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História Simon says - Seu mestre mandou refletir


Escrita por: emdji

Notas do Autor


Terminando o capítulo em cima da hora <3 vou deixar o link de duas músicas que eu ouvi enquanto escrevia nas notas finais.

desafios do capítulo: flashback + música sorteada que deve ser inserida na fic (Pillowtalk)

Boa leitura!

Capítulo 4 - Seu mestre mandou refletir


O banco acolchoado em que Richard pegou no sono antes que os policiais o acordassem com gargalhadas era desconfortável. As pessoas de Rock Springs eram completamente desconfortáveis. O universo inteiro de Richard era desconfortável desde que o irmão mais novo foi embora anos atrás junto com o seu peixe de estimação. A mãe havia lhe explicado que os peixes e os humanos iam para lugares diferentes, mas Dawson disse que garotos carecas que nem o irmão de Ricky dormiam por cima de nuvens brancas junto com os cachorros, gatos e peixes de estimação que tiveram enquanto estavam vivos. Dawn e ele não voltaram a conversar por um bom tempo.

Não até ele se voluntariar para o “Simon Says” quando soube que ela estava participando.

Depois de seis anos, as coisas costumam mudar. Os gêmeos Moore eram os mais velhos do grupo, com seus quase dezessete anos completos. Na época em que a garota apareceu na sua casa depois do enterro com um vestido tão preto quanto os seus cabelos, ela tinha o semblante de um corvo — sombria e letal. Sorria apenas para duas ou três pessoas fora a própria família e deixava os cabelos compridos o suficiente para que conseguissem diferenciá-la de Dickinson.

Era a pessoa mais estranha e desconfortável que Richard já havia conhecido.

Então a puberdade os alcançou e deixou os traços dos Moore mais distintos. Dicky poderia muito bem ser a réplica de um artista indie com seus lábios finos e o semblante sempre triste. A diferença entre o gêmeo e o cantor Jake Bugg se dava apenas pelo formato do maxilar, as sardas, a curvatura dos cílios e a habilidade praticamente nula de Dicky cantando. Dawson parecia ter sido usada de modelo para a criação de Chloe Price de Life is Strange. Os olhos, os cabelos tingidos de azul, as roupas diferentes; tudo nela era magnético e atrativo. Quando Dawn sorria para Ricky, ele agia como se fosse uma coisa normal, mas sentia o coração imitar um desenho animado e tentar saltar de seu peito.

Richard era bom em passar despercebido. Estava com os ouvidos bem abertos quando o delegado Hopper avaliou Biggs pela sua personalidade nerd e por sua herança genética. Teve que reprimir uma risada enquanto os dois passavam por ele e via a garota gordinha tropeçar nos próprios pés.

Se havia alguém mais desconfortável que ele no mundo, esse alguém era Abigail.

 

*

 

Todas as roupas novas de Katherine tinham pano de menos. O cartão de crédito que as comprava era de Simon, mas não era por isso que ela evitava os banhos de loja. Normalmente, quando o garoto dizia que “estava na hora de ela incrementar as coisas”, ele a levava até Cheyenne, capital do estado de Wyoming, e a obrigava a experimentar uma porção de modelos de lojas com nomes difíceis. Kit-kat sempre foi fã da velha combinação de jeans e camiseta. Eram roupas mais práticas, confortáveis e econômicas, além de que ela poderia repetir as peças mais de duas vezes na semana.

Dentre os oito membros do grupo, era Kate quem tinha o sotaque mais forte. A garota poderia muito bem se passar por alguma daquelas personagens de filmes pornô que usavam duas tranças de cada lado e entregavam pizza antes de começarem a transar com o cliente. Talvez fosse essa a imagem que veio à mente de Simon quando a desafiou a mudar o guarda-roupa para decotes enormes, saias minúsculas e uma roupa íntima parecida com aquelas usadas por modelos da Victoria’s Secret.

Ela se arrependia de ter concordado em participar de “Simon Says”. Chorava todas as noites até pegar no sono e sonhar com dias melhores. A mãe vivia entupida de remédios e era o padrasto quem a supervisiona e a chamava de puta sempre que a via.

Depois de um tempo sendo obrigada a se vestir que nem uma vadia e também a agir feito uma, Kate acreditou nos boatos e os abraçou. Quando a apelidaram de Kit-kat, não era apenas porque ela era gostosa.

Era porque todo mundo a comia.

 

*

 

— Eu gostava muito do Carter — Jim encarava Abigail com uma nova caneca de leite fervido na mão. Eles se encontravam na sala de interrogatório e a garota temia que a cadeira em que estava sentada quebrasse. Não aguentaria aquilo duas vezes no mesmo dia.  — Sinto falta da época em que nos formamos. Éramos bem próximos.

Ele puxou a carteira de dentro de um dos bolsos do uniforme. Depois de inspecioná-la por alguns segundos, puxou uma foto de qualidade sugestiva. Dois garotos de vinte anos brindavam ao fotógrafo com uma cerveja e sorrisos enormes que iam de orelha a orelha. Biggs sentiu os olhos se encherem de lágrimas novamente e os enxugou por baixo dos óculos.

