coisa que posso oferecer-te: Amor."
— É um trecho muito bonito...
Falei sorrindo, ouvi o barulho da porta se abrir e vi uma Merlin enrolada na mais pura ceda de Camelot, sua pele branca dava contraste ao preto da única peça que a vestia agora, fiquei sem fala.
— Sim, é um trecho muito bonito.
— M-Merlin! -corei intensamente- P-por que está no meu quarto a essa hora?!
— Eu disse que queria saber como anda Meu Rei. -ela sorriu sábia, tentei me acalmar, mas por algum motivo, ela me causa muitas sensações diferentes no corpo, e meu coração, dói...
Aproximando-se, sentou ao meu lado, na cama, sorriu e admirou a página do livro. — Fez boa colheita, Arthur?
— S-Sim, os porcos e as galinhas deram boa cria também, teremos mais carne para este inverno.
— E o vinho?
— Fizeram da melhor garrafa, a safra que você tanto gosta.
— E o milho?
— Tem de sobra, até mandamos algumas sacas para Liones e vendemos todas! -sorri empolgado- Acho que seu plano de economia realmente funcionou.
— Fico feliz que tenha dado certo, é importante sabermos planejar o comércio, Camelot depende disso para cuidar de seu povo.
— E eu fico dependendo de você para tudo... -bufei fraco- que ridículo eu sou...
Não pude acompanhar bem o resto da informação, senti os lábios dela colados aos meus. Pela primeira vez, beijei uma mulher, agradeço aos céus por ser esta, a mais cobiçada do Reino, a tão inteligente e deslumbrante Merlin. Seria mentira dizer que não fiquei nervoso, por um instante era um beijo desajeitado, agora, eu sentia sua língua tocar suavemente a minha e envolvê-la numa carícia lenta. Se eu soubesse antes que beijar é tão simples...
Meu corpo parou de me obedecer, agia como queria e segurava-a por suas grandes curvas, envergonhei-me na mesma hora. Rompemos o beijo e ela me sorriu.
— Eu ainda tenho muitas coisas para te ensinar, Arthur, mas não se ache fraco só porque depende de mim em alguns momentos, eu também preciso de você e me sentiria mal se negasse isso.
— Merlin...
— Você dizendo que me ama, o que agradeço imensamente, então, desta vez, irei retribuir de outra forma, você me permite?
— Claro que sim! -falei ansioso- Você é a Merlin, sem a Merlin, Camelot não é a mesma coisa, eu também não seria!
. . .
Ela só sorriu, levantou-se e desfez o nó do roupão de ceda que usava, nunca fiquei tão fascinado e tímido na vida; não havia nada por baixo, nada além de um corpo esbelto, bem esculpido e branco como porcelana. — Eu só estou aqui para atender os desejos do Meu Rei, como me foi pedido, eu devo ensiná-lo a ser um bom Rei e um bom Homem.
— Que assim seja. -disse mais meigo e feliz, finalmente entendendo melhor o que ela estava me dizendo;
— Sim, Meu Rei!
A vida toda pensei que não poderia haver ninguém que pudesse me tirar essas sensações de angústia e desconforto, quando Merlin apareceu, meu mundo se tornou Ela, eu vivo por ela, morro por ela, sorrio, choro, luto por sua vida, Camelot me é muito importante, e dentro dela, há meu Bem mais Precioso.
Foi a primeira vez que me deitei tão intimamente com uma mulher, e só agora notei que eu estive preso em sua mais poderosa magia...
Amor.
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