1. Spirit Fanfics >
  2. Simon says >
  3. Seu mestre não é tão ruim

História Simon says - Seu mestre não é tão ruim


Escrita por: emdji

Notas do Autor


Peço desculpas pelo atraso com o capítulo. Eu nem sei como estou conseguindo continuar participando do acampamento com tanto bloqueio, mas vamos louvar por isso.

Chegamos na reta final em que umas coisas precisam ficar claras. O antagonista foi revelado indiretamente, mas revelado por dois dos nossos personagens. O capítulo foi até um pouco maior. :D

Acho que vai acabar tendo algum errinho de escrita porque revisei só duas vezes. </3

Espero que gostem. Devo postar o próximo na sexta, já que no fds que vem tem ENEM.

Boa leitura e beijos <3

Capítulo 9 - Seu mestre não é tão ruim


Jim descobriu que a sua ideia de interrogar todos os garotos e garotas em um único dia havia ido por água abaixo assim que pôs os pés na delegacia. Dickinson Moore tinha os olhos injetados de sangue e arremessava coisas contra a parede. Canetas, distintivos policiais, enfeites de mesa e papéis; tudo voava sem atingir ninguém em especial, mas até mesmo Mark, com seus quase dois metros de altura, hesitava em se aproximar do garoto. Hopper respirou fundo antes de entrar no pequeno cubículo e enfrentar Dicky.

— Eu sinto muito por tudo, Dickinson, mas quebrar a delegacia não vai resolver os seus problemas.

O menino segurava um globo de neve no ar e estava prestes a atirá-lo antes de o delegado Hopper interrompê-lo. Depois de piscar algumas vezes, ele se deu conta do que estava fazendo e abaixou o braço. Desabou de joelhos em cima da mesa de metal de Honda e, segurando o objeto contra o peito, começou a tremer.

— E-ela… Ela estava viva. E-eu a vi trancar a porta antes de dormir!

— Tem certeza?

— Sim — disse com firmeza e abriu um sorriso pequeno. — Ela até mostrou o dedo pra mim…  

Jim se aproximou do menino e o fez descer da mesa. O vestido estava colado ao seu corpo e mal cobria as pernas quando ele se jogou nos braços do delegado e chorou copiosamente. Richard cutucou Jim no ombro e apontou para um copo d’água e uma cartela de comprimidos com uma expressão engraçada no rosto.

— Nós vamos achar o culpado — comentou o delegado enquanto se desfazia do abraço. — Você precisa ficar calmo até lá, está bem? — Dicky assentiu enquanto enxugava o rosto. Depois de segundos em silêncio, decidiu engolir o remédio que Richard lhe ofereceu.

— É melhor você se sentar — sugeriu Richard. — Vai desabar a qualquer instante.

Os policiais começaram a organizar a sala e a voltar para as suas tarefas enquanto o menino se encolhia no colo de Abigail e começava a adormecer. A ruiva tirou alguns fios do rosto do rapaz e não viu o olhar enfurecido que Nicholas lhe dirigiu. Nicky empurrou os óculos com o indicador e passou a cutucar as gazes que a secretária do delegado havia colocado em seus pés depois de seu interrogatório. Ele tentava descontar a sua frustração furando as bolhas que se formaram na sola de seus pés.

— Ele vai ficar bem? — Katherine estava com a jaqueta de couro de Paul e encarava Richard de braços cruzados.

— Claro. Foi meu pai quem me deu o calmante — respondeu o menino. — Por que não ficaria?

A morena deu de ombros e ficou extremamente interessada nas pontas duplas de seu cabelo. Abigail continuou o cafuné em Dicky e se surpreendeu quando o menino se remexeu em seu colo e ela acabou vendo a ponta de uma tatuagem em sua nuca.

— Aposto que foi um dos desafios dele — sussurrou Paul. A garota se assustou e deu um pulo que fez o outro começar a rir.  — Provavelmente é o nome do Simon.

— O nome dele? — a menina ergueu uma das sobrancelhas e abaixou com cuidado a gola do vestido pra que o garoto não acordasse. Ela arregalou os olhos ao ver o desenho. — Caralho.

— Deve ter doído pra burro pra fazer isso.