— Por que você não foi para o Afeganistão?

O delegado guardou a carteira e deixou a foto com a menina.

— Perdi a minha irmã na época — disse olhando-a de esguelha. — Nós éramos muito próximos. Ela já estava doente na época, mas aguentou a dor e os remédios durante quase dois anos.

— Sinto muito.

Abigail tentou empurrar a foto em direção a Jim. Ele a recusou e tornou a entregá-la para a garota ruiva.

— Quero que fique com ela.

— M-mas…

— Não vamos mais falar disso — ordenou. A garota assentiu. — Eu quero que você me conte tudo o que sabe sobre os seus colegas.

E Abigail foi interrogada pelos próximos quarenta minutos.

 

*

 

Como é Los Angeles? As pessoas costumavam perguntar isso o tempo todo para ele e Pawel. Paul dizia que era muito quente, cheia de gente e artificial, mas Simon sempre respondia que era o lugar mais incrível do mundo.

Simon relutou durante várias semanas quando a tia, que tinha sua guarda desde os oito anos de idade, disse que ela e o namorado iriam se casar. Tudo bem, ele ficava feliz por ela estar finalmente desencalhando. O problema é que o noivo dela e ela se conheceram em Los Angeles durante as férias dele e ele não era do estado. O cara era de uma cidade em Wyoming que tinha mais animais que habitantes e ficava a menos de uma hora de Rock Springs, que tinha menos de trinta mil pessoas. Ele já teve problemas em absorver a informação de que iriam se mudar para uma oca; o fato de que não havia escola na cidade o deixou extremamente indignado.

— Eu não vou!

— Querido, você precisa morar comigo — tentou explicar. O sobrinho era a pessoa mais teimosa que ela conhecia. — Ainda é menor de idade...

— Foda-se. Não vou parar de estudar só porque você finalmente arranjou alguém pra te comer.

O namorado dela interveio antes que a discussão piorasse.

— E se você o emancipasse? — sugeriu.

Então o namorado de sua tia voltou para a sua oca e Simon e ela esperaram mais algumas semanas até que os documentos fossem liberados e ele se tornasse responsável pelos próprios atos. Ambos combinaram um valor fixo para gastos, mas o menino tinha uma coisa que a tia não fazia ideia.

O cartão de crédito com limite alto que a avó paterna, extremamente rica, havia dado a ele.

 

*

 

Todos os participantes do jogo criado por Simon Petersburg, exceto ele, precisavam cumprir uma série de desafios. Quanto maior o grau de dificuldade, menor era o número. No momento, Richard tinha um desafio; Dickinson e Katherine tinham dois; Pawel tinha três; Nicholas e Abigail tinham cinco e Dawson tinha o recorde de sete desafios. Era Simon quem julgava a dificuldade. Se um desafio fosse cumprido parcialmente ou não fosse realizado, ele o alterava e o número aumentava.

Um dos desafios de Paul foi perder a virgindade. Simon vivia martirizando o melhor amigo por ele ainda não ter dormido com ninguém e o rapaz ficou irritado com o que lhe foi proposto. Em momentos como aquele, ele gostaria de chutar as bolas do Peters e acabar com aquele jogo estúpido.

Paul então contou sobre o desafio para Katherine. Ele a odiava na maior parte do tempo pelo relacionamento estranho que levava com Simon, mas sabia que ela o compreendia melhor que os outros pela intimidade que ambos tinham com Petersburg.

— Tire a sua roupa.

— O quê? — perguntou aflito.

— Eu mandei você tirar a roupa. Até parece que nunca dormiu com ninguém.

Ele riu com o comentário e sentiu uma gota de suor escorrer por sua nuca.

Pawel percebeu o quanto Katherine era diferente das outras pessoas. Ela não parecia se importar com o fato de que os dois não tinham nada em comum quando tirou o resto da roupa e ficou apenas de calcinha e sutiã.

— V-você é bonita — falou envergonhado.

Kit-kat sorriu e colocou as mãos de Paul ao redor de sua cintura.

— Apague todos aqueles filmes caseiros e vídeos estranhos com os quais você já se masturbou da sua mente.

— T-tá — Paul sentia que seu rosto ia explodir.

Quando os dois se deitaram sem fôlego lado a lado mais tarde, Pawel perguntou se Katherine se importava se eles ficassem “agarradinhos”. Ela deu uma risada e tornou a colocar as mãos do garoto em sua cintura. Foi a primeira vez de várias em que eles acabaram dormindo juntos e passavam horas contando segredos e coisas pessoais um para o outro.

Paul, com o passar do tempo, descobriu que Kate tinha vinte e duas pintas nas costas e que só conseguia ter noites de sono tranquilas depois de conversas de travesseiro e de trair a confiança de seu melhor amigo.


Notas Finais




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