— Com certeza… Eu tô curiosa pra ver o resto — Abigail deu um sorriso e contornou com os dedos os traços na pele do rapaz. — O Simon não é tão ruim quanto parece.

— Você acha?

— Sim, mas não sei explicar — deu de ombros. — Só sei que o Dicky não conseguiria permissão pra uma tatuagem dessas se não fosse pelo jogo. Eu também não teria colocado o meu piercing no umbigo se não fosse por ele. Minha mãe surtou e disse que eu acabaria dando uma infecção e tudo mais, mas aí eu disse que era por causa do jogo e ela relevou.

— Desde quando você tem um piercing no umbigo?

— Qual é — Abigail deu um murro de leve no ombro de Paul. — Não é porque não sou magra que nem a sua namorada que não posso colocar piercing no umbigo.

— Não quis dizer isso. É só que você é a “cabeça” do grupo. Jamais imaginaria que você gostaria de ter um piercing no umbigo.

— É irônico o único cara negro do grupo estar me julgando pela minha aparência.

Paul ficou quieto por uns segundos encarando a tatuagem de Dickinson. Abigail sempre o intimidou. Era a menina mais alta do grupo e pesava mais do que todos eles. Apesar de viver sozinha com a mãe que nem ele, ela não se queixava — passava a maior parte das reuniões conversando com Dawson e contrabandeando livros para Dicky. Ele suspirou fundo e resolveu se desculpar.

— Foi mal — disse.

— Tá tudo bem — ela deu um breve sorriso e seu rosto assumiu uma expressão preocupada. — Eu acho curioso.

— O quê?

— O Richard não se abalou pela morte da Sarah. Katherine estava chorando mais cedo, né?

— Simon me disse uma vez que o Richard não chora nem cortando cebola — comentou ao se lembrar do relato do melhor amigo. — A Kate parece mandona e marrenta, mas é que nem um passarinho.

— É. Sei lá — Abigail não tinha tanta certeza daquilo.

— Vai saber o que se passa na cabeça de cada um…

Por instinto, Abigail tornou a cobrir a pele exposta de Dickinson. Ela esperava que, seja lá o que o quem estivesse dentro daquela gaiola de traços, conseguisse se libertar algum dia.

*

Richard se ofereceu para carregar Dickinson quando a senhora Moore veio buscá-lo. Ela estava com o rosto vermelho e os olhos inchados denunciavam que havia chorado o dia todo. Deu um sorriso cansado ao rapaz e indicou o quarto de Dicky assim que eles chegaram a casa.

Fazia um tempo desde que os pais dos gêmeos se divorciaram, mas os sinais de mudança ainda estavam ali — porta-retratos sem fotos, caixas de mudança e o cheiro de tinta fresca. Ele desejou poder ter participado da vida de Dawson depois de todos os seis anos seguintes ao enterro de seu irmão e se sentiu estranho quando colocou Dicky em sua cama e o observou se debater por causa de um sonho ruim.

— Você pode trocar a roupa dele? — perguntou a mãe do garoto. Ela segurava uma taça de vinho. — Sei que não devia abusar de sua paciência, mas tive um dia tão longo…

Ricky assentiu brevemente e sentiu o seu rosto ruborizar. Ele sabia que Dawson tinha pintado os cabelos, mas o seu daltonismo incluía pigmentos azuis; então, para ele, os gêmeos tinham uma cor similar de cabelos. Dawson tinha tatuagens que cobriam o braço direito inteiro e Dicky costumava usar vestidos e tênis quase sempre ao passo que a menina gostava de blusas que exibiam a barriga e usava coturnos o tempo todo. Exceto pelos detalhes que ambos faziam questão de destacar e pela maquiagem pesada que a gêmea mais velha usava ao redor dos olhos, eles poderiam se passar um pelo outro tranquilamente.

Richard passou o dia tentando se esquecer de que era o aniversário da morte de seu irmão, mas o pensamento fez com que ele entrasse em pânico ao tentar passar o vestido pela cabeça de Dicky e quase estrangulou o pescoço do garoto. Dicky acordou assustado pela própria asfixia e só não surtou de vez com Richard por causa do resto de efeito do medicamento.

— Que merda é essa? — perguntou enquanto se livrava do próprio vestido e o atirava para o outro lado do quarto. — A Sarah morrer não foi o suficiente? Quer me matar também?

— Eu não...

Dickinson se levantou da cama e olhou Richard no fundo dos olhos. O outro garoto engoliu em seco.

— Foi você quem a matou, não foi?

Ricky estava com os olhos arregalados e respirava com dificuldade.

— Para de falar isso — pediu o mais novo enquanto tampava os próprios ouvidos.

— Você matou a minha irmã! ASSASSINO!

— N-não fui eu...

— Foi você sim, seu esquizofrênico — Dicky tinha alguns centímetros a menos que Richard e estava apenas com uma cueca boxer preta, mas ele não parecia perceber isso. Cutucou Richard várias vezes no peito até o menino parar no corredor com as costas contra a porta do quarto de Dawson. — Eu disse pra ela ficar longe de você e ela não me ouviu!

Ricky alcançou a maçaneta com a mão esquerda e a girou apressadamente. Dicky foi parar em cima dele com um solavanco e os dois ficaram parados, um em cima do outro, enquanto a presença de Dawson os invadia e lhes trazia lembranças e sensações. Richard teve um ataque de nervos e Dicky foi obrigado a segurar os punhos do menino enquanto ele se debatia e ficava com o rosto marcado por lágrimas.

— Vocês não vão nem trancar a porta, garotos? — comentou a mãe de Dicky com outra taça de vinho em mãos. — O filhinho do doutor é gay, quem diria.

— SAI DAQUI, MÃE.

A mulher deu uma risadinha e voltou para a cozinha.

— Eu te chamo de assassino e ela pensa que estamos transando — disse em meio a uma risada sem graça. Richard afrouxou os músculos e Dicky o soltou. — Eu sei que você não a matou.

O menino ficou em silêncio e se estendeu pelo carpete. A polícia havia destrancado a porta da garota e enchido o lugar com papéis e alfinetes. Tudo parecia ser uma evidência. Ele pegou um papel e o colocou sobre a própria testa.

— Eu não sou esquizofrênico, Dicky — falou baixinho. — Não mais.

— Desculpa... Eu achava que era só brincadeira do pessoal da escola.

— Eu ainda uso maconha medicinal, mas sei lá. Eu não vejo mais o Charlie faz um bom tempo.

Os dois ficaram em silêncio sem saber o que dizer. Richard aproveitou a oportunidade para observar a tatuagem exposta do garoto e a contornou de leve, fazendo Dicky se mexer com o toque.

— Parabéns. Você descobriu a minha tatuagem — disse antes de se virar para encarar o menino com um pequeno sorriso. — Foi o meu nono desafio. A Dawn pediu pro Simon passar o desafio pra ela, mas ele disse que não teria impacto nenhum se fosse ela quem fizesse. Ele disse que podia ser qualquer coisa: uma borboleta, um morango ou um coração pequenininho.

— Não é nem um pouco pequena.

— Pois é — ele riu e tombou a cabeça no ombro de Ricky. — Fiz o esboço e o tatuador copiou.

— E o que significa?

— Já viu que Dawn tinha um colar de âncora? — perguntou o menino. — Eu dei para ela de presente no nosso aniversário de dez anos porque ela só sabia falar em baleias e golfinhos. Acho que foi na época em que lançou aquele filme da Barbie Mermaidia.

— Você queria deixar um pedaço com você também.

— É. Acho que sim.

Richard encarou o navio dentro da gaiola e se sentiu tentado a compartilhar um segredo.

— O Simon é louco por você desde o Halloween.

Dicky tirou a franja da frente dos olhos e suspirou.

— E eu sei que você deve achar ele e o Simon Says perturbadores — Richard tocou novamente a tatuagem antes de prosseguir. — Mas ele queria que nós deixássemos de nos esconder.

— Alguém pode ter assassinado minha irmã por causa de algum desafio estúpido. Você sabe disso.

— Não — Richard negou enquanto se apoiava em seus próprios joelhos. — Simon é órfão. Ele jamais faria alguém passar pela dor que ele passou de propósito.

 

E saiu do quarto, deixando um Dicky repleto de dúvidas e de novas certezas.


Notas Finais


nhaaaaaaaaa


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...